Existe outro documento da mesma colega a circular no fbook, que pedi autorização para publicar, assim como este. Com a identidade assumida porque, como afirma a colega, já não tem ” idade nem condição para ter medo de represálias”. O que é de saudar, porque o tempo está para que até pessoas boas sintam necessidade de puxar lustro para não terem problemas. O que é absolutamente incompreensível (irregular, ilegal, abusivo) é este processo ir em seis meses para ter uma decisão. Há quem ache que este pecado original tem remendo. Discordo. Apenas podemos remediar algumas das injustiças mais gritantes. Quando quem pode ajudar a fazê-lo não se encolhe ou ainda aperta mais o nó.
Por acaso, tem muito a ver com boa parte do conteúdo do post abaixo.
Alguns destaques são do documento original. que está transcrito na íntegra, tendo eu apenas avivado em bold algumas passagens mais extensas.
*
Carta aberta à Exma Senhora Presidente do Conselho Geral do Agrupamento de Escolas
Em tempo de vacinação, quem tem medo de agulhas?!!
Não, não vou falar-lhe de vacinação! Essa, já todos percebemos como funciona! E a minha última temporada, eu dediquei-a a treinar a paciência e o poder de encaixe, que agora atingiu o seu limite!
Sim, vou fazer serviço público sobre Avaliação Docente! Porque esta, já se transformou numa quase “Cimeira da Avaliação”! Vou tentar não maçar muito, e, pretendo chegar apenas aos interessados, já que o tema pode ser útil!
O processo, Senhora Presidente, iniciou-se há já algum tempo, mais precisamente em julho de 2021, aquando da minha reclamação da avaliação docente! Decorridos que estão quase seis meses, o mesmo processo ainda não teve desfecho! (Ou será que teve?!… ou teve e foi como se não tivesse tido!!!). O tal processo, Senhora Presidente, continua…(como é do seu conhecimento!) Pelo menos, para “inglês ver”, já que deixou de ser relevante, quanto ao que, inicialmente me propunha!
Imagino que não estivesse à espera deste meu correio! Eu própria também me surpreendi com a minha iniciativa!
Senhora Presidente, não me parece razoável que um processo de tão pouca importância tenha tomado as proporções que a senhora tão bem conhece! Não acha??!!! Sempre entendi que as coisas pouco ou quase nada importantes, se lhes dermos alguma importância, elas ganham, deveras, muita, mas muita importância! Excessiva importância! E, neste caso, particular, considero isso, despropositado! Eu explico:
Não me parece razoável que, depois de constituída a primeira Comissão Arbitral, tenha permitido que o trabalho chegasse a um desfecho e, só nesse momento, tivesse entendido anular essa mesma Comissão Arbitral!!!
Do mesmo modo, não me parece razoável, que depois de ter havido uma segunda Comissão Arbitral a pronunciar-se, ainda não tenha tido nenhuma notificação sobre a decisão tomada!!! (Deve ser porque só há seis meses de processo!!!!!)
Senhora Presidente, se não a conhecesse bem, pensaria que havia aí segundas intenções… porque… até parece perseguição pessoal ou algo pior!!!)
A reclamação da avaliação docente, senhora Presidente, é um direito que todos temos… a senhora incluída!
Esse foi o único argumento que me levou a fazê-lo! Principalmente, porque encontrei no processo, factos que se revelaram pouco transparentes e eticamente questionáveis – tal como consta na minha reclamação!
Falamos disso pessoalmente e em várias ocasiões. Trocámos, inclusivamente, alguns e-mails sobre legislação e sobre a consulta de documentos que entendi serem-me úteis na minha reclamação! A senhora, à data, até lamentou a abordagem levada a cabo, a alguns assuntos de importância maior!!!
Recorda-se?! Estou certa que sim!
Senhora Presidente, quero esclarecer que não reclamei por vaidade! Não reclamei por me achar merecedora de uma nota que me permitisse aceder a uma cota, quando tantos outros meus pares, também não a tiveram!
Reclamei porque tenho esse direito! Tal como todos os outros parceiros o poderiam e deveriam ter feito!
Reclamei porque considerei que o modelo usado na nossa avaliação final, não permitia uma clarificação dos descritores utilizados!! (Entretanto já modificado!)
Reclamei porque, até à data, ainda ninguém conseguiu provar-me qual foi o critério para a atribuição de “muitas vezes” e “sempre”!
Senhora Presidente, reclamei porque, até à data, ainda ninguém conseguiu justificar-me como foi possível quem “sempre” esteve presente ter sido avaliado com “muitas vezes” e quem muitas vezes esteve ausente, ter sido avaliado com “sempre”! Percebe?! Não é fácil!!!!
