Por Favor, Digam-me Que Isto São Fake News

Outro exercício polémico consistia em criar uma escultura em pé com uma folha de papel. “Houve quem chorasse e quase desistisse”, contou uma professora.

A prova de aferição de Expressão Artística do 2º ano, realizada esta quinta-feira, pedia aos alunos de 7 e 8 anos para imitarem o som e o movimento de uma minhoca e de um sapo cego. “Face a isto, rimos ou choramos?”, questionava uma professora num grupo numa rede social.

Embora a questão sobre o batráquio seja relativamente simples, embora de perigosa demonstração… o som é o de bater com a cabeça nas paredes. Ou no chão. Por isso, a petizada deveria pedir a quem aceitou a aplicação destas provas que o demonstrasse.

Da Estupidez

Querer apagar ou esconder os livros da Enid Blyton, assim como os Roald Dahl ou outros por, nestes tempos tristes que vivemos, serem considerados ofensivos ou estereotipados é o equivalente – com as devidas salvaguardas históricas e literárias – a censurar as cantigas de amigo e amor por obedecerem a padrões de género ou de relações afectivas que se consideram ultrapassados. Ou criticar a literatura de formação conjugal das primeiras décadas do século XX. Ou considerar que quase toda a literatura do século XIX, com maior ou menor perspicácia de análise, é misógina.

Mas, mais grave, é apagar a Memória do que foi. É apagar a História. É apagar a Diversidade. leio certos artigos – alguns até passam por informação – e fico abismado com a ignorância e a mediocridade intelectual de quem os escreve. Porque, por alguma razão que pode ser de dogma ou apenas fraca formação, esquecem que o passado foi diferente por alguma razão e que conhecê-lo tal como foi é melhor do que depurá-lo, censurá-lo, depilá-lo do que agora se acha incómodo.

Enid Blyton estava longe de ser um modelo de virtudes? Claro, mas quant@s autor@s o terá sido? Vamos reduzir Henry Miller à categoria de pornógrafo como fizeram há 100 anos com D. H. Lawrence? E onde colocaremos a sua amiga, mais ou menos colorida, Anaïs Nin? Na de pioneira da emancipação feminina a vários níveis ou na de autora nas margens do soft core?

Não escreviam para crianças? Mas a preocupação é mesmo com as crianças ou é com a necessidade de “apagar” o que lhes não cai bem no gosto?

É ridículo que certas criaturas andem por aí de torcha em punho, em clima bradburyano (para não entrarmos no argumento hiperbólico ad hitlerum), a querer apagar o conhecimento do passado, numa deriva totalitária e asfixiante, nascida de uma pequenez e tacanhez de espírito, quantas vezes ocultada por um vocabulário de complexidade aparente e muitas boas intenções proclamadas, quando não passam de arautos censórios, equivalentes aos portadores do lápis azul de outrora.

(após um comentário privado, lembrei-me que nos Cinco havia a “Zé” – tradução livre de George/Georgina – que me parece personagem bem inclusiva para o período…)

Que vivam os Cinco, os Sete, os Oompa-Loompas, o Willy Wonka e todos aqueles que fizeram da nossa infância um período colorido, divertido, plural, cruel ou lamechas qb, que imunizou a maioria (quero acreditar que a estupidez se entranhou a este nível numa minoria, mas posso estar enganado) contra o intelectualismo da uniformidade asséptica e cinzenta, de uma tristeza infinda e onde os prazeres os vícios são pecado, como para a boa e velha Santa Inquisição.

(confesso que alguns até foram adquiridos recentemente, para completar colecções ou substituir aqueles que de tanto uso quase se começaram a desfazer… e também se pode ver pela companhia que o Roald Dahl está longe de ter ficado na parte das “memórias de juventude”…)

O “Super-Mário” Já Não Dá Duas Seguidas De Jeito

Depois de uma intervenção concisa e resistindo a reagir a provocações na RTP, durante a semana, espraiou-se na entrevista à TSF e JN e, já se sabe, em modelo longo, é quase impossível que não entre pelos disparates. Claro que se quer mostrar “responsável” e retribuir a simpatia do ministro Costa e do governo em respeitar as suas greves previsíveis e típicas, aquilo que levou ao seu descrédito em grande parte da classe docente que o vê como mais uma peça do “sistema” do que num verdadeiro representante dos anseios daqueles com quem não partilha o quotidiano há tanto tempo quanto aquele que levo de docência.

