E Vai Mais Um

Este em tons alaranjados.

Não me venham dizer que são “casos isolados”. O que me admira é os que conseguem ser apanhados. Porque a maioria dos esquemas passa sob o radar e é preciso estar bem por “dentro” para se conseguir provar o que se conhece a olho desabrigado.

Autarca de Marvão condenado a perda de mandato e pena suspensa por corrupção passiva

Já Repararam Que Esta Malta Cada Vez Está Mais Perto Do “Centro”?

Que seja inocente até prova em contrário. Mas esta forma de “fazer obra”, ou melhor, de “pagar obra” anda em alta e, sendo pelas vias certas, parece ser meio caminho andado para ser-se recompensado ao mais alto nível.

Casos como este são mais do que muitos pelo país, porque em terra pobre, estes esquemas tornam-se modo de vida e as clientelas fazem lembrar as velhas relações de patrocínio dos tempos romanos ou as feudalidades medievais. Claro que só se lembra de tais afinidades quem tenha tirado um anacrónico curso de História com disciplinas anuais, em vez de ter a História do Mattoso a exibir-se na estante, com as páginas coladas por causa dos anos de imobilidade.

Há quem grite que certas denúncias e indignações são “demagogia” ou “populismo”, mas é mais do que evidente que não vão além do papagueio de chavões, que não entenderam ainda que demagógicas e populistas são certas políticas locais baseadas na hidratação mútua das mãos de quem interessa.

Secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro foi acusado no âmbito de um inquérito resultante de uma denúncia anónima aberto em 2019.

6ª Feira

Apesar de estarmos em autárquicas o noticiário sobre o verdadeiro escândalo de tráfico de influências na câmara do delfim Medina ocupa pouco espaço nos destaques. Porque as cumplicidades vão muito além dos meandros municipais e estendem-se a muita gente que, por omissão ou receio, decidiu pactuar com uma série de esquemas manhosos. Em outras situações, vi e li parangonas sucessivas, mas agora parece que não convém colocar a ventoinha a funcionar. Um pouco por todo o lado, neste país que se afunda na mesquinhez de poderes incapazes de resistir a tentações, “facilidades” e de gente com muita dificuldade em recusar “compromissos” que só servem para alastrar a teia de cumplicidades, este tipo de coisas repete-se e o “abafanço” é a primeira estratégia para lidar com a manifesta ilegalidade. E a segunda, como em tantos outros casos, é desacreditar quem denuncia ou alegar que as provas foram colhidas irregularmente.

Alguém Andou A Dormir…

… no Conselho Administrativo. Porque é demasiado dinheiro para se assinar de cruz. No Conselho Geral as contas já aparecem cozinhadas e com escassa capacidade de verificação. E quem quiser verificar bate com a cabeça no muro ou mandam berrar-lhe.

Funcionária apropriou-se de 267 mil euros do carregamento dos cartões escolares e transferiu quase 170 mil euros para a conta bancária pessoal.

A Olho Nu

Nunca fomos grande coisa, mas está a entranhar-se fundo, fundo, mesmo em áreas onde antes havia alguma “imunidade”.

Desde 2012 que Portugal oscilava entre os 63 e os 62 pontos, depois de em 2018 ter chegado à sua melhor pontuação, com 64 pontos. Em ano de pandemia, Portugal caiu para a sua pior posição na última década.

Num ano marcado pelo combate à pandemia, não só não se registaram melhorias no combate à corrupção em Portugal, como os níveis de percepção da corrupção passaram a ser os piores de sempre no sector público português, conclui o índice da Transparência Internacional. De acordo com os dados de 2020 a que o PÚBLICO teve acesso, Portugal perdeu três lugares, e caiu do 30.º para o 33.º lugar, ficando “bastante abaixo dos valores médios da Europa ocidental e da União Europeia” (…)

Concordo

A acusação do caso BES/GES até foi moderada naqueles que identifica como responsáveis por um dos maiores buracos causados pela genialidade de certos empreendedores privados em Portugal.

Quanto a quem o “saco azul” terá pago quantias maiores ou menores, favores melhores ou piores, é mais do que certo que não saberemos publicamente nunca a extensão do que foi um dos focos maiores da corrupção político.mediática em Portugal desde o 25 de Abril. Há demasiada gente preocupada em ver o seu nome esquecido, para que deixe amigos e conhecidos prestar esse tipo de informação. Mas há pouca gente, com um mínimo de conhecimentos, que não saiba, pelo menos, de umas viagens pagas à conta, de uns favores em empréstimos, de uns negócios que só avançaram porque se retribuiu a simpatia com outras simpatias.

Alcatrao2