Graças ao Livresco.
Categoria: A Rede
Redes Sociais e Movimentos Anti-Vacinas
O mundo real, fora das “bolhas” é outra coisa. Não sei bem a quem é que meteram um chip na moleirinha.
Social media use has become a mainstay of communication and with that comes the exchange of factual and non-factual information. Social media has given many people the opportunity to speak their opinions without repercussions and create coalitionS of like-minded people. This also has led to the development of a community know as anti-vaxxers or vaccine deniers. This research explores the extent to which vaccine knowledge has reached on social media.
Analysis of the Anti-Vaccine Movement in Social Networks: A Systematic Review
Supporters of the antivaccination movement can easily spread information that is not scientifically proven on social media. Therefore, learning more about their posts and activities is instrumental in effectively reacting and responding to the false information they publish, which is aimed at discouraging people from taking vaccines.
O Miguelito Continua A Ler Pouco E Mal
O escriba-mor do reino balsemânico parece que anda a reclamar para si a enorme qualidade de ter sido um dos primeiros – e certamente o primeiro entre este país de idiotas – a alertar para os perigos das redes sociais em termos políticos e de “canalhice humana”. Ora bem… sobre “canalhice humana” muito haveria a escrever, mas não gostaria de entrar pelo mesmo nível de argumentação.
Foquemo-nos apenas em dois pontos.
1) O “populismo” ou o que agora passa por isso precedeu em muito o aparecimento das redes sociais, embora não tanto dos meios de comunicação de massas. Em cada momento, os líderes carismáticos populistas lançaram mão dos meios ao seu dispor para comunicarem com sucesso com o seu eleitorado potencial. Mussolini não precisou do Twitter e o Hitler talvez fosse pouco hábil se tivesse acesso ao WhatsApp. Penso mesmo que Salazar (ditador, mas apenas populista q.b.) teria igual nojo ao que MST sente em relação ao Facebook. E o que dizer de outros populistas já mais nossos contemporâneos? O pai Le Pen tornou-se “popular” antes do velhinho Hi5 e chegou à segunda volta das presidenciais em França ainda o Instagram vinha quase a uma década de distância. Quando o Berlusconi chegou a primeiro-ministro de Itália a Internet ainda era uma palavra globalmente desconhecida. Jorg Haider assustou muito antes de haver Snapchat e os irmãos Kaczyński chegaram ao estrelato político antes do You Tube ser criado. E no Brasil, antes de Bolsonaro tivemos Collor de Melo. À esquerda, o populista Hugo Chávez chegou ao poder ainda no século XX. Todos eles usaram meios de comunicação de massas para se promoverem, chegarem ao eleitorado e transmitirem a sua mensagem. Não precisaram de redes sociais. O “populismo” é uma forma e um conteúdo que se aproveita dos “meios” disponíveis em cada momento. Anteontem, microfones, rádio, cartazes e filmes; ontem, a televisão; hoje, redes sociais; amanhã… o que existir. Sobre a ascensão e raízes menos superficiais dos nacionalismos populistas fica aqui uma sugestão que já fiz há uns tempos e que até parece já ter tradução nacional. Evita algumas leituras/análises que vão para lá do simplismo e entram de forma decisiva pelo simplório.
(quanto a boatos e coisas falsas… ainda me lembro de algumas… sobre os professores… e quanto receberiam por classificar exames… e não foi em redes sociais…)
2) Trump não é um produto das redes sociais. É um produto de uma insatisfação socialmente localizável com a forma de governação actual de algumas democracias liberais “avançadas” e com a evolução da sociedade americana no sentido de uma maior diversidade étnica. Trump era mal educado muito antes de existirem redes sociais. Aconselho a audição de intervenções dele na rádio ao longo dos tempos, em especial quando provocado pelo Howard Stern (este é um dos casos), como este explica. A sua misoginia ou sexismo, a sua forma de estar abrutalhada, o seu culto do sucesso a qualquer custo precedem em muito as suas tuítadas. Se permitiu amplificá-las? Sim, mas não mudou a sua substância ou, sequer, o seu carácter apelativo para uma massa do eleitorado que ele mobilizou especialmente com a sua própria presença. Mesmo por estes dias, insiste em retomar comícios presenciais e em recusar debates virtuais, apesar de transmissíveis ou multiplicáveis nas redes sociais. E se é verdade que existem claras provas da influência das redes sociais em campanhas contra os seus adversários políticos, dificilmente ele teria sucesso se não conseguisse estabelecer uma relação “pessoal” com a sua base de apoio, claramente menos sofisticada em alguns dos seus núcleos duros (brancos, de meia idade ou mais, do interior dos E.U.A., com menos formação académica e profissões com alguma qualificação, mas ameaçadas pelos efeitos da globalização) em termos digitais do que o eleitorado de outros candidatos. E em relação ao uso das redes sociais, um dos precursores nas campanhas presidenciais (Howard Dean, que também falava em “recuperar a América para os americanos comuns”) caiu em desgraça exactamente quando elas amplificarem o seu famoso “grito” em 2004. Portanto… as redes sociais têm lados muito maus, mas não são as primeiras responsáveis pelas derivas populistas e o seu sucesso.
