Coisas Que Me Parecem Estranhas, Mas Eu Tenho Pouca Formação Em Empreendedorismo Educativo

Vou tentar contextualizar a publicação dos excertos em anexo, retirados, por agora, dos documentos completos enviados para um conjunto de docentes pela coordenação desse estabelecimento e que provavelmente publicarei integralmente em breve.

Ponto um – todos têm legitimidade para desenvolver a sua actividade empresarial privada na área da Educação.

Ponto dois – todos têm o direito de recorrer a apoios extra-escolares, nomeadamente em termos de organização do tempo e do estudo para os seus educandos.

Ponto três – o que me complicou um pouco a análise foi a percepção de que este tipo de publicidade (de um negócio privado) foi encaminhada para os docentes (de uma escola pública), por sua vez, encaminharem para os encarregados de educação. Porque fiquei sem perceber se é uma “proposta” ou algo dado como adquirido, tendo em conta o ponto abaixo.

Ponto quatro – o que me complicou ainda mais a análise foi ficar com a ideia- espero que errada – que parte deste serviço poderia ter acolhimento nas instalações escolares e integrar-se na própria orgânica de funcionamento de uma escola pública, a partir das seguintes passagens, porque tudo isto é pago.

Ponto cinco – existiu troca de mails com quem me enviou este material (que não é vagamente confidencial) e mesmo um telefonema para confirmar detalhes da situação, nomeadamente de se tratar de um agrupamento teip. Sendo que a pessoa em questão me garantiu que irá encaminhar as suas legítimas dúvidas sobre a legalidade de tudo isto para a igec.

Ponto seis – chamo a atenção para o preçário, nomeadamente o relativo aos dias de greve.

Ponto sete – parece que é este o modelo de escola pública, “inclusiva”, que a tutela tolera nos seu “territórios” preferidos.

Eventos Privados Em Espaços Públicos?

Nos tempos de MLR chegou a sugerir-se que até casamentos se realizassem nas escolas, como forma de aumentar as suas receitas. Não é raro que, em alguns casos, as instalações de uma escola sejam cedidas, através de protocolos ou contratos episódicos, a entidades públicas ou privadas para a realização, por exemplo, de actividades desportivas ou iniciativas culturais. Em muitos casos, através da devida compensação financeira ou outra contrapartida.

O que me causa alguma estranheza e o q. b. de incómodo (verdade se diga que já acredito em quase tudo) é que um espaço escolar seja cedido para a realização de um evento particular (uma reunião de natureza partidária… só para efeito de “suponhamos”), com a anuência e presença d@ director@ da instituição sem que se saiba que trâmites seguiu a coisa e se alguma contrapartida existe para a dita instituição, que não apenas para algum indivíduo. Muito menos acho razoável que se invoque privacidade em relação a quem decida manifestar-se no espaço exterior de uma qualquer escola pública onde isso ocorra.

Porque ou a iniciativa se dirige à comunidade escolar/educativa e é “aberta” ou é algo particular, com o seu quê de “privado”, e estamos perante uma situação muito diversa. Um participante numa recente iniciativa desse tipo, numa escola pública, acaba de comentá-la e ao que aconteceu em seu redor, declarando que esteve num “evento do PS e não do Governo”. O que é confirmado por um cartaz, com o símbolo de um partido. Chamem-me “formalista”, mas isto não é propriamente um debate minimamente plural ou dedicado aos docentes, não docentes, discentes ou sua famílias daquela comunidade escolar/educativa mas um “evento” partidário. Numa escola pública. Trate-se de que partido se tratar.

Ainda há não muito tempo, a um deputado de outra força partidária (que nem parece nutrir por mim especial afecto), professor nem sempre praticante, foi cortada a palavra por um autarca local, num debate público numa escola, para o qual tinha sido convidado, com alegações de que só estava a emitir opiniões de tipo político e partidário.

No que ficamos?

E depois andam a incentivar queixas contra professores porque seguiram pela rua errada ou promoveram uma manifestação meia hora antes do que diz aquela lei de 1974?

Perdeu-se toda a noção da tal “ética republicana”?

(disseram-me que abordar este tema seria “complicado”, quiçá “incómodo”, que poderia ter “consequências”… o que é três quartos de caminho andado para eu o abordar, mesmo se me deixa um travo a 1973 nos olhos e ouvidos…)

Atitudes

Uma colega explicava-me há um par de semanas porque tinha optado por, com algum esforço material, colocar a sua petiza numa escola privada de topo aqui da zona a partir do 2º ciclo. A explicação foi mais elaborada, mas depois de ver os critérios de avaliação da escola em causa, percebi uma grande diferença na forma como se faz a avaliação entre uma escola onde se parte do princípio que as “atitudes” são matéria que vem, em primeiro lugar, de casa, e a generalidade das escolas públicas que assumem que isso acaba por ser uma função em larga parte sua. Os princípios gerais estão online, mas o documento com os critérios mais específicos não encontrei no site (pode ter sido falha minha. Mas aqui fica. Enquanto nas escolas públicas “inclusivas” as atitudes acabam por pesar, em média, 20-40% da avaliação final, nestas escolas “de topo” esse valor fica pelos 10%. Percebe-se a disparidade e percebe-se que, muitas vezes, há quem considere que isto transmite não apenas uma maior preocupação com as aprendizagens académicas mas, em complemento, uma maior segurança.

