2ª Feira

A pausa carnavalesca talvez seja util para algumas pessoas respirarem, baixarem os níveis de adrenalina, focarem-se e não se deixarem levar por leituras superficiais ou truncadas (de forma mais ou menos voluntária) de episódios mediáticos e comunicacionais. Claro que sou obrigado a estranhar que exista quem perante uma manobra mediática para mistificar a opinião pública sobre o parecer da PGR ou o anúncio de um potencial proposta de recuperação diferenciada do tempo de serviço, exista quem ache que o principal alvo de ira deve ser um tipo que respondeu a umas perguntas para uma peça de que nem é o personagem principal. E é tanto mais estranho quando essa pessoa (moi-même) foi a primeira a reagir contra a investida feita exactamente contra a alegada “ilegalidade” da greve decretada pela organizaçãoa que pertence o colega que se acha incomodado com a minha exposição mediática. Claro que me recordo de iguais acusações feitas há 15 anos por segundas linhas de outra organização sindical (que as primeiras sempre as fizeram mais pela calada); agora apenas se repete a história de haver quem sinta que alguém está a ocupar um espaço que deveria ser seu. E reclame que fulano de tal não “representa” ninguém. Claro que não, nem quereria.

Mas também se percebe que o incómodo vai mais além quando se aponta o dedo a um “clube de pensadores independentes mediatizados“. Ou seja, há quem se aborreça porque o Paulo Prudêncio, o Ricardo Silva e eu tenhamos algumas aparições na comunicação social, neste caso, em canais noticiosos, e se afadigue em tentar demonstrar que somos instrumentalizados por interesses ocultos (será que acham melhor que essas tenebrosas organizações capitalistas só convidem porfírios e baldaias?), nem sequer se dando ao trabalho de analisar o conteúdo das intervenções. E, com aquela falta de discernimento típica de quem investe sem pensar duas vezes, há uma colega que acusa de “colaboração”, no sentido pejorativo, quem sem receber um tostão, dá a cara e fala em defesa daquilo em que acredita, sem se colocar aos gritos ou a espetar olhos.

Isto não acontece pela primeira vez. Só que antes eram uns e agora são outros. Antes era alguma (felizmente, apenas alguma) malta da ortodoxia da Fenprof e agora é alguma (felizmente, apenas alguma) malta do que se pode começar a parecer uma mini-Fenprof no sentido de considerar inimigo a abater quem não alinha com a corrente oficial da organização. Os vícios ganhos em anos de formação raramente desaparecem. Quem cresceu dentro da lógica da formatação dificilmente consegue ir além de querer impor outra formatação. O Paulo, o Ricardo e eu conhecemos a estratégia, não nos afecta e muito menos intimida que os “criativos” de agora se pareçam, nos métodos e críticas, aos “não-criativos” de 2008.

Porque, como já escrevi, há por aí uma baixeza de métodos de regresso, como se passou com a clonagem/falsificação do meu perfil numa rede social e uma selecção de pedidos de amizade que me deu a perceber o que viria a seguir. A coisa morreu no ovo, mas sei que renascerá e aparecerão, como se fossem reais, declarações minhas ou outro tipo de atitudes, fabricadas pelos trolls do momento.

O que tem a sua parte de divertido, mas também de enrediante.

É Carnaval, ninguém leva a mal?

Pelos vistos, há quem leve. A quem desgoste que eu diga o que penso, sem receio de chatear a “nova verdade”. A quem desgoste que os “jurássicos” ainda tenham algum espaço e consigam articular frases e argumentos com sentido, que consigam reagir em devido tempo e consigam desmontar os ataques do verdadeiro adversário. Sem necessidade de gritar, empunhar intensidades ou espetar olhos. Nunca foi esse o meu estilo e não é malta que é mais velha do que eu era em 2008 que vai agora conseguir mudar a minha forma de estar. Minha e do incómodo “clube de pensadores independentes mediatizados” que, 15 anos depois, continua em contacto, nas suas escolas, a fazer o seu trabalho, não cedendo a tentações ou cartões e muito menos a intimidações. è a nossa modalidade de “não paramos!” Quem se sente incomodad@ com isso tem bom remédio: olhe para outro lado, desligue a televisão, leia qualquer coisa de jeito.

