Agitação moderada em termos mediáticos em torno das “opiniões” que andam por aí em forma de propostas sobre o papel dos exames no final do Secundário e no acesso ao Superior. Parece que a “opinião” oficial é que deixem de ter qualquer papel para a conclusão daquele, mas aumentem em termos relativos neste. O que não me desperta enormes paixões, embora me levante algumas dúvidas sobre a seriedade e consistência da fundamentação usada.
Relembremos a narrativa oficial destes últimos sete anos: os exames são um método imperfeito de avaliar as aprendizagens dos alunos, conduzem a um ensino afunilado, virado para a preparação dos alunos para a sua realização e, em resumo, empobrecem o processo educativo. Por isso, deveriam ser feitas provas de acesso pelas próprias instituições universitárias. Adicionalmente, em relação às notas internas, temos a narrativa adicional de elas serem inflaccionadas, em especial no sector privado, para garantir médias elevadas no acesso à Universidade.
As propostas, desculpem, “opiniões” agora veiculadas não parecem bater certo com estas narrativas ou só a contemplam de forma muito parcial.
Vejamos a coisa em alguns pontos:
Ao que parece, afinal, os exames sempre são ferramentas que ajudam a nivelar as distorções da avaliação interna das escolas (públicas ou privadas), não sendo tão maus como os críticos da “examocracia” tanto clamam. Só assim se entende que agora se adopte o argumento (há muito usado por alegados “examocratas” empedernidos como eu) de que os exames irão contrariar aquelas distorções.
Se os exames passam a ter um maior peso no acesso à Universidade, isso fará com que as escolas (públicas ou privadas), cujos alunos têm maiores expectativas de prosseguir estudos em cursos mais selectivos em termos de média de entrada, reforcem ainda mais a tão criticada componente de “treino para o exame” do que antes. Para quem ande distraído, as escolas privadas estão no topo dos rankings dos resultados em exames, pelo que esta é uma medida, desculpem, “opinião” que reforçará e mesmo legitimará a sua forma de trabalhar.
Em contrapartida, quem não estiver em condições (materiais ou de interesse pessoal/familiar)de prosseguir estudos ficará com uma forma mais simples, rápida e descontraída de concluir o 12º ano, só não se percebendo bem como esta realidade conviverá com aquela, a menos que se criem fenómenos de segregação interna (nas escolas, entre turmas) ou externa (entre escolas) ou “guetos” educacionais, separando de forma clara os que querem prosseguir estudos e os que só querem livrar-se com a escolaridade de 12 anos feita e o Secundário terminado.
Ao contrário do que se afirma, no meu escasso entendimento, esta é uma medida que dificilmente pode ser encarada como “inclusiva” ou sequer determinada por princípios de “equidade” ou “justiça” social/académica/outra, porque faz uma distinção clara entre o que se exige aos que abdicaram de prolongar a escolaridade e aqueles que o querem fazer, ao nível mais exigente. Pode parecer lógico que assim seja,, mas a consequência é a criação de um Secundário a 3-4 velocidades, acrescentando ao que já acontece entre a via científico-humanística e a via profissional(izante).
Posso estar a ver mal as coisas, mas não me parece. Ou seja, vamos ter estatísticas brutais de conclusão do 12º ano, sem necessidade de qualquer exame, mas em contrapartida o papel dos exames no acesso à Universidade vai crescer, não havendo vagas “especiais” para os “tadinhos dos pobrezinhos” que escondam uma estratégia com evidentes efeitos de aumento da segregação académica.
Se no ensino secundário nos incitam a sobrevalorizar as atitudes é natural que as classificações fiquem inflacionadas. Há escolas secundárias que abraçaram o projeto Maia, em que nos cursos científico humanísticos o peso das atitudes é de 20% a 25%. inflacionando as classificações dos alunos. De facto avaliar negativamente um aluno nas atitudes é pisar em terreno movediço. Não deixa de ser absurdo o governo valorizar o espírito da cidadania, o espírito crítico e criativo para depois aumentar o peso dos exames de acesso ao ensino superior, que somente avaliam a aquisição e mobilização de conhecimentos específicos. Por outro lado, no domínio da aquisição e mobilização de conhecimentos, o peso dos testes de avaliação diminuiu para cerca de 50% em detrimento do trabalhos de grupo duvidosos e de rubricas ridículas muito subjetivas. Vivemos no mundo das aparências.
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Se no ensino secundário nos incitam a sobrevalorizar as atitudes é natural que as classificações fiquem inflacionadas. Há escolas secundárias que abraçaram o projeto Maia, em que nos cursos científico humanísticos o peso das atitudes é de 20% a 25%. inflacionando as classificações dos alunos. De facto avaliar negativamente um aluno nas atitudes é pisar em terreno movediço. Não deixa de ser absurdo o governo valorizar o espírito da cidadania, o espírito crítico e criativo para depois aumentar o peso dos exames de acesso ao ensino superior, que somente avaliam a aquisição e mobilização de conhecimentos específicos.
Pura hipocrisia.
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Por outro lado, no domínio da aquisição e mobilização de conhecimentos, o peso dos testes de avaliação diminuiu para cerca de 50% em detrimento de trabalhos de grupo onde um aluno trabalha e outros aproveitam-se.
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Esta é mais uma afronta a quem quer ensinar e a quem quer aprender realmente.
É mais uma prova da malvadez sonsa deste ministério.
Trata-se de criar duas velocidades para os alunos. Favorece os privados que primarem pela exigência, pois pais conscientes querem filhos preparados e não filhos iludidos que, quando chegam ao mundo real, se mostram incapazes.
E depois a ironia das ironias é criar vagas para pobrezinhos.
Que mundo é este em que vivemos? O da desvalorização do trabalho sério e realista para institucionalizar um mundo de egos iludidos e de migalhas para coitadinhos? Nem no tempo do Salazar se via semelhante discriminação! Nem tanta hipocrisia! Estas atitudes ministeriais mostram ideologias sociais distorcidas.
Este ministério parece ser dos tais católicos apostólicos que tem uma necessidade enorme de mostrar ou parecer fazer obra divina. Na realidade, é só maquiavelismo e, depois, é só ir ao concessionário diariaminte para absolver toda a maldade acabada de fazer. Assim pode engendrar nova maldade e voltar ao mesmo. Desssa forma, a papar hóstias diárias, ainda se exibe ar sonso de candura a tresandar de falso.
Que sarro!
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Exigência?
Até hoje não conheci nenhum aluno que ao mudar para o privado descesse as classificações.
Ok! e o ranking? Elevada concentração de alunos com determinadas características geram melhores resultados.
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E para quando os alunos do privado a fazerem exames em CONJUNTO com os do público…????
“Vocês sabem do que estou a falar!”
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