São As “Escolas” Ou O ME Quem Exige Os Papelinhos Todos Certos Para Dar Os Apoios?

Ainda esta semana foi feito novo pedido de comprovativos da Segurança Social dos alunos com direito a apoios. Se não os tiverem não são excluídos” pelas escolas, mas por quem define as regras a nível superior. Há gente que fala e escreve do que não entende, esquecendo-se que as tais “escolas” malandras acabam a ajudar estes alunos de modo informal e nas entrelinhas das leis. A começar por quem, em nome do Governo, se desresponsabiliza do que faz, atirando o odioso de tudo para os outros. Neste caso, o objectivo ´+e dar a entender que os alunos não são apoiados, não por incompetência da tutela, mas por má-vontade das escolas. Pena que os directores tenham levado uma injecção atrás da orelha parecida à que levou o super-lutador que agora anda sempre a reboque.

A mentira tornou-se a regra na relação do Estado com a opinião pública.

Escolas não podem recusar imigrantes em situação irregular mas há quem esteja a excluir estes alunos dos apoios sociais e dos que precisam de receber computadores. “É como fechar-lhes a porta da escola”, denuncia Centro Padre Alves Correia. Governo esclarece “que estes alunos têm direito aos apoios no âmbito da acção social escolar” e que escolas têm que os incluir.

Abandonai Toda a Esperança, Vós, Que Aqui Entrais

As declarações deputado Silva (Porfírio, de sua graça) e o texto de Paulo Trigo Pereira no Observador são mais do que a exposição de pontos de vista pessoais sobre a questão da carreira dos professores. Ambos representam o inner core do actual PS de António Costa, aquele PS que não era pelo engenheiro mas nem sempre tinha coragem de o assumir com clareza, que acha que muito do que foi feito esteve bem, apenas tendo sido mal comunicado à populaça. Por isso, o que ambos transmitem é o que o actual PM quer que se saiba sem ele meter mais as mãos no assunto, até para não se baralhar nas concordâncias. Se a verborreia do senhor deputado Silva é especialmente pouco criativa ou imaginativa e tem o valor que se pode dar ao seu equivalente para as questiúnculas económicas (o Galamba mais novo, aquele que aparece naquelas coisas chatas relacionadas com o tal engenheiro, que já então o usava como amplificador, enquanto outros reviam os textos da “tese”), já o texto de PTP é todo um programa para a relação do governo com os protestos dos professores.

Há muita coisa que ali está e que pode passar despercebida de tão explícita que é. Passemos sobre a falta de transparência intelectual (olha-me eu a cair para os eufemismos) relacionada com o uso habilidoso do termo “retroactivos” para contaminar todo o debate e tentar colocá-lo num terreno considerado favorável. Essa de irmos atrás do engodo tem limites. Chega dizer o que acima fica.

Passemos ao que é mesmo importante. Vou isolar três questões (isto não vai ser breve):