Também não deixa de ser curioso que, mesmo no 2º ciclo, se use a escala de 0 a 20 valores, só sendo feita depois a conversão para níveis.

A Sério?

Já pensaram que os rankings também podem ser vistos de baixo para cima?

“A diferença da escola pública para a privada é que um privado mau dura pouco”

Nos resultados mais recentes do Público, atendendo ao universo total de escolas, parece-me que as privadas estão proporcionalmente mais representadas na base da lista do que as públicas.

Há mitos úteis. E gente muito ignorante ou apenas desonesta.

Nada Que Já Não Se Percebesse Há Mais De Uma Década

Andavam os homens cristos e outros blasfemos e insurgentes muito liberais a elogiar o sistema e mesmo a ser pagos para escrever sobre o assunto e eu com uma paciência que nem job a tentar explicar-lhes que era tudo treta.

Sim, eu tinha razão e ele(s) não (se fosse só sobre a Suécia…), mas é mesmo por isso que ele escolhe o que se escreve sobre o assunto no Observador. Afinal, qual mini-medina, há que ser recompensado pelos serviços prestados.

Le système scolaire du pays scandinave, longtemps très estimé, s’est affaibli à mesure que l’enseignement privé prenait du poids et s’autonomisait. Les inégalités se sont creusées, et l’enseignement public est fui.

Afinal… De Quem É A Culpa Da Falta De Informação E Fiscalização?

O ME gosta muito de lançar anátemas sobre alguns temas ou “problemas” (já o fez com a falta de professores, algumas mobilidades), mas a verdade é que foge às suas responsabilidades de regulação do sistema. Em vez de enviar “comissários pedagógicos” às escolas verificar se o MAIA anda a ser aplicado, que tal usar a minguada IGEC de um modo mais útil para o interesse público?

A “culpa” é mesmo (só) dos rankings?

Ao Cuidado D@s Distraíd@s

Uma pessoa fotografa e filma outra pessoa sem o consentimento desta, mas guarda as imagens para si, sem as mostrar a ninguém. É crime?

Sim.

O direito à imagem é um dos direitos, liberdades e garantias consagrados na Constituição da República Portuguesa e tem protecção penal. Há que distinguir duas situações:

‑ se uma pessoa captar imagens de outra pessoa ou dos seus objectos ou espaços íntimos, sem o seu consentimento e com intenção de devassar a sua vida privada — designadamente a intimidade da sua vida familiar ou sexual —, pratica o crime de devassa da vida privada, punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 240 dias. Não se trata de proteger a imagem da pessoa propriamente dita, mas a reserva da sua vida privada, pelo que se exige uma intenção específica de devassa por parte do ofensor;

‑ se o acto de fotografar ou filmar outra pessoa for praticado sem intenção de devassar a vida privada, mas contra a vontade dessa pessoa, comete‑se uma infracção diferente (embora punida com as mesmas penas): o crime de gravações e fotografias ilícitas, que visa proteger especificamente a imagem das pessoas, mesmo quando não esteja em causa a sua intimidade ou vida privada.

Os crimes de devassa da vida privada e de fotografias ilícitas não pressupõem a exibição das fotografias ou dos filmes a terceiros. Continua a haver crime se o agente guardar as fotografias para si, porque a infracção consuma‑se com a captação das imagens. 

Será Verdade?

Que existem escolas públicas a receber filhos de trabalhadores “essenciais”, mas daqueles que em tempos presenciais estavam em colégios privados? Alguém me falou que isso estará a acontecer, em Lisboa, pelo menos para os lados dos Olivais. Vou procurar confirmação, porque o que consta é que não se sabe bem como as coisas foram decididas,

Silêncio A Dobrar

Não deveríamos saber, em nome da saúde que ao ser “pública” é de todos, o que se passa em matéria de contágios nas escolas privadas? Porque, depois de um ou dois casos, logo a abrir o ano, despareceram quaisquer referências apesar de, informalmente, se saber que continuam a existir situações de várias turmas em casa por maiores ou menos períodos de tempo. Apesar de “privadas”, não terão essas escolas algum dever de transparência nesta matéria?

Só Para Amigalhaços

Como é que se arranja boa imprensa e números especiais a promover o Turismo, como é?

Lisboa privatiza jardim público

Começou por ser uma revista que divulgava marcas e promovia negócios para, depois, serem eles mesmo uma marca no mundo dos negócios. Foi assim que ficaram com a concessão do antigo Mercado da Ribeira, no Cais do Sodré, em Lisboa, onde subalugam espaços para coworking, hotelaria e comércio, organizam a animação do espaço com concertos e continuam a fazer a revista.

É uma organização muito ativa e, aparentemente, com métodos expeditos e bem sucedidos. Os problemas parecem não ser entraves de monta. Com as novas regras de distanciamento social e limitação do número de pessoas em espaços confinados, a Time Out deu mais um passo expancionista e instalou-se no jardim público na Praça Dom Luís I, mesmo ao lado do Mercado da Ribeira.

Nada disto seria controverso se o espaço público não tivesse ficado barrado ao público. Passa a ser apenas para clientes da Time Out. Se alguém quiser descansar as pernas num dos bancos do jardim público, à sombra de uma das árvores regadas pela água que todos pagamos, não pode. Os avisos espetados no solo são claros e não deixam dúvidas. O jardim público passou a espaço exclusivo de clientes de uma entidade privada.