Embora Preferisse A Demissão Pura E Dura, Com Comunicação De Indisponibilidade Para Continuar

Mas mesmo assim, já é alguma coisa.

Resta saber se em outras zonas do país há a coragem de seguir o exemplo ou ir mais além e não pactuar com esta mistificação.

Recebi informações que todos os responsáveis do Júri Nacional de Exames do Norte  puseram o seu lugar à disposição por desconsideração do seu trabalho pela tutela e por outras questões de índole profissional.

Acresce ainda que ainda não foram nomeados os docentes para os diversos Agrupamentos de Exames e que ninguém está disponível para fazer parte do trabalho nos Agrupamentos com as condições que o ME oferece.

O Entranhar Da Culpa E Do Medo

Há coisas que nos acontecem e coisas que deixamos que nos aconteçam. Nem tudo é controlável, mas nem tudo é inevitável. Há situações que só se tornam rotineiras, porque não se resiste na altura certa ou em momentos estratégicos. Mas, principalmente, há que ter um mínimo de segurança naquilo que se acredita e faz, não cedendo a pressões, sejam elas internas à orgânica da escola, seja às ameaças exteriores. Quando se ouve algo como “eu vou-me queixar à/ao [incluir a gosto, “direcção”, “ministério”, “inspecção”, etc]”, a atitude certa é facultarmos logo os contactos de mail, telefone ou sinais de fumo que se tenham disponíveis. E avisar que há paus com dois bicos. Para que não se torne um hábito dar logo toda a vantagem aos abusadores.

Divulgando

ABAIXO-ASSINADO CONTRA OS SERVIÇOS MÍNIMOS

Este abaixo-assinado é dirigido apenas ao pessoal docente. Representa um compromisso que os subscritores assumem numa determinada ação de luta, que aqui se apresenta, de forma devidamente fundamentada nas leis que nos regem e no acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, de 2018, que faz jurisprudência nesta matéria.

O Esvaziamento De Uma Profissão

Já muito se falou ou escreveu sobre isto. Os teorizados de uma pseudo-modernidade do novo século á imagem das teorias da segunda metade do século passado apresentam a coisa como inevitável “Ser professor@” no século XXI não é o mesmo de “ser professor@” no século XX ou XIX. MAs uma coisa é mudar a forma de o ser, outra atraiçoar a sua essência, abandonando o que a define: a transmissão geracional de um corpo de conhecimentos acumulados pela Humanidade, na possível diversidade e profundidade de uma educação básica ou mesmo secundária. A outras profissões não fizeram tal: ser médico, advogado, juiz, polícia, bombeiro, arquitecto, engenheiro, pode ter mudado nos últimos 200 anos nas ferramentas usadas, no modo de tratar a saúde, segurança, justiça, etc, mas não se entrou por “desnaturar” essas profissões, como tem sido colocado em prática nas últimas décadas em relação à docência e ao “ser professor” que, para algumas e alguns, é quase uma espécie de ofensa à sociedade, como se ser professor@ fosse como que uma inaceitável pretensão de sabedoria superior em relação ao vulgo. Embora tod@s que assim clamam tenham tido quem lhes ensinasse e, curiosamente, se apresentam como professor@s, nem que seja em opção secundária, quase sempre “superior”.

A actual elite no poder na Educação, que muito para isso se esforço nos últimos 35 anos, parece ter assumido como sua missão não a transformação da docência de acordo com os tempos, mas o assassinato da alma de uma profissão e da relação entre professor@s e alun@s. A ideologia simplória de um pseudo-igualitarismo tem-se entretido em demonstrar que alun@s e professor@s estão no mesmo plano na escolas, na Educação, no processo de “ensinagem”, no acto pedagógico. E ufanam-se nisso mesmo, como se fossem eles os defensores da “justiça” e de uma “equidade” de fancaria. Não é apanágio de um único sector do espectro político, mas tem especial incidência numa espécie de esquerda beata e dogmática do tal “igualitarismo” a quem horroriza a individualidade e a diferença, mesmo quando afirmam defendê-las. A quem a diversidade de pensamento e a crítica incomodam, mesmo quando “perfilam” competências nessas matérias. Hipocrisia, apenas, porque o que mais desejam é a domesticação de todos. D@s alun@s, através d@s docentes, porque ao domesticar estes e ao submetê-los a um pensamento simplista, desintelectualizado, crítico do “conhecimento” científico, que se pretende relativo e muito conjuntural, conseguem que a formação das novas gerações siga essa lógica uniformizadora, em que se multiplicam as tonalidades, anulando-se as cores.

