Categoria: Evidentemente
Afinal, Sei Ler!
Porque não chega autoavaliar-nos como grandes entendedores da coisa. Há que entender mesmo o que está escrito, sem ser preciso ter andado à escola com o Vital, o Canotilho e o PR.
Ministério da Educação esclarece: serviços mínimos são apenas para a greve convocada pelo Stop
Há Estudos Que Descobrem Coisas Fantásticas!
O ambiente da escola e a qualidade da gestão dos agrupamentos escolares aparecem associados ao sofrimento psicológico dos docentes, com algumas variações e agravamento com a idade e o tempo de serviço, afetando principalmente as mulheres e registando variações regionais.
Isto vem na página V. Na página VI surgem as recomendações a que daqui a pouco já me dedicarei com natural interesse 😉 Mesmo se acho a amostra muito curta (menos de 1500 docentes), para tanta instituição que aparece associada ao estudo.
A Sério [Vários Pontos De Exclamação E Interrogação, Como Agora É Moda Para Mostrar “Assertividade”]
Researchers have conducted a massive, unprecedented statistical analysis of public school teacher salaries and student standardized test performance in the United States, finding that when teachers are paid more, students score higher.
O artigo que resulta do estudo original está aqui.
Mais Um “Estudo”
Desta vez é o apuramento dos resultados daquele inquérito sobre Capacitação Digital dos docentes do ensino superior que se andou a preencher e que dava pela designação estranha de “Check In”. Uma equipa da Universidade de Aveiro considera-o um “estudo pioneiro”, o que fica sempre bem, em especial quando solicitado pela DGE.
Há um par de detalhes que deveriam ser tidos em conta, antes de se passar para o principal que é o facto dos resultados dos professores portugueses até serem melhores do a média europeia.
Primeiro detalhe: os investigadores da Universidade de Aveiro traduziram o inquérito para português, não o criaram. O original está aqui. O que fizeram foi coligir os dados recebidos porque, ao que parece, os serviços do ME são incapazes de o fazer. Neste caso, não sei qual o custo, porque não detecto nada na base.gov.
Segundo detalhe: o inquérito prestava-se a dúvidas, porque colocava questões sobre as práticas dos docentes e nem todos perceberam que havia lá uma introdução a explicar que se deveria responder acerca do que se conseguiria fazer se existissem condições ideais. Grande parte respondeu com o que fazia, com os meios efectivamente disponíveis.
Terceiro detalhe: por isso, algumas conclusões que foram retiradas quando à falta de capacitação digital da maioria dos docentes talvez merecesse uma melhor caracterização, que não apenas o já cansativo e preguiçoso argumento do “envelhecimento”.
Disto isto:
Margarida Lucas aponta que os resultados “estão em linha com resultados apurados noutros países europeus” sendo que, em alguns casos e em relação a áreas específicas de competência, são até melhores. “Há vários fatores que podem ajudar a explicar os resultados, sendo um deles o facto de termos um corpo docente envelhecido que não foi preparado para esta realidade e que pode não ter optado, ao longo da sua carreira, por investir nesta área”, explica.
A Evidência Da Complexidade
Por uma questão de cortesia, tenho evitado comentar prosas incluídas no suplemento do JLetras/Educação, no qual sou colaborador há uns anos. Já li por lá algumas barbaridades, capazes de me fazerem enviar as barbas aos céus, mas tenho-me contido. A começar pelas platitudes e banalidades do ministro e continuando pelas peças de propaganda do secretário, até desaguar nas réplicas de alguns cortesãos, para quem a minha presença numa daquelas páginas deve funcionar como uma estranha anomalia.
Mas desta vez não há mesmo forma de um tipo se calar, porque o nível do discurso (e do “pensamento” que lhe parece estar subjacente) atingiu níveis mesmo insuportáveis de demagogia. O destaque da prosa deste mês do secretário João Costa é uma “evidência” do que ele parece considerar “complexo”.
