Entretanto…

Federação Nacional dos Médicos (Fnam) admite novas formas de luta se não existem acções concretas. Próximas reuniões estão marcadas para meados de Abril.

Sindicato dos funcionários judiciais anuncia novo protesto entre a Páscoa e as férias judiciais do Verão.

(Expresso, 31 de Março de 2023)

Hoje, Forte Da Casa

Material enviado pela Cristina Pereira.

Manifestação no Forte da Casa, hoje, final de tarde.

Colegas do agrupamento do Forte da Casa e Póvoa de Santa Iria juntaram-se para se manifestarem entre as 16 e as 18h durante uma sessão solene onde estava o IMT, DGAE e DGE para assinarem aquilo das bicicletas que vão dar às escolas para termos mais uns monos que ficam logo estragados e para o qual não “maaaney” para fazer manutenções!

As colegas fizeram-lhes uma espera bem barulhenta e não saírem de dentro da escola, enquanto os manifestantes não desmobilizaram a conselho da PSP quando eram 18h.

Já Estes Resultados É Que Deveriam Fazer O Situacionismo Governativo Repensar A Sua Atitude

Porque neste momento parece inegável que se sente a ameaça que paira sobre o funcionamento de uma Democracia plena, em que os direitos só são reconhecidos quando dá jeito.

É um dos fatores que mais tem marcado o início do ano e que, a julgar pelos números, vai continuar a marcar. A contestação saiu à rua, com manifestações em massa e paralisações em vários sectores. Mas para os inquiridos na sondagem as greves não têm afetado particularmente o dia a dia (74% dizem-se “pouco” ou “nada” afetados). E um imenso consenso considera-as hoje tão ou ainda mais necessárias do que no passado — é o que responde a esmagadora maioria (87%).

Sondagens (Paradoxalmente) Positivas Para O PS

Sondagens que apresentam um empate técnico entre PS e PSD na casa dos 30%, com o Chega a subir, nesta altura, parece-me mais positiva do que se possa pensar para o dito PS. Porque permite acenar com o papão da extrema-direita, pois o PSD e a IL não conseguem ter maioria para governar, assim mobilizando o eleitorado que ora é seu, ora não é. Sem eleições no horizonte, com um PSD com anemia crónica, o PS pode descer agora que a ascensão do Chega é uma espécie de salva-vidas que o manterá à tona, por inabilidade evidente do Bloco e PCP conseguirem capitalizar uma insatisfação de cuja responsabilidade, junta ou injustamente, com o seu desempenho durante a geringonça, não se conseguem escapar por mais manifestações que promovam.

“E Não Tens Medo Que Não Te Voltem A Convidar?”

Não, porque no dia em que começar a calcular ao milímetro as minhas opiniões ou apreciações factuais, só para não desagradar a quem tem certos poderes nas mãos, acabo por trair as minhas convicções e é nesse momento que perco o respeito, não apenas dos outros, mas de mim próprio. Se andar nisto apenas para manter um lugar na coreografia geral, algo está errado. Quantas vezes desejo que, em vez de convites, existissem soluções. Que em vez de andar a contraditar, pudesse aquiescer de coração aberto.

Portanto, não, não me incomoda nada “desaparecer”. Por vezes, até faço por isso. Em tempos (Março 2015 e não de 2011) até tive a esperança de que isso fosse possível. Só queria que me deixassem fazer o meu trabalho com os alunos em paz, em condições, com meios nas escolas para isso e que sobrasse algum tempo para os que me são próximos e para os meus mais do que conhecidos vícios.

(DN, 31 de Março de 2015, lá está, quando o DN ainda se interessava… embora a foto seja de 2009)

6ª Feira

Pouco ou nada mudou em seis meses. O primeiro ministro insiste em mentir sobre os encargos que as reivindicações dos professores implicam e sobre a “justiça” ou “equidade” em relação a outras carreiras em entrevistas controladas, nas quais não se mobiliza a informação disponível sobre o tema. O ministro da Educação continua a mentir sobre a forma como as negociações têm decorrido e sobre a substância das medidas tomadas, usando a linguagem de forma cada vez menos dúbia e mais manipuladora da opinião pública. Os membros da sua corte política e pessoal – embora de forma menos pública do que em outros momentos – amplificam a sua argumentação truncada e “inexacta”, para não coloacr a coisa em termos mais explícitos. O actual presidente do CNE debita chavões com meio século e chama-lhes “inovação”, clamando um amor extremo pela Escola Pública, enquanto omite a sua passada ligação a grupos privados: claro que o presidente do CNE pode ter o trajecto que bem entenda… o que é menos compreensível é a cosmética que lhe aplica. A formação contínua de professores está completamente instrumentalizada e colocada ao serviço de cliques académicas que se ramificam pela oferta e pela certificação dessa mesma oferta.

O clima que se vive é de claustrofobia e tentativa de abafamento de qualquer debate ao vivo e a cores, preferindo-se proclamações públicas ou conferências de imprensa sem contraditório. Nos bastidores denigrem-se as vozes críticas com falsos pretextos ou coisas piores. Na informação, distorce-se quem faz o quê, alimentando-se a demonização de uma organização, com o apoio dos que em outros tempos sofreram isso, mas agora parecem pouco incomodados em colaborar num processo que antes criticavam. Tenta cortar-se a possibilidade de alternativas, para criar uma sensação de desânimo ou atitudes de maior desespero.

Como já escrevi, a armadilha está lançada para que a “radicalização” surja como necessidade imperativa em alguns discursos e propostas, por vezes a partir de agentes provocadores que se inserem nos grupos de professores para os minar, sacar informações e tentar influenciar a sua acção. Nada de novo. Em 2008, viveu-se isso, só que num ritmo menos acelerado, menos fragmentado na rede de contactos. Surgem os maiores disparates, as ideias mais mirabolantes, antes de serem, sequer, discutidas em pequeno grupo antes de serem lançadas para consumo generalizado. A desorientação cresce, à medida dos desejos da tutela e da máquina mediática do governo, que acha que a passagem do tempo está do seu lado.

Ler o mundo que nos rodeia é mais do que reagir de forma epidérmica, embarcar em coisas impraticáveis ou que podem parecer giras, Há que apostar na eficácia, sabendo que ela não é de curto prazo. Há que saber quando inflectir tácticas, mesmo mantendo o mesmo objectivo final. Há que perceber que não existem soluções únicas ou mágicas. Há que entranhar que a situação é complicada e que a diversidade de olhares é importante, sendo igualmente importante filtrar o essencial do acessório.

É importante que não se confunda imaginação com repetição do que já foi novidade. Há que saber surpreender, pelo inesperado. Isso não se consegue em dias ou semanas, mesmo se não podemos esperar pelo fim do ano lectivo, porque depois há quem vá a banhos, para as mesmas praias, tudo voltando ao remanso.

Nada disto apresenta soluções instantâneas? Claro que não. até porque não acredito que existam, em especial no contexto que vivemos, de pura ficção política.