Tem estado quase toda a gente entretida a discutir a ascensão da “extrema-direita” naqueles moldes muito provincianos que é habitual entre os politólogos (oficiais ou de redes sociais) cá do burgo. Salvo raras excepções, parecem muito preocupados com a “reconfiguração da Direita” e o que poderá fazer o PSD, se der a mão ao Chega para chegar ao poder. A esse respeito, apenas duas notas, que não me apetece entrar muito neste tipo de debate de faróis nos mínimos. Em primeiro lugar, um raro elogio a Rui Rio que ontem foi quase o único a apontar para a geografia do voto em André Ventura e a sua implantação nos bastiões que em tempos foram do PCP e que tradicionalmente votam mais à esquerda; ele tem razão, o voto em Ventura é mais um voto de protesto do que um voto ideológico. E isto conduz-nos à segunda nota que é o de o Bloco e o PCP se terem deixado “normalizar” tanto na geringonça que correm o risco de canalizar o tradicional voto de protesto “contra o sistema”, pois eles próprios aceitaram participar nesse sistema que tanto criticavam, não lhe trazendo especiais modificações; daqui decorre que uma das possibilidades de combater o Chega é exactamente “normalizá-lo”, porque a atracção pelo poder é imensa em Ventura e, chegando à mesa dos “grandes”, deixará cair muito do que agora ergue como bandeiras, para ter uma parcela das benesses e honrarias. E depois de se ver de que massa é mesmo feito (de um oportunismo sem verdadeira substância), o eleitorado de protesto irá abandoná-lo, em busca de outro partido anti-sistema. Desde o PRD que as coisas são assim, mais ao centro, à esquerda ou à direita.
Categoria: Presidenciais
Presidenciais 2021 – 2
Não tenho muito a acrescentar ao post anterior. Marcelo ganha, como esperado. Ana Gomes fica em 2º lugar à tirinha, ganhando o seu jogo com Ventura (que ficou em 2º em muitos distritos, para espanto de tanta gente que vive num país de fantasia). João Ferreira ganhou o seu jogo com Marisa Matias (que merece uma espécie de presidência emérita do Bloco pelo papel que a obrigaram a fazer), mas pouco mais, pois perdeu para Ventura nos distritos onde o PCP é mais forte. No fundo da tabela, a esta altura (umas 50 freguesias por apurar) Vitorino ainda está frente do Tiago, porque este só existe verdadeiramente em Lisboa, Porto e alguns arredores.
Globalmente, uma derrota da Esquerda que dá imenso jeito a António Costa, proponente nº 1 de Marcelo.
Presidenciais 2021 – 1
O entusiasmo que estas eleições me suscitaram conseguirá, quanto muito, que faça no máximo um par de posts sobre os resultados. Agora (21.00), as coisas parecem assim como que mais ou ,menos claras.
A abstenção foi menos do que se esperava, mas mais do que alguma vez foi em presidenciais (já sei… aquilo dos emigrantes todos inscritos altera esse cálculo).
Marcelo Rebelo de Sousa ganha com larga margem, mas longe de ser o plebiscito esmagador que ele desejaria.
Ana Gomes deve ganhar o campeonato do 2º lugar, mas longe de outros resultados de candidatos apresentados na área do PS, mas sem o seu apoio formal
André Ventura parece ficar em 3º com valores bem acima d@s candidat@s do Bloco e do PCP juntos, mas numa posição em que prometeu demitir-se do cargo (ficar abaixo de Ana Gomes).
João Ferreira e Marisa Matias estão em empate técnico para o 4º lugar, embora aquele faça melhor do que Edgar Silva em 2016 e Marisa faça muito pior do que já fez, não sendo isso estranho ao ar de evidente frete que teve de fazer com esta candidatura.
Tiago Mayan faz prova de vida para os Liberais. Com os votos urbanos deve ganhar ao Tino.
Vitorino Silva faz dele próprio e deveria ir dormir um soninho descansado e voltar daqui a 5 anos para atormentar o MiguelitoST.
Resumindo: um enorme tédio, exepção feita ao penduranço em que ficou o Rodrigo Guedes de Carvalho, à espera do grafismo dos resultados e levando primeiro com a abstenção e durante mais um bocado, enquanto segurava no zimngarelho, com um ecrã branco.
Desculpe Lá, Desculpe Lá
Dei-me ao trabalho de ver o que passa por ser um “debate” entre candidatos presidenciais, como se em 15 minutos para cada lado desse para dizer algo de relevante para o futuro, quando se gasta o tempo quase todo a discutir o passado recente. Marcelo começou quase conciliador, assim como Ventura, mas rapidamente a coisa evoluiu para a cacofonia, com a moderadora a fazer avisos inúteis. Cada um ganhou à sua maneira… Ventura mostrou-se aguerrido e agressivo contra a “bandidagem” e a excessiva colagem do actual presidente ao governo, Marcelo a querer ser conciliador, a tentar deonstrar que não tem sido uma muleta de Costa e a teorizar sobre uma “direita social” que por cá já foi o CDS, mas raramente o PSD. Tudo na mesma, como seria de esperar. Ninguém mudou o sentido de voto com isto e para os agnósticos como eu fica a ideia que, em tempo de pandemia, mais vale não correr riscos desnecessários no dia 24.
Serei Só Eu A Achar Ridícula…
2ª Feira
Por Momentos…
Finalmente!?
Trumpices
The abrupt withdrawal overnight is a blow to the president’s efforts to overturn the result of the vote in court,
- State and federal officials confirm no evidence of voter fraud
- Trump continues to refuse to accept defeat by Joe Biden
Finalmente!
E o mais complicado para aquela malta que não aguenta bem certas coisas.