Às Vezes Cansa Ter De Explicar As Coisas Muitas Vezes

Nas aulas ainda funciona, mas no espaço comunicacional, nem por isso.

Mas vamos lá mais uma vez… porque será que em Dezembro de 2017 havia 0 professores no actual 10º escalão da carreira (índice 370)?

Porque esse escalão não existia antes da reformulação da carreira que em 2012 acabou com titulares, criando as quotas de acesso ao 5º e 7º escalão. O índice 370 (inexistente no ECD de 2007) foi a forma achada para “seduzir” quem tinha ficado com o rendimento real muito atingido pelos cortes, sobretaxas e afins, fazendo com que o “topo da carreira”, em termos materiais, tivesse regredido um escalão.

Ou seja, foi um índice que surgiu quando existia congelamento e durante anos a fio ninguém lá esteve, porque era impossível aceder a ele. Mas usava-se esse índice salarial para fazer comparações internacionais e cálculos entre topo e base da carreira, quando aquele topo estava vazio. Algo que ministro Costa não explica por completo. Ou que, por exemplo, durante mais de dois anos de geringonça as coisas se mantiveram assim. E que os dois congelamentos (em 2005 e 2011) foram decretados por governos do seu partido. Antes da troika. Portanto, quando se dá o descongelamento, é óbvio que havia gente que, se o tempo de serviço tivesse sido contado integralmente até tinha o suficiente para aceder a esse escalão, coltar atrás e subir mais uma vez.

Em teoria, praticamente toda a gente que estava nos 8º e 9º escalão em 2017, já deveria estar agora no 10º. Mas se fizerem as contas aos números do Público, percebem que isso não aconteceu ou, então, muita gente se aposentou antes de o conseguir.

Há 16.500 docentes no 10º escalão? Deveriam ser, no mínimo, uns 22.000.

E não acham estranhas aquelas “anomalias” no gráfico, nas barras do 4º e 6º escalões? São os sinais exteriores do “3º congelamento”.

O que o ministro Costa diz é “verdadeiro”? sim, é, mas não conta metade da história, como é costume nele.

2ª Feira

Aguarda-se a dramatização sobre os “dois meses” de greve dos professores, ignorando as duas semanas de pausa natalícia e o facto de essa greve ser muito assimétrica no seu desenvolvimento, existindo escolas em que o encerramento aconteceu durante uma semana ou mais, mas outras em que isso aconteceu apenas dois dias, um ou mesmo nenhum. Calma, que não há aprendizagens em risco, até porque foram reduzidas ao essencial. A lição de cidadania em decurso é muito mais valiosa do que a realização de provas de aferição a fingir, que vão parar todas as escolas vários dias para nada, em termos substanciais.

Mas é de esperar uma investida nesta área de “preocupações”, com a prestimosa colaboração da Confap e alguma comunicação social “responsável” e horrorizada com as alegadas malfeitorias destes professores que tentam defender os seus direitos, até porque é isso que aposta o ME, arrastando negociações sem que nada de relevante seja discutido e estejam por abrir as outras tais vias negociais antes anunciadas.

Errado, Andreia!

Vamos lá colocar as coisas nos seus pontos. O ministro Costa negou ter feito qualquer proposta, apenas tendo apresentado “opiniões”, pelo que não haverá, na realidade, qualquer “cedência”.

Quanto à “autonomia”, ela já existe, não adianta escondê-lo. O senhor do tal teip voltou a contratar a sua cara-metade, apenas com a mudança de assinatura no papelito do concurso. E há tantos meios para fixar quem se quer ao abrigo de “projectos”, que ainda me consegue espantar a repetição de chavões em quem eu sei que sabe mais do que isso.

Mas o mais complicado é continuar a não ver o óbvio: não são os sindicatos que estão contra, são os professores, a partir da base.

Ao fim de todos estes anos, insistir neste mesmo erro, é capaz de ser razão para medidas adicionais, quiçá selectivas, ao abrigo do 54. Ou é um teimoso “erro de percepção”.