Há muito tempo que o escriba-mor do universo mediático balsemânico (excepto quando a TVI lhe acenou com mais dinheirinho) se informa pouco sobre o que escreve e gosta de confirmar as suas próprias “profecias”, ignorando quem demonstrou o contrário. Que, em dado momento, escreva umas coisas que soam bem e parecem certas é como os relógios parados que acertam na hora duas vezes por dia.
A Ver
Muito bom. Por vezes, mais pessimista do que eu nas consequências.
Nem Sempre Gostamos Do Que Os Espelhos Reflectem
Há um discurso anti-redes sociais com uma fortíssima componente demagógica e uma muito pouco menor de hipocrisia. E não falo apenas de ser gente que lá passa muito mais tempo do que eu a dizer mal do que lá se passa. É mais daquele género de postura “ética” a dizer que as redes sociais são uma espécie de antro do pior que existe na natureza humana e nisto incluo pessoas que até estimo bastante à distância, mas que me parecem desligadas da vida do país e que confundem o seu casulo particular com a Humanidade em geral. Ou então também não frequentam, por pouco que seja, cafés ou outros espaços públicos de convívio, o que inclui filas nos postos de correios, serviços públicos ou supermercados. A única diferença é, no essencial, a impossibilidade de se verem memes a partir do que as pessoas dizem, embora eu consiga vê-los nas suas caras.
Sim, há muita estupidez nas redes sociais, porque também há muita estupidez à solta por aí, mas, curiosamente, não foi nelas que nasceu a falsa notícia da primeira morte por covid-19 em Portugal. Foi num canal alegadamente noticioso e nem sequer a tão criticada CMTV. Assim como foram canais noticiosos tidos por fidedignos que multiplicaram a notícia de um inexistente estado de coma do escritor Luís Sepúlveda.
Claro… há as palermices em torno do mau uso de lixívias ou vinagre para matar o vírus ou tantas outras coisas da ordem das velhas mézinhas de outros tempos (poderia contar-vos uma de uma avó minha para resolver a obstipação que envolvia um talo de couve e… bem, fiquemos por aqui, restando dizer que só a ideia da concretização me faria ficar curado de qualquer pandemia). Mas não me parece que sejam coisas específicas das redes sociais, as quais são feitas do que as pessoas lá colocam.
As redes sociais são um espelho dos seus utilizadores, gente com banda larga, smartphone e nem sempre com apenas o 4º ou 6º ano de habilitações. Por observação directa, garanto que há gente bem certificada e mesmo com posições relevantes na sociedade que propaga mentiras de forma consciente em plataformas de que depois diz mal em conversas “inteligentes”. Nos últimos dias, foi um rodopio de candidatos a spin doctors ou a spinners, já não sei. E as ânsias censórias partem de muitas direcções, baseando-se tanto na ignorância como na sapiência mais sapiente. Num caso, ainda podemos explicar as coisas pela falta de (in)formação; mas no outro, apenas pela falta de carácter ou, hipótese muito válida, por ser muito incómodo o retrato/reflexo que as redes sociais fazem do que a sociedade é, pós-moderna no verniz, mas tacanha ali logo uns milímetros abaixo.
