Não Troco A Democracia Nas Escolas Por 120 Euros, Alberto!

O Veronesi traçou as suas linhas vermelhas, sendo que por estes dias se multiplicam reivindicações de tudo e mais alguma coisa, sem o cuidado de estabelecer prioridades. Ele tem a vantagem de ter estabelecido quais são as suas, sendo que se nota que não chegou a viver o tempo em que a gestão escolar, com todos os seus defeitos, não era imposta em modelo unipessoal único.

À argumentação do Alberto vou colocar, desde já, apenas duas objecções:

No caso dos docentes, a reposição integral do tempo de serviço e a eliminação das quotas não devem ser apresentadas em acumulação com a exigência de um aumento salarial imediato, porque agravaria o argumento “orçamental” do governo para contrariar esta tripla proposta. Compreendo a questão do acréscimo não salarial na negociação, autónoma, relativa ao pessoal não docente.

Por outro lado, a consideração como não prioritário o tema da gestão escolar – sem qualquer impacto orçamental, sendo apenas uma opção politica – está a, implicitamente, aceitar-se o poder de mando dos tais Conselhos Locais de Directores.E transite-se a ideia de que o modelo único, hierarquizado e neo-feudal de funcionamento dos actuais poderes locais não é um dos problemas que impedem que o quotidiano escolar seja vivido de uma forma diferente, mais aberta, com menos receios ou medos, de um modo que até podemos considerar efectivamente “colaborativo” e “flexível”, assim seja preferida a opção de um modelo colegial, no exercício da “autonomia” das organizações escolares.

Resumindo, o regresso da Democracia às escolas por 120 euros mensais parece-me um bom negócio, por muito que alguns clamem que este modelo único, fechado e rígido é o mais adequado, atribuindo aos Conselhos Gerais poderes formais que poucos exercem a contento e de modo independente.

Por Faro

Hei-de arranjar maneira de colocar o hino até mais logo.

Hoje, dia 30 de janeiro, a ES Pinheiro e Rosa em Faro não teve aulas.

Professores e funcionários juntaram-se por uma escola de qualidade:

– Melhores condições para todos os trabalhadores da Escola Pública

– Contratação e integração nos quadros de professores e funcionários para uma melhor escola

– Integração do tempo de serviço em falta

– Desaparecimento das quotas de acesso ao 5º e 7º escalão.

Os professores juntaram-se  à porta da escola durante o início da manhã.

Novos períodos de greve serão organizados até ser encontrada uma solução.

André Lara

Sábado

Dia de nova marcha de irredutíveis até Lisboa, para uma resposta social ou política à questão dos serviços mínimos que apenas vieram demonstrar que aquilo das aprendizagens nunca esteve em causa, mas sim a escola como depósito e refeitório de crianças e jovens, reduzindo-a a uma organização assistencial. A sociedade está neste estado? Infelizmente, sim, mesmo governada teoricamente à esquerda há mais de 7 anos. Nenhum grande grupo empresarial, nacional ou estrangeiro se queixa das coisas. A Vodafone, por exemplo, já me fez saber que para manter esta banda larga vou ter de pagar um aumento indexado à taxa de inflacção que não indexou qualquer aumento salarial. Sendo que o índice de preços aumento brutalmente devido aos combustíveis e alimentos e não me parece que a fibra óptica ou o cabo se alimentem de leite, óleo, arroz, batatas ou bifanas. Ou que a Vodafone vá aumentar os seus trabalhadores de acordo com esse indexante.

Os manifestantes (ou marchantes) e os seus representantes já sabem que terão à sua espera em Belém uma das autoras mais populares nas escolas portuguesas, o que me parece bem, embora inócuo. Sinceramente, acho que ninguém em perfeito domínio das suas faculdades intelectuais acharia que o PR lá estaria à sua espera. Só que anda a desfocar demasiado e isso começa a preocupar-me. Porque se anda a misturar tudo e a ter grande dificuldade em estruturar prioridades.

Entretanto, por entre grandiosas marchas, fica por explicar com clareza que as propostas do ME ou são apenas a transposição para os docentes do que se passa no resto da administração pública em termos de vinculação, artifícios estatísticos com as quotas ou a falácia que é a redução da área dos quadros de zona pedagógica, algo que não se aplica aos contratados deslocados, mas apenas aos professores colocados em qzp. Ou aos professores de carreira, se avançarem outras propostas paralelas. Para além disso, podem desenhar os limites que quiserem que as vagas não mudam de local, nem a residência dos professores que poderão a elas concorrer.

Já agora, com tantas greves em decurso, o que impede que alguém – tirando o pessoal não docente – diga que não está a aderir à do S.TO.P., mas à do SNPL ou do SIPE?

Vou tentar explicar um pouco isso, se tiver oportunidade, depois do meio dia, na CNN Portugal, desta vez em estúdio porque, por acaso, até vou a Lisboa.

Como sempre, aceito e publicarei imagens do dia, mas lá mais para o crepúsculo, que o dia tem muitos compromissos.

Imagens Do Dia

Recolha do Paulo Fazenda.

Amares, Arcos de Valdevez (Barb. Bocage), Fajões, Ílhavo (S. Prato e JI Mata), Leiria (d. Dinis), Lousada (Caide Rei), Penafiel, Ponte de Lima (Correlhã), Pombal (Gualdim Pais), Portimão (Júdice Fialho), Setúbal (Aranguez, encerrada), Viana Castelo (S. Maria Maior), Santa Marinha do Zêzere, V. Nova Foz Côa, Vale de Milhaços.