Se até o Baldaia parece desanimado, é porque aquilo se limita a um clube de amigos e compadres, com uma ou outra excepção. Giro mesmo, é ver o puxa-saquismo que já anda em corropio nas “redes sociais”. A quantidade de “não havia melhor escolha” ou “a melhor coisa que nos podia acontecer”, em certas bocas habituadas a boa alimentação, antevê a gulodice das criaturas.
Categoria: Irreal Social
E Podem-se Também Registar As Malfeitorias, Malandrices E Outras Práticas Semelhantes?
Dessa forma, os certificados e diplomas passam a registar a menção da participação em projetos e atividades, como o Desporto Escolar, Olimpíadas, ou, por exemplo, se o aluno tiver feito Erasmus. A representação dos alunos em órgãos da escola, como delegado de turma, membro da associação de estudantes ou representante dos alunos nos Conselhos Gerais, também será mencionada nos certificados e diplomas, “atestando-se o envolvimento proativo dos estudantes na vida da escola”, afirma o Ministério.
Sábado – Dia 2 Do Pseudo-Confinamento
Tenho uma clara divergência em relação aos que pensam que a acção do governo (merece só minúsculas) em relação à pandemia procurou incutir o medo para exacerbar os seus poderes e criar uma espécie de estado de excepção permanente. Sou um céptico em relação à política, mas selectivo nas teorias da conspiração. Porque acho que, pelo contrário, para aí desde Maio, o discurso político (de Belém a São Bento, passando por vários ambientes mediáticos) foi “positivo”, de “esperança”, de “vitória”, até porque pelos números da 1ª vaga a situação portuguesa parecia excepcional, graças ao baixo número de contágios e mortes. O Verão foi de cigarras à desfilada, de selfies na praia, de auto-congratulações e de anúncios propagandísticos do que se preparava aos milhões, mas de uma prática nulidade em áreas decisivas como a fiscalização do funcionamento dos lares de idosos (é incrível como se anunciou que iriam vacinar os utentes de lares “ilegais”, sem que ninguém se interrogasse como sabiam onde estavam e, se o sabiam, porque os deixavam continuar ilegais) e o equipamento das escolas, para não falar do problema mais óbvio do SNS.
Tapetes do ikea à porta e arco-íris nas janelas e parecíamos que estávamos numa variante do Euro 2004. Só que Costa não é Scolari (é teimoso mas, em muita coisa, o burro é mesmo ele) e, se nos lembrarmos, perdemos a final com a Grécia. Não foi mau, claro, mas não ganhámos tudo. Agora, infelizmente, depois de termos “ganho” uma primeira eliminatória, entrámos de peito feito na segunda e estamos a levar uma tareia. Ao menos, depois da primeira derrota com a Grécia, o Scolari mudou a equipa e a táctica. Teimoso, mas não burro. Não se pode dizer o mesmo do nosso PM, que em vez de usar o que funcionou em Março-Abril, decidiu manter esta espécie de coisa que é e não é, para não desagradar a quem grita muito nos jornais e em algumas televisões, preferindo ignorar os avisos dos médicos que há meses vinham a avisar para o que se podia passar, se fosse mantida a atitude de relaxamento e descontracção que se tornou norma nos últimos seis meses.
Não, não me parece que o maior perigo que enfrentamos (para além da pandemia que há quem insista em dizer que não existe ou a comparar um docente com covid, doença infecto-contagiosa, com um docente que teve um avc ou partiu uma perna e não contagia ninguém com isso) esteja no “medo” que nos andarão a “incutir”, Pelo contrário, acho que somos capazes de ver muita gente morrer por causa de tanta “esperança” ou “confiança” sem fundamento. Porque, mesmo com números que em termos relativos estão ao nível do mais grave no mundo, se continua com a atitude patega e provinciana de justificar a procrastinação e complacência de ontem e as meias-medidas de hoje, preferindo o modelo “português suave”, sempre na expectativa que, no fim, nos safemos e ninguém se lembre de pedir responsabilidades a sério sobre tudo o que, sendo mais do que previsível, poderia ter sido evitado.