  • A primeira tem a ver com o facto do PS de António Costa considerar que não existe qualquer compromisso com os professores acerca deste assunto, seja de forma directa ou indirecta (através de compromissos com os outros partidos da geringonça), Como escreve PTP  não se está em causa, em seu entendimento, o “incumprimento do programa de governo que está a ser cumprido (reversão de cortes e descongelamento respetivamente na primeira e segunda partes da legislatura), nem dos acordos do PS com os partidos à sua esquerda.” Aliás, qualquer “reversão” neste caso do congelamento seria uma reversão em relação a duas decisões do próprio PS (2005 e 2011). Seria reconhecer que fizeram mal e a injustiça foi causada por muitos dos mesmos que lá estão agora e aplaudiram. Não acreditem nisso, pois a arrogância do velho PS do engenheiro não desapareceu, só levou uns tiritos na máquina corporativa dos abrantes. Mas os outros andam todos aí, às claras e às escuras a plantar notícias e a encenar opiniões.
  • A segunda relaciona-se com a forma como PTP apresenta a forma de solucionar a disputa em torno da contabilização integral do tempo de serviço dos professores. A forma correcta é aquela que trata a questão como “política” e não como “sindical”. Desse modo “uma questão política de elevado impacto social e orçamental que deveria ser resolvida politicamente nas suas linhas gerais por Costa/Centeno com o acordo de Catarina e Jerónimo. A negociação com sindicatos deveria ser subsequente à negociação política e trataria dos detalhes.” Ou seja, em nenhum momento entram em linha de conta quer os professores, quer os sindicatos, quer o próprio ME. O ministro Tiago anda lá para tratar de “detalhes” com a secretária Leitão, enquanto o SE Costa “flexibiliza” os professores com conversas mansas pelo país. O Mário Nogueira faz o que o “Jerónimo” mandar e os outros “radicais” aquilo com que a “Catarina” concordar. Não é, já agora, por acaso e apenas por assim serem mais conhecidos publicamente, que uns são tratados pelo apelido e outros pelo primeiro nome. É mesmo uma espécie de patamar hierárquico. Há os dos apelidos, os dos primeiros nomes e, por fim, aqueles que nem são nomeados (os professores, incluindo o sindicalista, líder da Fenprof). Se tivermos memória, foi um bocado desta forma que em outros momentos as coisas se resolveram, só que com outros nomes, com a curiosidade do papel central do triunvirato de das Silvas (Vieira, Carvalho, Dias, por ordem decrescente de grandeza e influência). O resto tratou dos “detalhes” e assina a papelada para a posteridade.
  • A terceira tem a ver com o trade off apresentado em relação a uma falsa questão. Se os sindicatos querem falar de “retroactivos” (não é verdade, mas a partir de dado momento pretende assumir-se como verdade o que é uma adulteração do conceito), então deve também introduzir-se no debate a recuperação da divisão formal da carreira docente. PTP é claro, pois considera “que mais importante que a avaliação de professores, sempre difícil, é a formação e a seleção de docentes e uma diferenciação da carreira em duas categorias.” E aqui temos a recuperação do que de mais detestável teve a investida de Maria de Lurdes Rodrigues. É verdade, a ADD foi sempre um pretexto desonesto para encobrir o desejo de partir a carreira e estrangular a sua progressão com a figura do “professor titular”. Não nos deixemos enganar, António Costa e quem interessa e tem poder no Governo e no PS que está no poder não abandonou o projecto de MLR neste aspecto. A ADD foi sempre o pretexto fácil e demagógico para diabolizar os “professores que avaliam e não querem ser avaliados”. O que esteve sempre em causa foi uma questão financeira, pura e dura. Com a legitimidade limitada de tantas outras questões apresentadas de forma desonesta. O que está em causa é, por via da revisão do ECD, reforçar os mecanismos já existentes de travagem da progressão salarial dos professores. Se a questão está em premiar o mérito, porque baixaram as bonificações pela obtenção de graus académicos e acabaram com as licenças para os obter ou dias de dispensa até para participar em congressos e colóquios? Sei do que escrevo por conhecimento de causa, não por algum parente ter sido gaseado algures na Flandres (é ler o artigo todo). Já agora, o PTP ganharia em saber que já não existem coordenadores de área pedagógica (porque será que se lembrou de tal? algum efeito “retroactivo”?)

