Dia: 20 de Dezembro, 2022
Esta Sim Vai Ser A Causa Da Perda De Muitas Competências E Aprendizagens
O IAVE, ao serviço do costismo educacional, para além de fazer provas de aferição digitais, já fez saber que em nenhum momento os alunos terão se escrever para as realizar. No caso do 5º ano, são provas de Português e História e Geografia de Portugal. Dizem que é mais “intuitivo”. Intuitivo, uma m€rd@.
Isto é grave, muito grave, mas pouca gente parece preocupada com o desenvolvimento de uma geração de futuros ineptos funcionais, fora de ambientes com suporte digital. A herança vai ser pesada, demasiado pesada e não me venham com a treta de que antigamente se escrevia com penas. Mas escrevia-se.
O IAVE tem vindo a criar um modelo de avaliação em que as questões abertas ao desenvolvimento da escrita são cada vez menos, assim comprometendo o grande objetivo da avaliação.
Por Santa Maria Da Feira


R.I.P. (1959-2022)
Em Tempos Que Já Lá Vão, Eram Feitas Greves Sectoriais, Antes Da Geral
Parece que – sei lá porque – há quem ache que a fruta já está madura para abanar a árvore.
A CGTP convocou um dia de protesto para o dia 9 de fevereiro de 2023 para, com greves e paralisações em todos os setores do país, anunciou Isabel Camarinha secretária-geral do sindicato, de acordo com a agência Lusa.
“A CGTP decidiu convocar um dia nacional de indignação, protesto e luta, com greves e paralisações em todos os setores e todo o país”, afirmou a secretária-geral da CGTP.
Bem dizia aqueloutro líder sindical que ainda vai ter de se antecipar a manifestação dos “8” para Janeiro.
Pinocosta Ou Costóquio?
Desde a “reitora” que não se via a criatividade docente tão à solta.


Entretanto, já descobri a autoria das imagens: são do Luís Salvado e do Luís Costa.
E Por Falar Em Informação Falsa
Vou publicar como me foi enviado, porque não estou com o tempo e a energia necessários para, por agora, editar e acrescentar seja o que for.
1% está no primeiro escalão: devem ser os colegas que entraram este ano para o quadro, pela “Norma Travão*
*3287 vagas (28 vagas são no âmbito do concurso externo para o ensino artístico especializado da Música e da Dança), 2730 vagas decorrem da aplicação obrigatória da lei, nomeadamente da norma-travão e 529 vagas nos quadros de zonas pedagógica e grupos de recrutamento mais deficitários.
Esquecimento do ME:
Existem mais de 25.000 professores contratados, todos os anos (+ de 20% da totalidade dos professores), que estão sempre no primeiro escalão (muito com horários incompletos)! Estes professores não fazem parte da estatística do ME…
Já agora, os dados oficiais da DGEEC (p. 74).
Opiniões – Carlos Calixto
Do Estado de Negação do ME
À Revolta dos Professores
Carlos Calixto – Dirigente sindical e professor na Secundária de Almodôvar
Veritas lux mea (A verdade ilumina-me). Dia 17 de dezembro de 2022, um sábado, Lisboa. Um dia histórico para a classe docente. Uma manifestação com um clix sindical, mas na essência um movimento espontâneo que começou nas redes sociais e nos blogues e que agora já é notícia e que mostra o descontentamento docente, com os sentimentos e emoções à flor da pele de dezenas de milhares de educadores e professores. Uma manifestação do despertar de consciência de classe dos professores portugueses. Gritando as suas razões em defesa da escola pública e dos seus direitos. Uma das maiores manifestações de sempre, com a presença transversal de colegas não sindicalizados, de associados de todos os sindicatos e federações e até de políticos. Também o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa está solidário com a luta dos professores. Somos vítimas resilientes e a injustiça que sentimos foi o rastilho/gatilho que disparou o transbordar e explodir de todo um acumular de abandono, injustiças, mágoas, “trabalho escravo” nas escolas, “roubo” de tempo de serviço efectivamente trabalhado, não contabilizado e nem sequer propostas de compensação (a reforma antecipada ou a aposentação sem penalização com 36 anos de serviço), vagas/quotas na avaliação.
