Proposta – O “Passaporte Da Luta”

Estava a observar um “passaporte” para os alunos que foram a uma Feira da zona onde dou aulas e a pensar que deveria existir uma coisa semelhante para os profissinais de todas as lutas carimbarem as presenças. Participação numa manifestação, um carimbo; vigília, dois carimbos (com cobertura mediática, três); organização de evento/material criativo, dois carimbos (três se despertar alguma celeuma); criação de grupo no uótesape ou no feicibuque para escrever cenas baris sobre a luta e angariar gostosuras, três carimbos (a mera participação só dá direito a um); ida a estúdio televisivo, quatro carimbos (se for muito, muito desejada, pode levar carimbos a dobrar, para ultrapassar a concorrência).

É bom que se note que acho que a manutenção diária de um blogue de má-língua selectiva não merece carimbo, ok? Não gosto de imaginar coisas em benefício próprio.

Começa agora, sem direito a retroactivos, para não criar assimetrias ou gerar desigualdades.

Quem preencher primeiro o passaporte ganha um megafone e um PA para discursar às massas, mesmo que sejam apenas cotovelinhos dos pequenitos.

Adenda: a pimeira edição foi em 2008-09 e a segunda em 2018.

Calimero Articulista

O ex-ministro sonso tornou-se articulista no espesso semanário do regime. Deve achar que tem vocação para a análise política. Como é bestial, lembrou-se ir ao Hemicycle Party e explicar que não existem quaisquer coligações negativas no Parlamento entre o PS e o Chega contra o governo da AD.

Como é manifestamente evidente que têm existido convergências em votações sobre matérias relevantes (e não sobre minudências) entre aqueles dois partidos, o Calimero ex-ministro decide explicar a situação presente com base nos dados da anterior legislatura.

Bestial!

Ainda vai tirar o lugar ao MST na fabricação de enredos.

Ou isso ou realmente tem uma aversão à História, o que explicaria a validação que deu ao seu estraçalhamento na matriz curricular do Ensino Básico.

Porque existem dados sobre esta legislatura, sobre aquilo que está mesmo em causa, a XVI legislatura e não a XV. E nem sequer seria muito problemático demonstrar que existe um afastamento entre o PS e o Chega, mas se calhar os dados concretos do presente não teriam efeito tão dramático quando se usam números na ordem dos milhares de votações..

Mas vejamos a matriz completa das distâncias nas votações desde o dia 19 de Abril de 2024:

O PS é realmente o partido que menos vota em sintonia com o Chega, mas é da IL que está mais afastado. Aliás, o PS tem votado maioritariamente em desalinhamento com a maioria dos outros partidos (com a relativa excepção do PCP e também do Livre). Para além disso, o CDS está quase tão longe da sintonia com o Chega quanto o PS. Até está mais longe do que o Bloco.

O PAN, o Livre, o PCP e o Bloco estão mais longe do CDS e do PSD do que o PS está do Chega.

O ex-sonso ministro, agora alegado bestial articulista, que aos outros chama Calimero, claro que trunca a informação, como pareece ser traço da sua personalidade política (enfim…), não revelando que o PS é o único partido que viu todas as propostas que apresentou (3) serem aprovadas na generalidade nestas últimas semanas. Em contrapartida, a IL viu as suas 11 rejeitadas, o que lhes daria boa razão para se “calimerizarem”, enquanto o PSD conseguiu aprovar apenas 1 em 3 e o Chega 1 em 4.

Como fomos aprendendo ao longo do tempo, o ex-segundo Costa é um espertalhão, que acha que os outros são idiotas e não sabem pesquisar informação e apresentá-la de um modo completo. Sem baralhar o tempo e contexto de cada situação. Não está aqui em causa se o que foi aprovado ou rejeitado foi bom ou mau. Está em causa a falta de seriedade e rigor com que se apresentam (e seleccionam ou martelam) dados pretensamente objectivos.

O que o neófito articulista do espesso semanário faz é o equivalente a explicar a classificação das primeiras jornadas de um campeonato com base nos resultados do campeonato anterior, apesar da mudança das equipas e até dos treinadores.

Nada de novo, mas que não deve ser passado em claro, mesmo se o espesso semanário se parece cada vez mais com o albergue do situacionismo de fancaria.

Até porque ele levou muito tempo a chamar mentirosos aos outros, armado ele, sim, em Calimero da treta.

A Proposta De Hoje

Embora se possa ler no Público que “Sindicatos já ouvidos admitem “abertura” do Governo para negociar revogação do “acelerador”.” Aliás, a inclusão desse ponto foi uma absoluta desnecessidade (em que programa eleitoral constava?), por muito que este ou aquele “negociador” ache que a questão é divertida ou que deve ser deixada à conta de uma espécie de “liberdade de escolha”.

A Cristina Mota, Pela Manhã

Pelo que percebi, desta vez houve mais gente a aparecer pela manhã, alegando um carácter “inorgânico” e uma (desconhecida) “independência” sindical, já que se conhece a filiação da maioria da dezena dos vigilantes, para validar essa presença. Aguarda-se o tão desejado convite para uma ida (inorgânica) ao estúdio.

2ª Feira

Complexidades

(…)

Se a complexidade é algo de que o debate político e a sua análise se têm tentado livrar, isso não significa que se tenha optado pela simplicidade, mas sim pelo simplismo das formulações. Um pensamento complexo pode formar-se a partir do encadeamento de ideias, conceitos e argumentos simples, numa rede clara de relações e causalidades. Outra coisa, antinómica, é a opção por um amontoado de simplismos, que tudo mistura, na esperança de dar a sensação de ser coisa profunda e de difícil entendimento.