Parece Que Só Existiram Verbalizações Para “Acordozinhos”

Foi o que resumi das declarações do Mário Nogueira (e confirmei nos três canais), rodeado de várias figuras solenes, que incluem numa das imagens (RTP3) o joãobirras que passou pela minha escola.

A seguir, o Pestana não adiantou grande coisa, para além de confirmar que foram seis horas a falar em cima de zero documentos. Ou seja, talvez fossem apenas “opiniões”.

4ª Feira

Num pós-balanço do debate de ontem, muito insatisfatório a vários níveis, gostava de destacar a “inovação” que ninguém apontou e que foi o novo penteado da presidente da Confap, que pode ter parecido uma boa ideia, em tese, mas que se adequa menos bem a um rosto que não seja esguio. Voto, portanto, para que volte ao estilo liso e contornando o rosto arredondado. Penso que é um passo da minha parte, cheio de boa-fé, para que o antigo diferendo que tenho com a Confap seja sanado ainda neste século. Acrescento ainda que, retirando o som, as suas intervenções fazem mais sentido. Considere isto como um bónus.

Adicionalmente, nunca seria de mais destacar que o presidente do CNE não acompanhou, claramente, a elaboração do volume do Estado da Educação que será apresentado amanhã. O mais concreto que lhe foi possível arrancar foi um “oitenta e tal” em matéria de indicadores de um sistema de ensino que já faz especialistas finlandesas desfalecer de inveja. Quanto ao resto, um tosco ensaio de hipocrisia e cinismo, entre o “amor aos professores” e a paixão infrene pelo governo e pelo seu mentorando no ME, que lhe faz dizer, com toda a “imparcialidade” que este ministro é que é. Digamos que pelo menos a anterior presidente do CNE trazia alguns apontamentos para estes debates, porque estive com ela umas vezes e ao menos tentava preparar-se e não parecer que ia para a RTP fazer a digestão, em tom sonolento.

Já quanto à doutora Balcão Reis, eu iria propô-la para presidente da Confap, mantendo a mãe Mariana no departamento de relações públicas, em especial para a ligação com os “pais”, palavra que usou muito, apenas aconselhando que passem a usar um forma menos binária (quiçá unitária) de designar @s encarregad@s de educação. Penso que a nova presidente seria mais eficaz porque o contributo mais relevante que deixou no debate foi a sua dedicação a um professor do filho, algo que repete em todas as aparições televisivas.

No campeonato sindical, vitória clara de um Mário Nogueira acima das expectativas, conciso e directo ao ponto. O André Pestana está a deslizar perigosamente para uma cassete e quase só ouvi “pessoal docente e não docente”, “pessoal não docente e docente”, “fantástica”, “gloriosa”, “gloriosa”, “fantástica”, “marcha” e “manifestação”, o que pode dizer muito a algumas bases, mas revela algum envelhecimento precoce do discurso e um empobrecimento do vocabulário, inversamente proporcional à verborreia da petição promovida pelo S.TO.P. Quanto ao Dias da Silva, era tempo de comprar uma câmara nova, porque eu tenho usado a do lenovo da escola e consegue fazer melhor.

Os três colegas do início, foram despachados em três penadas, com o mais jovem a demonstrar que está mesmo em início de carreira.

Quanto ao Ricardo, ficou entalado no formato e não sorriu quanto devia perante tamanho disparate. Acredito que tenha sido frustrante, mas o Carlos Daniel não ajudou muito num painel claramente inclinado para um lado.

