A questão das reuniões presenciais não é uma embirração que me tenha dado só porque sim. A questão é mais séria do que algumas opiniões simplistas (para não as chamar mesmo simplórias) podem fazer acreditar. Mas então eu não posso ir almoçar com meia dúzia de colegas a um restaurante, a menos que fiquemos em mesas separadas, mas já se podem reunir 12 ou 15 pessoas numa mesma sala durante duas horas, passando papéis entre si e tudo o mais? Que regras de distanciamento podem ser respeitadas numa situação destas, que não é comparável com uma aula, mesmo que não acreditemos em bolhas.
Vamos lá ser um bocadinho sérios e menos folclóricos (ahhhh… nada substitui uma reunião presencial!): o meu Conselho de Turma (5º ano) tem 6 professores (e não aqueles 9 ou 10 da mitologia de algumas mentes que falam no choque da transição entre ciclos) e até se poderia fazer a reunião sem riscos enormes. Mas uma reunião do 3º ciclo já pode ter uma dúzia ou mais e professores, a menos que seja daquelas em que ainda não docente de Português, Inglês e Geografia e então poderão ser só uns 8-10. E uma do Secundário, em que se juntam duas turmas em algumas disciplinas pode ir acima das 15 pessoas numa sala, sendo que essas pessoas até podem nem conviver com regularidade e muito menos fazer parte de qualquer “bolha” comum. Num período que ainda se considera de risco muito elevado de contágio, promover reuniões deste tipo, com pessoal que anda em regra acima dos 50 anos, em rotação pela escola e a passarem papelada de mão em mão é profundamente idiota.
A favor de reuniões presenciais tenho dado com dois argumentos principais e alguns secundários: o autoritário e o comunitário. O primeiro resulta de decisões do topo em modo de imposição; o segundo de uma espécie de saudades de reuniões com toda a gente a falar e a “partilhar” as suas experiências. O primeiro desperta-me uma aversão natural, em especial quando parte de quem não tem de fazer o que manda fazer. O segundo faz-me pensar em alguma infantilidade a esta altura do campeonato; caramba, é o 1º período, ainda há uma ano fizemos todos reuniões presenciais, está já assim tanta gente nostálgica? Não podem ir partilhar afectos, amizades e conversas para um café ou restaurante por questões de segurança sanitária, mas já o podem fazer na escola? Eu gosto muito de reuniões com café, chá, bolinhos e um ocasional moscatel entre adultos, mas neste momento isso é secundário. Como são secundários aqueles argumentos que parecem encarar este momento de avaliação com uma gravidade que estranho bastante e tanto mais em colegas que são tod@s pelas flexibilizações e que relativizam muito a importância da avaliação formal e até são contra os “exames”, mas depois querem tudo grelhado em papel e assinado ali presencialmente que é para ninguém pensar que isto é uma brincadeira.
Sei perfeitamente que estou a atingir uma boa quantidade de gente com o que antes escrevi, mas desculpem-me a opinião, mas há momentos em que uma idiotice não deve passar em claro. è mais amigo o que vos diz que estão a fazer mal quando o estão a fazer, do que quem evita, para não ter chatices, e a posteriori é que vem dizer “ah pois é, mas não se podia saber…” ou algo parecido. As videoconferências são incómodas, a net em casa falha (aqui a minha parece código morse a certas horas do dia), não há aquele contacto “humano” de que se parece ter tantas saudades? Pois, mas já não se lembram porquê?
Não podem assinar-se actas em Janeiro? As pautas não saem dos programas com o nome do DT já impresso? É mesmo preciso – em tempos tão digitais – andar a mexer em tudo o que é excrescência burocrática? Brincamos?
Phosga-se, pá!
(faltou o argumento meio escondido do “se a direcção tem de cá estar, devem estar todos” porque a esse eu teria de responder de forma muito rude… e estamos em época natalícia e tal…)
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