Parece que o ministro Costa apareceu na televisão na pose de vítima da desinformação das “redes sociais”. É um papel que ele faz muito bem, de queixinhas, com aquele ar de menino sonsinho a quem roubaram o lanche no recreio, embora seja o dono da pastelaria do bairro.
Ainda bem que isto é um blogue e não uma “rede social”. Seja como for, o maior risco de aqui se divulgar alguma coisa falsa é se eu citar o ministro Costa de forma directa sobre um assunto, acerca do qual, na verdade, o que ele quer dizer é outra coisa. Coisas da Teoria da Optimidade. Não confundir com pós-verdade. Esta é má, aquela é uma teoria inovadora da linguística que, entre diversas outras sofisticações “é voltada ao output, não {havendo] restrições sobre as formas de input“.
É pena que já não tenha o seu espaço preferencial na blogosfera para mandar recados a gosto. mas se ganhar o hábito de apresentar as coisas de forma transparente e não pela metade e de modo vago, talvez seja possível termos um debate público informado. Se assim não é, só se pode queixar das suas habilidezas sonsas que, curiosamente, começam a ganhar alguns inesperados novos adeptos.
Fica a adenda com o documento que foi entregue aos sindicatos há três semanas (o único conhecido sobre o assunto) e que demonstra quem é que anda a mentir no meio disto.
Acrescento o vídeo da conferência de imprensa onde é feita meia marcha atrás, mas ficam ainda “pontas soltas” por ali, nomeadamente após os 17 minutos da gravação, quando o actual SEstado começa a explicar que é tudo como era na vinculação aos qzp, mas chega À palavra “distribuição“, ou perto dos 21′ quando o ministro Costa vai dar à palavra “alocação” (não poderia dizer requisição? destacamento?) e o gato fica de fora com o rabo escondido.
Precisa recuar mais, shôr ministro. Isto não chega. Volte à casa de partida e não se arme em habilidoso.
E depois vem ainda a tirada sobre o carácter impoluto dos directores (“que também são professores”), com a qual eu concordo, com as notáveis excepções de algumas pessoas, por acaso professor@s que deram em director@s, que o não são e até gostam muito do ministro Costa e das suais ideias. Aqui por estas bandas não falo só daquele de que já se tornaram públicas as “boas práticas”..
Um discurso, (do) sonso, entre a mentira a meia-verdade:
1. “Os professores não perdem o vinculo à administração pública”. Sim, mas poderão ser deslocados, dentro da CIM, por colocação, no seu lugar, de outro(s) cujo “perfil”, supostamente, mais se adeqúe à escola a cujo quadro pertencem. Como? Basta que, com a colocação de outro, o professor do quadro passe a ter ausência de componente letiva;
2. “A graduação profissional continuará a ser critério para concurso”. Sim, mas NUNCA afirma que continuará a ser o único critério;
3. “Os professores não serão colocados pelas câmaras”. Sim, mas serão colocados por comissões de diretores indicados pelas câmaras municipais;
4. “Pagamento dos professores não será feito por fundos europeus”. Pois, já é agora em parte.
Atenção! !!! É preciso “LER” bem as declarações.
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… e ainda, acabei a leitura do post a pensar num lindo blog. Não sei bem porquê…!
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Veio a palco ao sonso mor armado em Calimero! Engonha com meias verdades e jogos de linguarejar!
Que lástima de ministro!
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Mas ainda há um professor que acredite no sonso-mor?!
Este senhor deixaria envergonhado o Joseph Goebbels e outros artistas da propaganda.
Paulo, obrigado pela análise lúcida que trazes nestes tempos de notícias falsas que têm direito a conferência de imprensa.
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Bem… Eu tentei avisar que o slide n°3 não dizia nada do que aqui se andava a comentar.
Reforço , apesar de não concordar de forma alguma com a proposta do ME, tb não se pode dizer coisas que não estão lá.
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Estás a falar dos slides certos?
Por exemplo onde se lê:
“PROVIMENTO LOCAL
O provimento, através de concurso interno (quinquenal), faz-se
prioritariamente em:
MDAE/MDEnA – Mapas Docentes de Agrupamento de Escolas/EnA/EP/AE
e supletivamente em MDI – Mapas Docentes Interconcelhios
GESTÃO LOCALA gestão dos recursos humanos docentes (DACL e/ou necessidades transitórias) articula os MDAE/EnA com o respetivo MDI. A afetação (distribuição de serviço) é feita pelo Conselho Local de Diretores dos AE/EnA do MDI.”
Não me digas que isto não é nada do que ando a escrever por aqui.
