Não Há “Propostas”, Mas Apenas “Pressupostos”

Via Eduprofs.

Atenção à última página, a dos “Mapas de Docentes Interconcelhios”. Um dia, deixaram de existir quadros de escola… num outro pensava-se que iam deixam de existir quadros de agrupamento… afinal, fica tudo em qzp… muito estáveis na mobilidade “interconcelhia”.

Com a distinta lata de dizerem que tudo é “concebido para as pessoas e focado nas respostas de qualidade às necessidades locais e na proximidade na gestão das carreiras dos professores”. Nada como lixarem-nos com palavras bonitas, tipo ph (de phosga-se, claro) em vez do bom e velho f[pi-pi-pi].

Se isto avançar, é tempo de ir mesmo embora deste circo, no mais breve espaço de tempo possível, porque a “nova geração” de director@s não augura nada de especialmente bom. Afinal, não me apetece nada ser “gerido” por quem só quer é ver-se longe das salas de aula.

Especialidade De Chefias Locais E Tutelas Centrais Que Preferem A Sonsice à Honestidade

Não deixa de ser uma modalidade de assédio moral no local de trabalho.

O conceito de “quiet firing” passa pela atitude passivo-agressiva dos empregadores que impedem intencionalmente um funcionário de progredir na carreira, não o deixando participar em projetos especiais ou boicotando hipóteses de promoção ou aumento de salário – em Portugal, a expressão “pôr alguém na prateleira” parece ter algumas semelhanças. A ideia é que o trabalhador se canse do destrato e saia sozinho.

4ª Feira

Ontem, ao início da tarde tive uma longa vídeo-conversa com uma colega que tinha pedido para falar comigo, alguém com quem não estava pessoalmente há 22 anos, pois fomos colegas por duas vezes, a abrir e fechar os anos 90 do século passado. Neste momento, está colocada a mais de 200 km e por isso mantivemos um contacto esporádico, principalmente via redes sociais, mas ela pediu-me para falar, porque precisava de desabafar antes do arranque do novo ano lectivo. Com 54 anos, está numa daquelas situações que a pretensa racionalidade da gestão dos recursos humanos na Educação criou ao longo dos últimos 15 anos.

Para além de outros problemas de saúde, está de tal forma deprimida com tudo o que envolve o quotidiano escolar que lhe basta ouvir a palavra “escola” para começar a chorar convulsivamente, o que pude confirmar. A forma como a Escola, a nível de enquadramento global, mas também no plano a gestão de proximidade, a tem tratado, concentra vários dos piores vícios de um modelo mau, aplicado por pessoas de carácter duvidoso e que não perdem a oportunidade para se aproveitar da fragilidade alheia. Não vou aqui fazer um relato de tudo o que se passou, porque já tod@s conhecemos os abusos em desenvolvimento, quantas vezes apresentados como “boas práticas” por gente insensível e abusadora. Apenas diria que se chegou ao ponto de ter sido avaliada por alguém (coordenadora) que concorria às mesmas quotas que ela (por ter optado pelo regime geral), quando isso é completamente inadmissível, mas ninguém parece ter-se incomodado lá pelo sítio, muito menos uma sadd que, como quantas outras, não se percebe se é formada por gente profundamente ignorante ou se apenas por gente sem coluna vertebral.

A esta colega, que nada tinha a pedir sem ser quem a ouvisse e desse algum apoio moral, apesar de estar numa situação de saúde profundamente frágil e sem condições para dar aulas, algo certificado não apenas pelos seus médicos, mas também por várias Juntas Médicas que recomendaram que não desse aulas, terá sido certamente atribuído um horário, de acordo com as directrizes da tutela. Sabendo-se que na primeira semana de aulas, haverá umas três turmas do Secundário a ficar sem professora de uma das suas disciplinas nucleares. Mas o ministro Costa afirmou que quase 100% dos horários foram distribuídos e que os que faltam ocupar são quase só de TIC. Só que ele se especializou na verdade mitigada. Sim, podemos distribuir milhares de horários a pessoas que se sabe estarem sem condições e com isso ainda agravar mais o seu estado. Uma crueldade, em termos morais, e uma estupidez, em termos de gestão. Embora conveniente em termos mediáticos e de propaganda e desresponsabilização. Não vou ao ponto de ofender os conhecimentos do ministro Costa, insinuando ou afirmando que ele desconhece este tipo de situações. Só que tudo aponta para que a ele nada disto interesse, se existir a necessidade de mistificar a opinião pública e apresentar-se como o bonzinho da fita.

Se a muit@s director@s restasse algum pingo de solidariedade, isto poderia ser travado ou minimizado, se não existisse o medo de sofrer represálias ou se não tivesse crescido exponencialmente o lambe-botismo a começar em algumas “lideranças inovadoras”. Em vez disso, transcrevo o que me enviou outra colega no início da semana, sobre a forma como o seu “lider” decidiu tratá-la:

Pedi a meia jornada com perda de vencimento, mas ele disse que ia indeferir. Assim, vou ser coerente e vou pedir licença sem vencimento. Se aguentasse guerras ia trabalhar e pôr atestados pop up, daqueles um mês em casa, um mês a trabalhar, para o estado e ele fica com o problema nas mãos, os alunos não interessam nada. Não sou capaz, vou entregar o trabalho do castigo que me me deu amanhã: pautas IMPRESSAS para tratar dados e fazer estudo comparativo e nomes de meninos com classificações X e Y, Sublinho: grelhas de notas de exame [e] de final de ano em PAPEL.