23 opiniões sobre “2ª Feira

  1. Força Paulo Guinote e todos os pensadores independentes. Têm feito muito pelos professores e escola pública. Juntos representam e valem mais que todos os sindicatos do regime, arregimentados e afins.
    Continuem…

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  2. Paulo, não gaste vela com fraco defunto. Não ligue, não leia, não queira saber o que dizem uns e outros. Há um grupo profissional que está a ser espezinhado há duas décadas. Isso sim, merece a luta de quem não gosta de injustiças. O resto não interessa nada.

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  3. Colega, Paulo Guinote, não o conheço pessoalmente mas sigo os seus escritos aqui no bolg e nas suas intervenções que faz na televisão. Desde há muito tempo que o tenho como estima e não sou única e sei que é uma pessoa de bem e transparente. É muito mau quando “alguém” adúltera a nossa palavra. Peço – lho por todos “nós” continue assim em Defesa da Escola! Estamos mais que nunca unidos!! Bem haja!

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  4. Boa tarde Paulo!
    Continue “desformatado”, a escrever o que sempre defendeu.
    Só “o segue” quem quer.
    Agradeço tudo o que tem escrito. Sigo também os outros pensadores. É com respeito que vos ouço e leio, precisamente pela isenção partidário-sindicalista que mostram. Esclarecem …
    Bem-haja!

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  5. Leio sempre com interesse o que escreve, aprecio a sua independência e lucidez. É lamentável que a arregimentação tolde a capacidade de ouvir ou interpretar o que o Paulo tem dito e escrito. Triste é saber que estas tricas acabam por nos dividir e servir interesses que não os da maioria dos professores.
    A eficácia de uma manifestação em silêncio seria maior do que qualquer outra, infelizmente ainda não se percebeu que, talvez, assuntos muito sérios, bombos, apitos e vuvuzelas não liguem muito bem.
    Espero poder continuar a ler o que desassombradamente escreve, com o que concordo muitas vezes e, não concordando, é matéria de reflexão.

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  6. Paulo, não dês demasiada importância a esse tipo de situações. Não sei se percebi exatamente o que se terá passado, mas deve ser coisa mais do âmbito da vil invejazinha tipicamente portuguesa. Tu tens as costas largas 😂😂

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  7. “A expressão vozes de burro não chegam ao céu aplica-se a quem nos deseja mal ou a quem diz alguma coisa infundada ou gratuita com intenção de nos ofender ou melindrar.” Bem hajam os que pertencem ao “clube de pensadores independentes mediatizados“.

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  8. Paulo, faça o que estiver de acordo com os seus princípios.
    Quem o julgou não merece que desperdice um minuto do seu tempo a responder.
    O ato do outro lado apenas espelha o narciso que existe…

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  9. Só tenho a agradecer ao “clube de pensadores independentes mediatizados” aquilo que têm feito por nós e espero sinceramente que continuem a ser convidados para os órgãos de comunicação social. São os únicos que conseguem dizer aquilo que se passa realmente, com uma linguagem acessível, que faz passar a mensagem para quem não está dentro dos assuntos. Sem chavões que não explicam nada. Obrigada.

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  10. Paulo agradeço a esse grupo ” clube de pensadores independentes mediatizados” alguma verdade que se vem repondo na comunicação social sobre o que se passa realmente e indigna tantos à anos.

    Quanto a quem respondem? Não se preocupem os que essa dúvida colocam, pois não conheço quem pague para alguém pensar… muito pelo contrário.

    Assim, o pensamento é a livre expressão do homem são de espírito.

