Provavelmente Porque Andava A Tratar Da Sua Vidinha E Da Carreirazinha…

… para não dizer outras coias bem mais deselegantes sobre uma criatura que cada vez descamba mais para a definição específica de burgesso. Porque a ele é que nunca vimos fazer seja o que for em relação à Educação não-superior. E a sua ida para o governo, como ministro sombra atrás do ministro nulo está longe de ser inocente. O que lhe custa é que os anos de digressão pelo país, a engraxar os zecos, tenha tido um desfecho inesperado.

Já agora, também notei muito poucas manifestações quando a geringonça tomou o poder e bloqueou quase tudo, até 2018.

Ministro diz que não viu manifestações quando professores ficaram sem subsídios

Mas façamos lá por recordar as coisas ao shôr ministro cegueta, numa pesquisa que demorou poucos minutos. Claro que o ministro Costa poderá sempre dizer que não mentiu, porque não lhe perguntaram se olhou para os sítios certos. Afinal, ele não disse que não houve, mas apenas que não viu.

Numa coisa concordamos: nós também não o vimos durante a troika, porque estava refastelado no seu cargo directivo na FCSH.

2011-2012:

Cronologia: Dois anos na defesa da Escola Pública contra a troika

Setembro 2012, uma “espera” ao ministro Crato, à portav dos estúdios da TVI:

Nuno Crato recebido com manifestação contra política de “ataque à escola pública”

2013:

Manifestação de professores – 26 de Janeiro de 2013

Professores vieram de todo o país para manifestação em Lisboa

Greve às avaliações começa mais cedo

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) entrega amanhã os pré-avisos de greve às avaliações no Ministério da Educação. O pré-aviso passou também a incluir o dia 7 de junho, último dia de aulas, para evitar que sejam marcadas reuniões para esse dia.

2014:

Professores marcam manifestação para 5 de outubro

Ministério e professores sem acordo sobre serviços mínimos

O exame aos professores, no dia 19, não é uma necessidade social impreterível, pelo que os sindicatos entendem que o ministério quer restringir o direito à greve. O ministro não comenta

2011-2015:

4 anos a lutar por uma profissão valorizada, uma escola respeitada e uma sociedade mais justa

5ª Feira

O Arlindo já começou a explicar algumas das consequências danosas das novas (e algo discutíveis) instruções sobre a avaliação do desempenho docente, nomeadamente quanto ao cálculo dos percentis para a atribuição das menções de mérito. Para quem por estes dias está com um forte ataque de síndrome de Estocolmo, colando tomadas, estendendo extensões, colocando códigos em vez dos alunos para acelerar o acesso às provas, a aplicar de modo acrítico a substituição de colegas em greve às aferições, espero que isto possa funcionar como uma espécie de alerta para uma realidade em que as “vias verdes” avermelham com uma enorme rapidez e o acelerador encrava à primeira curva. Se há algo deprimente é ver quem não aprende com a experiência e interioriza a retórica do agressor.

Fica por aqui o documento que anda a ser usado. Reparem na autoria, porque é sempre “gratificante” ver como certos ofídios mudam de pele e se tornam “especialistas” em garrotes. Desde que lhes lancem umas moedas…

O Homem Que Diz Dormir De Consciência Tranquila Pode Ser O Homem Que Se Esqueceu De Ter Consciência

O primeiro Costa diz que o Governo não decreta serviços mínimos, mas é ele que os requere (nem sempre com as argumentações mais sérias deste mundo) e aplica, mesmo quando se percebe, à vista desarmada que são ilegais, até por causa dos antecedentes. Pior, são certos governantes quem incita os seus operacionais nas escolas a abusar da aplicação de tais serviços e a intimidar quem resiste, apostando em situações de facto consumado, antes da desautorização judicial.

O Primado Da Auto-Desresponsabilização

O ministro Costa sabe muito bem que, quando lhe interessa, aparecem orientações para as escolas. Será que com sucessivas decisões judiciais contrárias aos seus propósitos não ganha um pouco de decoro? Se o outro João é um artista da galambice, este não lhe fica muito atrás. Só não usa brinquinho ou piercing à pseudo-rebelde. Para este João, a accountability é sempre para os outros.