Fica a gravação inteira, para quem acordou com insónias 😀

Sábado

Admiro, sinceramente, quem ainda resiste e procura que o “sistema” funcione de forma menos iníqua, com menos abusos e um resto de democraticidade na vida escolar. Conhecemos o processo que nos conduziu à situação actual – curiosamente houve quem dissesse e ainda diga que é em nome de “mais democracia” e de “inclusão” – mas acho que serão poucas as pessoas que acreditam mesmo nisso. O progressivo desligamento entre quem dirige e se integra na estrutura hierárquica criada pelo ME (agora com variantes municipais) e os docentes “regulares” foi acontecendo de um modo menos acelerado do que o desejado pela agora “reitora” (ainda a ouvi lamentar isso num congresso da andaep há quase uma década, quando já deixara o cargo de mandante), mas contínuo. Temos, como em tudo, bom e mau, até mesmo excelentes exemplos de lideranças, mas parece-me que são mais os de alguma mediocridade profissional e cívica. Por isso admiro quem acredita que, quando o modelo concentracionário está em crescendo, é possível criar bolsas de “abertura”. Sei o quanto isso é e será (cada vez mais) difícil, porque os mecanismos de controlo aumentaram e desapareceram ou são quase residuais alguns dos que ainda podiam funcionar como contrabalanço. No sistema educativo público o sistema de checks and balances foi arrasado quase por completo. E não acho que o período negro tenha chegado ao seu auge. Seja a nível interno – há uma segunda vaga de director@s que em vez de renovação parece trazer mais cristalização – seja externo, pois a classe política ou é a que defende explicitamente que as escolas públicas sejam cada vez mais parecidas, na organização, à lógica das privadas (PS, IL, PSD, CDS) ou apela aos professores apenas quando isso lhe dá jeito (Chega), tendo falhado a sua oportunidade para fazer alguma diferença, devido a preconceitos ideológicos não assumidos com a docência não-superior (Bloco, PCP).

Sei que periodicamente faço este papel de arauto do pessimismo, mas é inevitável ao finalizar cada ano lectivo e ao não encontrar sinais de esperança, apesar de ver muit@s colegas, aos saltinhos ou de bracinhos no ar, em encenações de “felicidade”, de encontros “inclusivos” a “formações” ubuntizadas, não esquecendo aqueloutros mais restritos aos promotores e avaliadores em causa própria de “projectos” como os da abelha distópica ou aparentados, à escala mais global ou mais local. Digamos que dedico a essas iniciativas o mesmo desdém que me é dedicado por quem as organiza de forma a seduzir e anestesiar parte dos docentes, dando-lhes a ilusão de ainda interessarem para algo mais do que executores colaborantes e “felizes” de algo em cuja definição só por manifesta ingenuidade poderão pensar que tiveram voz activa, mesmo que tenham falado e alguém tenha parecido ouvir.

Basta um olhar apenas medianamente atento para perceber que nada bate certo, do “sucesso” de imensos programas e medidas da responsabilidade da tutela e seus emissários nas escolas nos dias pares às imensas críticas a tudo e mais alguma coisa que corre mal e necessita de mais planos e “formações” para os professores, nos dias ímpares. Chegamos ao ponto de os responsáveis pelos planos de recuperação de aprendizagens se autoavaliarem ao nível da excelência ao mesmo tempo que continuam a dizer que as aprendizagens não foram recuperadas devidamente, por culpa da falta de preparação/formação d@s professor@s que não andaram a sorrir, de bracinhos no ar para as fotos no fbook, instagram ou twitter. Chegamos ao ponto do doutor Rodrigues, pai orgulhoso do 54 (em união de facto com o então secretário Costa), continuar a dizer que a legislação foi um sucesso, mesmo se temos conhecimento da maioria das crianças e jovens com necessidades específicas de apoio terem apenas os “remendos” possíveis com abordagem low cost da “inclusão”. Chegamos ao ponto de ter a presidir ao organismo que, entre outras missões,, deve avaliar as políticas educativas, alguém que poucos meses antes andou a vender uma velha cartilha de facção, agora em uso promovido pelo ME, a um grande grupo editorial que a distribuiu com os seus manuais. Chegamos ao ponto de dizer que a “descentralização de competências” não trará intervenção na gestão do pessoal docente ou em matérias pedagógicas, mas depois temos casos concretos de imposição, em nome dos projectos locais de “promoção do sucesso”, de um modelo de organização do ano lectivo ou de opções na oferta educativa das escolas, o que se reflecte naturalmente em necessidades a satisfazer na contratação de recursos humanos.

