4ª Feira

Não tivesse a net falhado de forma maciça e vergonhosa (para parafrasear o avô cantigas do PS que diz uma coisa e o seu contrário conforme a cor do partido que lhe dá guarida) na minha escola e eu teria feito uns “instrumentos de vigilância” das aprendizagens dos alunos que, já na segunda semana, apresentam uns “padrões irregulares” já neste “período específico do ano”. Porque eu assumo a honestidade de todos, mas é melhor vigiar do que prevenir.

Eu Acho Que O Que Faz Mesmo Falta É…

… uma formação para formadores de formadores de formadores de professores. A ser dada por aqueles que diagnosticaram agora a situação que os próprios criaram. Se possível com financiamento generoso ao abrigo dos programas da famigerada bazuca e ainda uns apoios privados de fundações amigas (acreditem, que eu vi uma nesga do funcionamento da coisa). Com decisão após consulta dos mais interessados e bem localizados no acesso a este tipo de envelopes financeiros e prebendas conexas. Porque a situação é grave e há ganâncias e sofreguidões que se não forem satisfeitas ainda produzem algum colapso nervoso e muita agitação mediática.

Já agora… não sei se repararam, mas depois dos especialistas em ensino à distância e recuperação das aprendizagens, surgiram imensos especialistas em “ser professor” no ensino básico e secundário, com destaque para quem nunca o foi ou por lá passou em modo de biscate e algum nojo pela camaraderie. Tenho de ir ver se @s economistas da minha maior estima não se pronunciaram já sobre o assunto (uma ainda está encravada nas máscaras, não percebendo o bem que lhe fazem).

Será Que Isto Não É Construção Autónoma Do Saber Pel@s Própri@s Alun@s?

Uma coisa que me diverte naquelas discussões muito bizantinas e/ou escolásticas sobre as pedagogias “activa” e a metodologia de “projecto”, com vista à “construção do próprio saber” pel@s alun@s, é que os chavões querem dizer tudo e nada ao mesmo tempo. Porque se podem perfeitamente aplicar apenas ao que algumas pessoas conseguem conceber nos seus trejeitos, mas também ao seu contrário.

Se não, vejamos:

Entreguei um texto, correspondente a um excerto de cinco páginas, da versão adaptada pelo PNL da obra Robinson Crusoe aos meus alunos e pedi-lhes que o lessem de forma “autónoma”, ou seja, sem a minha intervenção a guiá-los ou condicioná-los. Uma leitura em silêncio, interiorizada, no sentido de uma aquisição significativa do seu conteúdo.

Em seguida, apresentei-lhes o “projecto” de pesquisarem de forma “activa” nesse texto a resposta a vinte questões de um questionário, onde puderam “construir o seu saber” acerca daquele excerto, pesquisando informação, novamente de modo “autónomo”, no dito cujo excerto.

E depois, após todo esse trabalho, apliquei os princípios do MAIA e fui monitorizar o resultado dos “projectos” de cada um@. Em seguida, dei-lhes o respectivo feedback em forma de uma avaliação qualitativa baseada numa parametrização quantitativa de cada intervalo de desempenho, destacando onde poderiam ter cumprido melhor os objectivos desejáveis e que aprendizagens revelaram ter maior dificuldade em adquirir no plano da leitura e compreensão do texto e da expressão dessa mesma compreensão num processo de resposta aos estímulos recebidos por mim através do questionário. Reforcei a necessidade de consolidarem as aprendizagens não realizadas com uma nova leitura do excerto e a correção dos equívocos cometidos.

Dito assim, nem parece que apliquei apenas uma ficha de trabalho sobre a leitura do Robinson Crusoe e a classifiquei, pedindo para eles corrigirem as respostas erradas, pois não?

Dito assim parece simples e antiquado. Dito em forma de paráfrase verborreica até passa por “inovação”. Em grande parte, é o que anda por aí a ser vendido em formações, como se não fosse unguento da avózinha

Se Um Professor, Só Por Ter Ausência Da Componente Lectiva Serve Para Fazer Rasteios Epidemiológicos…

… então gostava que arranjassem um qualquer advogado, fiscal das finanças, engenheiro de minas, contabilista, assessor de ministro ou de secretário de estado para darem aulas às turmas que continuam sem professor de Português, Inglês, TIC ou Geografia. Não interessa qual a disciplina porque em “estado de emergência” já vale tudo.

Pensando bem… acho que devem fazer primeiro uma “formação” em 3 módulos… um com a doutora ariana (flexibilidades e inanidades várias), outra com o professor rodrigues (inclusão e belo pensamento) e mais uma com o secretário costa (cidadanias, autonomias e outras pias).

6ª Feira

Os tempos estão propícios a que o melhor das pessoas venha ao de cima em todo o seu brilhantismo. Nos últimos dias, observei um acréscimo de criatividade, com destaque para a comunidade anti-securitária e libertária que se opõe à generalidade das medidas contra a propagação da pandemia. Nas redes sociais, surgiu um grafismo, alegadamente com legitimação de médicos, sobre todos os malefícios do uso de máscaras. Um deles, reside no facto de com máscara sermos obrigados a respirar parte dos dióxido de carbono que expiramos, assim como os nossos “resíduos”; e eu pensei… lá está, tenho pensado mal na coisa… estas pessoas têm razão… devemos partilhar o dióxido de carbono e os resíduos de todos os que nos rodeiam, família, conhecidos ou meros passeantes como sempre fizemos. Estar contra a tradição é um mal, quiçá mesmo um “crime contra a Humanidade” que resulta do uso de máscaras.

Um outro grafismo, mais recente, revelava a indignação contra as regras de confinamento em alguns concelhos do norte do país e demonstrava com um rigor geográfico assinalável a injustiça que é reduzir os movimentos em Lousada e Felgueiras, por exemplo, em oposição ao imenso espaço que têm para se mover os munícipes de Alcácer do Sal ou Odemira. Só ali faltou o detalhe de em Lousada viverem uns 50.000 habitantes em menos de 100 km2 e em Felgueiras talvez mais de 60.000 (estou a usar dados extrapolados do censo de 2011) em 115 km2, enquanto em Odemira vivem menos de metade (uns 25.000) em mais de 1.700 km2 e em Alcácer do Sal menos de 15.000 em 1.500 km2. Sei que foi apenas um deslize, não vir a legenda com a densidade populacional… que é de 500 habitantes/km2 em Lousada e de 30 em Alcácer do Sal. Tirando isso, nota-se que há por ali excelência no raciocínio, perspicácia na argumentação e que, no fundo, só falha a fundamentação mais factual que, como sabemos de modo sobejo, é relativa conforme a perspectiva “pela verdade”.