A começar pela Segurança Social (que pouco fez para reduzir o risco de novos surtos com consequências letais nos lares de idosos) e a Educação (que anunciou milhões no Verão, mas deu migalhas à chegada do Inverno, para prevenir uma passagem a ensino misto ou não-presencial), mas a culminar no PM, que usa a opinião dos “especialistas” conforme aquilo que já decidiu “politicamente”. Mas há quem diga, agora nada disso interessa, que é tempos de nos unirmos, contra o “inimigo comum”. O problema é que essa “união” é desequilibrada nas suas partes, porque temos quem pode mandar e pouco faz e quem deve ser “responsável”, mas tem sido bombardeado com a “esperança” que nada de verdadeiramente grave está mesmo a acontecer.
“Medo” tenho, sim, mas destas políticas de faz-de-conta, de gente de meias-tintas, de anúncios de muita parra, mas incapazes de produzir boa uva. E o medo agrava-se quando olho em redor e vejo uma completa ausência de alternativas, a menos que optemos pelos oportunistas em ascensão que surgem de forma recorrente por cá. Se até os “revolucionários” andam a apregoar o valor da estabilidade e passaram a criticar a demissão de governantes ineptos, fica-se perante um deserto de opções. E isso é que provoca “medo”. Não se não posso ir todos os dias a todas as lojas do centro comercial.
Após Ouvir As Declarações de Alguns Especialistas, Parece-me Evidente Que…
… no curto prazo, estamos um bocado lixados com F, por causa do R.
Este facto resulta de não se terem tomado medidas em devido tempo para evitar a escalada de casos, visto que os efeitos de tais medidas na redução do R só se fazem sentir entre um mês e mês e meio depois de implementadas.
Na prática, andamos atrás dos acontecimentos e, se tudo continuar assim, corremos o risco de estacionar num plano mesmo alto. Tudo porque só se colocaram trancas na porta, depois do furto estar em curso. A estratégia das “cigarras” falhou por completo,
Pelo que me parece justo concluir que o “sucesso” do combate à primeira vaga pandémica resultou de se terem tomado medidas claras e “duras” com rapidez, enquanto que em relação à segunda se andou a ver no que isto dava e a tentar apagar fogos com colheres de chá e outra fofuras, por causa do “cansaço”. E isto é mais grave porque se deu a entender que, se tinha aguentado o primeiro choque, o SNS estaria em condições de aguentar o segundo. Agora já se percebeu até que ponto a abordagem português suave de Costa e Marcelo se baseou em pensamento mágico. E nem vale a pena no completo desleixo que foi a forma como se tratou a questão dos lares de idosos em todo o Verão.
(parece que acreditaram que teriam mesmo uma vacina antes do pior… ou ali logo pelo Natal, ou ainda antes como o trump…)
O que para mim foi desde cedo uma estratégia errada, muito sensível a retóricas economicistas que me fazem pensar que as teses marxistas da Economia como a infraestrutura de que tudo depende (incluindo a vida?) estão de belíssima saúde entre o nosso mainstream político-mediático e mesmo entre alguns teóricos da conspiração covídica, está a ter consequências que podem vir a ser dramáticas.
Pelo que… agora limitamo-nos a andar a alinhar números, desenhar curvas e ainda com oscilações quanto às medidas restritivas a tomar, impondo algumas que são puramente impossíveis de cumprir de forma coerente. Como podemos limitar verdadeiramente as deslocações entre concelhos de risco se continuamos a obrigar dezenas de milhar de pessoas (nem vale a pena nomear as profissões) a deslocar-se diariamente de uns para outros? E até que ponto é honesto afirmar que não há uma relação “directa” entre reinício das aulas e aumento de contágios, mesmo quando se diz que se afala apenas no Superior, quando os maiores estudos disponíveis afirmam exactamente o contrário, mesmo que a relação seja “indirecta”?
Quer isto dizer que defendo um confinamento draconiano, em que ninguém pode meter o nariz fora de casa? Quero o fim da economia e do mundo como o conhecemos, cheio de turismo, comércio e liberdades mil? Não propriamente, pois sou tão consumista como qualquer outro tipo vulnerável às tentações do capitalismo. E por isso mesmo é que gostava de estar vivo mais uns tempos. E desejo o mesmo para a maior parte das pessoas, mesmo que alguns considerem que esta é uma oportunidade para acabar com boa parte da “peste grisalha” que acham composta de gente já doente, socialmente pouco útil e economicamente excedentária. Dispensável. Que custa muito dinheiro tratar para acabarem por morrer na mesma.