Uma cedência já foi feita. O executivo abdicou de uma medida que existe em vários países, mas que nenhum ministro da Educação em Portugal ousara debater: dar às escolas alguma autonomia para escolher uma parte dos professores. Os sindicatos são contra e o ministro João Costa acabou a dizer que “não se pode impor reformas às pessoas”, e que “não se está em processos negociais de boa-fé sem atender às posições quase unanimemente manifestadas”.

O parágrafo abaixo também enferma de demasiadas concepções baralhadas… mas eu já estou cansado de tentar explicar o óbvio e, ao contrário de certas teses, torna-se muito difícil fazê-lo a quem entranhou uma crença contrária. Não foi por falta de falar directamente com a Andreia sobre isto. Até a questão das quotas ela esqueceu e carece de explicação que o André Pestana, contratado há tanto tempo, tenha alegadamente esquecido a questão da “precariedade”. Para informar, a comunicação social deve informar-se devidamente. Como podemos pedir verificação de factos, se quem tem, em primeira instância, essa obrigação, parte para um assunto de modo enviesado?

Hoje, é essa a exigência [recuperação do tempo de serviço congelado] que une todos os sindicatos. A força dos protestos ressuscitou-a. O tema da precariedade tenderá a perder força com as 10.500 entradas no quadro; a proposta de reduzir a dimensão dos quadros de zona pedagógica apresentada esta semana é do mais elementar bom senso e ninguém a contesta; o concurso já não é assunto. É a recuperação integral do tempo de serviço. Que, recorde-se, chegou a ser aprovada por uma coligação negativa em 2019, mas caiu quando António Costa ameaçou demitir-se.

A Propaganda Do Mé Costa (Em Directo)

Muita conversa fiada a abrir. Com números. A culpa é da troika.

Ele diz que conhece bem os professores. Quais?

O respeito é subjectivo?

Continua com números, em forma de relatório de autoavaliação.

Confiança? Com os sindicatos, talvez. Com os professores, não.

As reuniões foram em ambiente amigável? Todos os sindicatos reconheceram o “grande passo”? A sério?

Boa fé?

O entrevistador dá a mão para a questão das aprendizagens dos alunos.

Vem aí demagogia… o “ano da recuperação”… o jornalista volta a dar mão para dizer que os alunos estão a ser prejudicados.

O 2º período é muito importante? E os outros? Que conversa da treta.

A pressa em meter a cassete, faz com que salte para a “vinculação dinâmica” e para os escalões para os contratados, algo que é imposição europeia.

“Trabalho digno”?

Mas o entrevistador volta meter uma “bucha” sobre o tempo para vincular, só depois dizendo que só se vai fazer o que já existe na administração pública.

Os professores são colocados a 15 de Setembro, porquê? Quem criou as regras, como aconteceu este ano?

Só fala nos 1095 dias… o entrevistador lá lhe diz que a mudança não é assim muito grande. O ministro Costa anuncia muita novidade, como se não estivesse no governo há mais de 7 anos. Estas medidas surgem só agora porque…?

Ahhhh… vai-se fazer o que já existe na administração pública? Ganda novidade.

O entrevistador lá lhe atira com os 7 anos! E lá vem ele com a resposta da treta, descongelamento, recuperação parcial do tempo de serviço e lá vem com aqueles números que repete há não sei quanto tempo e a “responsabilidade orçamental”.

“Solução estrutural de combate à precariedade” que “vai ficar para todo o sempre”. A sério?

Apesar de uma ou outra impertinência suave, o entrevistador parece o de um canal clubístico a entrevistar o treinador do momento. Com pequenas excepções, é tempo de antena gratuito.

Já anuncia acordo com os sindicatos sobre os novos qzp.

Mediram as distâncias… o problema é que, por exemplo, aqui na minha zona, de Almada a Alcochete e Sesimbra vai um mundo de escolas… quantos membros vai ter este Conselho “Local” de Directores?

A “casa às costas” começa a parecer um slogan da Decathlon.

A carreira dos professores nunca esteve descongelada tanto tempo? Passou-se!!!

Esta carreira já existe há algum tempo? Mas o homem desvinculou?

