Dia: 27 de Dezembro, 2022
Só Hoje Dei Com Este Tesourinho Deprimente
Que está em acesso público no fbook, deade dia 20 de Dezembro, acompanhado do seguinte texto:
O novo presidente do SPZN, recentemente empossado, juntou a sua voz à do Ministro da Educação, para denunciar a campanha de desinformação levada a cabo pela Fenprof e restantes sindicatos. Nesta sua primeira intervenção pública já demonstrou que, tal como a sua antecessora, continuará na senda de um sindicalismo sério e rigoroso.
(agradecendo ao Ricardo Santos a chamada de atenção)
Se Foi Ela A Pedir Renúncia Ao Cargo..
… seria de esperar um indemnização à mini-mourinho?
Melhor, só mesmo um primeiro-ministro que admite desconhecer os antecedentes de quem convida para o seu governo.
Do “Agastamento” Docente
O que o ministro fez, na prática, foi “colar na testa dos 20 a 25 mil professores, presentes na manifestação do dia 17, o rótulo de indigentes mentais, facilmente manipuláveis”, acusa o professor de História Ricardo Silva, que acrescenta o seguinte: “Creio poder afirmar que, a partir desse momento, pelo menos do ponto de vista da autoridade cívica e moral junto dos professores, este ministro deixou de existir.”
“Os professores não se mobilizaram agora por causa da dita municipalização dos concursos. Isto foi apenas a gota de água”, explica Maria João. A experiência profissional desta professora do 3.º ciclo e secundário em Lisboa, que esteve em greve na sua escola e marcou presença na manifestação de 17 de Dezembro, é em si um exemplo de que a tal “gota de água” já tinha um oceano atrás de si: só conseguiu entrar para o quadro, e ingressar assim na carreira docente, depois de estar 24 anos a contrato. Aconteceu neste ano lectivo, aos 47 anos.
“Enxovalhados”, “amesquinhados” são termos a que os professores com quem o PÚBLICO falou recorrem para descrever o modo com têm sido tratados. Todos eles estiveram nas acções de protesto convocadas pelo Stop. “Desde os tempos em que Maria de Lurdes Rodrigues ocupou a pasta da Educação, fomos sistematicamente enxovalhados na praça pública, desconsiderados, roubados no tempo de serviço, proletarizados… e a gota de água foi mesmo esta municipalização disfarçada e transvestida que nos prepararam e preparam, contando, talvez, com a nossa distracção”, descreve Anabela Magalhães, professora de História em Amarante, que deixa por isso este alerta: “Não estamos distraídos, somos uma elite intelectual no país, sem a nossa profissão, não existem quaisquer outras e vemos com muita apreensão o futuro.”
As Conclusões Da Reunião De Coimbra (Com Breve Comentário)
Propostas a votos.
Resultado (comentado) das votações:
Primeira aprovada por unanimidade (parece pacífica)
Segunda aprovada por maioria (idem, mas muito parecida à dos “8”)
Terceira por maioria e uma abstenção (parece-me que, aqui sim, entrámos numa corrida à manifestação que corre o risco da “normalização” e a algum desgaste)
Quarta por maioria com 4 abstenções (desgosto da formulação, “sectarismos” incluídos)
Entrada da comunicação social na sala:



“Arca Da Aliança”?
Esta é daquelas metáforas ou analogias que me escapa. É de um texto do Matias Alves com uns dias que só li há pouco e me deixou confuso a vários níveis, o que até é habitual em alguns dos seus textos mais etéreos e desligados da realidade, que retratam um mundo quase onírico que já descolou claramente desta terra que eu piso. Mas eu sou um bocado simplório, como se sabe, mesmo se tenho alguma cultura bíblica e uns laivos de mitologia clássica, a par de uma erudição popularucha transversal.
Por isso me parece que “saco de gatos” ou “caixa de pandora” se adequariam melhor a isto. A “arca da aliança”, no Antigo Testamento, antes de um símbolo, é um objecto bem físico e concreto, onde são guardadas relíquias e objectos valiosos. É mais “arca” do que “aliança”. E é algo que simboliza a presença divina entre o povo escolhido. Algo que o defende dos inimigos. Não propriamente um cachimbo da paz. E olhem que nem fui à catequese.
Para além de que acho que os professores “devem” (e não “podem”, como se precisassem de permissão alheia) ter uma “voz poderosa e reconhecida”, que não dependa de “alianças” com confaps e organismos similares, dependentes dos bons humores financeiros do Estado para sobreviver.
Ahhhh… já agora, não preciso que me expliquem como penso e sinto. Porque há muito que me sinto mal e não penso grande coisa de quem dá voltas de 180º, seguidas de outras de 270º, antes de um ziguezague em forma de flik-flak encarpado, à rectaguarda.
