Que Irresponsabilidade!

A Fenprof em correria, atrás do prejuízo. Isto é quase mais do que por prazo indeterminado! E bem que hoje me pareceu ouvir que em Janeiro já há quem queira uma pré-manifestação de dezenas de milhar no dia da reabertura das negociações, que ninguém sabe quando será.

O Secretário-geral da FENPROF encerrou esta quinta-feira em Lisboa o ciclo de vigílias que se realizaram ao longo da semana em 19 localidades de todos o país.

A Inclusão Burocrática

Agora para algo completamente diferente. Ou não. Em vez de termos resultado do prometido grupo de trabalho para rever a burocracia redundante do trabalho docente, temos em preparação mais grelhas. Esta tem sido apresentada e fornecida a director@s e mesmo presidentes de conselhos gerais, em reuniões pelo país. Esta chegou-me do Norte (não, não foi o Arlindo que ma forneceu) e dá-nos um “cheirinho” do que vem por aí em termos de monitorização.

Mas devemos estar felizes, porque é um documento europeu, produzido só a pensar em nós, como se pode ver pelo título. é uma metodologia baseada em standards, que é a forma de dizer padrões, para quem tem vocabulário mais cosmopolita. Em temos, claro, o “conjunto de stakeholders” que devem ser os tipos que agarram na estaca.

Quanto aos inputs, temos 11 indicadores para medir os 6 standards. E 21 questões para responder, apesar de dizerem que são 19. Desconformidades.

Reparem em todos os destinatários que são, literalmente, mais do que as mães.

Parece que o ministro Costa e o doutor Rodrigues acham que o 54 não está a ser martelado devidamente pelas escolas e como um já foge das escolas e outro só gosta de ir numa de one man show, há que encontrar “instrumentos” e “ferramentas” para forçar a coisa até ao tutano.

Claro Que Ainda Há Gente Boa Nas Escolas!

O exemplo? Uma reunião de recurso em que o bom senso, lisura de procedimentos e troca civilizada de opiniões e argumentos foi a regra. Chegando a um consenso verdadeiro e real. Obrigado ao Nuno, que conduziu os trabalhos de forma exemplar, e ao Manuel, por ser um director com pés e cabeça 🙂 . Renovaram-me a esperança que tinha sido muito abalada nas últimas semanas, pela ignorância arrogante de outro tipo de criaturas.

Peço Desculpa, Mas Hoje Vou Ocupar Um Pouco De Espaço Em Causa Própria

Pelos meus lados, houve várias formas de aderir ao protesto, desde a adesão plena à greve até à organização de uma forma de protesto que juntasse pessoas com diferentes perspectivas, mas um objectivo comum: afirmar uma clara negação em relação a um conjunto de políticas que já estão no terreno, com ou sem negociações.

O ponto fulcral ficou marcado para as 10.00 de hoje, antecedendo a chegada dos representantes do spgl para uma sessão sindical de (pouco) esclarecimento.

Algumas imagens da preparação, na 3ª e 4ª feira:

A concentração, do pessoal da Mouzinho, a anteceder a chegada dos dirigentes do spgl que, afinal, eram dois. A que se juntaram, mais tarde, algumas colegas do 1º ciclo que só puderam depois.

A falha foi a impossibilidade do colega de Musical chegar com a aparelhagem de som, por motivos imprevistos, pois estava previsto que se cantasse uma nova versão de uma conhecida trova da mpp. Que poderá ser aproveitada por quem assim achar por bem, fazendo as adaptações que considerar necessárias, pois mesmo a proposta já contém diferentes possibilidades para o arranque

Menino/Costa, estás à janela
Com os professores na rua
Não me vou daqui embora
Sem levar mais uma mentira tua

Sem levar com uma mentira tua
Sem levar com mais uma delas
Com os professores na rua
Costa, fechaste as janelas

Os profes querem saber
Como serão as contratações
E se serão os directores também
A fazer vinculações

Costa, estás à janela
Com os professores na rua
Não me vou daqui embora
Sem levar mais uma mentira tua

Da Necessidade Urgente De Formação Em Gestão Emocional Para Os Dirigentes Do SPGL Que Vão Às Escolas

Fui hoje à minha segunda reunião sindical do spgl. Da primeira vez, fui posto fora. Desta vez, o dirigente “novo” (um “joão” em vez do outro “zé”) que apareceu a acompanhar a colega das últimas vezes e que até é do agrupamento, teve uma espécie de chilique ao ouvir as primeiras três palavra que eu disse, sem sequer lhe serem dirigidas, a meio da plateia.

O que eu disse?

Na sequência de uma divagação algo extemporânea sobre o tempo de serviço perdido, que se ia prolongando, eu apenas disse “descobrimos isso hoje”.

Foi o suficiente para o homem descarrilar, dizer que não estava ali para ser atacado e ameaçar que agarrava nas coisas e se ia embora. Que já me conhecia, isto e aquilo, de forma absolutamente despropositada. Birrou. Tudo depois de dizer que estava ali para uma “conversa”.

Acerca deste tipo de atitude, apenas umas breves notas, à consideração de quem de direito:

Se este colega dá aulas, espero que consiga controlar-se melhor durante as ditas cujas, porque se fosse com algumas turmas minhas, não acabaria nenhum aula, se é dado a este tipo de amoques. Revela uma desaconselhável e pouco pedagógica falta de paciência. Até porque estava a falar entre pares.

Por outro lado, dá muito pouca segurança, ter dirigentes sindicais, que até participam nas “negociações”, com este tipo de atitude do tipo ai, ai, que me estão a atacar, vou-me já embora”. Revela muito pouca resiliência.

A verdade é que a figura que fez foi de um ridículo evitável, mas é o que acontece quando se vem programado para intimidar. Ao menos nem abriu a boca sobre o stop, só disse mal da fne, mas sem se esticar por aí além. Ao fim de mais de uma década, percebi que só a minha presença estraga logo o ambiente.

5ª Feira

Vejo muita gente a partilhar as notícias sobre um estudo cujas conclusões eu podia ter escrito antes da investigação que foi feita. E interrogo-me sobre a razão da excitação. Já no meu tempo as aulas eram, em muitos casos, chatas. Mas, verdade se diga, muitas delas necessitam mesmo de ser chatas e, como eu já disse a muitos alunos meus, também são chatas para os professores. O trabalho nem sempre é alegre, ao contrário de slogans de outrora. Por vezes, há necessidade de fazer esforço para compreender, praticar, repetir, apropriar-se de saberes que podemos considerar inúteis em dado momento. São as chamadas conclusões da treta, em cima do óbvio. Afirmar que as aulas e a escola devem ser apenas diversão e lazer é que é demagogia e, quiçá, “populismo”. Quanto aos “professores” referidos em algumas notícias, limitam-se a dois directores que não sei quando deram a última aula ou a última aula interessante a quem quer que seja. Há aulas minhas que são terrivelmente chatas, porque eu nem sempre faço malabarismos com copos ou equilibro moedas na ponta do nariz. É a vida, tantas vezes chata. Se lhes perguntassem, os petizes também diriam que a chuva é chata. Até muitos adultos Mas faz falta. Em excesso pode ser prejudicial, mas faz falta. As aulas, também e não me venham com o “podem ser diferentes”. Claro que podem. Até podemos acompanhar a lógica do ministro Costa (sim, ele é chamado para isto) até ao seu desfecho final e considerar que nem deveriam existir aulas, apenas abluções matinais em honra daquela música dos Pink Floyd. E acabar de vez com os professores (chatos e não só), deixando apenas monitores a tomar conta da criançada. Monitores humanos e digitais, como é evidente.