6-1

E agora? Para que lado irá pender a tribo-turba de especialistas em futebol? O Cristiano é um arrogante que desrespeitou o seleccionador ou o Fernando Santos é um tipo que deixou o seu melhor jogador no banco, como castigo, sem nenhuma necessidade? É que nos últimos dias, a coisa este epidérmica e, como é regra, muito pouco racional.

2+2=1,765?

Leio a peça com as declarações de Mário Nogueira ao Correio da Manhã, via Bernardo Esteves, e fico a compreender o seguinte, numa espécie de formação acelerada para sindicalistas mirins.

  1. Faz-se greve quando se está a negociar.
  2. As lutas são feitas com cabeça.
  3. MN quer negociar em Janeiro um decreto a publicar.
  4. Havia uns powerpoints, mas agora há um texto “redondinho”, que demonstra que o governo sentiu a pressão.

Daqui se pode concluir que:

5. O governo sentiu pressão, mesmo sem greve e estando a negociação suspensa (não se sabendo, portanto, de onde veio a pressão).

6. MN espera negociar um decreto sobre o qual o governo já fez umas faques a explicar como será (basicamente o texto explica o que estava nos powerpoints, com umas lacunas pelo meio).

7. Isto é lutar com a cabeça (dos dedos mindinhos).

8. A lógica é uma batata nos dias pares e qualquer outra coisa nos dias ímpares.

3ª Feira

Ia deixando passar em claro a publicação, pela primeira vez, de um Anuário da Educação pela Moneris. O que tem de particularmente interessante? A forma como demonstra que a Educação se foi tornando um negócio crescentemente atractivo, em especial à medida que a Escola Pública foi capturada por uma ideologia de nivelar pela mediocridade envernizada. Perante isso, quem pode e não tem dramas em relação a essa opção, vai-se embora e o Anuário é, basicamente um documento de promoção de colégios privados para as classes alta e média alta.

Por outro lado, este é um documento que demonstra a imensa hipocrisia dos representantes do ensino privado que, não fornecendo as informações que são exigidas ao ensino público, exibem resultados sem a devida contextualização. E ainda clamam por apoios extra, quando se gabam do “aumento da rendibilidade” do seu sector de actividade.

Nas últimas décadas, o ensino privado tem crescido em Portugal de forma muito expressiva, tendo atraído um considerável interesse por parte de investidores estratégicos e de sociedades financeiras, designadamente das sociedades de capital de risco.

À medida que se acentua o hiato entre a qualidade de ensino proporcionado pelas instituições de ensino particular e cooperativo e a generalidade do ensino público, com uma oferta curricular e extracurricular diversificada, acompanhada de um crescimento do nível de vida da população e de um país cada vez mais internacionalizado, que recebe trabalhadores de todas as partes do mundo que procuram oferta de ensino internacional, parece claro que esta será uma tendência crescente e que o investimento no setor da educação será também ele fortemente ativado, quer pelo setor privado, quer pelo setor público, que terá de acompanhar esta melhoria da proposta educativa e pedagógica.

O crescimento projetado para o setor, a par do aumento da rendibilidade que este proporciona, está no entanto já a ser considerado nas avaliações feitas pelos potenciais vendedores e nos preços pagos pelos investidores que pretendem entrar no mercado.