Os congelamentos começaram em Agosto de 2005, homem!

Nova mão estendida do entrevistador para o tema da “municipalização”? Vamos lá a ver se ele volta a falar em mentiras de whatsapp.

Afinal, é contra a contrataçao de professores pelas autarquias?

“O ministério da educação ouve”?

“Não se governa contra as pessoas”?

O entrevistador fez leituras. Ainda bem.

Não conhece os modelos actuais da França e Itália? O shôr ministro não fez leituras?

Sobre a recuperação de tempo de serviço, o entrevistador não se vai lembrar de falar nos Açores e Madeira? Vai engolir a “comparabilidade” e as “contas”? ” ainda a “transversabilidade”?

Engoliu.

“Assunto encerrado”? Mas quem iniciou os descongelamentos?

“Reescrever a História”? Voltámos a esse chavão parvo? “A História não volta atrás”? Só nas regiões autónomas?

Os números da proposta até final da legislatura, já sabemos que não alteram grande coisa. É mentira que as quotas sejam algo transversal a todas as carreiras, pois não acontecem na Madeira e Açores.

Um pacote de 100 milhões de euros? Cacahuètes, diria a madame da tap.

A forma de desenvolvimento das greves suscita dúvidas quanto à previsibilidade. Aguarda o parecer com expectativa.

Tem respeito por “todos” os sindicatos e os seus representantes? Mesmo aos que chama mentirosos?

Lá está ele a elogiar as greves da Fenprof… as outras são “desproporcionais”. Então as da FNE são as melhores.

É giro como ele tenta dizer que a greve é “desproporcional”, mas ao mesmo tempo tem baixa adesão.

Lá veio a alfinetada sobre o crescimento do ensino privado.

Que confusão… diz que o ensino profissional aumentou no público, mas o peso dos privados aumentou?

“Malditos rankings”? Ó homem, cresce!

Ui… PIP’s em 100 agrupamentos… e pipis fritos em quantos?

Três minutos para falar de exames? Quase me ia embora, mas ainda lhe perguntam se sente condições para continuar. Que sim, claro, porque Paris não foge… ou outra cidade jeitosa.

Phosga-se… finalmente, acabou!

Já Não Há Mesmo Pachorra!

Agora, todas as noites, saem coelh@s brav@s da toca, com declarações mirabolantes. Agora é Helena Matos que despeja na CNNP que as reformas dos professores que estão a “sair” são em média de 2300-2400 euros. Esqueceu-se de dizer que, mesmo que seja assim e duvido que ela faça contas muito bem, são valores brutos e que, líquido, o valor é pouco acima dos 1500. Mas é assim que se ganha a vida na opinião paga nos canais noticiosos. Verificação de factos? Cuidado em apresentar as coisas de forma completa? Isso agora não interessa nada.

Quanto ao custo dos alunos no público e privado, basta ir ver as propinas de boa parte dos privados e é fácil perceber que 6000 euros não dá para chegar ao fim de um ano lectivo.. em alguns casos é capaz de nem dar para chegar à Páscoa.

A lista das aposentações de Janeiro de 2023 fica mais abaixo e até posso dizer que conheço quem tem o valor mais alto, mas são muitos, muitos anos com suplementos remuneratórios, na recta final na base de alguns meios dias por semana de cadeirão, se é que me entendem. O problema é que ajuda para as “médias”.