(ainda vou ler algumas luminárias a afirmar que sairá muito caro vacinar os mais velhos…)
Pessoalmente, acho que muita conversa que por aí anda acerca de tudo isto poderá ser qualificada como “abjecção”, para citar um nosso conhecido e destacado articulista, emérito discursador no 10 de Junho e hábil angariador de babysitter sempre que fica com nervoso com a petizada em casa.
Os Pequenitos Brincam Ao Portugal
O PR admite erros e atrasos para os quais já estavam todos mais do que avisados. O Governo que não quer ajuntamentos com mais de 5 pessoas, já admite feiras e mercados ao gosto local. Ao mesmo tempo, o maior partido da oposição, nos Açores alia-se informalmente ao Chega, enquanto no Continente viabiliza tudo o que o governo mandar porque “faz sempre parte da solução”. Se o ridículo matasse, a covid coraria de embaraço.
Pelo JL/Educação
Ainda não encontrei a edição em papel, pelo que aqui vai apenas um excerto do texto deste mês, desconhecendo o que o rodeia em alturas de muitos elogios aos professores, mas sem nada fazer para dignificar a situação da maioria.
Ciência contra a Irracionalidade
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O combate contra esta frente irracionalista e anti-científica deve começar na Escola, permitindo aos alunos desde cedo um contacto próximo e profundo com o melhor da herança da Humanidade em termos de conhecimento acerca do Mundo. Sem verdades absolutas, mas também sem dúvidas irredutíveis. A atitude científica define-se pela permanente revisão crítica, pela busca do erro para conseguir um melhor “retrato do Mundo”, como afirmou Bronowski, na esteira de Kant para quem a Verdade era a concordância entre a cognição ou conhecimento e o seu objecto. E não uma qualquer variação semântica mais ou menos criativa. Claro que nos últimos 200 anos se avançou muito para além do que em dado momento era considerado como a melhor descrição da realidade, mas esse é o caminho da Ciência. Que se deve aprender nos bancos ou ecrãs das escolas. Não apenas “verdades” tidas por imutáveis, mas a evolução que fez com que se fossem apurando os nossos conhecimentos. “Foi o pensamento racional que permitiu encontrar tanto os problemas como sobretudo as soluções, não o pensamento irracional” (Fiolhais e Marçal, Op. Cit., p. 156). O aparente medo da Ciência, a menorização da Filosofia, o desdém pela História que marcam a atitude de muitos especialistas e decisores na área da Educação e da definição do currículo, são cúmplices do avanço do irracionalismo.
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Sem Comentários
Ministério da Educação: monitorização do abandono escolar sugerida pelo Tribunal de Contas implica mais custos
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O TdC tinha alertado para fragilidades no sistema de recolha de dados e de monitorização do abandono escolar precoce, sublinhando que não é possível conhecer os números reais, uma conclusão que consta de um relatório divulgado esta quarta-feira.
No documento, que resulta de uma auditoria ao abandono escolar, o TdC reconhece os avanços no combate a este problema, recordando que entre 1992 e 2019 a taxa de abandono escolar precoce passou de 50% para 10,6%, aproximando-se da meta europeia de 10%.
No entanto, assinalou problemas ao nível da recolha de dados sobre o fenómeno e da sua monitorização, que afetam a fiabilidade da informação sobre o abandono escolar e, consequentemente, a eficácia de quaisquer medidas para o seu combate.
De forma a mitigar os obstáculos sistemáticos, o TdC deixou uma série de recomendações, como a definição “clara e inequívoca” do abandono e dos seus indicadores no sistema de ensino nacional, e o mapeamento do fenómeno, com detalhe a nível nacional, regional e local.
Recomendou-se ainda a definição de uma estratégia de combate global, a implementação de sistemas de controlo e de informação eficazes e a promoção da transparência no Programa Orçamental, com a disponibilização de informação sobre o montante reservado a esta área.
Domingo
O Socratismo nunca existiu? O episódio “vitalino constitucional” não parece ter chegado para que a maioria percebesse como estamos numa espécie de neo-socratismo ou socratismo light, mais colectivo na ganância, mas não menos sistémico nas ânsias de controle das potenciais “forças de bloqueio”, da comunicação social ao aparelho judicial.
