PS-PCP: A Aliança Em Defesa Da Hiper-Burocracia Distópica Nas Escolas (Perante A Cumplicidade Do PSD)

A posição do PCP é ainda mais “notável” quanto a rejeição, caso se tivesse abstido ou votado a favor, seria assegurada pelos votos do PS.

Quanto à abstenção do PSD, em forma de “nim”, apenas demonstra como existe um “pacto de regime” na Educação em quase tudo, tirando uns detalhes na avaliação dos alunos e nos conteúdos da disciplina de Cidadania.

5ª Feira

Sei que estas decisões já estão tomadas e que são definidas mais por tácticas políticas do que por convicções ou poela justeza das causas, Mas, se há matéria que submerge o trabalho de muitos docentes é exactamente a da burocracia associada à neessidade demonstrar que se fez tudo para que o aluno se empenhasse no seu próprio sucesso. O “MAIA” não é caso único ou singular, muito menos é “inovador”. Apenas é massacrante e destituído de sentido para uma verdadeira melhoria das aprendizagens dos alunos. É uma teorização balofa, palavrosa, redundante, que se tem traduzido – cortesia de elites locais que engoliram umas formações e talvez até tenham lido um par de livros na última década – num delírio em tons de excel, mas também de outras ferramentas para registar toda a treta irrelevante ou para lá caminhando.

Não adianta virem dizer que a teoria era virtuosa e que os humanos é que a desgraçaram, como acontece quando se fala do modelo de gestão escolar ou da avaliação do desempenho. Ou de outras ideologias com passados tenebrosos. Para avaliar o nível de burocracia e desperdício, basta ver que só na equipa coordenadora há 15 elementos, fora as extensões locais. E tudo com o apoio empenhado do ME ao longo dos anos, a actual cobertura do seu criador, agora a presidir ao CNE e extensões de controle através das inspecções pedagógicas da IGEC. Não esquecendo a parte da formação contínua. Perante todo este aparato, percebe-se que, em muitas escolas, o pior das mentes formatadas e formatadoras vem logo ao de cima.

Que fosse uma metodologia, apresentada como uma entre outras, não me chocaria. Agora ser uma espécie de ideologia oficial do ME, para mais ao abrigo de algo que se afirma como “autonomia e flexibilidade” é ridículo.

Em tempos de necessidade de cativar/reter/atrair professores, seria importante que os partidos que regem a Educação desde quase o nascer dos tempos democráticos entendessem que nada disto beneficia os alunos, excepto na parte em que há muitos professores (não vale a pena negá-lo), que para evitarem chatices maiores, aderem de alma defunta a tudo isto e despejam sucesso sobre as pautas, para ficar bem nas estatísticas, nos relatórios de autoavaliação e na propaganda para consumo externo, a exibir em encontros com matizes quase evangélicos.

Estou a ser demasiado agreste e condescendente com gente que “só está a tentar fazer o seu melhor”? Acredito que sim, mas confesso que se isto é o vosso melhor… abstenham-se e façam apenas o vosso normal.

Até porque este que aqui escreve já esteve directa ou indirectamente ligado, por estes dias, a uma meia dúzia de “milagres”, sem necessidade de tanta conversa fiada. Sem necessidade de uma parafernália de grelhas.

Indo ao essencial: mais do que viabilizar “resoluções”, PS e PSD deveriam promover o regresso do “projecto MAIA” às proporções que deveria ter tido sempre. Se não o querem extinguir, suspendam-no, não o andem a enfiar pelas goelas abaixo das escolas, sob pena de não terem uma avaliação externa generosa. Avaliem a coisa, sem ser apenas com o testemunho dos seus proponentes e crentes. Se estão preocupados com a aprendizagem dos alunos, não classifiquem como “excelentes” lideranças que promovem activamente a ignorância arrogante e a desafeição ao Conhecimento. Que confundem tudo, maquilhando o vazio.

Querem ajudar as escolas, os alunos e os professores? Tenham a coragem de cortar com práticas de um passado mais ou menos recente, pleno de uma retórica de boas intenções que apenas nos faz regredir várias décadas, mais ou menos elogios da OCDE, só para que algumas pessoas sintam que o que aprenderam há meio século é que era.

O presente não deveria ser isto. O futuro não pode ser isto.

Uma Das Raríssimas Selfies Sem Marcelo

Em tempo de provas finais, exames, reuniões de avaliação e etc, há, pelo menos, uma “equipa de proximidade” que quer isto respondido até 6ª feira pel@s docentes lá da zona.

O ano passado, soube de algo parecido em outras paragens, até aqui mais próximas. quem me enviou, fez o favor de retirar os elementos identificativos d@ destinatári@.

