E Nem Me Calhou Uma Em Cinco?

Não é por falta de “dificuldades”, garanto. Ou de alunos com RTP ou PEI. Ainda hoje saí com a cabeça espapaçada de uma daquelas aulas integradas no PADDE, em que há quem nem sequer perceba o que é um router, como se liga, que deve vir o caregador com o resto do equipamento, que os cabos não são todos iguais, que online não se fazem apenas cruzinhas, que também se usam maiúsculas quando escrevemos no computador, etc, etc, etc. Azar o meu que tenho entre 22 (porque 2 almas nunca apareceram) e 28 alunos por turma, mas certamente que os amigos inclusivos do senhor ministro terá 16 ou 17, apenas.

A “inclusão” do ministro Costa e do seu mentor, o doutor Rodrigues de Inclusión Y Salamanca, não passa de uma ficção, que nem sequer é piedosa, não por falta de formação dos professores, mas de seriedade de quem legisla e distribui os meios.

João Costa faz balanço da “educação inclusiva” no Parlamento. Turmas menores são uma das medidas fixadas para a maioria dos alunos com necessidades.

Decidam-se!

Eu era razoavelmente mau em alguns “jogos infantis”. Escapava nos berlindes e matrecos, mas com o pião era um bocado cepo e sempre fui horrível a jogar flippers, mas consegui chegar à idade adulta e mesmo “envelhecer”.

Mas que rai’sparta de interesse têm estas conclusões, ou melhor, estas aferições da treta? Perdeu-se completamente a noção de fronteira entre essencial e folclórico.

Provas de aferição: mau desempenho em jogos infantis mostra problemas na motricidade das crianças

Incompreensível

Critica-se a eventual pressa e precipitação do STOP, por marcar uma greve em cima do final do período, com uma espécie de “menu” de alternativas e sem que se perceba se a greve é mesmo a todo o serviço (incluindo preparação das reuniões de avaliação e sua realização) e se o tempo indeterminado é com prazo fixo.

Espera-se por uma alternativa por parte do “sindicalismo institucional”, que se acha mais “respnsável” e sabedor destas coisas e, no dia 5 de Dezembro, depois de uns dias a preparar a “luta”, faz-se uma conferência de imprensa a anunciar uma manifestação para daqui a três meses, mais uns papelórios para assinar e umas vigílias ao anoitecer? Mas o que é que no dia 4 de Março se vai conseguir? Anunciar a Primavera?

Daqui até lá o que se vai passar? A romaria costumeira de abaixo-assinados (há um que na minha sala de professores tem apenas a assinatura de quem lá o pôs há uns dias) e mais aqueles convívios dos 20-30 do costume (pronto, 50) à porta do ministério e com grandes planos das televisões para parecerem quase 100? Voltamos atrás 15 anos, sem nada ter aprendido, entretanto?

Vamos lá relembrar as coisas… há mais de seis meses que as coisas estão anunciadas:

As cinco CCDR — Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve — vão ficar com as competências e funcionários das cinco direções regionais de Cultura, Educação, de Conservação da Natureza e Florestas e de Formação Profissional, para além das Administrações Regionais de Saúde e Entidades Regionais de Turismo.

Nada disto é novo. Foi dito no Parlamento com as letras todas, honra seja feita por uma vez, neste caso a Ana Abrunhosa, que explicitou com clareza:

Ana Abrunhosa admitiu, durante uma audição parlamentar, que será um processo “doloroso“, justificando que vão “desaparecer estruturas” e “muitas agências nacionais também vão perder competências e poder”. “É isso que significa descentralização e regionalização”, sublinhou.

A nota explicativa da audição parlamentar, citada pelo JN, antecipa que este é um processo “muito ambicioso” e que o Governo pretende levar a cabo “até ao fim do ano 2023”, sendo que será feito de forma gradual e que “até 2024 todas as competências dos serviços e órgãos mencionados se considerem transferidas”.

Toda esta transferência ficou decidida em Conselho de Ministros do passado dia 17 de Novembro.

