Andamos mal quando o líder da maior federação sindical de professores (aceito sem problemas a ordem de grandeza, que o resto são migalhas, mas o número absoluto deixa-me dúvidas…) decide que responder a crónicas de professores em revistas é mais importante do que uma intervenção consequente no plano político, que não se limite a variar conforme as directrizes das conveniências partidárias. Quando alguém vai para líder de uma organização e se candidata de forma sucessiva, desrespeitando o que ano antes garantira ser verdade, habilita-se a ter de ouvir e ler que é um troca-tintas. Ou não tinha noção do que dizia antes ou, agora, acha que sem ele virá o dilúvio. Mesmo se o dilúvio já começou há muito e não se lhe vê qualquer força para o parar, pois, quando até teve oportunidade, foi um dos que segurou a porta, garantindo que era só mais um bocadinho. Mário Nogueira- sindicalista de profissão até pode ter direito a estados de alma, desencantos e maus humores, mas deve sempre entender que o seu “bom nome” depende, em primeira instância, de si mesmo, do que diz e do que faz. E, muito em especial, da eficácia do que faz. Se o voltam a eleger para líder da organização isso resulta de dois factos: a) ele candidata-se; b) quando aparece alguém em alternativa é massacrado no momento pelos seus operacionais, especializados em escavar tudo e mais alguma coisa (há quem se lembre de um deles, num certo debate, há uns bons anos, sacar de um monte de folhas, enquanto avisava os que estavam com ele na mesa que tinha ali tudo o que tínhamos escrito).
Mário Nogueira-sindicalista deveria deixar e dizer parlapatices como aquela de desejar muito acabar a carreira (que interrompeu há muito, muito tempo) a dar aulas. Ninguém acredita. Nem ele. E deveria deixar de argumentar que se ele é mau, os outros são piores. Justificar as suas falhas, imperfeições e inconseguimentos com o facto dos outros sempre ainda piores do que ele (ou, no mínimo, tão maus como ele) é fraco argumento. Também seria aconselhável não estar sempre, tipo valentim loureiro de outrora, a desafiar quem o critica para demonstrar que faria melhor, quando, mal alguém deita a cabeça de fora, a sua primeira preocupação é martelá-la e tentar que desapareça. Exemplo: há umas boas semanas, num programa televisivo, apareceram professores a falar sobre a situação na Educação e logo a Fenprof fez sair um comunicado a criticar essa presença, por não ser representativa dos professores. Mas, se o próprio Mário Nogueira-sindicalista diz representar apenas os seus associados (50,000, é mesmo isso? todos a pagar?), então alguém poderá aparecer a falar como uns dos restantes 80.000 ou 100.000 que não estão na Fenprof, correcto? Não falo por mim, claro, que me represento apenas a mim e estou pronto para levar na cabeça por isso, sem me armar em vítima, qual secretário agora ministro, sempre que lhe apontam a menor incoerência.
Como alguém que está sempre pronto para se meter na primeira linha de tudo, em especial quando há mesa para negociar, câmara para filmar u microfone para gravar, Mário Nogueira-sindicalista deveria perceber que com isso não veem apenas coisas boas; para quem anda nisto desde que o Matusalém era novo, já deveria saber isso. Ou sabe, mas finge que é virgem novinh@, tod@ ais e uis, não me toquem que eu vou já.
Quanto ao Mário Nogueira-professor, desconheço e o Mário Nogueira-pessoa, não tenho qualquer interesse em conhecer, pelo que sobre eles não falo. Nem sempre tive a sorte dos “vargas & chicos da remax” me tratarem dessa forma. Mas eu ainda sei ao ando à chuva e os riscos que isso me traz de apanhar uns salpicos. por vezes, até de lama, das bestas que passam pelo caminho e pisam nas poças de água.
Para finalizar… apenas uma última bicada: sim, a “sucessão” vai ser complicada, porque é o problema de quem leva o tempo todos mais preocupado em cercar-se de operacionais acríticos do que de gente competente e com uma visão própria das coisas.