Por Coimbra
Dos repórteres no terreno 😉 . Um em cada lado da sala e outro ao fundo. Os meus agradecimentos ao Paulo, João e Alberto, pela ordem de chegada das fotos.









3ª Feira
O tema começa a chegar ao mainstream comunicacional, parecendo que, pela primeira vez, se percebe que o ministro Costa é, no mínimo, “ambíguo” para aproveitar a caracterização feita por Andreia Sanches no Público. Eu percebo que não dê para ir mais longe, mas já todos percebemos que esta “ambiguidade” é voluntária e estrutural na forma de estar do ex-secretário Costa. Gosto sempre quando mais pessoas percebem o que, em tempos, tentei explicar, sendo com frequência mal entendido e mesmo visto como alguém com uma especial malapata pessoal contra João Costa. Nada disso. Apenas dava para perceber as coisas nas entrelinhas. Não se envelhece impunemente, para o mal e o bem.
Quanto à peça sobre a natureza da presente contestação, por entre as declarações de responsáveis sindicais, temos a do sociólogo António Casimiro Ferreira que opta por associar as estratégias do S.TO.P. a um “populismo sindical”, comparando-o por antecipação ao do anunciado sindicato do Chega. Quanto à “atomização”, o que se passou no dia 17 é a demonstração, pelo exemplo concreto, do oposto.
E a parada analítica sobe quando caracteriza as presentes movimentações sindicais num domínio de quase conflito com as regras democráticas.
A estratégia reivindicativa deste tipo de movimentos passa por se afirmaram “sempre em oposição a outros”, numa espécie de “euforia reivindicativa”, expressa em afirmações do tipo “Agora é que vai ser”.
Refere ainda Casimiro Ferreira que, embora a agenda reivindicativa seja comum a todos os sindicatos de professores, o Stop tem tentado também “acelerar o processo reivindicativo quando os outros estão a negociar”, numa espécie de “dumping sindical” que faz como que “a regulação democrática do conflito se vá perdendo”.
O que não entendo deste tipo de análise – e repare-se que eu nem fui adepto da “greve por tempo indeterminado” – é o modo como se salta logo para expressões como “dumping sindical” e a perda de “regulação democrática do conflito”.
Por analogia ao dumping laboral ou dumping social, o dumping sindical significaria o abaixamento do nível das exigências feitas pelos sindicatos, quando se trata exactamente do contrário.
Aliás, a expressão dumping sindical nem sequer tem sido adoptada , parecendo que o sociólogo em causa a aplica de forma muito pouco rigorosa, mais como crítica do que como categoria analítica. Por outro lado, percebe-se melhor porque as suas ideias já são, há algum tempo, apreciadas pelo “velho sindicalismo”, porque criticam o maior individualismo do “novo sindicalismo”.
Quando à “regulação democrática do conflito” estar em causa, seria interessante perceber porquê, pois se existe um sindicato legalmente constituído, que também está envolvido nas negociações, o qual convoca uma greve e uma manifestação com elevada participação da classe profissional envolvida, onde estão em causa os mecanismos democráticos de tudo isto? a sensação que fica é que o sociólogo está mais preocupado com as consequências política de um sindicalismo mais próximo das suas origens do que propriamente com a utilização de um vocabulário adequado para descrever a situação.
Em boa verdade, esta presente análise até parece contrariar um diagnóstico recente, do mesmo autor, sobre a regulação dos conflitos laborais em Portugal, que considera ser “débil” e pouco eficaz. E isso é que me parece ser “anti-democrático”.
Que surja um sindicato – repito, ao qual não pertenço ou penso vir a pertencer – que corporize a insatisfação de boa parte da classe que representa, merece um outro tipo de caracterização que não o demagógico e muito gasto epíteto do “populismo” ou mesmo de “anti-democrático”, em especial à luz do conteúdo de declarações, como as da recente entrevista do actual primeiro-ministro.
Fiquem, ao menos, as declarações de dois professores em exercício, que sempre podem dar a visão das coias a partir da “base”, até porque ficam expressamente declaradas as suas simpatias.
O professor de História Ricardo Silva, que tem participado nas acções do Stop, tem outro ponto de vista: “os professores estão muitíssimo desiludidos com a inércia, ineficácia, e duvidosa estratégia de luta dos sindicatos “mainstream”, que parecem não conseguir ler os reais motivos do cansaço, exaustão e revolta da classe docente que deviam representar, com muito mais assertividade, constância, acutilância e ligação às bases”.
Também Anabela Magalhães, que se filiou no novo sindicato depois de pertencer a uma das estruturas da Fenprof, critica a “obscena apatia dos sindicatos do sistema”. “Sentimos que se encontram enquadrados em forças partidárias, manietados por forças partidárias e que não sabem, não podem ou não querem capitalizar este descontentamento e revolta”, refere.