Só se andas a aplicar a Teoria da Optimidade…
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A partir dos 17 minutos, o SE explica com clareza as coisas:
O discurso revolteia, mas a palavra chave é “distribuição”.
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Vê o que ele diz entre o minuto 3:20 e 3:50
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https://www.jn.pt/nacional/diretores-nao-vao-decidir-quem-vincula-professores-e-graduacao-continuara-a-ser-criterio-15401287.html
“O secretário de Estado da Educação, António Leite, explicou também que a intenção do Governo é que a distribuição dos professores pelas escolas integradas em cada mapa “possa ser feita por um conselho local de diretores”.
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Não vinculam aos quadros da ap, mas distribuem pelos lugares que acham melhores.
Não é chuva… é água que cai das nuvens.
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Do que percebi , o António Leite reiterou várias vezes que haverá respeito pela lista graduada. Entra-se para um QZP mais pequenino. Mas, Todavia, porém…. a lista graduada desaparece quando for para um professor ser colocado nas escola desse QZP. Ou seja, se há quem pensei que vai escolher as escolas, e por lista graduada, engana-se. Esta deixa de servir para ficar na escola desse QZP. Passam a ser as CIM a escolher de acordo com o perfil.
Outra coisa complicada: os professores que estão em projetos. Vão ser os mais favorecidos para irem para onde querem ou até, para serem mantidos nas escolas onde já estão, sem riscos de sair….
Finalmente, não me lembro de ter havido necessidade em anos e anos destas andanças, de uma conferência em que desmontaram ponto a ponto! cada problema que se avizinha, na mesma, e querendo com isto desmobilizar greves, ou outro tipo de ação por parte dos professores. E dizer que tudo começou em redes sociais e que os Sindicatos se Juntaram TODOS ( agora sim 🙂 ) para inventarem estas falsidades, mostra um bocadinho de desespero, não?
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“…o António Leite reiterou várias vezes que haverá respeito pela lista graduada.” Sim, mas onde e quando afirma que essa lista é elaborada APENAS com a GRADUAÇÃO PROFISSIONAL????? Percebeu ou será preciso desenhar?
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Caro Curioso. Leu até ao fim o meu comentário?” Mas, Todavia, porém…. a lista graduada desaparece quando for para um professor ser colocado nas escola desse QZP. ” – As adversativas mostram que EU estava atenta. E o colega, nem sequer sabe ler um comentário , precisamente a desancar no António Leite?
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“… a lista graduada desaparece quando for para um professor ser colocado nas escola desse QZP.” E antes, como é elaborada? Quando e onde afirma, o Leite, que é apenas com a graduação profissional (formação + tempo de serviço). Não fui eu a não perceber…
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Caríssimo: O Paulo Guinote acabou de escrever em “Mais Uma Travessia Do Mar Vermelho?”, isto: ” Traduzindo… entram para os quadros – preferencialmente qzp – mas depois não são distribuídos de acordo com a vossa graduação no concurso e preferências individuais, mas por outros critério.”. Não sei se defende o PS e esta proposta, se o incomoda o ter-me referido ao Secretário de Estado pelo nome, apenas, de António Leite. Continue Curioso e incomodado. Vai um Projeto? 🙂
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Eu nem acredito numa lista graduada “séria” (graduação profissional) e você pergunta se sou do PS??!! O ME nunca afirmou que para a elaboração da lista contava APENAS a graduação profissional! O crápula do SE era o braço direito da miserável lurdes no Norte (DREN) e você acha que o defendo?
Tenha dó!
Quanto ao uso da terceira pessoa, é mesmo típico. Acham que as coisas só acontecem aos outros.
Veja lá se não acaba em DACL. Se for professor(a), será muito fácil ao kapo lá da sua escola colocá-lo(a).
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O problema das sonsices com palavra ambíguas ou “recortadas” é que, mais tarde, há margem para dizerem que nunca disseram… que disseram outra coisa, que, afinal, disseram, mas nós não percebemos.
E etc.
Com ancoragem em muitas direcções, não apenas do PS, e em algum sindicalismo (maioritariamente do PS-PSD).
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Paulo: fico estupefacta com haver quem não saiba ouvir e ler o que é dito ao…não ser dito. Chama-se mentir por omissão. Toda a conferência de Imprensa foi isso. E a dizerem que vamos esperar um anito para ver se a malta acalma e depois, logo se vê. Não vi ainda a reação da FNE que, relembro, logo na 1ª reunião, há 3 semanas, não estava muito perturbada e achou que tinha havido diálogo. Basta que um sindicato assine com o Governo, seja qual for o sindicato ( Ou, pior, Federações) para o João Costa se sentir legitimado.
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