O legado do costismo educacional, com ou sem chancelas de ocêdêés será esse, na linha do benaventismo dos anos 90. Não é por acaso que o doutor fernandes atravessa as décadas e renasce. O ministro Costa é apenas discípulo, bem como parte de quem forma a sua corte, das doutoras cosmes às directoras cohens, não esquecendo as figuras que espalham formações que replicam as vulgatas do doutor rodrigues, felizes e impantes por terem conseguido finalmente impor as suas distopias pessoais à Escola Pública. Se para esse desígnio era necessário eviscerar a profissão docente, em nome de um “sucesso” de aparências, nenhum problema. E a proletarização da docência, bem como o retorno galopante da sua precarização, são apenas ganhos colaterais, porque um@ professor@ mal pago é um@ professor@ que lê menos, que se informa menos em qualidade, que se cultiva menos, que tem menos capacidade de resposta e resistência.

As últimas duas décadas têm, com ligeiras diferenças de intensidade, sido muito coerentes neste esforço de desqualificação académica da classe docente, da menorização do seu papel social, de fragilização da sua condição material. O ministro Costa é apenas o último operacional na fila, nem especialmente original ou brilhante nesse papel. E muito menos tão perspicaz como se julga, porque tomou como boas as notícias que lhe foram sendo transmitidas pel@s suas/seus fiéis acerca da morte da alma anacrónica de quem ainda se sente professor@ e não apenas cuidador de crianças e jovens.

3ª Feira

Há que lançar foguetes quando até a dgae não encontra maneira de justificar o despautério de uma criatura, habilidosamente colocada a presidir um Colégio Arbitral, que elaborou o parecer final de um recurso sem sequer se reunir com os árbitros das partes. Transcrevo a resposta dada ao recorrente, depois de eu lhe transmitir o sucedido, após consulta no E72, porque pode sempre ajudar mentes menos “iluminadas” a perceber como proceder. Como árbitro do recorrente, naturalmente, deixei de aceitar qualquer acto feito enquanto a pessoa, por mero acaso minha colega de profissão, ocupar a função, porque há alturas em que se deve mesmo enfrentar as bestas sem margens para recuos. Por muito poder e relações que exibam.

Exmo. Sr. Professor

Na sequência do solicitado, cumpre informar que aos árbitros referidos no artigo 25.º do Decreto-Regulamentar n.º 26/2012, de 21 de fevereiro, compete, conforme determina o n.º 7 do referido artigo, elaborar uma proposta de decisão sobre o recurso apresentado e submetê-la à homologação do presi-dente do Conselho Geral.

Considerando a pronúncia dos diferentes intervenientes no processo de avaliação do desempenho, esta proposta de decisão deve refletir a análise efetuada sobre a pertinência, ou não, da alteração da classificação atribuída ao recorrente.

Em situação alguma se afigura possível que a proposta não resulte da referida comissão, por decisão unânime ou por maioria qualificada, como determina o n.º 1 do artigo 32.º do CPA, e antes por proposta unilateral apresentada por um dos árbitros.

Face ao exposto, cumpre informar que não existe enquadramento legal para a situação apresentada por v.ª Ex.ª.

Com os melhores cumprimentos.

DSGRHF

Ainda Há Quem Se Tente Mexer (Mesmo Se Do Outro Lado Fazem Orelhas Moucas)

Bom dia, Paulo.

