Pelo cuidado, merece destaque.
Dia: 7 de Janeiro, 2023
Hoje (Em Actualização)
Opiniões – Fernando Fraga Pires
Partihado, com autorização, a partir do seu mural no fbook.
VERDADES QUE PODEM DOER A MUITA GENTE
A classe docente está hoje numa luta em defesa da escola pública.
Verdade?
Eu não tenho dúvidas, mas há pedagogos, formadores de professores, diretores e outros responsáveis, desagradados com o comportamento da classe docente porque afinal só está em causa a transferência de competências para as autarquias e comunidades intermunicipais, relativas à colocação dos professores num projeto educativo.
Chegam ao cúmulo de tratar os professores como uma cambada de imbecis.
Tenho muito respeito pelos professores que trabalham com alunos, sim …
Já não comungo do mesmo em relação aos que se dizem professores, que gostam muito dos alunos, mas em casa dos pais e não na escola…
são os tais, que já não conhecem a escola.
Estes professores especiais ocupam os cargos, de forma vitalícia, trabalham em gabinetes investigando( toda a vida), trabalham no sindicalismo uma eternidade e depois nestes momentos não têm vergonha, repito,….vergonha.. para nas redes sociais criticarem os professores pela luta que neste momento estão a travar.
Entendo muito bem o terem defendido a carreira única, não entendo muito bem o porquê de defraudar a luta dos 120 000 professores que desceram a Avenida da Liberdade e que fizeram “tremer” a ministra da educação, Maria de Lurdes Rodrigues.
Os grandes ideólogos que hoje se mostram preocupados, não o demonstraram quando os sindicatos foram chamados pela ministra Isabel Alçada, às instalações da avenida 24 de julho e perante um ultimato, assinaram um acordo que deixaria todos os professores numa situação profissional pior do que estavam anteriormente.
Mais,….esse acordo chegou às 5 horas da manhã.
É óbvio que estes nossos queridos sindicalistas mereceram serem tratados a chá e biscoitos, como alguém diria foram simplesmente “uns fofinhos”.
Temos vindo a pagar esse acordo.
Quanto á principal crítica que apontam, como sendo a de estarmos contra colocação feito pelas autarquias e outras comunidades apenas posso dizer que já há muitos anos o saudoso professor e ministro das finanças Medina Carreira afirmava que onde havia maior corrupção no país era nas autarquias.
Votei e voltaria a votar contra a regionalização por entender que quantos mais poderes tiverem os municípios maior será a corrupção.
Em relação a esta luta estarei na manifestação do dia 14, tal como estive na célebre manifestação dos 120 000 professores.
(Um professor com 44 anos de serviço que sempre teve alunos na sala de aula e que está solidário com todos os que defendem a escola pública)
Resumindo…
A Aposta Do Ministro Costa
Manter as rondas negociais, onde se formalizarão as suas novas “opiniões”, o mais tarde possível, na expectativa de que os protestos esmoreçam. O problema é que se manifestação de dia 14 exceder a do mês passado, talvez seja tempo de anunciar, já no escurinho de uma noite destas, a sua partida. Que vá para as europas, para as ócêdêés, onde deve ter poiso garantido junto d@s amig@s, que siga a sua vidinha e nos deixe em paz. E que quem o substitua traga uma forma de estar diferente e, muito em especial, “opiniões” muito diferentes. E que não confunda “firmeza” com teimosia sonsa.
Daqui A Pouco, Na CNNP, Se A Actualidade Chuvosa O Permitir E A Net Alinhar
Penso que apenas um breve comentário sobre as actualidades educativas, espero que com destaque para os protestos dos professores. Quando aceito, não veto temas ou filtro pessoas. Sei que nunca direi tudo o que a todos interessa, mas apenas o que me ocorre, já que não levo guião ou lista de pedidos ao Pai Natal, que já passou.