Ao que parece foi preciso arranjarem um indicador qualquer para demonstrar o que todos sabemos desde que o matusalém descobriu as fraldas para idosos incontinentes, ou seja, que há alunos que com um mesmo contexto socio-económico atingem níveis de desempenho diferentes. Ele refere que isso acontece em escolas diferentes, mas eu acrescentaria que até acontece nas mesmas escolas em que não se inventam notas. Alunos com perfis socio-económicos semelhantes têm desempenhos académicos diferentes? Meu Deus, que “evidência” inovadora. E isso foi medido só para os “pobrezinhos” ou também recolheram “evidências” de desempenhos divergentes em alunos de meios favorecidos?
Já agora… tal constatação, a menos que devidamente apoiada em outro tipo de dados, não permite, por si só, garantir que a escola é o factor decisivo de mobilidade social. O SE Costa sabe isso, pelo que o que lá vem escrito é que “a escola pode mesmo ser fator de mobilidade social”.
Pode, claro que pode, senhor secretário. Poder, pode. Mas será que, em regra, isso acontece, se acompanharmos o percurso dos alunos pelo menos até à sua inserção na vida profissional e como isso se desenvolve na idade adulta em termos de estabilidade e nível de rendimentos?
Ahhhh… já sei… isso é um problema “complexo”.
Como Seria De Esperar
Apesar das pessoas muito inteligentes falarem no “contágio zero”, ignorando que o problema mais grave não era dos portões para dentro.
O Fecho das Escolas Teve o Efeito Brutal na Queda da Curva dos Novos Contágios
Encerramento das escolas, que levou a menor mobilidade, e as medidas mais restritivas impostas pelo Governo ajudaram a uma queda mais rápida da taxa de transmissibilidade, mostram estimativas do projecto Covid19 Insights.
Eu Não Sou “Especialista”, Mas Há Semanas Que Cheguei A Tal Evidência
Marcelo Rebelo de Sousa cancelou agenda, depois de ter tido um resultado positivo para a covid-19 e assistirá, por videoconferência, à reunião desta manhã no Infarmed. Portugal registou na segunda-feira um novo máximo de mortes: 122.
Faltam Enfermeiros E Professores?
Se Há Coisa Que Admiro Em Alguns Estudos São As Conclusões Quase Todas Absolutamente Inesperadas
Embora neste caso exista uma que contraria por completo uma série de teses de sociologia tipo-isczé (e não só) sobre a (in)capacidade da escola pública ajudar os mais desfavorecidos. O resto são daquelas evidências que todos sabemos, mas é preciso alguém vir validar com selo de “ciência”. Tudo isto é mais do que óbvio, só é pena toda a encenação feita em seu redor para justificar “nichos de mercado” académico subsidiodependente. Já agora, nada disto começou em 2005 ou 2011. Ou sequer em 2015.
Desempenho e Equidade: uma análise comparada a partir dos estudos internacionais TIMSS e PIRLS
(…)
Nessa medida, destacam-se algumas das conclusões do estudo: i) “Alunos com origem em famílias com elevado Capital familiar têm melhores desempenhos do que os alunos com origem em famílias com menos recursos económicos e sociais”; ii) “Quanto melhor os alunos dominarem ferramentas básicas de literacia e de numeracia antes de iniciarem a escolaridade, maior é a probabilidade de terem bons desempenhos em Leitura, em Matemática e em Ciências no 4.º ano de escolaridade”; iii) “Uma frequência mais prolongada de Programas de educação e cuidados para a primeira infância é mais relevante para os alunos de famílias com menos recursos”; iv) “Portugal apresenta a percentagem mais elevada de alunos provenientes de escolas de meios maioritariamente desfavorecidos que conseguem alcançar, em todos os domínios, pontuações acima da média internacional”; v) “Os alunos que frequentam escolas mais orientadas para o sucesso escolar obtêm melhores desempenhos”.