Aqui Por Perto

Não sei porque não me admiro nada com este tipo de coisa. Basta observar certos “ajuntamentos”. E a intimidação ou violência (física, verbal) gratuita está longe de ser apenas fomentada pelos adolescentes. E mal de quem se tentar meter. Pena que nestes casos nunca apareçam aqueles fardados corajosos das redes sociais. Nestas situações, nunca estão lá, nem sequer o observador Mithá, que se indigna, mas normalmente na segunda fila. Talvez porque se trate de alunos de uma “Academia de Formação”.

Palmela: “Fight Club” a céu aberto entre alunos da escola profissional

(…) Nos vídeos é possível observar agressões gratuitas entre os estudantes, com incentivos de mais violência à mistura por parte dos restantes alunos, como se de lutas de boxe se tratasse, à vista de todos. As imagens chocantes foram recolhidas na estação de Penalva, na Quinta do Anjo, e no parque de autocarros da Autoeuropa, onde se situa o estabelecimento escolar.

A situação tem causado bastante mal-estar entre os trabalhadores do Parque Industrial da Autoeuropa, havendo já várias queixas formalizadas, algumas das quais dos próprios professores da escola.

Quantos Têm Dias Assim No Escritório?

Não falo de professor@s, falo da malta da conversa de café, de indignações em redes sociais e de dedo leve no teclado em queixumes e exigências.

Já sei que muita gente instalada no sistema dirá que são casos isolados e que o que falta é “formação” aos docentes para lidar com este tipo de ocorrências.

“Os professores têm muito medo, tanto que estes alunos entram nas salas, gritam e só um ou outro os manda embora”. O testemunho de um aluno ao i.

A Triste Banalização

Entretanto, há quem ande muito mais preocupado com a “literacia financeira” como solução para uma sociedade mais inclusiva e menos desigual. Seria piada e não viesse do sobredotado Centeno de Harvard y Eurogrupo.

Encarregada de educação terá pedido para falar por causa de alguns cromos que tinham sido tirados ao menino.

“Eu quero ir embora”: novo caso de bullying, aluna agride colega em escola de Faro. Foi tudo filmado

Mais Uma Necessidade De Substituição Para Agravar A “Realidade Desafiante” Que Atormenta O Pobre Ministro

A agressão terá sido uma “fraude” só para a professora não dar aulas? Ministro Costa… que tal adjudicar umas “juntas éticas” para examinar estas situações?

Vila Verde. Despediu-se a professora agredida por familiares de um aluno

Se Comentar A Sério E Por Extenso, Ainda Me Sai “Disparate”

Felizmente, nunca fui agredido, mas já me insinuaram agressões. Só que, como não gosto desse tipo de “currículo”, tudo ficou por aí, porque não me agradam margens para subtilezas.. Mas ninguém está livre de acontecer coisa destas, ou pior, quantas vezes sob falsos pretextos. Por outro lado, há quem escape pelos intervalos da chuva quando já deveria estar em casa. Felizmente, casos isolados.

Provavelmente, a professora foi agredida por “falta de formação” em qualquer coisa e, hipoteticamente, por estar “envelhecida” para responder à agressão. Contudo, se tivesse resistido à agressão, não faltaria por aí quem a acusasse de ser a agressora.

Cerca de 10 mulheres agrediram esta terça-feira uma professora no Centro Escolar Vila Verde, na Figueira da Foz. Em comunicado, a PSP adianta que a vítima foi “atingida com murros, pontapés e foi arrastada pelos cabelos”, tendo sido transportada para o Centro Hospitalar da Figueira da Foz.

Aguardam-se Desenvolvimentos, Esclarecimentos, Etc

Ou é na base do “come e cala-te que é melhor e dá menos trabalho?” Por outro lado, há quem seja agredido moral e psicologicamente todos os dias, mas não seja notícia de jornal.

Homem foi agredido a soco, tendo ficado ferido na cervical e junto à orelha.

Violência, Indisciplina, Etc

O meu depoimento completo (embora esteja quase todo transcrito) para a peça do Educare sobre o tema.

.O número de agressões contra professores dentro da escola está ou não a aumentar?
Não é possível dar uma resposta rigorosa por diversas razões relacionadas com os métodos e critérios de recolha e tratamento deste tipo de dados. Se em termos mediáticos tem havido um maior noticiário sobre o tema, em termos de proximidade a minha experiência é a de que este fenómeno se tem mantido, só que antes com menor divulgação. Os números “oficiais” parecem indicar uma redução das ocorrências, mas os critérios de recolha dos dados nem sempre são os mesmos e, muito em especial, os critérios para a sua comunicação por parte de escolas e professores estão longe de ser uniformes. porque aquilo que é considerado importante numa escola ou agrupamento nem sempre é tratado da mesma forma em outro. Conheço casos pela comunicação social que têm traços de menor gravidade do que outros que conheci de forma directa ou por testemunho pessoal de quem esteve envolvido. Há casos não reportados por embaraço de quem esteve envolvido, por estratégia da gestão da escola de não criar alarmismos ou mesmo de receio de represálias.
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.O que se está a passar? A falta de valorização da classe docente contribui, de alguma forma, para a perda de respeito por parte de quem agride os professores?
O que se passa quando existem agressões físicas ou verbais a professores é a erosão do civismo mínimo de parte da população. Claro que não ajudou termos governantes ou comentadores na comunicação social a amesquinhar durante anos os professores acusando-os das maiores tropelias, grande parte delas absolutamente imaginárias, desde o desprezo pelo sucesso dos alunos até ao egoísmo de quererem receber “retroactivos”. A última década foi fértil nesse discurso anti-professores, assim como a presente omissão dos governantes desta área tem contrastado com a dos seus pares na Saúde ou Justiça. Claro que existem docentes com práticas que podem merecer crítica, mas o recurso à intimidação e à violência é o sinal de uma sociedade em que os valores da cidadania estão em perda.
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.Quais as medidas que devem ser tomadas? O que fazer? De que forma deve o Ministério da Educação atuar?
A questão não se resolve de forma simples ou rápida. E não deve ceder a imediatismos demagógicos ou limitar-se a intervenções esporádicas. O mais importante seria que o Ministério promovesse, de forma activa, um programa de sensibilização parental para o respeito pelos professores.
E que as associações representativas dos encarregados de educação com maior intervenção na comunicação social não surgissem, em regra, mais preocupadas em apontar as falhas do que em elogiar os méritos. Como encarregado de educação que também sou não me sinto “representado” na generalidade das intervenções feitas pelos que se apresentam como representantes oficiais das organizações parentais, pois parecem só conseguir apoiar os professores a contragosto.
O problema da falta de civismo está longe de se circunscrever a este ou aquele grupo social, pois existem práticas de bullying contra os professores (por alunos e pais) com origem em estratos que se sentem com uma condição superior e que tratam os docentes como uma espécie de assalariados seus.
Isto significa que, antes de tudo, deveria existir o cuidado de não estar de forma permanente a apontar o dedo aos professores pelas eventuais falhas da Educação, negando-lhes quase sempre a responsabilidade pelos méritos. Afinal, a melhoria dos resultados dos alunos portugueses nos últimos 25 anos, assim como uma série de transformações no funcionamento das escolas, aconteceu ao mesmo tempo que se sucederam inúmeros responsáveis políticos mas em que os professores permaneceram quase os mesmos. E isso nem sempre é devidamente reconhecido por aqueles preferem guardar os louros apenas para si.
Avestruz