Faltam Sempre Perguntas

Uma coisa que fica entre o curioso e o deprimente no novo jornalismo ou nas novíssimas entrevistas em podcasts com gente amiga ou a quem não se quer desagradar, é a ausência de perguntas de continuidade, a partir das respostas anteriores.

Exemplo: um ex-governante com uma enorme sensibilidade social, partilhou há uns dias que andou na escola com colegas que se prostituíam aos 14 anos. O que não lhe perguntaram a seguir, foi se fez alguma coisa em relação a isso ou o que foi feito por quem tomou conhecimento de tão dramática situação. Porque não acredito que, mesmo tendo apenas 10 aninhos, não tenha dito a ninguém o que se passava. Até acredito que algo tenha sido feito na escola, mas neste novo modelo de entrevistas fofinhas, fica-se apenas com a parte “sensível” d@ inquirid@, com a sua “irritação” com as desigualdades, deixando de lado as perguntas que se podem revelar mais incómodas como… o que fizeste acerca disso?

3 opiniões sobre “Faltam Sempre Perguntas

  1. Conversa “fofinha”.

    Faltou, como aconteceu muitas vezes, o confronto e o contraditório. Perguntas muito incisivas.

    Se uma pessoa é convidada para uma pasta tão importante, crucial para o presente e futuro, é suposto estar à altura das responsabilidades.

    Estando o ex-ME desde 2015 (como secretário e depois como ministro) por que razão não conseguiu acompanhar e prever a falta de um ou mais professores que afetaram durante meses mais de 30 000 alunos?

    Por que não “descongelou” os 6 anos, 6 meses e 23 dias de trabalho que os professores já tinham efectuado?

    Não quis ou não o deixaram?

    Por que não investigou ou mandou investigar o facto de 48% dos casos de violência nas Escolas não constarem nos relatórios oficiais (ver estudo do Doutor Miguel Rodrigues)?

    E não alterou o modelo de gestão escolar porque…?

    Mais de 46 000 docentes efetivos de QE/QA candidataram-se para mudar de agrupamento…porque não gostam o modelo de gestão dos mesmos.

    Gostar

  2. Efetivamente, mais importante do que as respostas, são as perguntas, até porque esse senhor fala muito e dá muitas respostas, mas nunca respondeu verdadeiramente e com verdade às perguntas/questões que os professores lhe colocaram. Está visto que não gosta de perguntas, sobretudo as dos professores.

    A propósito desse podcast, já não é a primeira vez que vejo e ouço ilustres pessoas (políticos) dizerem que quando eram crianças viviam revoltados por serem ricos e terem tudo e mais um par de botas e por muitas crianças que eram seus colegas não terem o mesmo. Lembram-se de o Pedro Nuno Santos ter dito o mesmo? Se isso os fazia assim tão infelizes, pergunto se chegaram a dividir alguma da sua riqueza com os tais colegas, ou se os ajudaram de alguma forma, ou se fizeram voluntariado para ajudar os pobres a serem menos pobres, ou se enquanto ministros e deputados fizeram alguma coisa para diminuir as desigualdades sociais e económicas que tanto os fazia sofrer na infância. Eles sim, tiveram mais esse privilégio e essa vantagem na vida, tornando-se ainda mais poderosos, podendo fazer a diferença para melhor, e não virem agora derramar lágrimas de crocodilo com demagogia barata como se muitos problemas do passado não existissem ou fossem os mesmos ainda no presente. E eles foram e são os responsaveis por isso, ou pelo menos ajudaram outros a ser.

    Liked by 2 people

  3. Darem protagonismo a um senhor, que nada acrescentou de relevante para a Escola Pública?

    Dar protagonismo a um senhor, que teimou em não aceder às expectativas e exigências legítimas dos docentes?

    Qual o grande e louvável legado desse senhor doutor para a educação, ensino e escola publica?

    Gostar

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.