Duas Das Aquisições Do Dia
Uma maravilha que desconhecia (Sacana, uma revista moçambicana do início deste século, de humor e cartoons que posso ler sem me sentir xenófobo e pós-colonialista) e um daqueles cartapácios que fazia as minhas delícias no meu período woke-antes-dos-woke quando alguns temas eram mesmo periféricos, mesmo para alguns progressistas tardios).


A Ler
De António Nóvoa. Um diagnóstico demolidor dos últimos 20 anos de desgovernação na Educação, incluindo mais de 7 de costismo educacional.
As políticas públicas têm sido fracas e desinteressantes. A educação está sem governo.
Sábado
Agitação moderada em termos mediáticos em torno das “opiniões” que andam por aí em forma de propostas sobre o papel dos exames no final do Secundário e no acesso ao Superior. Parece que a “opinião” oficial é que deixem de ter qualquer papel para a conclusão daquele, mas aumentem em termos relativos neste. O que não me desperta enormes paixões, embora me levante algumas dúvidas sobre a seriedade e consistência da fundamentação usada.
Relembremos a narrativa oficial destes últimos sete anos: os exames são um método imperfeito de avaliar as aprendizagens dos alunos, conduzem a um ensino afunilado, virado para a preparação dos alunos para a sua realização e, em resumo, empobrecem o processo educativo. Por isso, deveriam ser feitas provas de acesso pelas próprias instituições universitárias. Adicionalmente, em relação às notas internas, temos a narrativa adicional de elas serem inflaccionadas, em especial no sector privado, para garantir médias elevadas no acesso à Universidade.
As propostas, desculpem, “opiniões” agora veiculadas não parecem bater certo com estas narrativas ou só a contemplam de forma muito parcial.
Vejamos a coisa em alguns pontos:
Ao que parece, afinal, os exames sempre são ferramentas que ajudam a nivelar as distorções da avaliação interna das escolas (públicas ou privadas), não sendo tão maus como os críticos da “examocracia” tanto clamam. Só assim se entende que agora se adopte o argumento (há muito usado por alegados “examocratas” empedernidos como eu) de que os exames irão contrariar aquelas distorções.
Se os exames passam a ter um maior peso no acesso à Universidade, isso fará com que as escolas (públicas ou privadas), cujos alunos têm maiores expectativas de prosseguir estudos em cursos mais selectivos em termos de média de entrada, reforcem ainda mais a tão criticada componente de “treino para o exame” do que antes. Para quem ande distraído, as escolas privadas estão no topo dos rankings dos resultados em exames, pelo que esta é uma medida, desculpem, “opinião” que reforçará e mesmo legitimará a sua forma de trabalhar.
Em contrapartida, quem não estiver em condições (materiais ou de interesse pessoal/familiar)de prosseguir estudos ficará com uma forma mais simples, rápida e descontraída de concluir o 12º ano, só não se percebendo bem como esta realidade conviverá com aquela, a menos que se criem fenómenos de segregação interna (nas escolas, entre turmas) ou externa (entre escolas) ou “guetos” educacionais, separando de forma clara os que querem prosseguir estudos e os que só querem livrar-se com a escolaridade de 12 anos feita e o Secundário terminado.
Ao contrário do que se afirma, no meu escasso entendimento, esta é uma medida que dificilmente pode ser encarada como “inclusiva” ou sequer determinada por princípios de “equidade” ou “justiça” social/académica/outra, porque faz uma distinção clara entre o que se exige aos que abdicaram de prolongar a escolaridade e aqueles que o querem fazer, ao nível mais exigente. Pode parecer lógico que assim seja,, mas a consequência é a criação de um Secundário a 3-4 velocidades, acrescentando ao que já acontece entre a via científico-humanística e a via profissional(izante).
Posso estar a ver mal as coisas, mas não me parece. Ou seja, vamos ter estatísticas brutais de conclusão do 12º ano, sem necessidade de qualquer exame, mas em contrapartida o papel dos exames no acesso à Universidade vai crescer, não havendo vagas “especiais” para os “tadinhos dos pobrezinhos” que escondam uma estratégia com evidentes efeitos de aumento da segregação académica.