Por fim, gostaria de replicar às “desconversas” de PTP que se coloca naquela posição cómoda de qualificar as posições contrárias dessa forma. Passo adiante a parte dos militares (concordo que devem ter uma carreira sem comparação com as restantes do Estado e não me morreu ninguém na família em combate, pelo que nem vou comentar a demagogia do argumento usado por PTP para se legitimar) e concentro-me na teoria do one shot (foi assim que me foi qualificada por outra pessoa) das injecções financeiras na banca por contrapartida com os encargos contínuos decorrentes do efeito da progressão dos professores. Para começo de conversa, para one shot, as “injeções que pretendemos que nunca mais se repitam” têm-se repetido de forma bem recorrente, quase anualmente. E quanto a números concretos, os alegados 600 milhões são bem mais do que os encargos reais e não entram sequer em conta com o facto de muitos dos docentes em causa estarem em idade de se aposentarem na próxima meia dúzia de anos (o “envelhecimento docente” só aparece quando dá jeito); e as “injecções” na banca são de uma escala muito maior e pelos últimos cálculos dariam para mais de 15 anos (com os valores deste ano) ou 30 anos de encargos (com o valor já a<cumulado) com a recuperação do tempo de serviço dos professores pela estimativa mais elevada (é fazer as contas, 10 000M€ ou 21.000M€ a dividir por 600M€).

Resumindo: desenganem-se aqueles que acham que é mesmo com novos desfiles e greves episódicas que se consegue vencer um muro erguido durante 12 anos.

Concordo plenamente com o desejo de PTP de ter uma “conversa razoável” acerca destas coisas. Mas, para isso, há que ter seriedade nos fundamentos e argumentos das posições em confronto.

A mim parece que de um lado há uma posição “política” que entra pela “pós-verdade” e pelos argumentos de autoridade. Deste lado, tenta-se responder com a verdade à moda antiga e argumentações que tentam fugir às falácias (aquela do tempo de progressão entre as várias carreiras nem merece já desmontagem).

Inferno1

O Argumento “Ad Cratum”

Claro que na falta de coisa mais fundamentada ou sustentável, os spinadores do Méééé sacam do que acham ser o argumento definitivo para calar quem quer que ouse chamar a atenção para a sucessão de trapalhadas na Educação, desde coisas estranhas em exames com suspeitas muito próximas do inner circle ministerial ao não cumprimento das regras dos concursos, passando por invalidações que não deveriam ser, adjuntas com acumulações incompatíveis, fretes curriculares a associações de professores amigas da vida saudável e mais o que em seu tempo se saberá.

E o argumento é: então no tempo do Crato era melhor?

A  minha resposta é: rai’s parta, infelizmente parece-me mais ou menos na mesma no que à minha situação diz respeito e de igual modo quanto a incompetência, má fé ou abuso de poder por bandas da tutela.

E explico: se é verdade que o Crato arranjou as vinculações “extraordinárias” de que discordo, este governo manteve-as em vez de fazer um concurso de vinculação decente e agora diz mal de quem a elas concorreu. Se é verdade que o Crato expandiu a área dos qzp fazendo com que gente seja colocada em zonas que não faziam parte do quadro a que concorreram e no qual ficaram vinculados, este governo manteve esse desenho dos qzp e agora acusa os professores injustamente de não quererem aceitar colocações feitas com desrespeito pelo decreto-lei que ele próprio fez publicar. O Crato manteve a carreira congelada? Este governo também, com a agravante de parte dos actuais governantes o terem sido também no período em que nos enterraram em dívidas, pelo que têm responsabilidade no início da coisa e não se percebe quando pensa terminá-la.

Não há PACC? Nunca haveria se não tivesse sido criada pela ditosa MLR (sim, também sei usar o passado como arma).

Sobre o resto… as verdasquices e flexibilidades, nem vale a pena falarmos.

Estávamos melhor com o Crato? Bem espremido, não estávamos muito pior e isso é que me entristece porque até defendi este tipo de geringonça. Que agora parece pensar que os pecados do passado justificam toda a porcaria que fazem.

Crato

 

Um Idiota é um Idiota e Apenas um Idiota

A menos que seja cachorrinho amestrado. Um dirigente sindical da Fenprof (Luís Lobo) colocou publicamente no seu mural “de uma rede social” um texto em que, basicamente, incita o ME e o Ministério Público a perseguirem o Arlindo por ter disponibilizado o acesso às listas do concurso de professores à medida que elas iam entrando na plataforma electrónica da DGAE. Os termos em que o faz são os seguintes:

Para quem não se apercebeu, embora hoje não se fale de outra coisa, ontem um senhor que é director do modelo de gestão que não é democrático (de nome Arlindo e que tem um blogue de que muita gente fala) e que é simultaneamente dirigente com redução da FNE, colocou online as listas de colocação do concurso interno de professores antes do próprio ME as ter divulgado oficialmente.