    Força colegas!!!!

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  11. Paulo agradeço a esse grupo ” clube de pensadores independentes mediatizados” alguma verdade que se vem repondo na comunicação social sobre o que se passa realmente e indigna tantos, há anos…

    Quanto a quem respondem? Não se preocupem os que essa dúvida colocam, pois não conheço quem pague para alguém pensar… muito pelo contrário.

    Assim, o pensamento é a livre expressão do homem são de espírito.

    Força colegas!!!!

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    1. exacto. e neste momento vejo já alguma desmobilização, outras que continuam a querer seguir cegamente o novo herói, outros que se mantém nas fileiras do antigo e , sobretudo, tudo parado. Há pouco uma colega perguntava o que era isto. “O Vida Justa começou com reuniões nos bairros e alastrou-se a outras zonas da Grande Lisboa. O objectivo é obrigar o Governo e o Parlamento a tomarem medidas sérias para impedir a hecatombe social, perante uma inflacção que não é combatida com medidas justas do ponto de vista político e social. Neste sentido, um grupo de cidadãos lançou esta quinta-feira um manifesto e marcou para 25 de Fevereiro uma manifestação em Lisboa, coincidindo com mobilizações nos bairros, para exigir medidas urgentes de combate à inflação e ao aumento do custo de vida, com o lema: «Basta de aumento de preços, vida justa.».
      Só que a manif do Stop marcada muito depois, vai andar por uns lugares e a outra manif, apoiada pela Fenprof/CGTP . Pois. A ideia é essa.

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  12. Paulo, podem escrever o que quiserem, podem dizer o que quiserem, podem tudo tentar para o descredibilizar, para o enervar, mas uma coisa é certa e segura:

    Juntos dos colegas, o Paulo tem um prestígio que mais ninguém tem, não de agora, mas de há longa data.
    Agora que enerva, enerva, mas não mais do que isso, pois não belisca um pingo da credibilidade do Paulo junto de todos nós, reforça-a peço contrário, pois há todo um percurso de coerência que é inatacável e inigualável, perante ambientes terrivelmente adversos, aos quais poucos resistiriam firmes nas suas convicções, o Paulo conseguiu esse feito notável, eu não estaria à altura, foi preciso muita coragem!

    Paulo, por muito que custe, não desistas, contamos contigo, com a tua lucidez e coerência!

    DN

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  13. Paulo, foi com muita alegria que vi reaparecer o “clube de pensadores independentes mediatizados” 😄. E ainda faltam cá mais uns – o Mário Machaqueiro, o Octávio Carmo, o Ilídio Trindade e tantos outros que, sendo de convicções partidárias completamente diferentes, não permitiram que a ideologia lhes toldasse o pensamento e lutaram pela Educação. A Educação pela Educação.

    Quem tem 2008 bem presente, sabe bem quem passa para fora a mensagem dos professores, embora legalmente não os represente. Mas o objectivo também não é esse.

    E, já agora, acho muito bem que dêem espaço na comunicação social aos professores que não pertençam a nenhuma organização sindical e que podem, de maneira viva, falar da escola.
    Obrigada aos “Jurássicos”.
    Façamos caminho juntos!

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  14. Paulo, não perca tempo.
    Um país demasiado paroquial, onde a liberdade, como exercício estrutural consolidado, teima em não passar por aqui. Assim tem sido, assim parece, infelizmente, continuar a ser e temo que no futuro assim será. É esta persistência que nos agarra ao fundo das tabelas e ao topo dos sonhos falhados em que o poder exibe a sua melhor performance…
    Pode enganar-se toda (?) a gente durante algum tempo, mas não durante o tempo todo…

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  15. Viva Paulo,
    Está tudo dito, com a clareza, frontalidade e acutilância de sempre!
    Já sabemos como tudo isto funciona e já o sabemos há muito tempo, nada de novo!
    Em frente e em força!
    Grande abraço a todos os colegas!

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