O ministro da Educação considerou hoje que não cabe ao Governo resolver os casos de faltas injustificadas ou de processos disciplinares contra professores que aderiram à greve da Função Pública, recusando a acusação da Fenprof.

Alguém Que Mitigue A Assimetria Ética Do Ministro Costa

Depois de tanta promoção de uma verdadeira negociação com vista a um “acordo” e de um faseamento da recuperação do tempo de serviço, aguardo, com moderada expectativa, a reacção de Marcelo Rebelo de Sousa.

Quanto a acelerações, só poderão existir numa mente mesmo muito desligada da realidade ou de alguém para quem a verdade é uma mera convenção a usar, por mera cortesia, apenas em algumas ocasiões sociais.

Porque a negociação foi nula e o faseamento uma inexistência.

Mas tudo com a provação do primeiro Costa, porque o Costa segundo é apenas um operacional em busca de recompensa pelos serviços prestados.

Tutela diz que estão reunidas as condições para aprovar diploma para acelerar progressões na carreira e “mitigar os efeitos assimétricos provocados pelo congelamento do tempo de serviço”.

4ª Feira

Não é qualquer segredo que não confio em certas lideranças sindicais que dizem qualquer coisa, conforme as circunstâncias, transformando derrotas em vitórias, historiando lutas desde o paleozóico, preferindo atacar quem está ao lado do que quem está do outro lado e arrogando-se de uma superioridade moral que o decoro deveria impedir. em alguns casos, conheci a desonestidade em primeira mão, quando não foi coisa pior. Por questões de arquivo, guardei umas “memórias” escritas sobre o modo como algumas pessoas funcionam, porque no seu mundo é assim que se funciona. E quem gosta de um mínimo de coerência e verdade é porque não percebe nada desta miserável forma de vida. Por isso, não é raro preferir estar sozinho em certas “lutas” do que mal acompanhado. Preferir que estejam calados em vez de gritar falsas indignações. Preferir que se chame mentiroso quando o outro mente, não quando nos dá jeito para efeitos de foguetório.

Vem isto a propósito da notícia de ontem á noite de que a “Fenprof nega ter atribuído ao Governo orientação para marcar falta a professores em greve”, quando todos vimos o que se passou quando Mário Nogueira, à frente da “sua” delegação, falou para os jornalistas. Se não acusou formalmente o ministério de mandar faltas disciplinares, pareceu. Se os relatos apenas resumem, acho que há gravação das declarações. O ministro negou e acusou Nogueira de ser mentiroso ou, quiçá, não disse isso, mas algo parecido.

Talvez seja tudo uma “questão de percepção”.

Mas se assim é, eu fico com a percepção de não poder confiar nesta malta, que parece habituada a disputas de pátio de liceu ou de debates para eleições de associações de estudantes numa qualquer secundário, com as jotas por trás. E acham normal truncar ou distorcer as coisas, para arregimentar apoios e enganar a opinião pública. Sendo que estes assuntos são demasiados sérios para serem deixados nas mãos de quem assim age,

Um dos maiores factores de desânimo, desesperança, burnout ou depressão é a sensação dos indivíduos sentirem que não têm qualquer controle sobre o seu destino ou que são joguetes nas mãos de quem não atende aos seus anseios e opiniões. Não admira, portanto, que a classe docente esteja na situação que está.

Esta gente não é séria, sendo verdade que quem representa o Estado e deveria servir os cidadãos tem mais responsabilidades. Quanto aos líderes das facções sindicais, deveriam respeitar quem afirmam “representar”, em especial quem paga quotas. Não é o meu caso, mas também não é segredo que não me sinto dignamente representado por certas figuras. Esta ou outras.