Há duas hipóteses, pelo menos, de análise do acontecido:
– o Arlindo tem quem faça pirataria por ele e sacou, indevidamente, as ditas cujas (desta forma com o número de visitas ao seu site, que é comercial, pois ganha dinheiro em publicidade com ele) e fez a sua publicação, fazendo subir a sua cotação e ganhando ainda mais com isso;
– o Arlindo não é apenas um corsário ao serviço de alguém, mas alguém de dentro do ME divulgou a uma entidade lucrativa privada as listas que deveriam ter sido postas online pelo governo, antes de qualquer outro.
Ora, se a pirataria sai de dentro ou se foi feita com recursos que desconhecemos, o que sabemos mesmo é que o senhor Arlindo está metido nisto.
Isto é absolutamente condenável!
Perguntas:
– Que vai fazer o ME em relação ao senhor director Arlindo?
– Que vai fazer o Ministério Público relativamente à pirataria que inegavelmente existiu?
– O reitor Arlindo tem um infiltrado no ME ou nos serviços da administração educativa da DGAE?
Uma coisa é certa, este senhor director Arlindo anda a viver à custa de quem visita o seu blogue, quem o divulga e quem o promove, participando em actos criminosos de forma negligente porque nem pensam em quem andam a dar a mão.

O Arlindo não precisa de defensor oficioso, mas como já passei por este tipo de ataques e sei até que ponto são feitos dossiers de publicações de blogues por certas organizações (um destes apára-chicos há anos abanou-me com um monte de folhas num debate enquanto dizia que tinha ali tudo o que eu tinha publicado sobre um dado assunto como se isso me assustasse), gostaria de replicar sobre um ou dois pontos em que, podendo divergir do Arlindo nas opções, acho que ele tem o mesmo direito do que outros em assumi-las.

  • O Arlindo decidiu ser director de um agrupamento, concorreu e ganhou. Como ele, há muita gente da fenprof ortodoxa que o fez e está lá no seu lugar de director@. Não li ainda nada acerca disso, excepto quem se justifica dizendo que mais valem eles do que outros.
  • Há muita gente que tem redução ao abrigo da mobilidade estatutária em muitos sindicatos que não faz 1% do trabalho do Arlindo e muito menos com interesse para a vida dos professores. Aliás, desconheço qualquer acto concreto – desconto a participação em marchas e romarias e a direcção de publicações pagas com o dinheiro dos professores quotizados – do autor do texto que mereça destaque fora do comité de avaliação da ortodoxia nogueirista.
  • O Arlindo optou por inserir publicidade no seu blogue, à imagem de muitos blogues lá fora e de alguns cá. Se ganha dinheiro é porque é visitado por muita gente que acha que vale a pena ir lá. Porque vale a pena ir lá? Não é pelas mesmas razões do Jornal do Incrível ou da Tertúlia Cor-de-Rosa. É porque a informação é considerada fidedigna e rigorosa e as pessoas voltam lá. Se ele decidiu facturar com isso? É uma opção que ele assumiu e quem se sente mal com isso pode sempre coçar-se.

Aliás – na ausência do defunto PageRank – há ferramentas para medir a “autoridade” de uma página na net que nos permitem aferir da relevância dessa página e do domínio em causa. E não deixa de ser curioso que a página da Fenprof tenha poucos pontos acima do blogue do Arlindo nessas matérias (e já agora sobre este próprio Quintal 🙂 apesar de bem novinho por comparação), apesar de todo o seu historial, de ser mantida por uma equipa e ser a página de um dos sindicatos mais poderosos do país, ou assim gostar de se afirmar. Quem quiser pode confirmar, mas sem pagar só têm direito a três tirinhos.

