Quantas “Baixas” Vale Uma “Vitória”?

Sinto uma certo desagrado quando leio a euforia de algumas pessoas por terem o “seu” bom acordo. Em especial, quando o leio ou ouço a quem apelou a unidades, uniões e outras ficções. A quem agora feaz as contas e diz… mmmm… isto até me parece bom, portanto, que se lixe quem fica a perder, porque – dizem – já ganha mais do que eu. Não vou adjectivar esta forma de ver as coisas, apenas dizendo que é por essas e outras que não gosto de pseudo-alianças, agrupamentos, abarracamentos, acampamentos e outras iniciativas e colectivos que, curiosamente, olham mais para a sua horta do que eu para o meu quintal.

Aqui por casa, com base em números de um ano atrás (entretanto, muita gente saiu e outra subiu de escalão) este acordo significa um sinal verde e um amarelo. Mas não é por isso que vou esquecer os vermelhos. A maior parte vai ser pretensamente “beneficiada” (se se pode dizer isso de quem apenas recupera o que lhe é devido)? Sim, é inegável. Mas, nesse caso, qual é a fronteira aceitável para as “baixas” em combate?

Não, não foi uma vitória de TODOS os professores. Para bem mais de 20.000 não é nada e para mais de 15.000 é apenas alguma coisa. Melhor do que nada, pelo menos. Parecendo que não, ainda são quase 40.000. Parabéns aos 50.000 que acham que lhes saiu o jackpot.

(duvido que neste momento exista muita gente que esteja abaixo do 4.º escalão e tenha apanhado com os dois congelamentos ou estivesse na carreira em 2007, quando apareceu o ECD da parelha “engenheiro”/”reitora”)

Li há pouco quem sugerisse que, se quem está aposentado ou se vai aposentar se sente injustiçado, faça greve. Pareceu-me que a coisa foi escrita (com variantes em diversos “grupos de professores”) com evidente sarcasmo ou coisa pior. E é por isso que acho que a corrosão de princípios basilares de solidariedade vai degradando cada vez mais um ambiente que nunca foi maravilhoso, mas que é embaraçoso ver atingir novos mínimos de sentido ético.

Há quem, por questões de idade, se vá reformar no 8º ou 9º escalão, porque levou com dois escalões suplementares na carreira onde entrou, com as quotas e com os dois congelamentos. Quem consiga, com sorte, aproveitar a primeira parcela da recuperação. No entanto, vejo quem só agora iria passar por isso, ou parte disso, vangloriar-se pela “vitória”. É por isso, também, que gosto de desalinhar de certas euforias que já se vangloriam de ter os ovos que nem sequer chegaram à cloaca da galinha.

Se há quem sinta necessidade de tirar desforço ou se vingar de alguém, que o faça olhos nos olhos, não por interposto ministro ou sindicato.