6ª Feira

Sobre aspectos “técnicos” fica aqui uma sugestão… se o ME cede os dados “em bruto” e não trabalhados a pessoal que faz “investigações” (caso da Nova SBE, mas não só), algumas delas até para estudos pagos ou com financiamento externo, porque não pedem os sindicatos esses dados sobre a posição dos professores na carreira, os momentos de progressão (está tudo nas plataformas que fazem as direcções preencher) os encargos mensais/anuais com o seu pagamento, etc, etc? Se não têm quem trate depois os dados, descansem que se arranja quem o faça, em regime pro bono. Porque assim se poderia, por fim, analisar “por dentro” a informação que existe e só chega “mastigada” à opinião pública. Se cedem os dados a terceiros, porque não os cedem aos interessados? Ou ninguém se lembrou de pedir mais do que quadros-síntese? Será que custará assim tanto fazer o requerimento dessa informação de interesse mais do que público? Repito… se são cedidos a entidades exteriores ao ME… como os poderão negar às organizações sindicais? Ou faz tudo parte de uma “política de sigilo”, acordada entre quem não tem interesse em que se apurem os números reais?

Confusões

Minhas, claro.

Quando leio colegas a discutir o que deve ser prioritário: recuperar o tempo de serviço em falta ou eliminar as quotas para a progressão, como se alguma coisa dessas estivesse a ser negociada ou se a negociação já tivesse sido formalmente anunciada.

Vamos lá exercitar a síntese e propor que todos os docentes sejam reposicionados de acordo com o tempo de serviço efectivamente prestado?

Sim, eu sei que não é uma solução à prova de críticas, mas parece-me a mais transparente.

Caso existisse alguma negociação sobre isto, como é evidente.

Manifestações

Não vou para já comentar da oportunidade de mais uma, duas ou três. Vou apenas relembrar que em 2008 se chegou a fazer a proposta de um desfile em silêncio (que tem um efeito extraordinário, com o simples e leve arrastar dos pés e passar dos corpos); a ideia do luto total também é interessante, mesmo se são sempre coisas que desagradam ao pessoal que vai para a “festa” e de “luto” fala, mas parece não sentir a essência, Num momento meu de maior delírio – que o o JPMaia poderá confirmar, porque foi ele que transmitiu a ideia aos “independentes” de então – cheguei a sugerir que se lançassem imensas pétalas de rosa junto ao ME, cobrindo todo o chão daquele passeio, na altura, da 5 de Outubro.. Porque se for apenas mais uma passeata, tendo efeito, começa a entrar numa rotina que deixa de focar a atenção e apenas mobiliza os que já mobilizados e não acrescenta grande coisa. E se é apenas para conviver, há formas mais interessantes do que falar uns com os outros no meio da gritaria.

Ainda Os “Envelopes Financeiros”

Se a transferência de competências para as autarquias só é feita com transferência de verbas, a alegada transferência (ou atribuição) de competências até agora não previstas para os directores deverá ser feita com igual contrapartida. Certo?

Ouvem-se boatos, mas não tenho qualquer confirmação credível e em primeira mão (há fontes que “secam” quando se lhes bate o tema à porta), de que haverá aumento do suplemento remuneratório para elementos das direcções, numa proporção significativa, para compensar a não actualização do valor desde 2008 ou algo assim. Desculpem-me a falta de preocupação com a informação sobre isso.

A minha proposta, que não aumentará as minhas fontes entre sobre este tema, é que o suplemento remuneratório acrescido estivesse indexado ao cumprimento de alguma componente lectiva pel@s director@s. Sem isso, só teriam direito a 50% do valor. Com uma turma daquelas disciplinas só com 2-3 tempos, daria 75%. Para ter os 100% teriam de ter uma turmas com disciplina de 5 ou 6 tempos ou turmas 2 de 3 tempos. Poderia – deveria? – até ser Cidadania. Não me digam que seria o caos na gestão escolar. Caos seria terem de cumprir as tretas da abelhinha. E veriam como fazer isso custa muito mais do que preencher aquelas plataformas maradas do MÉÉ.

Neste caso até aceitaria que a coisa fosse até à milena. Quanto ao resto da direcção, a mesma lógica e ninguém poderia ficar sem componente lectiva ou com menos de 5 horas. por favor, não me digam que já é assim e que me desculpem tod@s os que não desertaram quase por completo da sala de aula. Eu sei que até serão a maioria, mas anda por aí gente a dar mau nome à micro-corporação.