Ao nível da Educação, as Direções de Serviços da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares passam para as CCDR, por exemplo, a participação “no planeamento da rede escolar da circunscrição regional, promovendo, sem prejuízo das competências dos restantes serviços do Ministério da Educação, ações de planeamento e execução do ordenamento das redes da educação pré-escolar, dos ensinos básico e secundário, incluindo as suas modalidades especiais, bem como as de educação e formação de jovens e adultos”.

Para as pessoas mais distraídas, o planeamento da rede escolar tem impacto directo nas necessidades de pessoal docente de cada agrupamento/escola, sendo por essa via possível, de modo até bastante simples, forçar a mobilidade de docentes entre estabelecimento de ensino, incluindo o pessoal dos quadros. Há quem ainda não tenha percebido mesmo como as coisas podem ser feitas.

Garantir que há um concurso nacional para vincular, mesmo que seja com base na graduação profissional (que tanto é criticada), não é garantia de qualquer estabilidade. O que está em causa é ir muito além do que se fez durante os tempos da troika. Sim, os qzp ficaram enormes, mas não se entregava o planeamento da rede escolar a estruturas exteriores ao Ministério da Educação.

Lembram-se do Crato dizer que ia “implodir” o ME? Isto é a terraplanagem das ruínas do que já foi uma estrutura que, com todos os seus defeitos, outrora dava apoio às escolas e com ela mantinha alguma relação de proximidade e familiaridade nas questões tratadas. E que até já teve, em tempo que já lá vão, alguma independência técnica dos humores políticos. Mas isso foi sendo destruído há cerca de 15 anos, e agora tudo vai ficar depende de uma regionalização encoberta, servida por uma estrutura (fica aqui a do Norte e aqui a do Algarve, para dar os dois extremos do país)

O ministro Costa, ampliado pelo seu séquito de cortesã(o)s, bem pode vir dizer que está “agastado” com alegadas mentiras. O problema é que se há alguém a mentir ou a dizer verdade por menos de metade é exactamente ele. A Educação vai tornar-se uma área de governação local ou regional, uma manta de retalhos, num pequeno país como o nosso, capturado por uma classe política, para quem a “ética” é uma palavra esvaziada de substância, como se percebe num estudo da FFMS divulgado exactamente hoje.

Voltando ao início… isto é, talvez até mais do que incompreensível, verdadeiramente ridículo. Se foi para isto que andaram em reuniões, podem ir limpar as mãos às paredes de uma casa de banho pública, daquelas bem castiças.

Estando as negociações suspensas pelo ME, Mário Nogueira, Secretário-geral da FENPROF, explica que este é o tempo de os professores demonstrarem ao Ministério da Educação que estão contra as medidas que este apresentou aos sindicatos nas reuniões de negociação. Assim, vão realizar-se vigílias de professores em todo o país na semana de 12 a 15 de dezembro, onde serão aprovadas moções a enviar ao ME, ao mesmo tempo que vai começar a circular nas escolas um abaixo-assinado para ser entregue na próxima reunião de negociação, prevista para 2023.

Mas qual negociação? Já está explicado tudo o que vai mudar!

Não Sendo Funcionário, Não Pude Comparecer, Até Porque Ainda Não Há Alta Velocidade Sobre Carris Até Ao Douro

Assunto: Convite aos funcionários para a silent party – hoje às 18h

Ex.mas Senhoras e  Ex.mos Senhores, 

Em cumprimento da determinação dada pela Srª Vereadora (…) por solicitação da Srª. Adjunta do Senhor Presidente da Câmara, (…) procede-se à seguinte divulgação: 

“O Sr. Presidente da Câmara convida todos os funcionários a produzirem as hormonas da felicidade, num sunset, gratuito, na PraÇa, hoje às 18h00m, numa celebração conjunta do fim das I Jornadas de Saúde Mental

Obrigada! 
Espero por vocês!>
😀

Quem me enviou isto quis anonimizar o ridículo, mas eu dei com a coisa. Só espero que o Albino não tenha aparecido ou era um eclipse total. A coloração rosada é de minha responsabilidade.

