3ª Feira

Ontem foi notícia que metade dos alunos não conseguiu completar a prova de TIC de 8º ano. A prova da disciplina que os deveria “equipar” para estas situações. Alunos do 8º ano. E acredito que o cálculo foi feito por defeito. Agora imaginemos os de 5º ano a fazer as de Português e HGP. É o chamado mergulho à força na piscina gelada. Vai lá e depois logo se vê. Se afundares a culpa é do professor, se correr mais ou menos bem 😀 é porque a universalização das provas foi uma medida de uma iluminação incandescente, se correr mais ou menos é porque é assim mesmo que se fazem as coisas, em vez de se planearem com calma. Pelo meio, a síndrome de Estocolmo anda a bater forte, muito forte.

2ª Feira

Nota-se o desvario do “outro lado” quando a estratégia passa por mandar trolhas para aqui mentir sobre factos objectivos do passado, fazer insinuações mais do que implícitas sobre questões financeiras ou de comportamento sexual. Já aconteceu no passado e volta agora. São velhos hábitos em práticas de “abrantes” corporativos, “karambas” e herdeiros de galambas. São medalhas no currículo de qualquer pessoa decente.Os prémios que se gosta de ter, em vez de outras coisas encenadas.

Domingo

Não vamos agora apontar dedos e nomes, para não suscitar mais amuos e queixinhas a gente sem a estaleca necessária para andar nestas coisas, sem ser com passadeira vermelha. Realmente, é verdade, há quem durante os tempos cinzentos da toika tenha voado muito baixinho e nos da “reitora” nem sequer aparecese à tona. Por isso, agora quer punhos de renda sempre que aparece e goste de falar em monólogo, acusando terceitos de “conversas de taberna” a quem lhe pede diálogo e efectiva democracia nas escolas. Como cresci perto de uma taberna, onde ia muitas vezes levar recados a um avô e jogar matrecos com os amigos, não tenho a ideia cosmopolita e preconceituosa de certos pseudo-betos em relação às tabernas tradicionais. Quem conheceu o senhor Venâncio da “Mosquito” poderá confirmar onque digo. Só o vi irritado a sério e a cuspir fogo quando descobriu que em vez da moeda de 10 tostões para os jogos de matrecos, andávamos a colocar umas chapinhas de metal que faziam o mesmo efeito.

MAs adiante…

O ministro Costa e o seu pajem/controleiro andam pelo país em propaganda, a propósito dos 50 anos de um partido a que pouco deram e muito têm andado a receber. Parece que não gostam de ser recebidos com desagrado e reagem mal. Comemoram a “sua” democracia. Mandam identificar manifestantes, mas não gostam de ser apanhados pelas câmaras nas suas intervenções. Vá-se lá saber porquê. De pouco adianta esmiuçar que uma democracia galâmbica é uma democracia truncada e que até alguém como Marçal Grilo – veja-se lá o populista – cansa e desgosta. Pprque estes “democratas” aponta aos outros um “populismo” que eles exercem sempre que promtem tudo e mais alguma cois, a começar na Educação pela avaliação demagógica e populista das aprendizagens que apresentam como “inclusiva”. Haverá maior populismo do que garantir, á partida, sucesso para todos, caso contrário a culpa é sempre dos professores? Essa malandragem que não gosta que lhes mintam, ao dizerem-lhes que há “via verde” para progredirem ou que a vinculação “dimâmica” permite aproximar e fixar?

Sábado

Dia de recolha e arrumação de um primeiro lote de papelada doada por mão amiga, que vai de raros fanzibes e boletins estudantis dos anos 70 a uma colecção da velha Visão (a de banda desenhada, não a actual), passando por exemplares variados de jornais que fizeram a história áurea do nosso jornalismo.

E por falar em jornalismo que tal ler que o ME mandou entregar virtualmente computadores a quem os recusou? Embora afirme que aconselhou as escolas a atribuírem os equipamentos para garantir que “nas actividades lectivas todos os alunos têm computador para cumprir as aprendizagens” e o presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR.declare que é “uma opção que vai no caminho certo, que é o da disponibilização a todos os alunos de um equipamento fundamental a nível pedagógico, tanto para a realização das provas de aferição, como dos exames nacionais e de outras actividades lectivas que careçam deste instrumento”, a realidade no terreno está muitas vezes longe desta representação idíica, até porque contrariaria tudo o que foi exigido desde o início deste processou, ou seja, que era indispensável a assinatura do encarregado de educação, para qualquer aluno ter acesso ao equipamento.

