Estava hoje a fazer contas e lembrei-me de há uns tempos estar para escrever sobre o tempo efectivo que a governação do PS apagou à vida profissional dos professores. Há quem ache que é apenas a diferença entre os 9 anos, 4 meses e 2 dias congelados e os 2 anos, 9 meses e 18 dias “recuperados”.
Mas não.
Há mais 6 anos a contar para todos aqueles que estavam na carreira antes da revisão do ECD da senhora “reitora” do isczé. Porque à carreira anterior foram acrescentados 2 patamares intermédios que antes inexistiam, os actuais 5º e 7º escalões (índices 235 e 272), com 2 e 4 anos de duração que vieram acrescer à estrutura da carreira.
E o que dizer dos anos perdidos nas listas de saída dos 4º e 6º escalões para tantos milhares de colegas?
A carreira na qual entrei não era esta, com ou sem congelamentos. O “horizonte” não estava onde está. Nem o caminho na sua direcção.
No mínimo, foram 12,5 anos que a governação do PS ajudou a engolir à carreira docente, pois não me venham dizer que não é possível reescrever o período da troika porque isso é de uma desonestidade que vai para além da esfera intelectual ou política. é argumentação de gente que pratica aquilo dos “factos alternativos”. Então é possível reescrever 2 anos, 9 meses e 18 dias, mas não é possível reescrever o resto? O que acontece quando alguém é obrigado a pagar por actos criminosos que cometeu? Se foram ofensas físicas ou mesmo uma morte, a indemnização é “reescrita da História”? Alguém ressuscita? Não se trata apenas da forma de fazer alguma Justiça perante os que foram lesados pelas malfeitorias?
Chegou mesmo a haver gente, incluindo criaturas que eu ainda acreditava serem detentoras de alguma decência (claro que a réplica foi com aquelas piadolas de alto nível sobre “umbigos”, como aqui se pode confirmar no resumo então feito pelo A. Duarte), que chegaram a escrever que se queriam “retroactivos” em relação ao tempo congelado, o que tornaria incomportável a recuperação integral do tempo congelado, algo que nunca, alguém, pediu.
Tudo isto tem sido de uma desonestidade extrema. Porque uma carreira que, quando nela entrei, tinha a estrutura que aqui se pode encontrar, agora tem mais 6 anos a partir do 4º escalão, mesmo sem quotas. Anos esses que acrescem aos não recuperados, o que significa que eu me encontro aos 57 anos no escalão e índice em que deveria ter estado aos 45.
Mas parece que ninguém pensa sequer nisto… que para quem está nisto há mais tempo, foram mais de 12 anos (e não 6,5) os que foram acrescidos aos seu trajecto profissional. Parecendo que não, é muito tempo na vida de qualquer pessoa. E acham que, livrando-se uma pessoa de tudo isto, vai querer voltar em regime de quase voluntariado? Vê-se mesmo que andam completamente desnorteados e sem qualquer noção da realidade.
Claro que tudo isto se nota menos se estivermos em alguns cadeirões, longe do bulício das aulas e tendo suplementos que compensam um pouco o apagão. E não é que é essa malta que ainda quer agora escolher quem contratar ou vincular? Tudo, claro, sempre em nome do “interesse dos alunos”, expressão suprema da hipocrisia. Ide vocelências dar aulas, que certamente haverá menos alunos sem elas para o ano.
(não revi o texto… a coisa foi-me saindo… depois logo vejo se é preciso das chumbadelas nas eventuais gralhas)