Neste Caso, É Mesmo Muito Tarde…

Ministério da Educação agiliza reparação de computadores dos alunos

E a seguir surgem umas declarações que, quiçá, pequem por demasiado entusiasmadas, até porque, se calhar, porventura, são capazes de andar a ser feitos certos “truques”. Costices para iludir a opinião pública. Porque eu apostaria singelo contra quintuplicado em como, neste momento, os computadores operacionais na posse dos alunos serão muito, muito menos.

João Costa anunciou no parlamento que 86% dos computadores foram distribuídos pelos alunos. 

Vamos Apostar Como Os 20% Serão De Uma Amostra Escolhida A Dedo?

Afinal, quantas juntas médicas já foram mesmo feitas e será que não há recurso de tais decisões?

Bastonário dos médicos acusa ministro da Educação de “irresponsabilidade”

O bastonário da Ordem dos Médicos lamenta que o ministro da Educação não tenha comunicado alegadas fraudes nos pedidos de mobilidade por doença dos professores.João Costa disse no Parlamento que foram detetadas 20 por cento de declarações falsas, mas não deu seguimento à denúncia.

A Ordem diz que aguarda a informação para investigar os médicos envolvidos.

O Ministro Costa Está Na SICN E Eu Vou Contar As “Inverdades”

Primeira… vai vincular mais de 50% dos contratados e diminuir a precariedade. Quanto a jornalista o interpela, foge para a questão do número dos qzp, porque a cartilha é para despejar.

Segunda… a estabilidade é um lugar em quadro? Depende! Um “horário composto” é “estável”? E o ministro Costa passa para detalhes “técnicos” e depois dá uma explicação sobre ultrapassagens nas vinculações que se aplica ao que acaba de legislar, pois vai permitir que vinculem pessoas que podem ter muito menos tempo de serviço. E não se cala com os 20.000 a vincular em 2024.

A jornalista está muito bem até agora. Ao ministro “não parece” que exista gente a desistir de concorrer.

Terceira mentira… os dois escalões para os professores contratados são uma imposição europeia.

Quarta mentira… a “graduação profissional” não é o único critério usado para a vinculação. Não é apenas “gestão de carreira”. Pode haver gente com 20 anos de carreira a não reunir as condições para vincular este ano.

Quinta mentira… não são corrigidas quaisquer ultrapassagens, acrescentam-se novas.

Sexta mentira… vai “acelerar” progressões” e criar uma “via verde”. Esta nem vale a pena desmontar, tamanha a desfaçatez.

Sétima mentira… não é verdade que seja diferente ficar congelado no 3º ou 8º escalão. O tempo roubado é o mesmo. E depois fala na reposição de 70% do tempo congelado, com base nos escalões de progressão. Só que para algumas carreiras isso significou a reposição dos 7 anos que essas carreiras estiveram congeladas na totalidade.

Oitava mentira… os encargos na reposição do tempo de serviço.

Nona… não é verdade que só pudessem vincular os professores da “norma-travão” sem este decreto. Não é este “instrumento” que permite vincular seja quem for. É a abertura de vagas, que poderia existir com este diploma ou qualquer outro. Sempre foi assim. Basta o aviso de abertura.

Décima… a solução não é “muito diferente”, Os “20 pontos de aproximação” fazem lembrar aquelas coisas de vendedores manhosos de carros que prometem 20 ofertas, incluindo 4 rodas, um volante, pisca-piscas, travões, faróis e cintos de segurança, mesmo que tudo isso seja legalmente obrigatório.

Havia mais algumas… até porque a jornalista esteve bem. Resta ver o que faz o Pestana a seguir. A baliza está bastante escancarada, se ele não enveredar pelas adjectivações “fantásticas” ou pela repetição da expressão “pessoal docente e não docente”.

Porque Mente O Ministro Costa?

Em tempos galâmbicos, a governação do ministro Costa na Educação passou para uma injusta penumbra. Porque há que reconhecer que a forma como conseguiu contornar tudo e mais alguma coisa, encenando cedência, é notável. Verdade se diga que quando o ministro Costa afirma que o “ponto de chegada do Ministério da Educação, em algumas características, é muito diferente daquele que foi o ponto de partida”, quase parece decalcar o parágrafo final do comunicado da Fenprof. O superlativo absoluto analítico seria dispensável, porque bastaria “diferente” ou então poderia usar um “pouco” que talvez fosse mais rigoroso.