Uma Fantochada Só Possível Porque Temos Na Educação Umas Criaturas Que Só Navegam Com Vento Pela Popa

Contra todo o bom senso, continua a fingir-se que existe um modelo de avaliação do desempenho com um mínimo de sentido ou “rigor”. Continuam colegas a andar entre escolas e agrupamentos e a aceitar “observar”, enquanto a outr@s se exige que sejam “observad@s”. Tudo com recurso, pelo que vou sabendo, em “ferramentas de observação de aulas” que são, no mínimo, risíveis e intelectualmente deprimentes. De sul a norte, com naturais excepções.

Se tivéssemos na 5 de Outubro gente com as solanáceas no sítio e já teria sido pensado um modelo transitório para este período de pandemia. E poderia aproveitar-se a oportunidade para fazer alguma coisa de jeito na matéria mas, infelizmente, o pessoal político que anda por lá não prima pela coragem, preferindo refugiar-se em conversas de chacha saídas de sebentas mais do que encardidas. O que se passa é uma tristeza, criada para estrangular a progressão na carreira e mais nada. Que exista quem acha que assim é melhor do que nada e, portanto, colabora, desperta-me pensamentos que não gostaria de verbalizar agora por extenso, pois sei que gente amiga se sentiria ofendida.

Criam-se novas regras para tudo, há por aí uma emergência, mas há docentes a passear de um lado para o outro a cumprir procedimentos de uma estupidez assinalável. E repito… não me digam que não poderia ser de outro modo, porque poderia. Nem é a falta de coragem que me choca, porque não tenho esperança nas criaturas, é mesmo a aparente falta de entendimento que me demonstra o nível a que tudo isto desceu. E ainda há quem fale em “respeito” ou da falta dele.

(já agora… a excelentíssima senhora qualquer coisa da bolsa de avaliadores externos da minha zona comunicou ao meu agrupamento, semanas depois de lhe ter transmitido que aderia à greve ao sobre-trabalho e não cumpriria qualquer tarefa como avaliador externo, que “prescindia dos [meus] serviços”… tivesse a senhora dótôra enviado o mail directamente para mim e teria direito a uma resposta à altura do seu medíocre desplante… e quem entender que vá “bufar-lhe” o que aqui escrevi, a ver se me chateio…)

(segunda diatribe do entardecer… é penoso ver gente que nem uma acta consegue escrever sem erros ou fazer um relatório dos mais primários sem tropeçar nos parágrafos, a avaliar colegas e a atribuir-lhes classificações; já sei… são sublimes pedagogos do “saber fazer”…)

Não Havia Mesmo Necessidade

Não pretendo qualquer privilégio especial, mas foi uma perda de tempo meterem-me na bolsa de avaliadores externos da minha zona e, pior, nomearem-me mesmo para observar as aulas de uma colega que conheço há quase 30 anos e de quem fui colega de infortúnio desde os mini-concursos de finais de 80 e inícios de 90. Até agora, o CFAE tinha tido o bom senso de nomear outras pessoas que estão no meu escalão ou mesmo mais adiante. No início do ano (o civil) soube da nomeação e avisei logo a minha colega que a não iria avaliar e esgotaria todos os meios para esse efeito. E também avisei um dos elementos lá da equipa pedagógica do Centro. Veio a pandemia e tudo ficou parado. Mas agora recomeçou. Ela já foi informada oficialmente do facto, mas a mim ainda nada chegou. Claro que já falámos e eu renovei o que lhe afirmara. Recuso-me terminantemente a participar nesta palhaçada, como se eu tivesse uma competência acrescida para avaliar uma colega de quem me considero amigo e que tem uma carreira paralela à minha. A nomeação só servirá para atrasar o processo e duvido que tenha sido inocente. Tenho direito a achar que foi um “teste”. Se assim não foi, tudo bem. Se foi, lamento, mas devem estar a confundir-me com um daqueles que em tempos disseram “antes eu do que outro pior” ou, mais recentemente, “depois quem se prejudica é @ colega” (não, há sempre quem colabore… e até, por certo, mais qualificad@ do que eu, que tive sempre o cuidado de não fazer qualquer formação em avaliação e supervisão pedagógica). Arranjem um desses ou alguém que não se queira chatear com a coisa. Porque em matéria de concursos de teimosia…