Eu Podia Não Fazer Este Post, Não Ia Perder O Sono, Mas Alguma Coisa Me Ficaria A Faltar

Estive hoje a conversa com colega que foi candidat@ àquele prémio do Global Coiso e Tal há um par de anos. É docente da área das Artes, faz um excelente trabalho (já fomos colegas mais de uma vez), contratad@ até aos 50 (embora não pareça) e finalmente qzp desde Setembro. Disse-me el@ que, iniciado o processo rapidamente ficou sem esperanças de ganhar porque outra criatura candidata lhe disse logo que aqueles prémios eram para quem dá aulas de disciplinas com maior relevância dos que as dest@ meu colega. Por acaso conheço também que lhe disse isso. E entristece-me que seja esta a postura de quem, no fim, colhe os louros da evidente falta de tanta coisa. Porque se percebe que, afinal estes prémios são mais para o show off e representação do que para o trabalho duro.

Quando ouvi, com mais detalhes, a estória, senti aquela raiva interior que me faz escrever alguns textos, mas tentei deixar passar, pensando que… enfim… isto é o que é… e a natureza humana muitas vezes não é mais do que basófia emplumada. Mas não passou. Tinha de expelir este tipo de embaraço pelo comportamento alheio de quem se acha grande coisa, mais do que.

Só Hoje Dei Com Este Tesourinho Deprimente

Que está em acesso público no fbook, deade dia 20 de Dezembro, acompanhado do seguinte texto:

O novo presidente do SPZN, recentemente empossado, juntou a sua voz à do Ministro da Educação, para denunciar a campanha de desinformação levada a cabo pela Fenprof e restantes sindicatos. Nesta sua primeira intervenção pública já demonstrou que, tal como a sua antecessora, continuará na senda de um sindicalismo sério e rigoroso.

(agradecendo ao Ricardo Santos a chamada de atenção)

A Inclusão Burocrática

Agora para algo completamente diferente. Ou não. Em vez de termos resultado do prometido grupo de trabalho para rever a burocracia redundante do trabalho docente, temos em preparação mais grelhas. Esta tem sido apresentada e fornecida a director@s e mesmo presidentes de conselhos gerais, em reuniões pelo país. Esta chegou-me do Norte (não, não foi o Arlindo que ma forneceu) e dá-nos um “cheirinho” do que vem por aí em termos de monitorização.

Mas devemos estar felizes, porque é um documento europeu, produzido só a pensar em nós, como se pode ver pelo título. é uma metodologia baseada em standards, que é a forma de dizer padrões, para quem tem vocabulário mais cosmopolita. Em temos, claro, o “conjunto de stakeholders” que devem ser os tipos que agarram na estaca.

Quanto aos inputs, temos 11 indicadores para medir os 6 standards. E 21 questões para responder, apesar de dizerem que são 19. Desconformidades.

Reparem em todos os destinatários que são, literalmente, mais do que as mães.

Parece que o ministro Costa e o doutor Rodrigues acham que o 54 não está a ser martelado devidamente pelas escolas e como um já foge das escolas e outro só gosta de ir numa de one man show, há que encontrar “instrumentos” e “ferramentas” para forçar a coisa até ao tutano.

5ª Feira

“Já tod@s andámos na escola e fomos alun@s”. Sim, mas há quem tenha tirado pouco proveito do esforço alheio. Por exemplo, não é por viver numa casa que me torno automaticamente arquitecto ou engenheiro, mesmo se isso me possa dar umas ideias. Mas só isso. No caso dos professores é como com os treinadores de futebol. Toda a gente acha que sabe como se faz. Melhor, claro.

Da Mais Completa Irresponsabilidade

Isto, dito por um PR, que para mais andou a passar informações sobre quem andava a ser investigado, é brutalmente grave.

Aguardam-se os silêncios.

“Não me surpreende. Não há limite de tempo para estas queixas, há queixas que vêm de pessoas de 90 ou 80 anos e que fazem denúncias relativamente ao que sofreram há 60 ou 70 anos. Portanto, significa que estamos perante um universo de pessoas que se relacionam com a igreja católica [na ordem] de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens. Haver 400 casos não me parece que seja particularmente elevado porque noutros países com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”, disse o Chefe de Estado.

Eu Também Tenho, Teoricamente, 18 Horas Lectivas

Há horários de pessoal com a minha idade que parecem oásis ou miragens. Há uns anos, o Paulo Prudêncio não acreditava que existissem, mas eu enviei-lhe 2 deles que, ao pé deste, que ontem me enviaram, pareceriam de trabalhos forçados, pois tinham lá umas 10 aulas marcadas. Por isso, não me espanta que exista quem viva bem com este modelo de “autonomia”, de “projectos”, de “créditos” distribuídos à medida. Acrescento que nem se trata de uma “liderança intermédia”. Sim, já sei que tudo dá imenso trabalho a preparar, a acompanhar., a monitorizar, a avaliar. Que exista quem apareça a dar apoio a decisões das sadd que indeferem toda e qualquer reclamação. Quem esteja sempre disponível para “inovar”.

Phosga-se, mais inovação do que duas aulas semanais num horário de 18 horas lectivas? Até eu me tornaria um cósmico adepto do mel da abelha. E gritaria a plenos pulmões pela inclusão, pela equidade, pela diferenciação e pela justiça social. No mínimo.

Só que estou numa escola que insiste em tempos de 45 minutos, isso dá 20 aulas. E não adianta tentar explicar isso, porque a maioria ou não percebe, ou faz que não percebe ou, quando percebe, se cala ou fica calada, quando o momento certo chega. Aquilo do “bom ambiente” e da “boa educação” de não contrariar quem manda.