E Por Falar Em Redes Sociais
Domingo
Não foram as redes sociais que inventaram o ódio, a xenofobia, o radicalismo (ou o que passa por isso) ou sequer o disparate. A escravatura existiu milénios antes do Twitter, a Inquisição séculos antes do Facebook e o os genocídios aconteceram, um pouco por todo o mundo antes do Instagram. O Hitler não falava através do WhatsApp com o Goebels ou o Himmler. Os carrascos de Treblinka e Aushwitz não precisaram do Tumblr. Os camaradas Stalin e Mao não faziam videoconferências via Facetime. Penso mesmo que o Átila não conhecia o Snapchat, assim como os khmers vermelhos. Os astecas, índios norte-americanos, arménios ou circassianos foram dizimados em massa sem necessidade dos seus exterminadores criarem contas no Pinterest ou colocarem o currículo de tais feitos no LinkedIn em busca de nova colocação profissional.
Quem gosta de, na chalaça ou mais a sério, atacar as redes sociais por causa do muito disparate que por aí anda da alt-right (ou ao rejuvenescimento de alguma velha new left) tem aquela característica miopia de ver as coisas como que isoladas no tempo, como se agora tudo fosse completamente novo. O ódio, o extermínio, a desumanidade nasceram com o desenvolvimento do cérebro do homo sapiens. Que, como quase todas as grandes inovações, pode dar tanto para o mal como para o bem. As redes sociais apenas permitem expor mais, em toda a sua grandeza, toda a estupidez e maldade que, como reverso, acompanharam a evolução humana e as suas conquistas benignas..
Porque, ao contrário de certos lirismos, é mesmo verdade que uma parte relevante da Humanidade pode ter capacidade craniana e sinapses em quantidade adequada, mas em matéria de inteligência tem uma definição muito pouco universal(ista).
Tendências E Curiosidades
Usando a metodologia mais básica do Google Trends, o que obtemos quando se comparam as pesquisas feitas sobre António Costa e Rui Rio.
O que percebe é que o interesse em ambos aumentou em tempo de campanha (natural), mas que Rio conseguiu, apenas pela segunda vez, suplantar Costa.
Um detalhe interessante é verificar os temas mais pesquisados em associação a ambos.
No caso de Costa, para além das pesquisas associadas ao debate com Rui Rio destacam-se as pesquisas sobre familiares seus (irmão, mulher). No caso de Rio, aparece a busca do seu twitter e as suas posições sobre a questão dos professores. Algo em tudo isto voz parece estranho. A mim, nem por isso. Claro que desagregando o último ano por meses os dados serão mais curiosos. Ou por semanas, ficando aqui os dados dos últimos 7 dias, em que as consultas sobre Costa dispararam desde a acusação do caso de Tancos e se equilibrou a distribuição geográfica das pesquisas dos internautas.
Em termos globais, nos últimos 12 meses, o interesse em Rio só em algumas zonas do interior e nos Açores é que atingiu níveis próximos dos de Costa.
Altamente Recomendável
Para quem queira ir além das sondagens e das “redes sociais” à primeira vista, mas percebendo que o comportamento dos indivíduos na net pode permitir discernir tendências “imprevistas”. Mais dados sobre o autor de metodologia aqui.
Ir Um Pouco Além…
O Sol traçou um perfil interessante do porta-voz da Antram, em que demonstra as suas ligações pessoais e familiares ao PS e ao Governo, algo que o Polígrafo (que parece limitado a googlar informação e nem sempre de forma muito completa e apresentar isso como “investigação) se limitou a confirmar acrescentando uns printscreens. Também se referiu que é sócio da Albuquerque & Almeida Advogados, mas ficaram mais umas pontas soltas por atar, como a sua presença como deputado municipal pelo PS na Assembleia Municipal de São Pedro do Sul no mandato anterior (há várias atas em que surge a intervir, como esta) e o facto da firma a que actualmente pertence ter resultado da fusão (há menos de um ano) de duas firmas, estando ele antes na Albuquerque & Associados, que viu aumentar razoavelmente a sua presença em contratos públicos nos últimos anos, incluindo um bem interessante conseguido sem ser por ajuste directo com a Parque Escolar.
Claro que isto são apenas mais 10 minutos a googlar do que fizeram até agora os “investigadores” jornalísticos, mas, afinal, a imprensa que se quer levar a sério é que deveria fazer aquele pequeno esforço extra…