Mas isto é apenas uma amostra do que anda a acontecer, enquanto se multiplicam artigos idiotas sobre os rankings, como se estes fossem a causa de qualquer coisa de que apenas são o retrato das consequências de políticas públicas que nas escolas procuraram mimetizar lógicas empresarias na gestão em combinação com a erosão da função pedagógica essencial, que é a preparação das novas gerações para o futuro, a qual passa por lhes dar as ferramentas essenciais para serem cidadãos activos e não apenas seres falantes, capazes de produzir uns bitaites generalistas. Há dias, lia um texto de um colega (que acredito bem intencionado, para além dos seus interesses comerciais) a “vender” abordagens “integrais” do que fazer nas aulas, como se a maioria de nós não tivesse descoberto a farinha em pó há muito tempo e ainda andássemos a dar aulas “não integrais”. E eu estou cansado deste pessoal que, tendo encontrado um nicho de negócio (um outro é o da “felicidade”, que também motiva muitas emoções virtuais nas redes sociais), depois me tenta convencer de que descobriu o caramelo mais doce da Educação, quando já estamos na fase do salgado. Ou do pessoal que, quando se começa a apontar inconsistências ao que afirma responde “eu sei do que falo porque sou [preencher qualificação, que raramente é de professor@] e estudei [colocar nome de pedagogo ou teórico da Educação a gosto, daqueles defuntos e bem defuntos que se leem em qualquer cadeira ou seminário da formação inicial ou profissionalizante]”, mesmo que tenham escrito uma barbaridade completamente desajustada ao tema que revela o contrário da autoridade que pretende exibir.

É tudo mau? Não, não é. Mas cada vez é menor o que é bom e raro o que é excelente. Por isso, admiro quem acha que pode inverter esta tendência. A resistência deve ser a última a morrer antes de desaparecer toda a a esperança.

Os Apeados

Estas eleições e a maioria absoluta que dela resultou tem várias consequências, a maioria (absoluta) no meu entendimento negativas, mas há outras com o seu quê de curioso ou caricato.

À direita, quando se começou a cheirar a eventual “poder”, por via de uma “geringonça de direita”, com ou sem vitória do PSD, apareceram logo umas figuras a apresentar serviço, a ter súbita opinião sobre temas acerca dos quais tinham guardado prudente recato anos a fio. Houve por ali umas curtas semanas em que, acreditando que o antes impossível teria deixado de o ser, tivemos direito a públicas frontalidades, antes praticamente desconhecidas. Aquel@s que antes deixavam outros chegar-se à frente, preferindo a sombra, apareceram ao sol de Inverno e acabaram escaldados. Queriam tanto ser laranja, que acabaram mesmo amarelo torrado. O que tem a sua graça.

À esquerda, com a consolidação do Bloco como 3ª força parlamentar em 2015 e 2019, feita a “geringonça”, para além de eleitores, o BE passou a atrair uma quantidade assinalável de “penduricalhos”, seduzidos pela possibilidade de chegarem à mesa das coisas boas por via da necessidade do PS ter os bloquistas do seu lado. A confusão ideológica que faz parte da matriz do partido formado por vários partidos e movimentos que eu ainda me lembro de andarem à pancada (mesmo fisicamente) em outros tempos, fez com que esta adesivagem acontecesse sem grandes problemas, até porque quem diz venham mais cinco, diz venham mais cinquenta. E o Bloco perdeu identidade, como diriam outros, a coisa “deslaçou-se” e viu-se até que ponto os seus núcleos urbanitos e académicos, tão estimados nas próprias tertúlias de alguma direita cool, se tinham afastado afastado das suas bases tradicionais, enquanto os ocasionais voltaram ao PS, foram ter com o Rui Tavares ou pura e simplesmente ficaram em casa. Agora, com o desinchar do balão artificial, os “penduricalhos” ficaram ali a-dar-a-dar nos ramos da árvore meio seca e notam-se muito, no falhado oportunismo. O que também tem a sua graça.

À Segunda Vista

Não estou a seguir os comentários das televisões, porque não consigo ter paciência para algo que em termos intelectuais combate com o Big Brother. Observando os resultados, parece mais do que evidente que as muletas da geringonça levaram forte e feio, não apenas pelo chumbo do OE, mas principalmente porque o PS vez o que quis e para isso não precisa deles. Ventura e Cotrim a subirem por razões diversas do lado direito. Um a facturar os votos de protesto que o Bloco e a CDU deixaram de representar, o outro a ir buscar aquele “povo liberal” que outrora navegava entre o PSD e o CDS. Curiosamente, o sucesso da IL e do Chega representa a impossibilidade da “Direita” chegar ao poder, devido à erosão causada no PSD. PAN e CDS quase pulverizados, o primeiro por se perceber finalmente a sua escassa relevância seja para o que for (a menos que seja a nova muleta do PS se conseguir um trio de deputados), o segundo porque desertaram as suas facções liberais e ultramontanas. O Livre, curiosamente, tem mais votos sem a Joacine, porque o Tavares até esteve bem nos debates. Abstenção em níveis aceitáveis, atendendo a tudo.

