Texto publicado inicialmente no fbook e reproduzido com autoriação explícita da autora.
Hoje, na minha escola foi surreal!
A PIDE regressou. De repente, acordei em 1973!
Dois colegas fizeram greve à vigilância da Prova de Aferição de Português e foram substituídas. Uma colega foi substituída por um membro do Secretariado de Exames e outros dois por professores substitutos. Inicialmente, recusaram-se a fazer a substituição, mas a Subdiretora do Agrupamento e a Coordenadora da Escola ameaçaram-nas com faltas injustificadas. Nem sequer eram os colegas que estavam inicialmente convocados, mas com receio de não serem bem sucedidos, os pedidos internos falaram mais alto.
A GNR recusou-se a ir à escola, argumentando que esta tinha normas internas e que eu deveria resolver o caso com o Ministério da Educação. Respondi que as normas internas de uma Escola não se sobrepõem à lei geral. Depois queriam dar-me o contacto da Escola Segura, pois não se tratava de nenhum crime! De seguida, informaram que não iam interromper nenhuma aula, pois não tinha jeito nenhum.
Esclareci que não se tratava de uma aula, mas sim de uma Prova de Aferição e que a Direção do Agrupamento não cumpriu a lei, obrigando outros professores a substituir grevistas. Por último, não teriam de interromper nada, mas somente fazer um auto de ocorrência. Por fim, perante a falta de ação da GNR de Esmoriz, informei que iria pessoalmente ao posto fazer a denúncia, mas que provavelmente ninguém me iria facultar a folha de presenças.
Argumentaram que os documentos internos poderiam ser solicitados a posteriori. Queriam dar-me o contacto da Escola Segura. Insisti, mas informaram-me que não era crime e pediram-me que quando fosse ao posto, lhes levasse a legislação onde referia essa ilegalidade.
Por último, solicitei esclarecimentos por escrito à Direção, bem como, cópia do registo de presenças, mas não obtive resposta. De igual forma, não adianta pedir nada ao Secretariado de Exames, pois nunca respondem aos e-mails. E é assim que acontece num país democrático, na escola pública que ainda é dirigida por professores.
Branca Célia Dias
Escola Básica Florbela Espanca – Esmoriz Agrupamento de Escolas de Esmoriz/Ovar Norte