Mas podemos ainda fazer uma comparação global, a partir de uma outra ferramenta de medição, que não deixa de dar resultados curiosos:

PageRanFenprofPageRanArlindo

Talvez se o senhor sindicalista Luís Lobo pensasse um pouco sobre isto fosse mais útil e pudesse servir para ele próprio reconverter o seu tipo de intervenção pública, a qual só acontece quando é para ficar no rodapé da delegação ou preencher os espaços em branco nas férias de outros.

Por fim, mais estranha do que esta atitude de operacionais da fenprof ortodoxa e outras micro-organizações que poucos conhecem nas escolas, tenha sido a reacção de alguns professores que, antes de quaisquer outros clamaram por crime, atacaram objectivamente o Arlindo por ter prestado um serviço aos professores e desenvolveram tenebrosas teorias da conspiração. Mas… já pouco me admira.

Nota final: estou para perceber se estas reacções meio penosas resultam de info-exclusão (pouco credível em malta com anos de experiência em meios digitais) ou apenas de má-fé ou inveja. Porque o que se passou foi apenas um exemplo de pouca competência dos serviços do ME, não sendo necessário andar para aí a acenar com piratarias, até porque o putin está mais preocupado em manter o trump do que em deitar abaixo o nosso mec.

coice-da-jumenta

 

 

Finalmente, Percebi…

… que as provas de aferição do 2º ano se destinam a salvar o SNS, defender a Pátria dos castelhanos e outros infiéis e assegurar a sustentabilidade da Segurança Social.

A segunda infância, como é sabido, vai até aos seis/sete anos, e a terceira infância irá até à adolescência – 11/12 anos –, e é neste espaço de tempo que temos de atuar para aplicar as atividades indiferenciadas, com movimentos espontâneos e produto da imaginação das crianças, no início da 2ª Infância (dois anos e meio), com os “brinquedos cantados”, com expressão mímica naquela atividade denominada sincrética, depois na atividade analítica, que encontra a sua expressão no movimento artificial (construído), consubstanciado na ginástica, para terminar com movimentos naturais de gestos desportivos que podemos encontrar em todos os desportos e que apelidamos de atividade sintética.

O Ministério da Educação o que quer é operar uma viragem de 180 graus no ensino e prática da expressão físico-motora (cinesiologia) e na preparação e aproveitamento dos licenciados em Motricidade Humana (por agora), já que o nome de educação física está ultrapassado, e à luz do gestaltismo é, de facto, uma estupidez, com a ajuda decisiva do Instituto de Avaliação Educativa, tendo ainda em vista ajudar o Ministério da Saúde, com menos baixas médicas no futuro, mais camas disponíveis com os mesmos hospitais, menos mortes por acidentes vasculares cerebrais, menos gastos em remédios, e também poder ajudar o Ministério da Defesa, com jovens mais aptos para o serviço militar, e ainda a Segurança Social, com uma longevidade maior da população portuguesa.

E assim o Ministério da Educação toma o lugar dianteiro neste governo, que poderá certamente contribuir para a nossa felicidade nacional bruta, como disse Tinbergen, em oposição ao produto nacional bruto.

O Tamanho Interessa

Ao contrário de “estudos”, artigos e bitaites avulsos (neste caso, do Reitor de serviço ao domingo, conforme comentário no post abaixo), não é verdade que a dimensão das turmas seja um factor irrelevante para a qualidade das aprendizagens dos alunos ou que as “evidências sejam contraditórias” ou qualquer variante desta falácia muitas vezes repetida por muita gente. É mentira. Por muito que venham com exemplos asiáticos de 1265 alunos numa sala de aula, todos geniais em Matemática. É mentira, repito.

O problema é que a redução de 1 ou 2 alunos por turma, em especial com a escolaridade já adiantada, tem efeitos efeitos que não são estatisticamente extraordinários em termos de desempenho, em especial se soubermos escolher o que comparar, como acontece com muitos estudiosos comprometidos com a eficácia financeira.