Sei que se interessa por estas coisas e apesar da questão da mobilidade por doença ter – e bem – chamado mais a atenção dos colegas em geral, há pequenas batalhas – inúteis, bem sei porque não sou ingénuo a esse ponto – a decorrer por parte dos idiotas como eu, que insistem em não estar acomodados.

     Neste caso tem a ver com as provas orais de línguas estrangeiras e com a convocação de muitos colegas por esse país fora para as realizarem, fora da sua escola, partindo sempre desse pressuposto misterioso de que o professor tem carro próprio e que o mesmo pode- e deve, na mente dos iluminados dos agrupamentos de exames e afins – ser utilizado ao serviço do ME que depois lá dará uns trocos para compensar. Eu, humildemente discordo – sou pelos vistos, dos poucos – e acho que me deve ser fornecido um meio de transporte. Por isso, ao ser convocado para este serviço, enviei um pedido de esclarecimento ao agrupamento de exames (que transcrevo abaixo se tiver curiosidade) que chutou para canto, declinou responsabilidade e recomendou contactar a Dgest que, até hoje, nada disse – nem vai dizer, claro.

     Não sei se mais algum colega pensa como eu ou não, mas pronto, resolvi partilhar consigo até porque dou por mim a concordar com a maioria das coisas que escreve e diz.

Adolfo Dias

A minha primeira tentativa de chamar a atenção para a questão dos transportes:

Acabo de ser notificado da convocatória para realizar a prova oral de Inglês (650) e, como é evidente, aceitei o dever funcional que me foi indicado. No entanto, na convocatória, por lapso da vossa parte – fruto seguramente do excesso de trabalho que é normal nesta fase do ano letivo – esqueceram-se de indicar quais os meios de transporte que vão colocar à minha disposição para poder cumprir o dever funcional para o qual fui convocado. 

    Estou no quadro da Y e, de acordo com o google maps, a distância até à escola de X (…) é de 65,7km e até à escola de Z (…), em Localidade Portuguesa, é de 18,3km o que, em ambos os casos, inviabiliza uma deslocação, sem meios de transporte, desde a escola onde estou provido de lugar de quadro.

     Informo que como transportes públicos existe, em ambos os casos, a possibilidade de recorrer a um táxi, ou, mais moroso e com horários mais dispersos, o comboio.

    Assim, para que possa cumprir o dever funcional que me foi atribuído, que, mais uma vez ressalvo, aceito, como é meu dever, e tendo em conta que é à entidade patronal -ou seus representantes- que compete fornecer os meios para que os funcionários desempenhem as tarefas para as quais são indicados, agradeço que me informem qual o meio de transporte que devo utilizar e que autorizem a minha escola a adquirir previamente os bilhetes necessários já que entendo também que não é ao funcionário que compete financiar a entidade patronal e pagar os mesmos do seu bolso para ser ressarcido mais tarde.

     Aguardo instruções para solucionar esta questão do transporte.

O funcionário em funções docentes

A segunda tentativa, a um dia do exame:

Apesar de ter solicitado instruções atempadamente, continuo, a um dia da realização da prova oral de Inglês, sem qualquer informação de como devo proceder para me deslocar para a escola onde fui destacado para exercer o meu dever funcional. A referida escola, em X, encontra-se a mais de 60 quilómetros (65,7km) do meu local de trabalho e não me foi fornecido ou indicada qualquer forma de transporte como apontei na anterior comunicação de 22 do corrente mês e que transcrevo abaixo para vossa referência.

     Mais uma vez insisto, até pelos alunos que ficarão prejudicados por não realizarem a prova a que se candidataram, que me sejam dadas as instruções já solicitadas na mensagem referida já que, da minha parte, recusarei assumir qualquer responsabilidade pelo fato de a entidade patronal não fornecer os meios que tem obrigação de fornecer para que os seus funcionários realizem as tarefas para as quais são destacados.

   Aguardando instruções precisas,

O trabalhador em funções docentes”