É a este estado de coisas que chegámos, mas ainda há quem ache que o problema a falta de candidatos à docência, seja dos já certificados profissionalmente, seja na formação inicial, é o nível das habilitações.

E Podem Processar-Se As Juntas Médicas À La Minute?

Isto é apenas intimidação. Vão proceder disciplinarmente contra os professores com que base?

A “reitora” deixou-nos um belo discípulo. Ou melhor, ficaram até muitos, mas há uns que são mais iguais do que os outros.

Se juntas médicas detetarem irregularidades, Ministério Público é informado e é aberto procedimento disciplinar.

Por Cá Também

A semana passada cheguei a pensar que iam fazer uma peça sobre isto por cá, mas parece que não, que a quadra pascal recomenda assuntos mais suaves, tipo guerra.

NASUWT say tutors being contacted 24 hours of the day as job parameters become blurred amid pandemic

Correndo O Risco De Incorrer Na Fúria Dos Deuses Das Leis… 2

Ia orgasmando intelectualmente quando cheguei ao ad libitum até perceber que era apenas a versão extensa do corriqueiro ad lib e nada libidinoso. Não duvido que tudo esteja de acordo com as vírgulas reticências de todos os normativos, constituindo uma peça antológica da burrocracia escolar nacional. Se vivem num regime assim, lamento e percebo que queiram fugir mais depressa do que através da estrada de Lviv. Mas quer-me parecer que é mesmo isso que @ escriba deseja. Até porque é fácil perorar-se sobre a pontualidade e assiduidade alheias quando se tem a possibilidade de definir o próprio horário.

Obviamente, retirei desta “informação operacional” a identidade d@ autor@, porque ainda levo com mais alguma insinuação de processo por causa de qualquer coisa que não me lembro. A vitimização até já lá está nos meandros do “tratado”. E nem sequer ainda explorei bem se por aqui não andará nada que possa ser contestado ao abrigo da alínea b) do artigo 45º do C.P.A.

Percebe-se assim melhor ao que pode chegar a volúpia do poder sobre quem se detesta e se quer atingir na dignidade pessoal e profissional, ao abrigo de um legalismo e de um modelo de gestão escolar que se diz querer combater.

Está-se aqui a perder um@ grande director@-geral é o que é.

Sábado

É sempre complicado quando encontram@s alunos que vivem sob uma pressão imensa por parte da família, sendo que esta ou nem tem noção do que faz ou opta por alijar responsabilidades pelas consequências para quem nada tem a ver com o assunto. A projecção de aspirações próprias não realizadas (ou que parecem indispensáveis para manter um estatuto) na descendência ou, no outro extremo, a necessidade doentia de a amesquinhar sem razão aceitável são atitudes do mais lamentável que um@ professor@ em algumas horas por semana não tem forma de minorar. O bullying familiar é o parente pobre dos estudos sobre este tipo de temas. Fala-se em violência doméstica, sim, mas não é bem o mesmo. É algo mais insidioso.

(quantas vezes a miudagem acaba por arranjar esta ou aquela “desculpa” apenas para não enfrentar a fúria de um progenitor ou ver-lhe o olhar de desilusão… e nem sempre apenas o olhar?)

O Faroeste Do Secundário

Os relatos que me chegam de muitos conselhos de turma desta semana são pavorosos, como se a situação de pandemia justificasse tudo e mais alguma coisa. A casta que já antes estava instalada, de gente que acha que sabe muito porque até fez esta ou aquela formação oficial em estudos bíblicos, tomou o gosto pelo poder e decide o que bem entende, atropelando qualquer critério ou procedimento em vigor, sempre “em nome do interesse dos alunos”. Quem antes não fazia nada passou a ter direito a 10 automático; quem pouco ou nada fez, apenas demonstrando existir passou a ter direito a 14, porque certas auto-proclamad@s madresteresas ou mandelas de agrupamento ou escola não agrupada passaram a ter poder de mando sobre quase tudo e não hesitam em atropelar o que lhes parece a mais ténue desconformidade em relação às suas crenças míopes e tantas vezes medíocres. Que conseguem fazer vencer na base de uma variante nada soft de bullying.

Ainda bem que sou “básico”.

E isto é já o futuro.

Shame

 

A Ler

Às vezes é mesmo só aquela postura de quem, do alto da sua insignificância e evidente ignorância, gosta de ouvir a voz a ditar bitaites sobre o desempenho alheio que, mesmo com muitas papas de aveia, seria incapaz de avaliar. Sabendo que faz mossa, não pela autoridade propriamente dita, mas porque se sabe estar a atingir quem está fragilizado. E em alcateia, pelas costas, é ainda mais cobarde.

When Teachers Bully One Another

Workplace bullying is unfortunately common in schools.

Burnout