Agora podem dizer que é outra coisa, mas a verdade é que isto não passa de um truque para afirmar que muitos por cento dos computadores estão atribuídos. Há agrupamentos com dezenas e dezenas de computadores em arrecadações, por distribuir, dando meças aos que lá estão à espera de reparação.

Eu percebo o esforço por relativizar a habilideza que é dizer que todos os alunos têm computadores à sua disposição nas escolas para desenvolver as actividades para as quais são necessários, mas basta ir verificar as condições das salas e a realidade concreta para perceber que essa não é a verdade num número muito elevado de escolas que, infelizmente, sentem vergonha ou receio de o assumir e preferem aderir ao discurso enganador da tutela.

Mais grave é existirem listas de atribuição de kits tecnológicos com os nif de encarrregados de educação (ou dos alunos) que explicitamente os recusaram. Podem dizer que pensam, para o próximo ano, prescindir das declarações de responsabilidade ou mesmo estender os seguros escolares a estes equipamentos mas a realidade, sempre desafiante, é que este ano há coisas que estão a decorrer muito à margem das normas que o próprio ME definiu mas, especialmente, à revelia da vontade explícita de um número assinalável – que se faz o possível por não calcular ou minimizar – de encarregados de educação.

Claro que sobre isto a Confap nada sabe ou saberá, porque não é isso que lhes dizem para saber e falar.

6ª Feira

Continuo sem compreender a tendência de quem acha que “a minha greve é melhor do que a tua” ou “a tua greve não está de acordo com umas das vírgulas da lei que eu acho errada”. De certa forma, este tipo de reacção à competição demonstra, pelos olhos e ouvidos dentro, como as leis do mercado chocam com a natureza humana. em vez de melhorar o desempenho, nota-se uma evicente entropia com concorrência sindical. Até é visível uma tendência para criar um oligopólio, para não falar na falhada tentativa de cartelização. Isto desgosta-me, logo a mim que nem sou quotizado para qualquer das agremiações em compita. Talvez por isso, seja mais sensível ao ridículo do que à ofensa nascida da sensação de “traição”, quando alguém disputa o que sentíamos ser feudo nosso. Ou feudo novo.

5ª Feira

O Arlindo já começou a explicar algumas das consequências danosas das novas (e algo discutíveis) instruções sobre a avaliação do desempenho docente, nomeadamente quanto ao cálculo dos percentis para a atribuição das menções de mérito. Para quem por estes dias está com um forte ataque de síndrome de Estocolmo, colando tomadas, estendendo extensões, colocando códigos em vez dos alunos para acelerar o acesso às provas, a aplicar de modo acrítico a substituição de colegas em greve às aferições, espero que isto possa funcionar como uma espécie de alerta para uma realidade em que as “vias verdes” avermelham com uma enorme rapidez e o acelerador encrava à primeira curva. Se há algo deprimente é ver quem não aprende com a experiência e interioriza a retórica do agressor.

Fica por aqui o documento que anda a ser usado. Reparem na autoria, porque é sempre “gratificante” ver como certos ofídios mudam de pele e se tornam “especialistas” em garrotes. Desde que lhes lancem umas moedas…

4ª Feira

O ministro Costa e os seus “disponíveis” agentes no JNE encontraram um sortido de manhas para ultrapassar a greve às aferições, desde considerar que todos os professores convocados para serem vigilantes ou suplentes constituírem “uma equipa”, em que todos podem substituir todos a recomendar que se convoquem todos os professores com actividades lectivas nos dias das aferições para servirem como vasto contingente de reservistas para as faltas. Melhor mesmo só continuarem as aulas e dizer às pessoas que, se necessário, as mandar chamar para assegurar alguma substituição. Se tudo isto é “legal”? Provavelmente, nas margens e entrelinhas da legislação. O artigo 535 do Código do Trabalho dá alguma latitude a estas práticas e a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas também é adequadamente omissa em relação a certas particularidades, deixando larga margem a interpretações. Por isso, há quem ande nas encolhas, a olhar para o lado, com medo de pouco servir de alguma coisa. O que é a forma errada de ver as coisas. Pelo menos no dia 6, quer-me parecer que as desculpas serão poucas para colaborar com tudo isto.

