Depois de uma intervenção concisa e resistindo a reagir a provocações na RTP, durante a semana, espraiou-se na entrevista à TSF e JN e, já se sabe, em modelo longo, é quase impossível que não entre pelos disparates. Claro que se quer mostrar “responsável” e retribuir a simpatia do ministro Costa e do governo em respeitar as suas greves previsíveis e típicas, aquilo que levou ao seu descrédito em grande parte da classe docente que o vê como mais uma peça do “sistema” do que num verdadeiro representante dos anseios daqueles com quem não partilha o quotidiano há tanto tempo quanto aquele que levo de docência.
Estas são daquelas declarações perfeitamente evitáveis neste momento. A “responsabilidade” exibida no contexto de um sindicalismo burguês acomodado não tem correspondência na evidente irresponsabilidade exibida de forma a agravar clivagens pré-existentes.
Parafraseando alguém do passado, há que ajudar o Mário Nogueira a terminar o seu mandato com alguma dignidade, acrescentando eu que é aquela que o próprio coloca em causa ao não saber elevar-se acima das circunstâncias.
André Pestana, do S.TO.P., sublinha nos seus discursos que faz um novo sindicalismo, independente de ideologias ou de agendas de partidos, também com muito peso nas redes sociais. A Fenprof e os seus associados devem adaptar-se a uma nova realidade?
O sindicalismo dos professores é feito pelos professores. Se me disser que o novo sindicalismo passa por marcar uma greve por tempo indeterminado, mas, afinal, ela é apenas uma hora hoje ou duas amanhã, essa não é a nossa forma de luta. Se me disser que o novo sindicalismo passa por levar assistentes operacionais a fazer a greve para serem eles a fechar as escolas, apesar de a luta ser dos professores, não fazemos isso.
Admite que isso aconteceu, que houve alguma instrumentalização dos assistentes operacionais?
Eu não admito nem deixo de admitir, eu só digo e não uso as redes sociais, isso é o que me fazem chegar das redes sociais. De resto, não tenho de fazer julgamento da forma como os outros atuam. Há uma coisa que eu sei: nós não atuamos assim.
Não vale tudo para atingir os fins.
Exatamente. E quando nos chamam sindicato do sistema, até costumo dizer que somos, sim. Somos um sindicato do sistema democrático. E este sistema democrático e esta sociedade democrática levaram muitos sindicalistas à prisão antes do 25 de Abril, para que nós, hoje em democracia, possamos ser corretos e agir no quadro da ordem democrática. E é assim que os professores querem agir.