Tivemos dois anos lectivos remendados, em que o ME disponibilizou meios de fancaria para um ensino à distância a fingir, que os professores fizeram por transformar em alguma coisa que servisse. E muita gente ficou calada, moderou críticas a quem poupou tostões e ensaiou elogios hipócritas a quem fez o máximo como mínimo.
Antes disso, quando reduziram as aprendizagens ao esquelético essencial e pacientemente demoliram a avaliação externa das aprendizagens, foram muitos os silêncios e as conivências, quando não a cumplicidade declarada no apoio a medidas demagógicas e destinadas a destruir qualquer forma de verificação com alguma credibilidade dos conhecimentos dos alunos (até os exames de 12º ficaram reduzidos a um resquício, em termos de capacidade de nivelamento dos desvarios de alguma avaliação interna, obcecada pelas metas de sucesso). Engoliram as patranhas de futuros comendadores e casais maravilha da flexibilidade curricular. Parece que isso não foi incómodo maior. mesmo se tudo, a começar pela “opinionite” sem fundamento foi denunciado quase desde o seu nascimento.
Quando as escolas foram invadidas por uma avalanche burocrática, destinada a “monitorizar” o trabalho dos professores (e não o dos alunos), acharam bem, porque consideram que é professor@ quem não sabe outra coisa, mas deus @s livre de se apanharem (de novo) numa sala de aula, onde alguns(mas) até fizeram biscates mal amanhados. quando se lhes mostra o descalabro que isso significou, encenam espantos, coreografam quase indignações, mas deitam para trás das costas, mal as podem virar.
Mas agora… ai jazuze, que há greves e as crianças ficam sem umas aulas e vão perder tantas aprendizagens, mesmo sendo muito menos do que aquelas que lhes foram cortadas, ano após ano, ao ser amputado o currículo de “conhecimentos tidos como arcaicos, em troca de perfis modernaços.
Vão-se tratar, quiçá amar-se a vós mesmos, em vez de se fingirem preocupados com as sacrossantas “aprendizagens” dos alunos. O que vos dói é a vossa própria cobardia, o acomodamento, a incapacidade para se rebelarem. E descarrega, de forma mais agressiva ou passiva-agressiva em quem vos faz lembrar que, um dia, poderiam ter sido alguma coisa mais do que comentadeiros da vida alheia.
A ascensão dos charlatães que levaram à erosão da Educação não vos indignou, mas quem se indigna contra isso, e não quer uma escola mínima, já vos tira o soo dos injustos, porque – cruzes, credo, as criancinhas assim ficarão sem futuro.
Não nos gozem!