Por Vezes É Preciso Demonstrar O Óbvio

O que é chato. e<mbora eu saiba que, depois, aparecem sempre aquel@s que começam a considerar que o conceito de “exigência” é relativo, contextual e contestável, mas é malta que é capaz de dizer o mesmo e o seu contrário em menos de uma página.

Um estudo recente indica que os alunos de professores exigentes obtêm maior sucesso a longo prazo. Este foi o resultado a que chegou uma equipa de investigadores de universidades americanas após comparar milhares de alunos e respetivos professores de Matemática ao longo de um período de dez anos. Este resultado contraria o receio de que as expectativas elevadas pudessem fazer os jovens resistirem ou desistirem.

Há Estudos Que Descobrem Coisas Fantásticas!

O ambiente da escola e a qualidade da gestão dos agrupamentos escolares aparecem associados ao sofrimento psicológico dos docentes, com algumas variações e agravamento com a idade e o tempo de serviço, afetando principalmente as mulheres e registando variações regionais.

Isto vem na página V. Na página VI surgem as recomendações a que daqui a pouco já me dedicarei com natural interesse 😉 Mesmo se acho a amostra muito curta (menos de 1500 docentes), para tanta instituição que aparece associada ao estudo.

A Sério [Vários Pontos De Exclamação E Interrogação, Como Agora É Moda Para Mostrar “Assertividade”]

Researchers have conducted a massive, unprecedented statistical analysis of public school teacher salaries and student standardized test performance in the United States, finding that when teachers are paid more, students score higher.

O artigo que resulta do estudo original está aqui.

Mais Um “Estudo”

Desta vez é o apuramento dos resultados daquele inquérito sobre Capacitação Digital dos docentes do ensino superior que se andou a preencher e que dava pela designação estranha de “Check In”. Uma equipa da Universidade de Aveiro considera-o um “estudo pioneiro”, o que fica sempre bem, em especial quando solicitado pela DGE.

Há um par de detalhes que deveriam ser tidos em conta, antes de se passar para o principal que é o facto dos resultados dos professores portugueses até serem melhores do a média europeia.

Primeiro detalhe: os investigadores da Universidade de Aveiro traduziram o inquérito para português, não o criaram. O original está aqui. O que fizeram foi coligir os dados recebidos porque, ao que parece, os serviços do ME são incapazes de o fazer. Neste caso, não sei qual o custo, porque não detecto nada na base.gov.

Segundo detalhe: o inquérito prestava-se a dúvidas, porque colocava questões sobre as práticas dos docentes e nem todos perceberam que havia lá uma introdução a explicar que se deveria responder acerca do que se conseguiria fazer se existissem condições ideais. Grande parte respondeu com o que fazia, com os meios efectivamente disponíveis.

Terceiro detalhe: por isso, algumas conclusões que foram retiradas quando à falta de capacitação digital da maioria dos docentes talvez merecesse uma melhor caracterização, que não apenas o já cansativo e preguiçoso argumento do “envelhecimento”.

Disto isto:

Margarida Lucas aponta que os resultados “estão em linha com resultados apurados noutros países europeus” sendo que, em alguns casos e em relação a áreas específicas de competência, são até melhores. “Há vários fatores que podem ajudar a explicar os resultados, sendo um deles o facto de termos um corpo docente envelhecido que não foi preparado para esta realidade e que pode não ter optado, ao longo da sua carreira, por investir nesta área”, explica.