3ª Feira

Já se percebeu que está no terreno uma fortíssima investida mediática em defesa do ministro Costa (até mais do que do governo, porque o primeiro Costa quer distância destas confusões). Como a preguiça anda aliada à ignorância, temos um grupo de opinadores com avença mediática, a quem foi fornecido um guião, uma “cartilha” para repetirem pontos específicos numa pretensa argumentação. Insinuação de “ilegalidades”, na base do “parece-me que”, sem qualquer tipo de concretização ; alegação das enormes perdas que as crianças estarão a ter ao nível das aprendizagens e da sua estabilidade emocional, aliando à demagogia o populismo; apresentação do ministro Costa como um negociador afável, compreensivo e carinhoso (ainda gostava de saber o que a Isabel Moreira terá negociado com ele, para lhe conhecer tanto esta faceta); demonização dos professores e do stop por desenvolverem formas de luta “atípicas”, quando durante tanto tempo apontaram o envelhecimento e conservadorismo dos professores; a cereja no topo do bolo é aquela de dezenas de milhares andarem a ser enganados por mensagens de whatsapp, algo que, por exemplo, eu nem sequer tenho no meu samsung pedra. Do casal Cosme/Trindade ao “independente” Paulo Pedroso, passando por trolls das redes sociais, as expressões usadas são praticamente iguais, sem qualquer tipo de imaginação, debitando a tal “cartilha”, qual Pedro Guerra em debate com o Aníbal Pinto.

Se conseguir, no meu furo, chegar a casa pelo meio dia, tentarei, sem fugir a questões que me coloquem, sublinhar na SIC isto mesmo. beneficiando do trabalho espectacular de demolição que o Ricardo Silva fez ontem, demonstrando de modo factual a falsidade do discurso do ministro Costa e respectiv@s cortesã(o)s. O combate é muito desequilibrado, do tipo Ucrânia contra a Rússia, mas sem apoio externo. Mas é bem verdade que sem ir à luta, estaremos condenados a uma triste e vil existência.

(já agora…o rumor de que o S.TO.P. é o sindicato do Chega é particularmente pindérico em termos intelectuais…pode servir para assustar quem não tenha três neurónios, mas esses são casos perdidos…)

Quem Despediria Primeiro No Ministério, Se Fosse (Numa Hipótese Completamente Irreal) O Segundo Costa?

Quem o aconselha a fazer as intervenções públicas que tem feito nas últimas semanas e tem sido responsável pelo envio de dossiers ou de cartilhas para alguma comunicação social. Não tem sido nada limpinho, limpinho e tem funcionado completamente ao contrário das más intenções. Neste momento, já aguardo com expectativa cada nova intervenção pública do ministro Costa, prosa de algum@ d@s cortesã(o)s que o têm rodeado ou “fuga” de informação, desmentindo completamente o “respeito” que afirma ter pelos sindicatos, em particular aqueles com que é possível falar no escurinho do cinema.

È que são muito incompetentes e a sua sensibilidade em relação ao sentir da maioria da classe docente é notável e a cada “tiro”, conseguem colocar em protesto ou na rua mais uns milhares.

De certa forma, agradecemos-lhes. Mas há que reconhecer que deveriam voltar para a universidade de Verão dos jotinhas ou, no caso dos mais entradotes na idade, para o sofá, com chinelos e um copito de água com o kompensan, a ver se ganham juízo.

(ontem, o Além-Tejo marcou presença…)

Mas O Ministro Costa Não Disse 6ª Feira Que Respeitava Muito Os Sindicatos E Que Só Apresentaria As Suas Propostas Em Primeiro Lugar Aos Ditos Cujos?

Ou mentiu na 6ª feira ou está a mentir agora. Ou perdeu o respeito pelos sindicatos no fim de semana, mesmo pelos que não se aliaram aos professores e foram “responsáveis” e “previsíveis”..

E não é isto uma das consequências da norma-travão? Mais ou menos, coisa e tal? Seja como for… a verdade foi pelo cano, em busca de obter efeito sobre a greve que continua amanhã. Palavras para quê? É um pinóquio português. Só falta virem os directores do JN e Público, aplaudir, em reboliço e genuflexão.

Governo quer vincular professores ao fim de três anos a contrato

Diminuir o tamanho das áreas em que os professores se têm de deslocar para dar aulas é outra ideia que o Ministério da Educação levará esta semana para negociações com sindicatos.

Resumo Em Dois Pontos Da Prestação Do Ministro Costa No Parlamento

1º – O ministro Costa “ouviu”

Ouviu o quê?

Ouviu os protestos que ainda há um par de semanas considerava serem motivados por mentiras.

2º O ministro Costa “decidiu”.

Decidiu o quê?

Não avançar com as propostas que ele ainda há um par de semanas declarava não ter apresentado.