À Primeira Vista

Na 1ª divisão, vitória clara do PS sobre o PSD (e sobre a traque-sondagem da CNNP).

Na 2ª divisão, vitória aparentemente clara do Chega e IL sobre o Bloco e a CDU.

Na 3ª divisão, o PAN reduzido a algo que passou de moda, o CDS a menos de um táxi e o Livre ao que sempre tem sido.

Resultados oficiais em actualização aqui.

O Meu Copo Ficou Vazio

Como já vi por aí (nas famosas “redes sociais”) a transcrição do texto para o podcast do SIPE, mais vale deixá-lo no “lugar do dono”.

O meu copo ficou vazio

O debate sobre a Educação em Portugal atravessou diversas fases nas últimas duas décadas, tendo chegado em alguns momentos a ser brutalmente conflitual e tóxico. Mas, nos últimos anos, foi-se esvaziando, ficando cada vez mais domesticado, desaparecendo quase por completo qualquer debate de ideias ou discussão de alternativas ao que vamos tendo como modelo único de políticas educativas.

Talvez por ter desaparecido quase por completo das prioridades do debate político, mesmo quando se tonou necessário falar acerca do ensino presencial e não presencial, a Educação tornou-se uma área da governação em que só de forma epidérmica e isolada surge algum contraditório a um estado de coisas que parece ter vindo para ficar, apesar da enunciação de muitas discordâncias e resistência ainda há não tantos ano assim.

Este estado de adormecimento e apatia não foi atingido por acaso, não aconteceu por estar natural mente inscrito na evolução natural das coisas, muito pelo contrário. É o resultado de uma estratégia que teve sucesso na eliminação, silenciamento ou confinamento das posições críticas, através da sedução ou cooptação de sectores da opinião que antes contestavam muitas das políticas implementadas desde os primeiros anos do século XXI.

Da gestão escolar à gestão do currículo, do modelo de avaliação das aprendizagens dos alunos ao modelo de carreira docente e de avaliação do desempenho, não esquecendo a forma de conceber a docência como uma variante de trabalho administrativo ou burocrático, qualquer oposição crítica foi apresentada como “ruído”, adjectivada como resultante de uma visão arcaica da Educação, enquanto se foi cobrindo tudo com uma retórica que usa termos que parecem de uma bondade inquestionável, mesmo se não correspondem às práticas efectivas.

Autonomia, colaboração, flexibilidade, inclusão, inovação foram apenas alguns dos termos que serviram para encher o copo de todos aqueles que surgiram associados ao novo poder na Educação desde 2015, apresentando como se fossem imensas novidades, conceitos e práticas que remontam a momentos diversos da evolução do pensamento educacional e pedagógico dos séculos XIX e XX. E assim se procurou dividir as águas de forma simplista, demagógica e maniqueísta entre “bons” e “maus”, “velhos” e “novos”, “inovadores” e “conservadores”, não hesitando em arregimentar considerações de natureza “moral” contra quem ousou criticar a deriva das políticas educativas para uma espécie de pensamento único que apresenta a “Educação do século XXI” como se tivesse apenas um caminho de sentido único e não como algo necessariamente plural.

E assim se encheu por completo o copo de uns, enquanto se esvaziava por completo o de outros. De um lado ficaram todos aqueles (a que costumo chamar cortesãos, porque tudo isto me faz lembrar o “paradigma” da lógica feudo-vassálica medieval) que aceitaram entrar, do lado das “soluções”, no jogo do funcionamento hierarquizado das escolas, da atomização curricular ao serviço de interesses micro-ideológicos que menorizam os saberes “tradicionais” em favor de sabores do momento, na teia da identificação de áreas prementes de formação que alimenta as clientelas académicas que fizeram essa mesma identificação, no culto do “sucesso” que é nuclear para a aferição das aprendizagens dos alunos, mas que é sujeita a quotas quando se trata de avaliar o desempenho docente.