Claro, já todos percebemos que o núcleo duro do anterior governo era formado, em regra, pelos homens-fortes do regime iniciado em 2005 (António Costa, Vieira da Silva, Santos Silva) que têm a característica comum de, apesar de enorme experiência política, nada terem visto ou ouvido durante anos a fio. Parece que o engenheiro fez tudo sozinho com o primo e amigos e aquelas negociatas de bastidores, tipo-pinho ou tipo-lino, eram tão bem feitas que ninguém sabia. Quase toda a gente se safou bem, da reitora ao correia do CES (que agora se lixou em boa parte por causa do outro que há 40 anos estudava para ser o que ainda não se sabia existir), não esquecendo os estágios mal sucedidos para banqueiros dos amados do banife ou dos teixeirasdossantos do bique.
E que o actual núcleo duro é formado por gente que nem etra nascida em 2005 e que, portanto, não sabe de absolutamente nada, mesmo se o familygate tinha todos os sinais distintivos do clientelismo socrático. Os sizasvieiras, os nunossantos, as martastemidos, as leitões, as marianas filhas do pai – e o que dizer to ministro tiago – são imberbes jovens sem memória, enquanto os cabritas, apesar de terem idade para se lembrarem bem, disfarçam como se tivessem sido atacados de amnésia. Mas há práticas que permanecem, procedimentos, desejos de a tudo deitar a mão e controlar.
Sim, em 2015, queríamos a troika no passado, virar a página, seguir em outra direcção, toleravam-se certos pecadilhos em nome de um novo recomeço. Só que aconteceu outra coisa. E em 2020? Ainda queremos voltar aos vícios piores, mesmo que em versão menos agressiva e mais “descentralizada”, de 2005? E vamos continuar a ignorar este tipo de derivas em que se pretendem colocar operacionais em pontos estratégicos para desarmar qualquer verdadeira oposição aos desmandos de fazer leis à medida e mandar arquivar tudo o que incomode?
Parece que sim, nem que seja por omissão ou deferência em relação a uma geringonça que dá de comer as migalhas de forma muito selectiva. É pena que o PCP e o Bloco comecem a deixar-se ir pelo valor facial de qualquer PAN.
(adenda: e o que dizer do pedrosilvapereira senador-comentador na tvi, o clone do original? não há decoro mínimo? e, já agora, que não esqueçamos o assis europeu até 2009… a acumular com o cargo de vereador… e líder parlamentar do fase minoritária do socratismo, mas que agora se reclama de qualquer coisa ética que me escapa completamente)
Domingo
Não foram as redes sociais que inventaram o ódio, a xenofobia, o radicalismo (ou o que passa por isso) ou sequer o disparate. A escravatura existiu milénios antes do Twitter, a Inquisição séculos antes do Facebook e o os genocídios aconteceram, um pouco por todo o mundo antes do Instagram. O Hitler não falava através do WhatsApp com o Goebels ou o Himmler. Os carrascos de Treblinka e Aushwitz não precisaram do Tumblr. Os camaradas Stalin e Mao não faziam videoconferências via Facetime. Penso mesmo que o Átila não conhecia o Snapchat, assim como os khmers vermelhos. Os astecas, índios norte-americanos, arménios ou circassianos foram dizimados em massa sem necessidade dos seus exterminadores criarem contas no Pinterest ou colocarem o currículo de tais feitos no LinkedIn em busca de nova colocação profissional.
Quem gosta de, na chalaça ou mais a sério, atacar as redes sociais por causa do muito disparate que por aí anda da alt-right (ou ao rejuvenescimento de alguma velha new left) tem aquela característica miopia de ver as coisas como que isoladas no tempo, como se agora tudo fosse completamente novo. O ódio, o extermínio, a desumanidade nasceram com o desenvolvimento do cérebro do homo sapiens. Que, como quase todas as grandes inovações, pode dar tanto para o mal como para o bem. As redes sociais apenas permitem expor mais, em toda a sua grandeza, toda a estupidez e maldade que, como reverso, acompanharam a evolução humana e as suas conquistas benignas..
Porque, ao contrário de certos lirismos, é mesmo verdade que uma parte relevante da Humanidade pode ter capacidade craniana e sinapses em quantidade adequada, mas em matéria de inteligência tem uma definição muito pouco universal(ista).