A verdade é que o número dos alunos por turma deve obedecer a dois princípios essenciais: o das turmas serem pequenas nos primeiros anos de aprendizagem e o de, mais tarde, o número de alunos se manter baixo por turma.

Claro que podemos sempre sacar de imensas citações, mas eu vou ficar por poucas, umas mais distantes e outra mais recente. De estudos que, em regra, certos investigadores nunca lêem ou, se lêem, fazem por nunca citar. Mesmo se forem do Brookings Institute…

The most influential and credible study of CSR is the Student Teacher Achievement Ratio, or STAR, study which was conducted in Tennessee during the late 1980s.  In this study, students and teachers were randomly assigned to a small class, with an average of 15 students, or a regular class, with an average of 22 students.  This large reduction in class size (7 students, or 32 percent) was found to increase student achievement by an amount equivalent to about 3 additional months of schooling four years later.

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Restructuring classes

Small classes may vary in other ways, in addition to student-teacher ratio, depending upon school leadership, facilities, and teaching staff, as well as official policy. The typical model is one teacher in one classroom teaching an assigned number of students, but other models have been implemented.

Project STAR defined two categories of reduced size classes:

  • Classes of 13 to 17 students taught by one teacher; and
  • Classes of 22-26 taught by a teacher and a teacher’s aide.

Project STAR defined large classes as 22-26 students taught by one teacher.

Wisconsin’s SAGE had four categories of classrooms, all intended to achieve the mandated 15:1 ratio (Molnar, 1999):

  • Regular classroom (15 or fewer students with one teacher);

  • Team-teachers classroom (30 or fewer students in a classroom with two teachers);

  • Shared-space classroom (a regular classroom divided by a temporary wall with one teacher and 15 students on either side of the divider); and

  • Floating teacher classroom (30 students with one teacher plus an additional teacher during reading, language arts, and mathematics).

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Recommendations

The academic literature strongly supports the common-sense notion that class size is an important determinant of student outcomes. Class-size reduction has been shown to improve a variety of measures, ranging from contemporaneous test scores to later-life outcomes such as college completion.

Based on the research literature, I offer the following policy recommendations:

 Class size is an important determinant of student outcomes and one that can be directly influenced by policy. All else being equal, increasing class sizes will harm student outcomes.

 The evidence suggests that increasing class size will harm not only children’s test scores in the short run but also their long-term human capital formation. Money saved today by increasing class sizes will be offset by more substantial social and educational costs in the future.

 The payoff from class-size reduction is larger for low-income and minority children, while any increases in class size will likely be most harmful to these populations.

 Policymakers should carefully weigh the efficacy of class-size-reduction policy against other potential uses of funds. While lower class size has a demonstrable cost, it may prove the more cost-effective policy overall.

profpardal

Já Tem o Seu Relatório?

Ao que parece, o ME e o IAVE vão substituir a tradicional avaliação das provas de aferição (as boas) por níveis quantitativos por um relatório que combina o desempenho dos alunos nos vários domínios aferidos pela prova. O que já se adivinhava pela forma codificada como foram classificadas as provas.

Alguns breves comentário, se é que eu percebi o conceito e a praxis associada:

  • As provas finais (más) já traziam a classificação dos alunos pelos diversos domínios da disciplina avaliada. Basta confirmar nas pautas dos anos anteriores.
  • A multiplicação de informação sobre micro-domínios revelará apenas a informação sobre os que foram incluídos na prova, sendo que numa prova singela é muito o que fica de fora, como os críticos de examocracia tanto sublinharam.
  • A avaliação das dificuldades específicas de aprendizagem dos alunos é feita ao longo das aulas e do trabalho quotidiano e não, como acima refiro, numa única prova.
  • As escolas e os professores já produzem relatórios detalhados sobre as dificuldades dos alunos que indiciam insucesso, nomeadamente nos sacramentais planos de recuperação e de acompanhamento ou nos mais recentes PAPI.
  • Não se entende a lógica destes relatórios num contexto de provas de aferição isoladas no seu ciclo de escolaridade. Sem verificação regular da evolução, estes diagnósticos tornam-se irrelevante, por exemplo, até final do 1º ciclo.
  • As famílias terão acesso a mais informação com origem no ME, mas nada nos diz que essa informação seja legível ou útil, mais parecendo uma estratégia de virtuosismo propagandístico, reveladora da crença na incapacidade dos professores comunicarem as dificuldades dos alunos aos respectivos encarregados de educação.

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ADSE

É uma das bestas negras – com a CGD, RTP, TAP – de um grupo de gente que pretende destruir um conjunto de intituições – muitas outras já foram – que eles consideram simbolizar o papel do Estado na sociedade e economia. No caso da ADSE, essa sanha mistura-se com o ódio profundo aos funcionários do Estado, querendo-os proletarizados, precarizados e completamente vulneráveis a todo o tipo de pressões e seduções externas. Um pouco como fazem com grande número de políticos. A sua destruição é um desígnio que muitos, mesmo no PS, partilharam e ainda partilham, sendo curioso como é que algo que dizem não ser sustentável serve para pagar contas de outros. O Tribunal de Contas apenas veio sublinhar o óbvio.

guilhotina

 

Uma Questão de Eficácia

Ao chegar à altura das avaliações, a tenebrosa rede de professores espalhada pelo país contacta entre si para consultas mútuas e aferir das boas práticas de produção de sucesso e redução do abandono escolar.

As quatro principais conclusões foram as seguintes, em prol de uma maior eficácia de todo o sistema montado:

  • Aperfeiçoar a prática de avaliar os alunos que nunca puseram os pés nas aulas, mas dos quais só se regista o abandono no fim do ano ou nem isso, quando alguém acha que, pensando bem, já que não abandonou mesmo tendo abandonado, merece avaliação e que, atendendo à inexistência de problemas disciplinares, até não será descabido ser-lhe atribuído um nível 2, permitindo assim que todo o resto dos alunos que aparecem e não chateiam muito tenham 3 (ou 10 se for no Secundário). De uma penada, diminui-se o abandono e aumenta-se o sucesso.
  • Justificar todas as faltas que os alunos ou encarregados de educação considerem justificáveis em nome de uma relação amigável escola-família, não sendo de excluir a boa prática d@s DT justificarem por si mesmos todo o tipo de faltas que destoe na pauta final e implique a produção de relatórios e justificações diversas, mais avisos de recepção e comunicações às entidades competentes.
  • Manter a prática de debater até à exaustão se os alunos estão em condições de transitar, independentemente do número de classificações inferiores a 3, por forma a conseguir que algumas pessoas acabem por concordar com toda e qualquer transição de maneira a conseguirem ir a casa cear e passar a noite com a família.
  • Exigir grelhas em triplicado (papel, suporte digital na base de dados da escola e armazenamento em cloud para futura consulta) de todos os elementos de avaliação (diagnóstica, formativa, sumativa ou outras descobertas ou por descobrir) usados pelos professores que insistam em atribuir classificações aos alunos que comprometam o seu sucesso, diminuam a sua auto-estima ou revelem elementos de segregação étnica, religiosa, socio-económica de género ou clubística.

Embora com algumas reservas – sinceramente, achei que até se deveria banir da rotina a marcação de faltas aos alunos, pelo tempo que rouba a tarefas mais significativas para as aprendizagens e que as grelhas deveriam ter um mínimo de cinco cores para cada nível de desempenho em todos os parâmetros avaliados – subscrevo estas ideias que julgo meritórias e, pela poupança de milhões que poderão significar ao reduzir o insucesso, muito importantes para o desenvolvimento da nossa Educação e preservação das nossas Finanças Públicas.

profpardal