4ª Feira, No Parlamento

O grupo de colegas que esteve na 4ª feira no Parlamento a clamar por Justiça, pela mão da Maria Helena Vicente Gomes fez-me chegar uma descrição muito interessante do modo como foi preparada aquela acção, com cuidado, sem grandes alardes e, principalmente, sem andar por aí a anunciar as coisas antes de serem feitas e de ser dado o exemplo.

Esta iniciativa surgiu a partir de um grupo de voluntários no Whatsapp, com o propósito de manifestar o nosso brado, em mais uma acção de luta, na casa da democracia. Foi tudo minuciosamente preparado durante dias e sigilosamente… Fomos cerca de 30 professores que se apresentaram, de preto, e gritaram as palavras de ordem: “DIGNIDADE, RESPEITO, JUSTIÇA”!

Uns dias antes, contactei jornalistas amigos nos 3 canais televisivos, na rádio e na imprensa (Agência Lusa): A comunicação social estava prevenida… Aconteceu cerca das 16h00, com a interrupção do plenário, e uma hora mais tarde, a CNN/TVI, a RTP, a Antena 1, a RR, a A Agência Lusa e O Observador publicavam a notícia, pelos meios audio-visuais e a escrita. O objectivo era precisamente dar visibilidade a mais um protesto, com a maior dignidade na sua execução.

Em simultâneo, “entupimos”, literalmente, todos os correios electrónico do ME, dos Grupos Parlamentares e de toda a Com. Social, com um e-mail programado para as 16h00, com um ficheiro com a fotografia e a célebre frase de Malala… No assunto, apenas… PROFESSORES EM LUTA!!!…

Mesmo assim, na revista à entrada, detectaram que tínhamos, por baixo dos casacos, colados nas blusas ou camisolas, o cartaz com a palavra “JUSTIÇA!”.

(antes da subida para o plenário e antes da “revista” pela PSP.)

As que foram apanhadas, éramos sobretudo mulheres, não puderam à saída, na “evacuação”, mostrar o cartaz, nas costas, porque a maioria havia sido “confiscada”… Mas alguns escaparam, escondidos de outras formas…

Um erro de informação numa das notícias: os professores não eram todos da Escola Secundária de Gil Vicente, daí era apenas eu, mas vieram do norte, centro e sul do país!…

Professores interrompem debate no Parlamento e exigem “justiça”

Em protesto, professores interrompem debate parlamentar e pedem “justiça”

“Tenham vergonha!” Professores interrompem deputada do PS no Parlamento

Parlamento. Professores protestam durante intervenção do PS em debate sobre educação

Não nos passou despercebida uma gaffe do Pres. da AR ao ordenar a evacuação (que não era necessária, uma vez que nos levantámos com o intuito de gritar, mostrar “JUSTIÇA” e sair de imediato, com o dever cumprido). A dita “calinada”: em lugar de “façam sair essas pessoas”, ao instruir os agentes presentes, tropeçou na conjugação verbal e saiu-lhe “FAZEM sair essas pessoas!” A segunda figura do estado no seu melhor, também na diplomática expressão “essas pessoas”!…

Eis algumas das guerreiras, à saída, depois de termos sido “democraticamente” identificadas…

Entretanto, Pelo Mundo Implodido Da DGAE

Duas colegas com situação perfeitamente semelhante, relativa a contagem de tempo de serviço. Recursos colocados na plataforma E72, com a mesma exacta argumentação, os mesmos factos, a mesma escola e poucos minutos de diferença de submissão. Respostas diferentes, a partir da “leitura” de duas juristas diferentes lá do sítio. Um deferimento e um indeferimento.

Nada que já não me tivesse acontecido em sede de recursos da add. Num dia, alguém responde uma coisa; em outro, alguém responde outra coisa, em especial se existir telefonema prévio de alguém “interessado” e com poder de pressão sobre a “opinião”.

E o mesmo se passou em outras matérias, em que as respostas são automáticas, como nos pedidos de escusa de avaliador@ extern@. Uma pessoa alega razões de saúde e impossibilidade de deslocação e a resposta vem com a chapa 5 preparada para as questões da (im)parcialidade.

Neste caso, nem parece isso. Apenas parece uma enorme bandalheira em termos de apoio técnico às escolas e docentes, que me desculpem as pessoas sérias que por lá trabalham. Só que neste momento, a DGAE passou a ser mais um dos “braços armados” do ME em matéria de pseudo-fundamentação jurídica dos atropelos em desenvolvimento.

Eu entendo que juristas sem outra possibilidade de emprego a curto prazo aceitem este papel. Já me custa quando são professor@s a concorrer a estes lugares, só para fugirem das escolas. E depois aceitam lixar (ex) colegas.

Implodam-se!

6ª Feira

Amanhã há uma nova “marcha pela escola pública”, que leva a seguir o nº 3 para que se percebam quantas foram e são e como se distinguem de outras. tenho gente amiga que vai e gente amiga que não vai e estimo tod@s tanto hoje, como amanhã ou domingo. A liberdade é isso mesmo, escolher em cada momento o que se considera correcto (não) fazer ou estabelecer prioridades com outro tipo de compromissos. Não aceito imposições de nenhum lado, pelo as pessoas idiotas que demonizam quem vai ou quem não vai, por razões que acham extremamente válidas, para mim permanecem idiotas. Repare-se que não estou a chamar idiota a quem vai ou não vai, mas a quem absolutiza o valor de uma opção em relação a outra e faz uma série de julgamentos (morais? éticos?) sobre o livre arbítrio individual.

Portanto, fica aqui o cartaz com o anúncio e que cada um@ se sinta na plena liberdade de fazer o que entende, que terá o meu completo apoio, desde que não desate a ofender a integridade de quem não faz o mesmo. Nesse caso, não espeto olhos com “criatividade”, nem faço remoques historicamente mais ou menos rigorosos no jornal da agremiação, mas tenho a língua afiada.