E Nenhuma É Sobre O Modelo De Gestão Escolar?

Em coerência com o que a deputada Paula Santos afirmou recentemente, durante o debate sobre o projecto MAIA, acerca do maior problema da vida nas escolas, o PCP deve votar contra todas, se chegarem a plenário e muito menos deve apresentar qualquer projecto de resolução ou de lei, certo?

FENPROF fundamenta 4 petições na Comissão Parlamentar de Educação e Ciência

Sábado

Afirmam-se medos quanto ao avanço da extrema-direita pela Europa, com um momento fulcral, amanhã, nas eleições em França. Independentemente dos resultados, interessa saber como aqui se chegou, para evitar que se repita, mas também as habituais desresponsabilizações, e como sair desta situação, a curto ou médio prazo, sem usar fórmulas gastas que no passado correram mal. Porque a História não explica o futuro, mas ajuda a compreender o presente. No entanto, isso só é possível se não servirmos versões truncadas do passado e se evitarmos as tais desresponabilizações.

Quer-me parece que o “como” e o “porquê” não são de complexa determinação: as políticas de terceira via, assépticas, de uma certa “esquerda”, aliadas a uma crença demasiado ingénua (?) ou dogmática nas virtudes da globalização neo-liberal, criaram um estado de marasmo na Europa “comunitária” que foi gradualmente afastando quem decide da larga maioria dos que têm de viver com essas decisões. Afastamento que conduziu a uma crescente desafeição entre quem diz governar para um “povo” que não compreende e uma larga parcela desse “povo”, que se cansou da demagogia centrista. Porque é disso que se trata… de décadas de políticas ditas “progressistas”, “inclusivas”, que nos foram conduzindo a uma situação em que o progresso desapareceu e a inclusão é uma ilusão distopica. Décadas de políticas de teórica “tolerância” que, paradoxalmente, alimentou o crescimento da intolerância.

Tudo servido à opinião pública com vernizes diversos que, agora, se transformam em formas diversas de pâncio perante a criatura que se foi alimentando. E que não se pode combater na base da mistificação e de um pretenso frentismo unitário, onde ninguém confia verdadeiramente em ninguém e apenas pretende defender as suas posições, perante a vaga adversa.

Há dias, li um reputado historiador da minha geração, ex-deputado do PCP, a dar lições sobre o que se deveria fazer e a apoiar a ideia de ressuscitar, em França, a velha política da “Frente Popular”, como oposição ao avanço do “fascismo”. Claro que Manuel Loff tem a obrigação de saber mais do que o início dessa parte da História, pelo que apenas poderá ser por oportunismo consciente que não explicou na sua prosa como tudo acabou em França: com a sua desagregação num par de anos e, a breve prazo, a divisão do país entre a parte ocupada pelos nazis e a governada exactamente pelos fascistas, se assim optarmos por designar o regime colaboracionista de Pétain.

Travar o avanço da extrema-direita, quando ele entrou em velocidade de cruzeiro exige mais do que frentismos de facção. Exige uma firmeza na acção política e governativa, a nível nacional e europeu, que não se pode confundir com acordos das “principais famílias políticas europeias” em torno da divisão dos cargos de topo da União Europeia ou pactos de regime internos que se traduzem em tratados de tordesilhas em tornos dos subsídios europeus. Porque isso apenas alimenta o que se pretende combater. assim como criticar o MP é um estratagema de quem, em primeiro ougar, não deveria contratar gajos que guardam dinheiros de origem duvidosa nas estantes.

Há, do lado das direitas, quem critique o “Não é não!” de Montenegro e queira a “flexibilização”,e nome das conveniências políticas de curto prazo. Não sendo da sua “família politica” ou seu eleitor, não posso deixar de achar que essa foi a afirmação, até agora apoiada globalmente pela prática, mais consistente contra o partido da extrema-direita nacional em quem votou “mais de um milhão de portugueses”. O que se traduziu em meia centenas de parlamentares, boa parte del@s com um comportamento para lamentar na sua boçalidade. Talvez não seja por acaso que esse número tenha descido radicalmente nas eleições europeias, ao perceber-se que de pouco adiante entrar num beco sem saída.

Abandonar o “Não é não!” seria retirar o Chega desse beco. Em termos de credibilidade, é mais importante manter essa linha vermelha do que aproveitar alianças circunstanciais no Parlamento para desgastar os que estão, na esperança de um regresso ao poder com uma versão 3.0 de uma versão nacional de Frente Popular, em que o todo é mais fraco do que a soma das partes. Como se vai percebendo em França, onde a multiplicação de cliques à esquerda resultou numa atomização eleitoral, com diversas equipas a jogar apenas pela manutenção na primeira divisão.