Sou um crítico muito, muito antigo, da formação de professores em aviário por gente que do ofício percebe muito pouco. Tive demasiadas experiências em tempos passados de gente que dava formação sobre Pedagogia que era uma nódoa em termos pedagógicos. Relembro sempre um emissário do ME a uma sessão na minha profissionalização em que já falava de flexibilidade, mas só aceitava que o questionassem depois das duas horas de descarga de chavões e propaganda. Conheço directamente gente que forma professores porque fez tudo para escapar a ser professor do Básico e Secundário e poder colocar “Ensino Superior” na chancela ou oráculo. Na maior parte das vezes, fingem que não ouvem, clamam que fazem o melhor que sabem, mas a verdade é que sabem pouco e nem isso, tantas vezes, conseguem ensinar. Recomendam sebentas, apresentam powerpoints e é tudo. Leram, com sorte, um punhado de livros de fio a pavio sobre a matéria em dado momento da vida e encalharam.
Há gente boa, de qualidade, dedicada, actualizada?
Há. Mas há também muita tralha pelas Universidades e Politécnicos deste país, de onde saem boas professoras e bons professores à própria custa, do seu interesse, do seu esforço, da dignidade. Desde meados dos anos 80, com as naturais excepções em termos de instituições ou de departamentos em algumas instituições, enquistaram-se mini-feudos com origem nos Ramos de Formação Educacional, onde se alapou muita gente que nem ensinar sabe. Apenas sabe produzir a papelada necessária para a certificação do curso. Até porque são inspeccionados, em muitas situações, por outros como el@s.
Estou a ser injusto? não, por acaso até acho que estou a ser meiguinho com a complacência que marcou as últimas décadas na formação inicial de professores, em que não é raro que a maior preocupação seja arranjar as cadeiras necessárias para ter os créditos indispensáveis para assegurar o lugar. Em muitos casos, para não ser recambiado para aquele inferno de onde se livraram e para o qual mandam (quando lá conseguem chegar) professores certificados por quem chegou ao lugar na base de um ou mais dos três C’s (a cunha, a cama ou o cartão).
A Universidade é assim mesmo, não apenas na formação de professores? Quiçá… mas que tal irmos tratando de uma coisa de cada vez, sendo que é esta que agora parece afligir tantas almas omissas durante tanto tempo? O que fez, por exemplo, o agora omnipresente em todos os think tanks fundaciuonais, ex-ministro David Justino quando esteve na 5 de Outubro, no CNE e arredores?
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