Mas os maiores problemas surge quando o ministro Costa decide considerar que o decreto “”atendeu à reivindicação dos professores, mantendo como critério único para o recrutamento e para a colocação a graduação profissional dos docentes, o que é em boa parte falso. Se é um facto que no ponto 1 do artigo 12º se determina que “a ordenação de candidatos para a docência faz-se por ordem decrescente da respetiva graduação, de acordo com os critérios de prioridade fixados no artigo 10.º“, não se pode ignorar que para a vinculação em qzp (artigo 43.º) se decreta o seguinte:

Artigo 43.º
Vinculação dinâmica
1 — Sem prejuízo do disposto no n.º 12 do artigo anterior, há lugar à abertura de vaga, no grupo de recrutamento em que o docente possui qualificação profissional e no QZP em que se situa o AE/EnA onde aquele se encontra a lecionar a 31 de dezembro do ano anterior ao da abertura do concurso, desde que preencha cumulativamente as seguintes condições:
a) Possua, pelo menos, 1095 dias de tempo de serviço para efeitos de concurso;

b) Tenha celebrado contratos de trabalho em funções públicas a termo resolutivo com o Ministério da Educação nos dois anos escolares anteriores, com qualificação profissional, dos quais resulte uma das seguintes situações:
i) Tenha prestado, pelo menos, 180 dias de tempo de serviço em cada um desses anos;
ii) Tenha prestado, pelo menos, 365 dias de tempo de serviço no cômputo desses dois anos e em cada um deles tenha prestado, pelo menos, 120 dias de tempo de serviço.

Isto significa que alguém até pode ter 5000 dias de serviço mas se não conseguiu colocação num dos últimos dois anos ou não conseguiu ter aqueles dias de serviço, fica de fora. Isto, não é, de modo algum, manter a graduação profissional como critério único. Ou seja a vinculação dos tais 8000 docentes é feita com critérios que excluem quem, numa lista de graduação profissional “normal”, poderia estar melhor colocado.

Em seguida, escorregando-lhe o pé para chinela e com aquele ar de injustificada superioridade intelectual de quem acha que os outros são ineptos ou desonestos”, o ministro Costa afirma que “Foram muitos os pontos de aproximação”, (…) , acrescentando que, em relação às greves em curso nas escolas, acredita que os próprios professores “vão encontrar a resposta a alguns fatores de desinformação que têm circulado a propósito deste diploma”.

Desinformação é declarar que se passa de 10 para 63 qzp, como ele fez repetidamente, sem completar com a parte na qual, em 2024, se determina que todos estes vinculados será obrigados a concorrer a nível nacional, o que equivale a um único e enorme quadros de zona pedagógica.

Digamos que, basta ler o diploma – alínea d) do n.º 5 do artigo 54.º – nas escolas ou fora delas para se contatar que:

d) Sem prejuízo do disposto no n.º 1 do artigo 9.º, no concurso interno a realizar no ano de 2024, devem manifestar preferência para todos os QZP, considerando -se que quando a candidatura não esgote a totalidade de QZP, manifestam igual preferência por todos, fazendo -se a colocação por ordem crescente do código de QZP.

Confesso que o incómodo com as truncagens, deturpações e “semânticas” do ministro Costa foi diminuindo à medida que percebi que se tinham tornado um padrão. O que chateia um pouco é um ar presunçoso com que diz as coisas, como se fosse uma espécie de pavão no jardim.

@s professor@s não são tão idiotas como o ministro Costa gosta de lançar para a opinião púnlica, mas pode sempre pensar-se que essa sua ideia resulta da observação d@s que o cercam em forma de adoração do ministro mago. E nesse caso poderá ter explicação as suas constantes insinuações sobre a menoridade intelectual alheia. Embora também se perceba que seja grande o choque sofrido com a resistência ao modo “falinhas mansas” que usou enquanto era secretário e culpava sobre terceiros sobre as aleivosias relativas á carreira docente.

Esta noite, lá pelas 22 horas será possível confirmar tudo isto, pois parece que vai debitar propaganda para a SICN. Espero que quem a seguir vier, lhes desmonte as coisas, porque eu só tenho vaga a caminho da madrugada…

A Escola da Fenprof É A De Encontrar Sempre Uma Vitória, Nem Que Seja Pior Que A De Pirro

Mas já vi que não são os únicos na hermenêutica da carochinha.