Pessoalmente, não hesito em colocar-me do lado daqueles que ficaram com o copo vazio, porque vi desertar da “luta” concreta, no tempo certo, muitos do que se opunham à lógica da fragmentação municipal da gestão da Educação ou do modelo unipessoal baseado na obediência hierárquica da gestão escolar. Porque assisti à cristalização de um modelo de avaliação do desempenho docente que se diz norteado pelo reconhecimento do “mérito”, mas que na generalidade das situações premeia a representação do desempenho e a adesão às práticas que as “lideranças” pretendem aplicar para que elas próprias possam ser favoravelmente vistas pelo poder tutelar, central ou local. Porque discordo de um currículo fatiado de acordo com os gostos pessoais deste ou aquele governante ou eminência parda que considera que a Filosofia ou a História são conhecimentos antiquados a substituir por salpicos da espuma dos dias, em forma de filosofias ubuntus ou meditações de fim de semana. Porque acho um erro enorme definir-se como padrão apenas o “essencial” em matéria de aprendizagens, como se a “inclusão” só fosse possível reduzindo o Conhecimento a um esqueleto descarnado de conteúdos desarticulados.

Para o ano de 2022 que começa com campanha eleitoral não guardei quaisquer especiais esperanças que o meu copo receba, sequer, umas pequenas gotas que evitem que fique definitivamente seco, pois sei que, quer os poderes que estão, quer aqueles que poderiam estar, estão de acordo em considerar que o copo está cheio, ou quase, apenas discordando acerca de quem decide com o quê e quem pode beber.


2ª Feira

A noite de muitas surpresas trouxe lições que nem todos gostarão e que quase outros tantos farão por ignorar. Em Lisboa, as bengalas já se alinham para manter uma geringonça qualquer, apesar da estrondosa derrota do delfim, alimentado a análise política semanal televisiva. A “coligação” com o Livre não passou de uma anedota, mas o Livre é uma anedota mantida para que o seu criador se mantenha como alguém relevante na vida política, mesmo se poucos sabem que é fora de Lisboa. Afinal, ainda há alguma justiça eleitoral? Para Carlos Moedas ganhar a capital do reino, algo está mesmo estranho. Pelo país, as tais bengalas afundaram-se porque a percepção geral é que só servem para isso mesmo, aguentar o actual PM no lugar. Podem gritar que foi graças a elas que as coisas não foram piores, mas isso é curto e ninguém se convence muito que não fazem os fretes em busca de migalhas do orçamento e umas colocações de quadros no aparelho dirigente do Estado. O PCP perde 2-3 câmaras por cada Orçamento que aprova “contra a Direita” e o Bloco parece regressar às origens urbanitas sempre que há eleições locais. Uma espécie de irmão mais velho da Iniciativa Liberal que, com o PAN ficam com um redondo zero de vereadores, por muito emproados que se apresentem uns e animadinhas as outras. O Chega também fica curto, mas consegue ser o 4º partido formal com mais vereadores. São apenas 19 mas quase quintuplicam os do Bloco, a quem ganharam por quase 1,5% no campeonato dos pitorrinhos.

Contra muitas expectativas, Santana tem mais vidas do que qualquer gato.

A abstenção aumentou, pelo que os encolhimentos e as expansões se terão devido à deslocação de votos e não tanto à atracção de novos eleitores pelos “novos” partidos.

Não sei se isto foi uma viragem ou apenas um aviso à navegação. Contra a arrogância do costismo e o servilismo dos outrora facínoras convertidos em assinantes de cruz de orçamentos em que se trocam amendoins por caviar.

Sábado – Dia 62

A primeira semana do regresso ao ensino presencial do 2º e 3º ciclo tem um balanço positivo, dos portões para dentro da escola, mas muito pouco satisfatório quanto ao exterior. Os alunos, em especial os mais novos, interiorizaram bem a necessidade de cumprir regras, mesmo se nem sempre o conseguem, naquele entusiasmo do reencontro com colegas, professores, com o convívio e a brincadeira. O problema são mesmo muitos adultos, que deixaram de procurar excepções às regras, para considerarem que a máscara é que já deve ser a excepção.