Estas são daquelas declarações perfeitamente evitáveis neste momento. A “responsabilidade” exibida no contexto de um sindicalismo burguês acomodado não tem correspondência na evidente irresponsabilidade exibida de forma a agravar clivagens pré-existentes.

Parafraseando alguém do passado, há que ajudar o Mário Nogueira a terminar o seu mandato com alguma dignidade, acrescentando eu que é aquela que o próprio coloca em causa ao não saber elevar-se acima das circunstâncias.

André Pestana, do S.TO.P., sublinha nos seus discursos que faz um novo sindicalismo, independente de ideologias ou de agendas de partidos, também com muito peso nas redes sociais. A Fenprof e os seus associados devem adaptar-se a uma nova realidade?

O sindicalismo dos professores é feito pelos professores. Se me disser que o novo sindicalismo passa por marcar uma greve por tempo indeterminado, mas, afinal, ela é apenas uma hora hoje ou duas amanhã, essa não é a nossa forma de luta. Se me disser que o novo sindicalismo passa por levar assistentes operacionais a fazer a greve para serem eles a fechar as escolas, apesar de a luta ser dos professores, não fazemos isso.

Admite que isso aconteceu, que houve alguma instrumentalização dos assistentes operacionais?

Eu não admito nem deixo de admitir, eu só digo e não uso as redes sociais, isso é o que me fazem chegar das redes sociais. De resto, não tenho de fazer julgamento da forma como os outros atuam. Há uma coisa que eu sei: nós não atuamos assim.

Não vale tudo para atingir os fins.

Exatamente. E quando nos chamam sindicato do sistema, até costumo dizer que somos, sim. Somos um sindicato do sistema democrático. E este sistema democrático e esta sociedade democrática levaram muitos sindicalistas à prisão antes do 25 de Abril, para que nós, hoje em democracia, possamos ser corretos e agir no quadro da ordem democrática. E é assim que os professores querem agir

Domingo

Fui espreitar as listas das RR3 e RR4, porque me dizem que a falta de professores está muito localizada a sul, em especial na zona da Grande Lisboa. O que constatei é que maioria d@s colegas colocad@s foram-no em escolas bem a norte do Tejo e, em especial, a norte do Mondego. Ou bem que há menos horários a sul do que dizem ou então não têm a capacidade de atrair candidatos. Para não falar em abstracto, exemplifico com a minha DT que ainda continua, pelo menos, sem dois elementos, sendo que há 14 páginas de nomes de candidat@s não colocad@s na RR3 e 12 páginas na RR4 para o conjunto dos dois grupos disciplinares em causa. Ou seja, não há falta de gente para os ocupar, o problema é que não compensa ocupá-los. Certo… são horários administrativamente temporários, mesmo se sabemos que são de pessoas que não estão em condições de voltar a dar aulas. Mas para o ME/DGAE, isso não interessa nada. Aliás, depois das ameaças de juntas médicas aos milhares, agora nem sequer irão verificar casos, até mais graves do que estes, em que as condições de saúde impedem a docência. Mas as regras, não do recrutamento, mas de apuramento das verdadeiras características das necessidades, impedem que as vagas sejam ocupadas. Porque o ME gosta de ser poupadinho e desconfiado. E é assim que muitos horários continuam por ocupar, enquanto muita gente continua por colocar.

A ver se nos entendemos de uma vez por todas, embora eu saiba que é praticamente impossível mudar as crenças e preconceitos a quem deixou que eles se instalassem de forma quase inamovível. Existem horários por preencher e existem pessoas com habilitações para os ocupar, o que falta é a coragem (política, financeira, intelectual) do ME assumir uma atitude diferente em relação aos docentes que não estão em condições de leccionar, permitindo-lhes uma aposentação digna e não a actual procissão de juntas médicas que, em diversos casos, são particularmente penosas de cumprir, chegando mesmo a agravar estados depressivos. Quem não percebe isto, ou é mesmo ignorante ou é profundamente [pi-pi-pi]. Se há abusos? Há, eu sei. São muitos? Não me parece, apesar das pessoas que olham só para o seu quintal 😀 e que clamam muito contra tais abusos. Mas se acham que assim é, que tal denunciarem-nos em concreto, em vez de bloquearem a resolução do problema, até que lhes deem mais poder para “escolher” as maçãs mais verdinhas do pomar?