Interessante

Mas não seriam preciso dez pessoas para escrever um “comentário”. Ok… será uma espécie de manifesto. Também lá por fora se começa a perceber que a narrativa sobre a “falta de professores” serve outros propósitos que não o interesse dos alunos, a melhor qualidade do ensino ou sequer uma decente gestão dos recursos existentes.

From “Teacher Shortage” to Resistance: A Critical Perspective on Political Discourse, Education, and Imagining Otherwise

Political discourse shapes how we understand society. It is therefore crucial for us to pay particular attention to how we use language to portray social problems. This commentary employs a critical perspective, enabling us to unpack how logics and assumptions are embedded in recent “teacher shortage” discussions, debates, and policy forums. Critical scrutiny reveals how “teacher shortage” discourses often reproduce individualism, neoliberalism, and deficit understandings of marginalized groups and workers. We call for a departure from this framing toward one that transforms the teaching profession by addressing the exploitative nature of teaching under capitalism and a fundamental shift in the economic conditions shaping our line of work.

4ª Feira

Não tivesse a net falhado de forma maciça e vergonhosa (para parafrasear o avô cantigas do PS que diz uma coisa e o seu contrário conforme a cor do partido que lhe dá guarida) na minha escola e eu teria feito uns “instrumentos de vigilância” das aprendizagens dos alunos que, já na segunda semana, apresentam uns “padrões irregulares” já neste “período específico do ano”. Porque eu assumo a honestidade de todos, mas é melhor vigiar do que prevenir.

Pois…

Mas há quem diga que têm imenso trabalho. Em especial, quando se encena esse mesmo trabalho ou se concentram funções, para dar a sensação de ocupação plena. Se fosse assim, não sobraria tempo para outra actividades externas, políticas ou para-profissionais, de autarquias à gestão de centros de explicações ou de atl, mesmo se nem sempre com sucesso.

Uma turminha chegava para mostrar o que se vale e se o que se postula é praticável, para além de ajudar a reduzir a carência de professores, que ora existe, ora não existe. Claro, se não for feita e escolhida a dedo.

Teachers Want Their Administrators to Teach. Here’s Why

2ª Feira

Aproveitem esta 2ª feira e a próxima porque me parece que ainda neste período vai regressar a tese do “mais com menos” ou a variação menos maligna do “mais com o mesmo”, a avaliar pela conversa de uns e o silêncio de outros. Do lado do PSD e circundantes, até se nota o salivar perante a oportunidade demonstrar – sem grande fundamento factual – que nos tempos da troika é que estava tudo bem e que é necessário voltar às práticas de outrora; do lado do PS, um certo silêncio perante a vontade de fazer algo parecido e o embaraço em serem apanhados com a boca na botija, mesmo com a desculpa da guerra, da pandemia e etc, pois fartaram-se de dizer que vinha aí dinheiro europeu a rodos para resolver tudo. Quanto às “esquerdas radicais” (PCP e BE), nesta matéria não adianta muito dar sequer atenção ao que dizem porque, podendo fazer ou influenciar algo diferente, andaram meia década a assinar de cruz o que era parcialmente “revertido” com uma mão e logo sacado num instante com a outra.

Estamos no 3º período de mais um ano lectivo (desde 2018-19 que me lembre, como professor e encarregado de educação) em que há falta de professores durante a maior parte do ano em vários grupos disciplinares. Nada de relevante foi feito e agora querem soluções “urgentes”, claro que “no interesse dos alunos”. Nesse interesse, sublinhando que a minha petiza já não tem de ter professores de Português contratados em saldos para fingir que teve a disciplina no 12º ano, eu volto a propor que @s mais de 800 director@s se dignem ir dar 5 horitas de aulas (ainda seriam umas 4000 semanais) e os restantes elementos das “equipas directivas” com direito a forte redução de horário (serão, pelo menos, uns 2500) façam o mesmo e assim conseguiremos mais 125.000 horas. Não digam que, com isso, as escolas deixariam de funcionar porque eu quero acreditar que com o cansaço que isso lhes causaria talvez deixassem de inventar “pintelhices” (linguagem à catroga) para os outros fazerem e quase todos ficaríamos mais felizes.