A escola ultra moderna das pedagogias e metodologias dos projectos, “Maia”, “Ubuntu”, etc, filosofias de escola importadas, num permanente carrossel laboratorial de experiências, escolas piloto, meditações, casos de presença excessiva, abusiva e intrusiva dos pais e encarregados de educação na escola (com agressões aos colegas que se multiplicam), o exponenciar da indisciplina e do bullying, o sucesso “martelado” com o argumentum ad nauseam, o E-360, sim a plataforma pesadelo que não funciona/mal. Tudo isto e muito mais está a chocar de frente com o grande e experiente professorado formatado no tempo em que se ensinava e aprendia de acordo com a Taxonomia de Bloom, com orientações para redigir competências, habilidades e atitudes/valores. A taxonomia dos objectivos educacionais, gerais e específicos, dos conteúdos e estratégias, eficaz no planeamento de situações cognitivas de aprendizagem, aquisição, compreensão e aplicação de conhecimentos, e é facto que os alunos aprendiam alguma coisa e reprovavam quando era o caso. Simples, eficaz e a verdade dos resultados escolares dos alunos. Educar por excelência é na família (axiologicamente a escola também educa e forma cidadãos para os valores e com espírito crítico). Mas é missão crítica da escola ensinar a transmissão do conhecimento e saber humano acumulado, de geração em geração. Donde, sem subterfúgios, a motivação para a aprendizagem resultar do facto de que não há nada de novo sobre a terra. É só ouvir os professores mais experientes, que não querem o maniqueísmo de que tudo é a fartar de digital (que não funciona), afirmam que há alunos com problemas muito sérios/graves de visão e acusam o ME de má visão, que há alunos que já não sabem escrever à mão e que a escrita cursiva já era. É o IAVE e o modelo de avaliação dos testes de “exames de cruzinhas”, em detrimento da capacidade de argumentação dos alunos, articulação e desenvolvimento das ideias. É o facilitismo que contraria o raciocínio pensante. Donde, com a inclusão não é obrigatória a mediocridade. O não rotundo ao “eduquês”. A ortografia e o português tão mal tratados. As borlas nas correções dos exames, trabalho não remunerado. São os colegas que estão nas salas de aula que têm a autoridade da palavra do que vivenciam. O “chato da coisa” é que a escola e estudar dá trabalho, o aluno pouco ou nada disponível como educando não quer nem está para aprender, e o professor em modo olímpico, in extremis lá consegue o desiderato. Extenuante! Nas reuniões sindicais nas escolas os relatos dos colegas são repetitivos. Cabe ao ME ouvir, escutar e em filosofia Ubuntu: “Eu sou porque tu és/nós somos”. Estamos/caminhamos juntos.
O ME tem de perceber/assimilar que o trabalho docente é um trabalho intelectual. Lamentavelmente, o Ministério da Educação transformou o trabalho intelectual docente em trabalho proletário, no sentido do simples operário, do faz tudo, do trabalho indiferenciado (com todo o respeito o digo e afirmo). Donde, a negação do ME do professorado enquanto elite intelectual altamente qualificada e especializada e massa crítica pensante, resultar num terrível equívoco/engano que levou ao actual estado de coisas. Desde 2005, desde Sócrates e Maria de Lurdes, há 17 anos que o professorado tem vivido um inferno de turbulência negativa grave e “terrorismo tutelar” sem tréguas. Uma vergonha. Chega, basta, queremos trabalhar em paz. É urgente e impõe-se a construção de pontes de confiança, boa fé, equilíbrio, verdade, justiça e lato sensu (literalmente) entre o ME e os professores. Senhor ministro da Educação, V. Ex. tem a obrigação de ter consciência do mal-estar docente que levou à revolta do professorado português, que tem sido tão desautorizado, desvalorizado, negada a progressão, empobrecido, diminuído e achincalhado na sociedade portuguesa. O senhor ministro é professor. Donde, ter o privilégio de saber que os professores precisam de tempo para preparar as aulas, em vez de relatórios, “papelada digital”, burocracia insano e inutilidades que para nada servem e são perda de tempo. Os professores estão exaustos. Não têm direito ao fim de semana porque há sempre trabalho para fazer. Não ajuda nada tentar infantilizar e fazer passar a ideia ridícula para a opinião pública e para os pares, de que os professores são ingénuos, quais “mentecaptos”, “tolinhos”, não têm discernimento, se deixam manipular por mentiras e interpretações falaciosas de algum articulado, sem opinião, num desrespeito que fere, minimiza e ofende a classe. As negociações estão em curso e os sindicatos e federações não querem maus acordos, queremos acordos justos/ganhadores, que venham de encontro aos legítimos anseios de toda uma classe socioprofissional há muito castigada. Os professores observam, pensam, interpretam, analisam, avaliam, são intelectuais, sabem o que querem e qual o ponto de equilíbrio das coisas. O ME não pode estar contra os professores. Tem de apoiar e ser solidário com o professorado. Errare humanum est (errar é humano). É nobreza de carácter reconhecer os erros, emendar a mão e dizer Presente. Alea jacta est (a sorte está lançada).
Relembrando…
… a parte final da conferência de imprensa de João Costa, no passado dia 29 de novembro. Muita atenção, desde logo, à parte em que o SE Leite fala, a partir dos 4’15”, das funções dos Conselhos Locais de Directores e do seu papel na “distribuição” dos professores em função dos “critérios de necessidade”. E depois, aos 6’05”’ a admissão de que essa “distribuição” será feita de acordo com outros critérios que não a graduação. Agradeço o envio da ligação e vídeo ao Paulo Ribeiro.