4ª Feira

O ministro Costa anda meio atrapalhado. Parece que está a derrapar ligeiramente o plano para resolver umas coisas em circuito fechado, seduzir uns quantos sindicalistas para o “acordo possível”, contar com a colaboração dos directores para o seu plano de “distribuição” ou “alocação” dos professores em quadros que foram apresentados explicitamente como de âmbito intermunicipal (o ppt é claro, não adianta pintar as coisas com outra cor), apostar nas invejas entre “novos” e “velhos” e, se necessário, aparecer em público com ar compungido e “boas intenções”. Claro que ainda pode encenar uma vaga de fundo e um “abaixo assinado” alinhavado pelo seu gabinete e seguir em frente, como se nada fosse e ainda colher a simpatia de muita comunicação social. Mas, ontem, teve de aparecer e dizer umas coisas, obrigar o seu secretário a preencher uns espaços e, no final a fazer um exercício de hipocrisia demagógica acerca da sua crença na bondade natural das pessoas, a menos que sejam professores a pedir mobilidade por doença. Para ele, os directores são todos honestos e ninguém é corrupto, mas para os professores que ele acha que fingem estar doentinhos mandam-se juntas médicas, que é para avaliar devidamente se são corruptos ou não. Aos milhares. O ministro Costa é um mau fingidor, mas um óptimo seguidor das políticas da “reitora”. A diferença é no “tom”, aquilo que se criticou muito à doutora Maria de Lurdes. Sempre se disse que era óptima, mas muito tensa e conflituosa. Que só por isso não foi devidamente compreendida. Então, o ministro Costa é delicodoce, faz aquela ar de seminarista perdido na floresta, enquanto apresenta políticas que vão bem além de qualquer troika e não me venham com conversas dos tempos do Crato, que isto ainda é pior e nem sequer há qualquer intervenção externa a justificá-lo. É mesmo a “transnacionalização” da “boa governança” financeira. A culpa não é de nenhum centeno, leão ou medina. É mesmo convicção dele, não assumida de forma clara, que os professores “velhos” são para extinguir e os “novos” para criar sem memórias.

Este parece ser um texto muito ad hominem? Sim, ao menos que assuma ser um homenzinho e não se ande sempre a esconder atrás de desculpas e vitimizações, atirando para as “redes sociais” a culpa por tudo o que não lhe corre de feição.

(uma última coisa… que tal voltarem a arranjar uma identidade de mail falsa para oferecer “segredos” de um tipo que só interessaria a quem tenha falta de carácter parecida à de quem imagina tal estratagema?)

10 opiniões sobre “4ª Feira

  1. Aposto que, com.esses novos quadros, as baixas iriam aumentar.

    Da corrupção nem vale a pena falar: existe e é triste em todo o seu esplendor.

    Sobre este Costa… Não há papel higiénico suficiente que possa limpar o que se possa dizer sobre a sua ação.

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  2. Lamento discordar de si, Paulo, que considero de uma lucidez e coragem sem paralelo em todo o mundo da educação: a culpa não é dele.
    É apenas um yesman dos tubarões que se andam a governar com o erário público. Será por acaso que todos os que têm ido para estes lugares são inexistências ou nulidades intelectuais? Não… eles são escolhidos por terem o “perfil adequado”: sem pensamento próprio, seguem a cartilha do boss.
    O orçamento do estado tem que ser direcionado para objetivos mais “familiares”. O Estado Social (com Educação, Saúde e Segurança Social de qualidade) sai muito caro e não permite distribuir facilmente os dividendos pelos acionistas. E se abrirem o bico discordando do programa oculto de governo, são postos na rua pelo padrinho mor, como ainda ontem se viu noutra área da desgovernação.

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  3. Todos têm imensa razão e eu apoio inteiramente. Logo, a conclusão óbvia e única a retirar é que é preciso, é essencial correr com o escuteiro-mor de uma vez por todas. Fora com as trapalhadas, fora com o palhaço que vem fazer o papel de embrulho e anda a destruir o sistema educativo e os seus agentes. Temos de pôr um basta nesta “esculhambação” toda! Nem que tenhamos de ocupar a 24/Julho até o caramelo dar à sola.

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  4. Concordo inteiramente com JF. Portanto, tanto faz este Costa como um Silva, Couto ou Rodrigues que todos fazem o que lhes mandam fazer – destruir, convictamente, a escola pública. Pobre povo, tão enganado anda!

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    1. Se outros poderiam fazer este papel? Sim, possivelmente. Do tipo daquele porfírio epistemólogo.
      Até com alguma dose de sonsice pelo meio.
      Mas há aqui algo, desde que o vi como secretário na altura do fim das provas finais (e mais longe com a tlebs), de específico.
      Uma variante própria de alpinismo político.

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  5. “Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar.” (Pe. António Vieira)

    Quem melhor para definir o nosso sonso beato?

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  6. Pode ser engano meu, mas já deu para perceber – pelo discurso calimérico do ministro Costa e pelos “revistos e atualizados” comentários de algumas pessoas que tantas loas cantavam ao dito cujo ministro (por causa das mudanças na MPD) – que alguma coisa assustou o Costinha e o obrigou a fazer (ou, pelo menos, fingir fazer) uma ligeira inversão de marcha.
    Não sou fã de sindicatos, mas tenho que admitir que, neste caso, se não fosse o STOP (mesmo com todas as falhas e desconfianças que possa suscitar) provavelmente não estaríamos a assistir a esta novela tão costiana.

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