Não É Bem Verdade Que Tenham Saído Da Reunião Com “Nada”…

… pois saíram com a promessa de faltas injustificadas e processos disciplinares. Não é “nada”; é “alguma coisa”. Um “nojo”, como disse Mário Nogueira, sendo que desta vez estamos de acordo. Só que o “nojo” não é de hoje. Se formos bem ver – eu sei que estou a brasear a minha sardinha – o nojo tem sete anos e meio, só não o vendo quem não quis. Não foi bom falta de aviso que andavam a ser gozados. Só que, de início, em tempos de geringonça, era um gozo do tipo português suave, dá-me a mão que dou-te a minha, enquanto lixamos o resto da malta. O ministro Tiago, o nulo, serviu como testa de ferro, mas o “nojo” esteve sempre lá.

Agora, depois de meses e meses de pseudo-negociações, desaguámos nisto, “nada” ou pior do que “nada”.

Tendo sérias dúvidas sobre a utilidade destas reuniões, se são apenas para fingir alguma coisa, não diria que não aparecessem mas que, no mínimo, não estendessem a mão para o “bacalhau” ou a face para o ósculo. Basta um aceno, um bom dia ou uma boa tarde e cada um ao seu lugar. Há quem fale em regras de cortesia, mas eu prefiro regras de higiene social. Há gente que não se cumprimenta ao nível do toque, nem que seja por respeito por nós próprios e por aqueles que merecem o mínimo dos nossos bons afectos.

Confesso Que Não Tinha Dado Por Esta Coisa Que Me Custa A Qualificar Como “Jornalismo”(Mesmo Com Aspas)

Embora a “geografia” de alguns depoimentos me esclareça sobre a forma como foram conseguidos ou por quem foram promovidos. Por exemplo, Setúbal não é assim tão longe que não se saiba como as coisas acontecem. Algumas destas pessoas, em forma de encarregad@s de educação é que deveriam ter de provar o que afirmam, tipo junta médica que descobre 20’% de baixas “fraudulentas” sem se afirmar quantos foram os casos.

A Confap para isto já aparece. Pena é que não tenham falado com nenhum professor “grevista” das escolas referidas. Ou se calhar até falaram… com um dos directores e com o seu amigo autarca insatisfeito com as manifs de professores por ocasião de eventos partidários numa certa escola, porque até confere.

Alguns depoimentos são do mais demagógico, a começar pelo recurso a “centros de explicações” em miudagem no 2º ou 3º ciclo. Trate-se a ascendência e a descendência terá muito menos problemas.

A principal vítima?

A seriedade do tratamento deste assunto.

Estas são as vítimas das greves nas escolas

Porque Mente O Ministro Costa?

Em tempos galâmbicos, a governação do ministro Costa na Educação passou para uma injusta penumbra. Porque há que reconhecer que a forma como conseguiu contornar tudo e mais alguma coisa, encenando cedência, é notável. Verdade se diga que quando o ministro Costa afirma que o “ponto de chegada do Ministério da Educação, em algumas características, é muito diferente daquele que foi o ponto de partida”, quase parece decalcar o parágrafo final do comunicado da Fenprof. O superlativo absoluto analítico seria dispensável, porque bastaria “diferente” ou então poderia usar um “pouco” que talvez fosse mais rigoroso.

Mas os maiores problemas surge quando o ministro Costa decide considerar que o decreto “”atendeu à reivindicação dos professores, mantendo como critério único para o recrutamento e para a colocação a graduação profissional dos docentes, o que é em boa parte falso. Se é um facto que no ponto 1 do artigo 12º se determina que “a ordenação de candidatos para a docência faz-se por ordem decrescente da respetiva graduação, de acordo com os critérios de prioridade fixados no artigo 10.º“, não se pode ignorar que para a vinculação em qzp (artigo 43.º) se decreta o seguinte:

Artigo 43.º
Vinculação dinâmica
1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 12 do artigo anterior, há lugar à abertura de vaga, no grupo de recrutamento em que o docente possui qualificação profissional e no QZP em que se situa o AE/EnA onde aquele se encontra a lecionar a 31 de dezembro do ano anterior ao da abertura do concurso, desde que preencha cumulativamente as seguintes condições:
a) Possua, pelo menos, 1095 dias de tempo de serviço para efeitos de concurso;

b) Tenha celebrado contratos de trabalho em funções públicas a termo resolutivo com o Ministério da Educação nos dois anos escolares anteriores, com qualificação profissional, dos quais resulte uma das seguintes situações:
i) Tenha prestado, pelo menos, 180 dias de tempo de serviço em cada um desses anos;
ii) Tenha prestado, pelo menos, 365 dias de tempo de serviço no cômputo desses dois anos e em cada um deles tenha prestado, pelo menos, 120 dias de tempo de serviço.

