Antes (Cristina) E Depois (Ricardo) Da Ronda

Nota-se bem a diferença no tom, independentemente das personalidades.

Os segmentos encolheram de 8 para 6 minutos, incluindo perguntas mais ou menos alongadas? O Ricardo bem “acelerou” pela rua da Betesga abaixo, mas não conseguiu chegar aos 7 minutos.

O tempo em televisão é valioso?

Depende do conteúdo… se é para meia hora depois repetirem declarações sem novidade ou fazerem um “directo” descritivo do átrio do ME.

A Cristina Mota, Pela Manhã

Foram mais 6 minutos, algo que tem de ser repensado, porque esta de encurtarem cada vez mais os “segmentos”, quando chegam a estar horas a mostrar o enésimo missíl russo, com a milionésima análise a um conflito que não anda nem desanda, acaba por revelar que tipo de prioridades informativas existem.

Há quem fique com enorme ciumeira e urticárias com estas aparições, mas há quem não avalie o esforço que exigem, assim como a necessidade de ir além de dizer duas patacoadas da cartilha, em grupelhos do uótesape.

Opiniões – João Barbosa

O Novo Ministério da Educação
Economia? Educação? Qual a Prioridade?

O novo Ministro da Educação, especialista em Economia, além de professor universitário. De facto, prefiro alguém que saiba fazer cálculos e perceba o que é investimento ou o que é desperdício. Mas, será que calcular orçamentos é suficiente para liderar um setor tão complexo e crucial para o futuro do país? Darei o benefício da dúvida.

Relativamente ao novo Secretário de Estado adjunto e da Educação, será apenas um curioso?

Vejamos, Alexandre Homem Cristo, o novo Secretário de Estado da Educação, estudou em escolas de elite e tem os seus filhos a frequentar o ensino privado. Será que, ainda assim, ele realmente entende as realidades da maioria dos alunos e professores?

Para além disso, ficam algumas dúvidas sobre qual a profissão que tem, ou que foi tendo, desde que terminou os estudos. Apesar de acumular títulos como politólogo, presidente da QIPP e “especialista em educação”, apesar de nunca ter pisado uma sala de aula nem dado aulas em nenhum nível de ensino. Então, afinal, qual a sua verdadeira expertise? Será que as suas credenciais são mais baseadas em “conexões” do que em “competências”?

Revisitemos, então, o percurso profissional de Alexandre Homem Cristo. Sabemos que foi assessor parlamentar do CDS-PP, cargo obtido por nomeação e considerando, em 99% dos casos, apenas as conexões, mais conhecido por “factor C”. Devido a essa nomeação foi indicado para o CNE e com isso, acesso a dados privilegiados, escreveu um livro para a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Repare-se nas portas que se abriram só com uma nomeação para assessor.

Também sabemos que escreveu para o Jornal I e posteriormente para o Observador, neste último, ficou conhecido por alguns artigos mais polémicos, como aquele com o título de “Temos maus Professores”,   que escreveu em 2014 e onde dizia que “em nenhuma área há uma concentração tão grande de estudantes com baixo nível socioeconómico. Assim, em termos gerais, quem quer ser professor são os piores alunos, os mais pobres e os menos cultos.”

A perceção global é a de que parece ter mais talento para se “posicionar” em função das conexões, do que ir subindo através da competência. Será que algum dia teria conseguido um cargo tão importante se não fosse pelos seus contactos?

Em Portugal não é raro vermos este tipo de modus operandi, na política então é o mais comum, mas estes casos levantam questões sobre o “mérito” e o “sucesso” na sociedade atual. Será que as “conexões” e a “imagem” são mais importantes do que a “experiência” e a “competência”?

Este caso, em específico, coloca-nos a refletir sobre o futuro da educação em Portugal. Que tipo de líderes queremos para este setor tão importante? Qual o papel da “meritocracia” na sociedade contemporânea?

Apesar das dúvidas sobre as qualificações e motivações do novo SE, desejo-lhe, e ao Ministro, sucesso. A Educação do país precisa de mais do que “aparências” e “conexões”. É hora de priorizar o “mérito” e a “competência”.

João Barbosa, professor aposentado