Contra algumas ideias feitas, há factos que acho difícil ignorar e ainda mais complicado adulterar de forma sistemática para a opinião pública. Mesmo não partilhando a crença da autora acerca do “contexto favorável” que se viverá (que interpreto de outra forma). gostaria de destacar algumas das evidências que recolheu.
Vejamos o que pensam os alunos que mais insucesso têm do que se passa com eles nas escolas:
- Declaram ter apoio personalizado e “feedback” por parte dos professores;
- Admitem que são malcomportados;
- Sabem que são pouco resilientes no estudo;
- Sentem pouca pertença à escola;
- Declaram ter sido vítimas de bullying;
- Não gostam de ler, pudera, não aprenderam.
Sobre a melhor forma de combater esta situação:
Os alunos que não aprendem necessitam de colo e atenção em casa. Necessitam de programas de sensibilização das famílias, porventura antes do início da escolaridade obrigatória. Necessitam de ir mais cedo para o jardim infantil. Necessitam de programas que reduzam a desvantagem dos agregados familiares. Necessitam que a comunidade esteja atenta ao bullying. Necessitam de modelos para se comportarem melhor. Necessitam de não ser segregados em escolas estigmatizadas. Necessitam de aprender a ler para poder criar o gosto pelas histórias e pela criatividade. Necessitam que não desistam deles.
Os professores tentam dar um contributo positivo para que estes alunos continuem. Sempre os professores como o melhor ativo do sistema de educação.
Já agora, matizando a teoria de que só os pobrezinhos é que são protagonistas do insucesso, típica daquele determinismo simplório pseudo-sociológico:
Embora o sucesso das aprendizagens esteja ligado ao estatuto socioeconómico e cultural das famílias (educação dos pais, qualidade do emprego, poder de compra, hábitos culturais), esta realidade pode atingir todas as classes sociais, incluindo 6% pertencente à classe social mais favorecida. Por outro lado, dentro da classe social mais desafortunada há 42% de alunos que atinge nível “3 “ou mais. Cada um destes alunos adquiriu competências para entrar no elevador social, tem capacidades que permitem manter as portas do futuro abertas.