Ponto prévio: só hoje vi a peça completa sobre o André Pestana na Sábado. A bem da verdade, quero deixar claro que a Margarida hiperbolizou a minha responsabilidade na manif dos movimentos independentes de Novembro de 20008, a maior de sempre até então (e ainda a maior) convocada por organizações não sindicais de professores. O mérito deve ser endereçado ao pessoal da APEDE, do MUP e do PROmova. Não quero ficar com louros que não me pertencem, até porque nunca preenchi até ao fim qualquer ficha de inscrição, fruto das conversas com o meu pai a respeito de organizações e colectivos..
Quanto ao que agora se prepara para Janeiro, é de notar o rodopio incoerente da Fenprof, que ainda há não muitos dias declarava que não fazia sentido andar em “radicalizações”, como greves e manifestações sem que existissem negociações a decorrer. E marcaram uma manifestação para 4 de março, com vigílias e greves distritais a partir de 16 de Janeiro.. Entretanto, a manifestação convocada pelo S.TO.P. para 17 de dezembro excedeu claramente as expectativas e a Fenprof e os 7 anões decidiram antecipar a sua manifestação para 11 de Fevereiro. Entretanto, logo a 19 de Dezembro, já o SIPE convocara uma greve para o primeiro tempo de cada dia, a partir de 3 de janeiro, algo que tinha sido explicitamente desvalorizado em intervenções de Mário Nogueira e diversos comentadores próximos da Fenprof, dentro e fora das famosas “redes sociais”.
No dia 27 de dezembro, há uma reunião de “comissões de greve” ligadas ao S.TO.P. e anuncia-se uma “Marcha pela Educação” para 14 de Janeiro. Os “quadros” da Fenprof reúnem-se dois dias depois e decidem que, afinal, haverá uma “concentração” diante do ME no dia 13 um acampamento de 10 a 13 do mesmo mês, sem que tenham sido marcadas datas para quaisquer nova negociações. Há quem diga que isto já estava previsto. Não é verdade. A “concentração” junto ao ME estava prevista para o reinício das negociações. Isso vai acontecer já no dia 3? Para dia 3 estava prevista a entrega de um abaixo-assinado.
E lá se vai a coerência da argumentação à vida, sacrificada à necessidade de “ultrapassar” a agenda do S.TO.P. Pelos vistos, já se pode “radicalizar” sem haver negociações, contrariando de forma evidente o que antes se afirmara, quando se considerou que bastaria um abaixo assinado e vigílias, até se conhecerem as “propostas concretas” do ME. Só depois se avançaria com outras formas de luta.
Perante isto, é inevitável que alguém com bom senso fique confuso (ou nem por isso) e a achar que se entrou numa escalada competitiva entre “lutas” sindicais que correm o risco de, quando associadas a declarações absolutamente desnecessárias deste ou aquele protagonista maior (ou minions operacionais , apoiantes destes ou aqueles), servirem para banalizar a contestação e, de forma indirecta, servirem para o ME se conseguir manter na sombra e escapar a uma saravaida concertada ou, pelo menos, não descordenada.
Sim percebeu-se que o “agastamento docente” (sobre isso escreverei de forma mais alongada daqui a uns dias) veio para ficar, mas quer-me parecer que algumas das decisões tomadas nos últimos dias são marcadas mais por um campeonato interno do que pelo desejo de ser verdadeiramente eficaz na contestação às medias do ME: Claro que as piruetas são mais evidentes no caso da Fenprof que acaba por dar o dito por não dito, não parecendo que o faz por verdadeira estratégia, mas por oportunismo táctico. O que á gravado quando Mário Nogueira se queixa de lhe fazerem o que ele fez durante muito tempo, por exemplo, à fne. Com ou sem razão, é sempre subjectivo.
Tomara estar errado e tudo se vir a concertar de modo harmonioso e demolidor.
Mas, neste momento, parece que a miudagem tomou conta das rédeas da coisa, sem perceber bem que há demasiado em risco e que ganhar pontos na “liga dos últimos” só interessa verdadeiramente a quem anda a ajustar contas antigas ou ao ME, que assim deixa de ser o alvo único da “luta”. Aliás, sempre que leio a palavra “sectarismo” num comunicado sei que estou perante alguém que pensa dessa forma. E não gosto de ver sindicalistas façanhudos com a pele demasiado fina e hiper-sensíveis às críticas. Porque sinto que os meus interesses estão ser defendidos por gente com fraca capacidade de encaixe em relação às adversidades.
Comparativamente, quem anda nas escolas, e não em gabinetes e mesas de negociação, a tempo inteiro ou parcial, tem revelado muito mais resiliência às agruras.
Se isto é, da minha parte, uma forma de não “tomar partido” nestas questiúnculas intestinas? Só é verdade em parte, até porque eu não sinto qualquer dever de apoiar este ou aquele, só porque desgosto dos outros. Daí que também leve no toutiço de todos. Só que ao contrário dos “birrinhas” como aquele que foi à minha escola, aguento-me ao barulho sem cartão e não ameaço que agarro nos papéis e me vou embora.
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