Sei que sabe do que falo…sei que sabe ao que me refiro! Também por essa razão, a sensação de dever cumprido é tão reconfortante para mim… apesar de injusta!
Reclamei, Senhora Presidente, porque não pertenço ao grupo dos que, conhecendo as injustiças, ficam calados!
Senhora Presidente, os professores, hoje, encontram-se divididos: uns rendem-se, pois não gostam do desconforto que esta linha de cidadania oferece e muito menos de pagar o preço da dignidade e da liberdade! Percebe?! Por isso, escolhem o conforto da omissão, do silêncio, do deixa andar – designada por muitos de “mãe da crueldade”!
Os outros, Senhora Presidente, que não se entregam e se insurgem contra o que não pode ser aceite, somos vistos como pares estranhos; com a mania de que somos diferentes e até incomodativos!
Senhora Presidente, não me vejo como estranha e, incomodativa, também não pretendia sê-lo! Mas também, por essa razão, enfrento desconsiderações e, ao que parece… perseguições!
Mas, porque entendo ser legítimo questionar a necessidade de renovação de um sistema que se revela pouco transparente e, acima de tudo, injusto, isto não diz respeito a TODOS e à senhora, inclusive?!!! Isto não nos obriga a algum pronunciamento???!!!
Por que razão há tanta necessidade de fuga à responsabilidade individual e afogamento de voz nestas questões que a TODOS dizem respeito?
SOMOS PROFESSORES! Sou-o com muita dignidade e orgulho! Ter tido ou não uma avaliação capaz de traduzir-se numa cota, não altera o valor do meu desempenho! Tenho plena consciência disso! E a senhora, creio, que também o sabe, porque já nos conhecemos doutras temporadas e já pisamos, juntas, as mesmas calçadas e até, as mesmas salas de aula!
Essa é a razão e a obrigação de ter de intervir; de renovar, de reclamar de um sistema que seja capaz de nos representar! Correndo sempre o risco de, neste processo, termos de escolher entre sermos livres e tranquilos!
Sabe, escolhi ser LIVRE… para poder ficar TRANQUILA!
Senhora Presidente, não façamos malandrices com quem nunca se afastou das dificuldades que o nosso trabalho tanto exige e, neste período, particularmente atípico, nunca deixou de estar na linha da frente dos desafios, absolutamente, nunca antes vividos! Não permitamos esta subtil humilhação de reclamar o que é, reconhecidamente, justo para quem tem provas dadas!
Senhora Presidente, se todos nós sabemos que o PODER é um jogo, que seja um JOGO LIMPO! Porque a ESCOLA merece-nos isso!
Na vida, na profissão e, principalmente na EDUCAÇÂO, NÃO PODE VALER TUDO!
Não pode haver dois pesos e duas medidas! Não podemos querer ser bons professores e…em paralelo, querer ser…outra coisa qualquer! À ESCOLA o que é da ESCOLA…aos tribunais o que é dos tribunais!
Se o nosso trabalho em si mesmo já é suficientemente difícil, não devemos permitir que o despotismo de alguns contribua para a eternização de um mau ambiente na ESCOLA. Assim, como a existência de alguns militantes apartidários, quase sempre prontos a trocar o amor próprio, pela titularidade de determinados cargos!
Senhora Presidente, a democracia de fachada não faz nada bem à ESCOLA.
Os “títulos”, os “cargos”; e “comendas” só servem para alguns! Porque, quem é PROFESSOR, nunca deixa de ser PROFESSOR! E esse é o título maior que TODOS devíamos carregar…só esse!
A ESCOLA, Senhora presidente, está doente! A nossa, particularmente, em estado bastante grave! Este desgaste físico e emocional está a afetar TODOS!
Ninguém, neste processo, sairá vencedor! Perdemos TODOS! E mesmo tendo feito uso de todos os procedimentos legais, há questões de ética que devemos ser capazes de honrar! Porque, é preciso provar TUDO, exigir TUDO…para que TUDO fique na mesma! Já pensou nisto?!
Veremos, no futuro, se haverá “vacinação” para tal pandemia! Porque…já ninguém tem medo de agulhas e muitas outras variantes surgirão! Porque…a pandemia afetou TODOS…mas não afetou TODOS do mesmo modo! Alguns, protegeram-se muito antes da vacinação!
Fique bem…cuide-se muito!
Helena Alves
Gostar disto:
Gosto Carregando...