3ª Feira

Já depois da Plataforma Sindical ter marcado manifestação para o dia 6 de Junho, o ministro Costa mandou alterar o calendário das provas de aferição e colocar nessa data a de HGP (que estava originalmente marcada para dia 7). Aceitando com um pouquinho de esforço que as decisões executivas se abstraiam do contexto em que ocorrem, já preciso de muito mais esforço para considerar que tudo isto é inocente ou apenas incompetente. Por isso, por muito que dê vontade de observar em primeira mão o decorrer da coisa, é capaz de ser no próprio interesse dos alunos que essa prova de literacia digital, a que deram o nome de prova de HGP, seja uma oportunidade para o ministro Costa perceber que chega de gozos. Sim, eu sei que muita gente dirá que se nada se conseguiu de relevante até agora, não será por causa disso que algo se conseguirá, mas parece-me que essa é uma posição mais comodista do que pragmática. Também sei que, se a coisa não for feita de modo correcto, os assustados secretariados tenderão a promover substituições de legalidade muito duvidosa. Porque trabalhadores em greve não podem ser substituídos. Daí aí que é importante que o pessoal não se limite a ficar em casa ou a ir e romaria para manifestações, sem tomar a cautela de avisar no tempo certo que está em greve. Sei ainda que haverá quem diga que há sempre a possibilidade de repetirem a prova. Que seja. Mas é importante que o ministro Costa, em alegre campanha pelo país em eventos partidários, nos quais tem ocasião para ir desfiando dislates, perceba que daqui até ao limite da vigência da sua inédita permanência no ME, terá de fazer algo mais do que promover ilegalidades e dar de comer às clientelas patchouly.

(já agora… depois da decisão de que não haveria serviços mínimos na greve às provas de aferição, depois da sucessiva desautorização das decisões do Colégio Arbitral, a parte final do pré-aviso da FNE tem um pouco de incompreensível…)

2ª Feira

Confesso que há coisas que ainda me fazem rir, de tão caricatas. Há os irrevogáveis e os galambas, os que fazem, os que dizem que fazem e os que encenam. Não adianta apontar o dedo ao descalabro em redor se mimetizamos comportamentos. Por muito que se esperneie e birre, como aquele petizes mimados, habituados a ficar com a bola quando o jogo começa a correr mal.

Domingo

Aparentemente resolvida a questão dos ilegais serviços mínimos (claro que o sonso ministro pode sempre recorrer, em toda a sua “boa vontade”), há agora a greve às provas de aferição, sem serviços mínimos. Não temos dados até ao momento sobre o número de escolas/turmas que não fizeram as provas ou em que estas tiveram de ser recalendarizadas.

O que agora existe é a questão da substituição d@s docentes que não compareçam à vigilância da prova. Porque é ilegal substituir um trabalhador em greve mas, não se sabendo que está a faltar por causa da greve, ao faltar, pode levar à sua substituição. O que significa que, como ninguém é obrigado a dizer que vai fazer greve, não havendo essa informação, o secretariado age como se fosse uma falta “normal” e promove a substituição. O que não é ilegal. Assim como se alguém anunciar previamente que vai fazer greve (o que não é obrigatório), pode ser retirado da escala dos vigilantes “efectivos”, a menos que o faça de modo a que isso não seja possível.

Ou seja… a forma de contornar a situação, será ligar para a escola, mesmo na hora de se apresentar e comunicar que está a fazer greve. Ou deslocar-se à escola e fazer a comunicação no momento dessa apresentação. Nesse caso, a substituição – mesmo que venha a ser apoiada pelo ME – parece-me que será obviamente ilegal…

E seria inteligente que secretariados e direcções não se arriscassem a uma desautorização como aquela que ocorreu a semana passada em relação aos serviços mínimos.

Penso eu de que, mas falta-me a pré-graduação em leis e os pergaminhos em pareceres.