Tenho sempre um problema fundamental com o uso e abuso demagógico da História para efeitos de agit-prop. Neste caso é por causa da questão do “digital” na Educação. Como se meia dúzia de “salas do século XXI” equivalessem a chegar a Calecute, João Couvaneiro vai por ali abaixo e esquece-se que se o Gama conseguiu glória, honrarias e extensão generosa para o título majestático de D. Manuel, não é menos verdade que a meio do século XVI estávamos falidos e que países que pouco ou nada descobriram souberam ser empreendedores de outro modo (Holanda, só para dar o exemplo de um pequenito em extensão) e conseguiram manter-se ricos desde então. Embora eventualmente com poetas de menor qualidade.
João Couvaneiro in JL/Educação, 26 de Fevereiro de 2020
Não é que eu ache que a grande Poesia valha menos do que uma balança comercial razoavelmente favorável desde o século XVII, mas talvez fosse bom irmos além da superfície dos chavões históricos.
E depois, claro, lembro-me sempre do Magalhães e do duplo inconseguimento, seja o do próprio Fernão, frechado ao serviço de Castela na ilha de Máctan, seja o do aparato digital dos tempos dos engenheiro e seu muito mitigado aproveitamento pedagógico.
(ninguém está contra o uso de tecnologias que há quem use antes dos concursos para professor do ano, apenas contra um certo deslumbramento meio apatetado que por aí anda…)