4ª Feira

Na próxima 6ª feira, como já deixei por aqui há uns dias, vai a plenário, no horário que o Parlamento dedica às petições, a petição pelo fim do projecto MAIA, de que foi primeira subscritora a Dália Aparício, seguindo-se o João Aparício e o Luís Torgal. Foi uma iniciativa que ultrapassou as 10.000 assinaturas numa semana porque corresponde à recusa de algo que tem abafado o trabalho de muitos docentes, nasquelas escolas onde as lideranças estão mais preocupadas em fazer boa figura perante a tutela do que em fazer boa coisa para os alunos (e professores). Há perto de um ano, foi recebida uma delegação na Comissão de Educação para apresentar os fundamentos da dita petição, o que foi feito pela Dália e o João, que convidaram o Prudêncio, o Ricardo e a mim para os acompanhar, tendo ficado a Eulália Paulo do lado de fora, a dar apoio. A descrição sumária do que se passou está aqui.

A petição foi feita e defendida quando estava no poder o PS e será agora discutida em plenário quando está no poder a AD. Foi feita e defendida usando informação concreta, usando argumentos “técnicos” para demonstrar a forma como atrofia o trabalho dos docentes, sem qualquer ganho relevante para o desempenho dos alunos, apesar da propaganda feita, do apoio explícito do ME e de uma estrutura espalhada pelo país para promover o projecto e a colaboração diligente da IGEC na inquirição dos docentes, como também foi lá testemunhado.

Na altura, anotei as presenças e ausências (é curioso que há quem na altura tenha optado por não aparecer, que agora apresenta projecto de resolução) e a atitude d@s presentes, sendo visível na gravação da sessão quem se incomodou ao ponto de sair e como a delegação se afastou das tricas parlamentares que vieram à superfície numa ou outra intervenção deste ou aquele deputado. A coisa fez-se olhos nos olhos, no sítio devido, à hora e em condições que nos foram marcadas, sem grande margem para mais nada, que o presidente da Comissão primou por um excesso de zelo que não conseguiu ocultar por completo algum enfado com estas coisas.

Porque escrevo isto, agora? Porque esta petição foi feita em defesa do trabalho dos professores e esse foi o seu contexto “político”, sem qualquer deriva de tipo partidário. Não se levaram cartazes, megafones, slogans, camisolas a condizer, nem se andou à cata de câmaras e microfones. Fotografámos o grupo para memória futura, a Dália e o João tiveram e regressar a casa nessa noite e os outros quatro foram jantar ali perto. O interesse e o foco sempre estiveram na causa, não na promoção de outro tipo de agendas ou busca de destaques individuais ou de grupo.

Por isso, e por muito que há quem diga que é em defesa da causa que irão aparecer, vai-me começando a cheirar um pouco a esturricado certas movimentações em torno deste debate em plenário, a que irá uma delegação de peticionários que, no essencial, será a mesma de há um ano, que o Luís parece estar impedido de novo. Porque quem merece todo o destaque são a Dália e o João e não gostaria de ver gente a colocar-se em bicos de pés para a fotografia deste momento. Uma coisa é demonstrar-lhes apoio e solidariedade, outra é aproveitar a ocasião para armar um arraial dos santos populares, que o Santo António já se acabou.

Estas minhas observações são feitas a nível pessoal, porque sei que a Dália e o João são imensamente mais generosos e menos cépticos do que eu. Confesso que o tempo não me tem feito mais paciente ou caridoso com algumas tretas, antes acentuando alguma misantropia. Nem me tem aumentado o desejo por compromissos ou fingimentos vários, mas apenas o gosto por escrever com a possível liberdade (claro que a corda nunca fica toda solta…).

Dito isto, ainda nem sei se vou poder ir na delegação “oficial”, porque o horário de entrada é agreste para outros compromissos, dificilmente adiáveis ou remarcáveis. Só mesmo de véspera informarei a Dália e o João disso mesmo. Mas não queria deixar de escrever, desde já, isto mesmo e só isto. Por enquanto.

Amanhã, logo escrevo qualquer coisa sobre o modo como o novo PS e a AD poderiam ter coragem para fazer diferente e mostrar como o seu interese é mesmo o de criar melhores condições para o trabalho de todos nas escolas.

11 opiniões sobre “4ª Feira

  1. Também sofro de ceticismo, cada vez mais crónico.
    “PS e a AD poderiam ter coragem para fazer diferente e mostrar como o seu interese é mesmo o de criar melhores condições para o trabalho de todos nas escolas.”
    Queria acreditar, mas não acredito.
    Seria uma enorme ausência se não pudesses ir. Pensava que o Paulo Prudêncio também iria.

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  2. Parabéns aos docentes que tiveram a iniciativa, que assinaram e que deram a cara.

    Gostava que alguns docentes corajosos e com “saúde” fizessem circular uma petição para acabar com o atual modelo de gestão das escolas, onde não há uma separação efetiva de poderes, estando o diretor em quase todos os órgãos decisórios.

    É incompreensível que o diretor, presida (dirija) a SADD. Nesta não deve ter ninguém indicado pel@ diretor(a)!

    Mas, há mais.

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  3. Concordo com o Agostinho . Nenhum partido quer fazer algo sobre a Educação. Nem o dito ” arco da governação”. Os interesses deles é que a educação fique como está ou piore….Nunca houve, nem há vontade política desde a esquerda a direita…

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  4. Como podem os parlamentares olhar com enfado para questões de educação. Preferem aviões para ir ao futebol e boleias para Bruxelas!

    Putrelíticos!

    Parabéns para os que não desistem de trabalhar para um país melhor!

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  5. Entretanto, pela plataforma de supervisão e classificação de provas do IAVE apela-se à serenidade:

    “Fomos informados de que um problema técnico, que está a ser resolvido, levou à redistribuição de itens já classificados. Apelamos a que todos aguardem serenamente pela resolução desta situação.”

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  6. De alguém, como eu, que trabalha numa escola fundamentalista do Projeto Maia, desejo sinceramente que este projeto, mais os seus seguidores vá para o c…….

    Nao ligo a rankings mas de uma escola que estava quase sempre nos 100 lugares no ranking dos exames a nivel nacional, com encarregados de educação com 13, 8 anos de escolaridade média, em que somente 15% dos alunos usufrui do ASE passa para abaixo dos primeiros 200 lugares nos últimos 3 anos, devido ao maldito MAIA, está tudo dito. Tudo tambem devido a um diretor sem qualquer sentido crítico, que agora ficou chateado porque os inspetores de avaliação externa terem dito que a escola não cumpria as classificações esperadas nos exames nacionais.

    Quem agradeceu foi o Novo Colégio da Maia. O inferno está cheio de boas intenções.

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