Concluindo: o modelo de recrutamento não é culpado pela “falta de professores”. A culpa (que existe) é de um conjunto de procedimentos que o ME impôs ao logo das últimas duas décadas para a ocupação de horários que, sendo anuais, não aparecem como tal e que, podendo ser completados, são sistematicamente apresentados como incompletos. Solucionar isto não exige mais poder para quem já o tem em excesso. Basta permitir o tal completamento de horários, por exemplo, com 14 ou mais horas, quando se sabe que @ docente em baixa médica não voltará, ou manter quem veio fazer a substituição durante os dias ou semanas que passarão até que quem voltou à escola, porque ao fim de dois meses a isso foi obrigad@, se vá de novo embora, não por causa de “padrões irregulares”, mas sim porque foi chupad@ até ao tutano da “resiliência”, em especial mental.

Isto permitiria atrair, em primeiro lugar, os candidatos que recusam horários que só são incompletos e temporários porque a tutela tem regras estúpidas em nome de uma “boa governança” financeira que prejudica, antes de mais, os alunos, mas liberta dinheiro para a enésima avaliação estratégica do mítico novo aeroporto de Lisboa. E para uns eventos à maneira que andam a acontecer por aí.

Amanhã, A Economista Peralta Já Estará Feliz

Anda a tuítar as pancadas costumeiras sobre as férias, como se fosse a quantidade resolvesse a qualidade. No caso dela, nem que não tivesse quaisquer férias, o claro problema se resolveria. Apetecia-me dirigir-lhes mais uns “mimos”, mas a verdade é que é daqueles casos em que acho que não vale a pena explicar-lhe que é difícil, ao mesmo tempo, ter os miúdos menos tempo na escola e ao mesmo tempo ter menos férias. Mas é economista, formada no estrangeiro, pelo que se compreende que perceba pouco desde tipo de combinação de variáveis. A imagem foi editada a partir de uma publicação da Bárbara Cleto.

(pela parte que me toca, “este país” passaria bem sem esta croma a dar-nos lições não sei bem do quê, mas há quem lhe ache graça ao ceceio argumentativo)

Adenda: para ela todas as famílias pobrezinhas são indigentes culturais e muito burrinhas. E assim se vê quem nada em preconceitos.

Vai Ser Tudo Em Chanel E Vinho Verde

Ou em raspadinhas, como alguém escrevia com graça numa certa “rede social”.

Esta senhora não terá passado do prazo de validade em matéria, digamos assim, de intelecto funcional? Afinal, não é para isto que temos “Educação Financeira” em Cidadania e Desenvolvimento, graças à genial visão prospectiva do ex-secretário, agora ministro, Costa?

Inflação. Presidente do Banco Alimentar propõe pedagogia que ajude cidadãos a gerir apoio de 125 euros

Nem Nos Anos De Pandemia Aconteceu

Embora me parece que seja para fazer um 2 em 1 com estes.

Alunos que estiveram infetados ou em isolamento durante os exames do Secundário da primeira e segunda fase podem fazer as provas numa época especial entre 10 e 19 de agosto.

(o curioso é que o ano passado, a propósito de reclamações e recursos a decorrer em Agosto, a dgae tenha aceite o adiamento de todo o processo por, na altura, considerar que não se poderia interromper as férias dos elementos das sadd)

Eu Gosto De ET’s!

Os gatos são uma “espécie invasiva alienígena” que ameaça a biodiversidade? Instituto científico polaco diz que sim

(nem sei se isto é pior do que certas pessoas que expulsam gatinhas com ninhadas de espaços públicos – como uma escola que conheço – por não gostarem do “olhar” dos felinos…)

Adenda: bad, bad translation… a C. Rocha já me enviou a peça em inglês. O pessoal do Expresso anda a usar tradutor automático.