Não é com, mas podia ser pior…

Caramba… custa muito admitir que os professores contratados – a vincular ou não com este modelo – foram lixados com um grande F? Claro que não dói a todos… talvez por isso se arranjem uns floreados semânticos para lubrificar o alheio, se é que me entendem.

Recorda-se que o regime agora promulgado está longe de corresponder às propostas apresentadas pela FENPROF, visando garantir estabilidade ao corpo docente das escolas e eliminar a precariedade, mas, ainda assim, bem diferente do projeto inicial apresentado pelo ME, o que só foi possível por força da luta dos professores.

O Que Faz Costa Pendurar Um Galamba Ao Pescoço?

É muito difícil considerar que o ministro galamba esteja no top 100 dos vagamente especialistas em infraestruturas do PS. Quiçá nem no top 500. Estará, por certo, no top 10 dos especialistas em trambiquices, recados, tricas, truques ou cartilhices (podemos resumir com o termo “galambices”) lá da agremiação, com vasta obra produzida nos últimos 15-20 anos. Por isso, é estranho que o primeiro Costa tenha decidido fazer a primeira grande afronta ao amigo e presidente Marcelo por causa de tal figura, a menos que seja porque, naquela área de especialidade da galambice, em virtude de tanto recado que deu, galamba saiba demais ou seja muito necessário, como correia de transmissão finalmente domesticada do seu protector actual.

Porque manter galamba é como manter uma pedra bem pesada, presa ao pescoço, quando se mergulha no mar profundo, ou seja, quando se tenta entrar no terreno do jogo político com o mestre dos mestres, a.k.a., Marcelo Rebelo de Sousa. Depois da patética e óbvia encenação em torno da demissão do ministro galamba, o primeiro Costa fica com o seu destino natural e estreitamente ligado ao daquele, podendo cair quando aquele galambizar, o que é mais do que natural, em especial quando isso acontecer de um modo por demais evidente e desastrado. E não há que esperar outra coisa, porque este galamba, está condenado a galambizar, porque essa é a sua natureza, como aquele escorpião ao atravessar o rio, mesmo que isso o arraste e a quem o agarrou quando caía e o pendurou ao pescoço.

A menos que o primeiro Costa queira mesmo cair, por achar que ainda é a batata frita mais crocante do pacote, pois todas as outras são piores, mais desenxabidas e insossas. Tirando aquela outra, igualmente crocante, cujo venturoso crescimento dá ao primeiro Costa a principal razão para justificar a arregimentação das hostes, em caso de se ir a nova escolha do prémio Crispy Potato of the Year.

Só assim se entende que o primeiro Costa tenha colocado tamanho calhau ao pescoço. O que é muito arriscado, mesmo se tiver um canivete afiado à mão.

(c) A Matilha (aqui)

Esqueçam O Veto Presidencial Ao Diploma Dos Concursos

Independentemente do valor da intervenção final das colegas, a abrir o que fica é a declaração que “para não prejudicar 8000”, o PR vai quase certamente promulgar o diploma. A argumentação é muito fraquinha e não é jurídica ou sequer política, pois apenas alega que o governo já abriu o concurso da norma-travão e, se vetar, o resto do concurso não avança, o que não é bem verdade. Se já está tudo atrasado, mais um mês para melhorar a coisa não seria mal maior, pois quer-me parecer que os meios digitais actuais permitem tratar a informação, sem especiais problemas, até ao arranque do ano lectivo.

Aliás, até me quer parecer que a publicação, há uns dias, daquele concurso foi desnecessaria mas voluntariamente prematura e tem o rabo da pescada enfiado em mais de uma boca, porque parece mesmo feita para dar esta justificação ao PR, que até diz que “discorda”, mas…

Não, a justificação não é a de evitar prejudicar 8.000, pois serão esses 8.000 os efectivamente prejudicados. E seria muito bom que isso lhe fosse explicado, seja em forma de cantoria ou de serenata… seria muito bom que alguém lhe fizesse ver que aquilo que alega é exactamente o contrário do que se vai passar.

