Tenho saudades da velha Quadratura do Círculo Mesmo quando discordava de quase tudo, apreciava as argumentações. Ficou-me o hábito de ir ouvindo a versão radiofónica, a partir de meio, quando vou a caminho do almoço. Embora admita que me irrita ouvir a “nova esquerdista” Alexandra Leitão, por tudo o que não como governante e agora é como comentadora. Uma espécie de Nuno Crato, mas ao contrário. Hoje, já passava das 13.30, começou a falar sobre a inflação e as suas razões e como regular os preços ou reduzir o impacto dos aumentos nos consumidores, dizendo que não era especialista no tema. Passei para música e voltei à TSF 4-5 minutos depois. Ainda falava. Voltei a mudar. Regressei outros 4-5 minutos depois e ainda estava a concluir, sem interrupções pelo meio. Foram praticamente 10 minutos a falar sobre um assunto que não dominava e, pelos excertos que ouvi, acerca do qual se informou numas pesquisas no google. Eu sei que é paga para opinar a metro, como precoce “senadora”. E que o “formato” do programa é aquele.
Mas chateia que quando um@ professor@ é chamado para falar sobre um tema que conhece e domina há anos, 7-8 minutos sejam a média, com perguntas mais ou menos extensas pelo meio. Com muita sorte chega aos 10-12 minutos. No meu caso em completo pro bono, mesmo quando me desloco aos estúdios. Como o Ricardo ou o Paulo, que melhor conheço. Ou a Cristina, ontem. E a verdade é que ainda agradecemos que nos deixem falar, sem nos cortarem o pensamento a meio, por condensado que seja. Por isso é que são tantos ou mais os “nãos” que dou do que os “sins” e já não altero rotinas familiares para me ver meia dúzia de minutos a repetir argumentos que deveriam estar adquiridos, como aquela questão dos “prejuízos para os alunos e as aprendizagens”. Ou a ter de desmontar a rasteira argumentação ministerial sobre os encargos e a equidade da recuperação do tempo de serviço dos docentes.
Não quero, com isto, dizer que pretendo qualquer pagamento, mas apenas o mesmo tempo do que uma não-especialista para falar daquilo que conheço de forma directa há umas boas décadas e que até estudei durante uns bons anos. Porque a mim não apanham a comentar tudo e mais alguma coisa, muito menos assuntos sobre os quais tenho apenas umas ideias gerais. Como anda tanta gente a fazer em torno da Educação. Façam-nos a favor ou contra aquilo em que acredito.
Exactamente… assim uma espécie do patilhas-Vasconcelos, pseudo-crítico no interior do SPGL. O poder precisa de gente desta, daqueles que fazem que andam mas não andam.
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Que sensação de deja vu Paulo… Permita-me tratá-lo assim. Mas é o que temos. Verdadeiros comentadeiros que de tudo falam e de tudo sabem neste pequeno país plantado de onde saem verdadeiros especialistas sobretudo de bola e de educação. A Luta continua na escola e nas rua… A persistência é uma arma. Cumprimentos
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Certo, Paulo
…Mais uma vez, tens razão!
Os comentadores devem ser aqueles que estão no ‘terreno’, no dia a dia, a travar as lutas, a contornar os obstáculos, a vencer bloqueios, motivando os nossos alunos, rumo ao “futuro”. Da mesma forma que os professores não cometam assuntos técnicos, especialidades e especificidades das várias especializações da Medicina, da Advocacia ou da Ciência Aeroespacial, o mesmo deveria acontecer com aqueles que não são professores, ou que estão nos gabinetes há 10 ou 15 anos, não deveriam “comentar”, quem conhece as fragilidades e as “faltas” ou constrangimentos que existem nas Escolas.
Porque razão, um(a) diretor(a) acumula a Direção (lógico) com a Presidência da Secção de Avaliação de Desempenho Docente? Onde está a “separação dos poderes”?
Porque razão, todos os professores/educadores, mais os técnicos (administrativos, …), assistentes operacionais, etc., não podem escolher através do voto universal o(a) seu(sua) Diretor(a) do Agrupamento, em vez do Conselho Geral de Escolas?
Porque razão, alguns Conselhos Gerais de Escola(s), ainda não defenderam em Ata e publicamente, a luta dos Professores/Educadores, quando mais de 90% dos que nele têm assento, formou-se e especializou-se através da Escola Pública? Os filhos estão ou estiveram na Escola Pública e, filh@s das domésticas/empregadas domésticas, pastores, d@s (pequenos, médios ou grandes) agricultores(as), artesãos, cozinheir@s, jardineiros, padeiros, pintores, serventes de pedreiro/pedreiros, dos pescadores, dos motoristas, dos mineiros, dos vendedores, administrativos, imigrantes/emigrantes, etc., subiram o elevador social, que a Escola Pública permite? Quantos cientistas, médicos(as) engenheiros, militares, oficiais, grandes cozinheiros/doceir@s, artistas, advogad@s, juízes, políticos, informáticos, programadores, gestores, etc., ‘existem’ porque existiu e ‘existe’ a Escola Pública!
Quem não teve 1, 2 ou 3 professores/educadores, que os marcaram positivamente para o resto das nossas vidas?
Não sou contra o ‘Ensino Privado’, mas sou muitíssimo devedor à Escola Pública, eu e milhões de portugueses, pobres, remediados ou ricos, pudemos subir mais alto e ver mais longe!
A democracia aprende-se, reforma-se a ganha alicerces fortes, nas Escolas/Agrupamentos!
Professor(a), a ‘mãe’ de todas as profissões!
Em defesa da Escola Pública e de uma maior democracia nas Escolas/Agrupamentos!
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É assim mesmo, Paulo. Mas há gente como essa da ex-quadratura, que acha que opina muito bem. Coitada, como não pôde continuar a ser ministra…
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Por valer mais parecer do que ser é que estamos como estamos.
Rigor não é coisa que faça parte da “gramática” dos portugueses, infelizmente!
Ninguém está muito interessado em informar, mas em moldar a opinião. Quem contratou, por exemplo, o governo para “resolver” os problemas?
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