Quem Diz Que A Vida Está Difícil?

Claro que tudo estará “legal”.

O secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Miguel Alves, em funções desde o mês passado, negociou e assinou em Outubro de 2020, enquanto presidente da Câmara de Caminha, um contrato-promessa de arrendamento que obrigou o município a pagar, sem quaisquer garantias específicas, um adiantamento de 300 mil euros ao futuro senhorio. O pagamento, feito em Março de 2021, corresponde à renda de que a autarquia será eventualmente devedora daqui a mais de 25 anos pelo futuro arrendamento de um pavilhão multiusos orçado em cerca de oito milhões de euros. Mas que ainda hoje não se sabe se, e onde, vai ser construído.

Há Dias Em Que Também Me Ocorre…

… que não compensa…

Cancelamentos por falta de rentabilidade

Numa nota emitida em Agosto, a Associação Nacional Movimento TVDE (ANM-TVDE), que representa operadores de transporte e motoristas, afirmou que a principal questão ligada aos cancelamentos de serviços tem que ver com questões de rentabilidade.

O motorista só tem acesso ao valor da viagem após a aceitar, explicou esta organização, pelo que só nesse momento “consegue analisar os custos”. Assim, referiu a ANM-TVDE, “só após a aceitação da viagem [o motorista] consegue analisar os custos da mesma e posteriormente tomar a decisão de a fazer ou não”, já que “ninguém gosta de trabalhar e perder dinheiro”.

O Verdadeiro Malabarista

Há quem veja nela uma qualquer “esperança” que me escapa. Um “futuro” de que não percebo contornos que ultrapassem as “conveniências”, mais do que convicções, deles e destes ou daqueles que esperam o desenho “certo” de uma linha de alta velocidade, a localização “certa” de um aeroporto ou outra obra pública. Porque muito, mesmo muito, há a ganhar em tudo isto.

Pedro Nuno santos é capaz de se desdizer com uma desfaçatez que, nesse caso, sim, talvez explique um eventual maior “sucesso” na vida política.

Sim, fartei-me de usar aspas em tão curto texto.salvar-2023922

O ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, avisou que integrar a TAP num grande grupo de aviação “pode ser mesmo a única maneira de assegurar a viabilidade de uma empresa estratégica para o país”. No debate requerido pelo PSD sobre a privatização da TAP, na Assembleia da República, Pedro Nuno Santos argumentou que os exemplos dados por outras companhias de aviação mostram que nenhuma conseguiu sobreviver sozinha.

Em 2020:

Pedro Nuno Santos: Se TAP fosse privada como PSD queria, “levavam com os preços” que ela quisesse

Pedro Nuno Santos: “Se o Estado não estivesse na TAP não sei se ainda cá estava”

E Isto É Numa Universidade Pública

Está online, não é segredo. Acredito que vai ter muit@s candidat@s, a fazer pela vidinha e pront@s para fazerem o modelo de add viver em todo o seu esplendor. Pena que, depois, muito pessoal saído destas formações tenha desenvolvido, muito em especial, as competências das peneiras e a da verborreia sem grande substância. Li uns comentários de um dos “promotores” da coisa no fbook e é do género “alguém tem de avaliar os colegas, para que possam progredir na carreira”.

Como forma de ganhar a vida parece-me deprimente, mas eu sou um estranho e arcaico professor de outras eras onde não se vendia fancaria tão cara.

(…)

“Projectos”

É o que está a dar em muitas escolas. Agarra-se em 1) qualquer coisa que já se fazia e dá-se um nome qualquer giraço; 2) qualquer ideia que surja à mesa do café, mesmo sem qualquer relação com o conteúdos das disciplinas, o contexto ou os meios disponíveis e chama-se “projecto”. Arranja-se quem coordene (dá pontos suplementares na add em vários descritores, do “trabalho colaborativo” à “relação com a comunidade”, não esquecendo a parte da “flexibilidade” e/ou “inovação” desde que tenha uma qualquer tarefa numa plataforma online), uma “equipa” e uma “planificação” com ou sem cronograma claro e mete-se no micro-ondas a aquecer.

Acho que já por aqui escrevi que todos os dias tenho “projectos”, que passam por dar aulas sobre “temas” (se não lhes chamar conteúdos programáticos, é melhor), no sentido de desenvolver “competências”. A turma passa a chamar-se “equipa” e qualquer papel que eu dê para ser preenchido ou quizz para responder torna-se uma “estratégia inovadora” que provará a “diferenciação” se, por exemplo, aplicar com mais ou menos tempo, esta ou aquela pergunta ligeiramente diferente, a grupos diferentes de alunos. Se não chamar “diário de bordo” ao que já foi caderno, dá ainda mais pontos. Quanto à “monitorização” pode ser um qualquer registo feito com base na velha observação directa. Holística é a melhor, não classificar, mas avaliar no todo integral e sem glúten ou lactose. No meu caso, em turmas onde dou 2 ou 3 disciplinas, já tenho DAC garantido só com essas.

Ahhhh… é muito importante falar alto sobre o “projecto” em espaço público da escola, em ar casual, mas sério, anunciando a forma como está a decorrer tão bem e que os alunos estão a adoráre!

No fim, atiram-se foguetes, batem-se palmas, apanham-se as canas e assinala-se com cruzes e polegares ao alto na plataforma respectiva que a actividade foi um sucesso xalente.

Podia acrescentar mais uns detalhes, mas acho que fica a ideia. E pode sempre arranjar-se uma “formação” se alguma entidade formadora for amiga. Ou produzir um “guia” ou “manual de boa práticas” se o secretário ou um cortesão da primeira fila garantir o prefácio.

E ainda dizem que isto é complicado.

Gostava Que Usassem Um Padrão De Exigência Equivalente…

… ao que aplicaram ao virologista Pedro Simas a casos como os de cert@s cientistas da educação que andam a vender duas vezes gato por lebre em publicações feitas mesmo em cima do momento acerca das mais recentes novidades legislativas do ME. Todos os anos é uma onda parecida. Servem como consultores da coisa, formadores da coisa e depois vendedores de guiões sobre a coisa. Eu sei que nada é ilegal e que a vidinha está difícil, mas depois é um bocado chato virem armar-se em autoridades morais.

Não é o mesmo que publicidade enganosa? Pois não, em alguns casos é uso de informação privilegiada. E não é de agora, nem é coisa estranha, pois eu ainda me lembro de publicações dos tempos da TLEBS, do “novo” ECD de 2007, do regime de avaliação do desempenho, etc, etc, que apareciam sempre uma semana ou duas depois de aprovação dos normativos, não tendo havido sequer tempo para colocar o papel na máquina, quando mais para o imprimir.

Quem É Ele, Quem É?

A passagem pelo ME não foi muito longa (e quase desaparece de algumas referências curriculares), mas deu para um belo contrato no Dubai. Pista: em entrevista ao Expresso considerou, há uns bons anos, que os blogues produziam na altura muito ruído, dificultando a nobre missão do ME em matéria de avaliação do desempenho docente, por exemplo.

Bem me diziam que às vezes basta parecer ter sido algo.

Inveja? Um bocadinho, atendendo aos valores praticados lá em matéria de salários (a média é acima de 3000 euros e um professor ganha a meio da carreira qualquer coisa como 5000 euros mensais). Nem quero pensar o que um experto facturará.