Jornalismo De Alto Gabarito

Na peça sobre os protestos de professores junto a Albarquel, a SIC(N) decidiu atribuir a responsabilidade ao S.TO.P. sem que se perceba bem porquê (ou talvez se perceba…), pois nem o grafismo das faixas o indicava, nem as pessoas que lá estavam estão associadas aos corpos dirigentes desse sindicato. Se me é permitida a inconfidência – e não é para me colocar em biquinhos de pés, mas apenas por uma questão factual – estive na reunião em que o protesto se começou a preparar (em moldes muito diferentes daqueles em que acabou por acontecer por condicionalismos vários) e posso desmentir em primeira mão, olhar e audição, que a iniciativa tenha tido uma responsabilidade organizacional de tipo sindical. Por que razão a SIC(N) decidiu afirmar uma falsidade daquele tipo só o Polígrafo poderá explicar. Ou não.

Já agora, não sei se estavam mais adeptos do Benfica, Comercio e Indústria, Sporting ou Vitória de Setúbal

E ainda se queixam das fake news das redes sociais.

No dia da manifestação na ponte do Pragal, a repórter da RTP tresleu por completo os discursos no Cristo Rei. Não venham com a desculpa que são estagiárias. Ou que nas redacções quase já só há malta a ganhar 1000 euros.

As coisas começam a cheirar muito a mofo.

Agradeço à Filomena Rebelo, o envio do grafismo abaixo. Que não é da responsabilidade do S.TO.P., ok?

Adenda… está explicada a possível razão do “equívoco”… falta de sentido de humor…

(Ainda) 6ª Feira

Com aquela noção de timing sempre excelente, o ministro Costa escolheu o dia de uma greve da função pública (que inclui as escolas) para mais uma sessão de propaganda na modalidade de “conferência de imprensa” onde se espraiou naquela visão muito particular que ele tem da realidade não desafiante. Tem feito tudo bem, vai tentar fazer melhor, vai continuar a dialogar e a “encontrar pontos de encontro” com os representantes dos docentes, afirmando mesmo que espera “um 3.º período com muito mais tranquilidade”.

Do meu limitado ponto de observação não antecipo nada disso, muito menos com negociações complexas movidas a reuniões semanais ou quinzenais, como tem acontecido até agora, tendo o regime de concursos levado mais de 5 meses em conversas estéreis. Aliás, acho mesmo que o ME deseja um 3º período intranquilo, agitado e conflitual, pois só assim poderá justificar as evidentes falhas na preparação das provas de aferição ou tentar que a opinião pública deixe de dar tanto apoio aos professores.

O ministro Costa é um enganador. Porque é como aqueles vendedores de carros que garante a inclusão de imensos extras nos seus veículos, tais como quatro pisca-piscas (dois atrás e dois à frente), retrovisores dos dois lados e no interior, um banco para cada passageiro, escovas limpa-vidros e ainda uma bagageira que abre e pneus redondos nas quatro rodas. Nada que a lei não exija, mas que se apresenta como generosa oferenda.

O ministro Costa é um fingidor e finge tão completamente que chega a acreditar que não é mentira, a mentira que deveras mente.

Expectativas Mínimas

A menos que se dê uma grande surpresa na ronda negocial de hoje, a ideia que tenho é que a estratégia do ministro Costa mimetiza a da “reitora”. Encerramento num “quadrado” de intransigência, servido por uma estratégia mediática que passa por falar para o público antes das negociações, ufanando-se de completas efabulações sobre “cedências” e “aproximações”. A RTP tem andado a fazer o jeito e a dar-lhe antena praticamente sem contraditório, o que já seria de esperar, mas é lamentável. A aposta no desgaste da imagem dos professores e no facto de, perante a cascata de manifestações e afins, pouco haver de novo na algibeira da contestação. Pode ser que se engane, como se enganou até agora. Mas é preciso mesmo muita paciência para a desonestidade intelectual (em relação à política já a dou como adquirida) para se dizer o que ele diz, sem ruborizar ou cair-lhe o céu em cima. E é mais do que óbvio que, como com o “engenheiro”, tudo isto tem a cobertura do primeiro Costa, que deve ter como ponto de sua desonra, “ceder” aos professores. Nem que para isso tenha que alimentar mentira sobre mentira.

Quero ver como será com os médicos, que começaram apenas há dois dias a sua greve. Tenho mesmo alguma curiosidade em ver como será a reacção.