Lá Vamos Nós De Novo…

Em diálogo com a Assembleia da República, contribuir para a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986, alinhando-a com os desafios do século XXI;

Redefinir o papel do Ministério da Educação, Ciência e Inovação atribuindo responsabilidades de regulador e não de decisor sobre o funcionamento de todas as escolas públicas;

(…)

Melhorar a eficiência, criando uma plataforma integrada de todos os serviços do Ministério da Educação, Ciência e Inovação e investindo em recursos digitais que simplifiquem os processos administrativos. (pp. 105-106)

Em primeiro lugar, o século XXI já vai bem avançado para estar sempre a servir de ponto no horizonte ou miragem. Estamos bem dentro do dito cujo e os “desafios” são os de sempre na Educação… conseguir acompanhar os tempos, dando bases sólidas aos alunos e não tanto fazer futurologia, em especial quando é demasiado condicionada por crenças e crendices, mais modernaças ou mais ubuntuzadas.

Em segundo, a redefinição do “papel do Ministério da Educação” regressa, não se percebendo se será numa nova versão da “implosão” ou se o papel de “regulador” é no seu verdadeiro sentido, se é meramente no de controlador ideológico e braço administrativo armado do poder político, como se tornou a regra nas últimas duas décadas, com os serviços centrais do ME a servirem apenas para, na larga maioria dos casos, validar os abusos cometidos pelos controladores locais (não é uma afirmação vaga… tenho demasiados casos concretos em arquivo). Aliás, aliada à criação da carreira de directores escolares, esta medida pode agravar ainda mais os ambientes tóxivos e dificultar a “respiração” no quotidiano escolar.

Em terceiro… não sei se ria, se chore, com mais uma “plataforma integrada”, atendendo à experiência que vamos tendo de labirintos burocráticos digitais. Parafraseando um dito conhecido, sempre que leio/ouço falar em “simplificação”, saco da arma, desculpem, do teclado. Em especial se isso significar a enésima reintrodução dos dados dos alunos, das matrículas, dos horários, mas medidas universais, adiconais, paranormais ou outras que tais, mais a respectiva planificação, “monotorização”, avaliação, reformulação e acrecida confusão.

Simplificar os procedimentos não implica mais nenhuma “plataforma integrada”, apenas saber conceber circuitos, fluxos ou fluxogramas da informação, do registo à sua utilização, que sejam intuitivos, funcionais e não redundantes.

Não nos venham com mais uma variante de “simplex”.

Não digam que vão fazer mais uma coisa para simplificar, limitem-se a simplificar, p0Rr@!

Burocracia Docente – 2

Teachers Are Drowning in Bureaucracy and Bad Planning 

There are more time-consuming documents and digital platforms that multiply teacher’s responsibilities to produce information that has nothing to do with improving the academic performance of students.

Public education seeing ‘huge increase in bureaucracy’

Exploring teachers’ admin time
Research report

Teachers most commonly reported carrying out pupil and curriculum focused administrative tasks (typically on a daily or weekly basis), including:

  • Recording incidents related to pupil safeguarding and/or health and safety.
  • Recording and following up incidents related to pupil attendance and behaviour.
  • Responding to requests for information on individual pupils from colleagues and
    parents/carers.
  • Photocopying.
  • Recording pupil assessment data.
    Across the school year, teachers completed several other administrative tasks:
  • Organising school trips.
  • Creating class displays/working walls.
  • Providing homework and curriculum information.
  • Organising outside speakers.
  • Writing/providing updates for the school website

Time spent on administrative tasks

Participating teachers and middle leaders reported spending an average of 2 hours per day on administration, across both primary and secondary phases2. Time spent on administrative tasks was variable across the school year. For example, at the start of the school year, additional time was spent on reading and updating policies, curriculum plans
and performance management related tasks.

Mas Qual Simplex?

Basta chegarmos à semana final do 1º período – desculpem lá, malta semestral – para se perceber que qualquer desburocratização é uma ilusão. em vez de reduzirem a confusão algumas escolas criam novas camadas de treta burocrática, nenhuma dela com qualquer vantagem para as aprendizagens reais dos alunos, mas apenas com a intenção de dificultar o trabalho dos professores, de os fazer perder tempo, mas principalemnte para os responsabilizar pelos inconseguimentos alheios.

De que adiante inquirirem sobre formas de simplificação, se depois só sabem complicar ainda mais?

A razão não está apenas na chonice que acometeu muita gente – basta ver como já lamentam o eventual travão a algumas “políticas” e desculpabilizam a quebra nos resultados – mas quer-me parecer que também residirá em algum vazio existencial e falta de perspectivas de qualquer realização profissional externa à produção destes disparates. Usassem o tempo para ler alguma boa literatura, que ensaios fazem doer a cabeça, ou fossem ver algum teatro ou comer uns petiscos maneirinhos, com menos chá e quinoa, e talvez não fossem pessoas tão chatas e, pior ainda, talvez não se preocupassem tanto em chatear quem tem vida para além do excel.