Isto significa que alguém até pode ter 5000 dias de serviço mas se não conseguiu colocação num dos últimos dois anos ou não conseguiu ter aqueles dias de serviço, fica de fora. Isto, não é, de modo algum, manter a graduação profissional como critério único. Ou seja a vinculação dos tais 8000 docentes é feita com critérios que excluem quem, numa lista de graduação profissional “normal”, poderia estar melhor colocado.

Em seguida, escorregando-lhe o pé para chinela e com aquele ar de injustificada superioridade intelectual de quem acha que os outros são ineptos ou desonestos”, o ministro Costa afirma que “Foram muitos os pontos de aproximação”, (…) , acrescentando que, em relação às greves em curso nas escolas, acredita que os próprios professores “vão encontrar a resposta a alguns fatores de desinformação que têm circulado a propósito deste diploma”.

Desinformação é declarar que se passa de 10 para 63 qzp, como ele fez repetidamente, sem completar com a parte na qual, em 2024, se determina que todos estes vinculados será obrigados a concorrer a nível nacional, o que equivale a um único e enorme quadros de zona pedagógica.

Digamos que, basta ler o diploma – alínea d) do n.º 5 do artigo 54.º – nas escolas ou fora delas para se contatar que:

d) Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 9.º, no concurso interno a realizar no ano de 2024, devem manifestar preferência para todos os QZP, considerando -se que quando a candidatura não esgote a totalidade de QZP, manifestam igual preferência por todos, fazendo -se a colocação por ordem crescente do código de QZP.

Confesso que o incómodo com as truncagens, deturpações e “semânticas” do ministro Costa foi diminuindo à medida que percebi que se tinham tornado um padrão. O que chateia um pouco é um ar presunçoso com que diz as coisas, como se fosse uma espécie de pavão no jardim.

@s professor@s não são tão idiotas como o ministro Costa gosta de lançar para a opinião púnlica, mas pode sempre pensar-se que essa sua ideia resulta da observação d@s que o cercam em forma de adoração do ministro mago. E nesse caso poderá ter explicação as suas constantes insinuações sobre a menoridade intelectual alheia. Embora também se perceba que seja grande o choque sofrido com a resistência ao modo “falinhas mansas” que usou enquanto era secretário e culpava sobre terceiros sobre as aleivosias relativas á carreira docente.

Esta noite, lá pelas 22 horas será possível confirmar tudo isto, pois parece que vai debitar propaganda para a SICN. Espero que quem a seguir vier, lhes desmonte as coisas, porque eu só tenho vaga a caminho da madrugada…

O Decreto 32-A/2023, A.K.A., O Decreto Da Vergonha

O preâmbulo é absolutamente vergonhoso. Os professores são para “rentabilizar” e ainda se consegue falar em “dignificar” no meio desta completa indignidade que deixa a vida profissional de milhares de docentes nas mãos de gente que, em muitos casos e sei que a generalização é abusiva, tem um cursito online e pouco mais.

A efetiva rentabilização de docentes sem componente letiva passa, em primeiro lugar, pela
possibilidade de gestão a nível local, através do Conselho de Quadro de Zona Pedagógica agora criado. Para além de acrescentar eficiência através da gestão local dos recursos disponíveis, cabe a este conselho conjugar necessidades com vista à elaboração de horários compostos por serviço em dois agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas, evitando assim horários incompletos, a que correspondem montantes remuneratórios mais baixos e como tal menos atrativos. Dignifica-se também, com este procedimento, o desempenho da atividade docente por parte de docente [sic] contratados.